Por Redação central*
19 de set de 2025
A Igreja celebra hoje (19) Nossa Senhora de La Salette,
título mariano que recorda a aparição da Virgem Maria, chorando, a dois
pastorinhos na França, no século XIX. Os motivos das lágrimas foram revelados
por Ela às duas crianças: o descuido do domingo, dia do Senhor, e a blasfêmia.
Era 19 de setembro de 1846, Melânia Calvat, com 15 anos, e
Maximino Giraud, 11 anos, cuidavam de rebanhos na cidade de La Salette, nos
alpes franceses. De repente, Mélanie avistou nos alpes uma luz muito forte como
se fosse o sol. As crianças se aproximaram e viram, dentro da luz, uma “bela
senhora”, como descreveram mais tarde. Ela estava chorando, sentada sobre uma
pedra, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido entre as mãos,
em um gesto de profunda tristeza.
A senhora estava vestida como uma camponesa da região, com
vestido longo, um avental, lenço cruzado e amarrado às costas, touca. Algumas
rosas coroavam sua cabeça, ladeavam seu lenço e rodeavam seu calçado. Uma luz
brilhava em sua fronte como um diadema. Carregava uma pesada corrente sobre os
ombros e uma corrente mais leve pendia sobre o peito com um crucifixo que tinha
de um lado um martelo e do outro uma torquês.
A “bela senhora” disse às duas crianças: “Vinde meus filhos,
não temais, aqui estou para vos comunicar uma grande notícia”. “Se meu povo não
quiser aceitar, vejo-me forçada a deixar cair o braço de meu Filho. É tão forte
e tão pesado que não posso mais segurar. Há tanto tempo que sofro por vós”,
acrescentou.
Em seguida, ela falou sobre os motivos de suas lágrimas:
“Dei-vos seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo, e não mo querem dar. É
isso que torna tão pesado o braço de meu Filho”. “Os que conduzem as charretes
não sabem falar sem pôr no meio o nome do meu Filho. São as duas coisas que
tornam tão pesado o braço de meu Filho”, disse.
“Se a colheita se estraga, não é senão por vossa causa. Eu
vos fiz ver isso no ano passado, relativamente às batatas inglesas; não
fizestes caso; pelo contrário, quanto as encontráveis estragadas, blasfemáveis
e pronunciáveis o nome de meu Filho. Elas vão continuar a deteriorar-se, e no
Natal não haverá mais batatas inglesas”, acrescentou.
A Virgem se dirigia aos pastorinhos em francês e também no
dialeto regional de um modo que pudessem entender. Ao perceber que não
entendiam o que dizia quando falou das batatas, a senhora disse: “Não
compreendeis, meus filhos? Vou dizê-lo de outro modo”.
“Se tiverdes trigo, não se deve semeá-lo. Tudo o que
semeardes será devorado pelos insetos, e o que produzir se transformará em pó
ao ser malhado. Virá grande fome. Antes que a fome chegue, as crianças menores
de sete anos serão acometidas de tremor e morrerão entre as mãos das pessoas
que as carregarem. Os outros farão penitência pela fome. As nozes caruncharão,
as uvas apodrecerão”.
A senhora falou, depois, a cada uma das crianças, sem que a
outra pudesse entender o que estava dizendo. Em seguida, voltou a falar aos
dois: “Se se converterem, as pedras e rochedos se transformarão em montões de
trigo, e as batatas serão semeadas nos roçados”. Perguntou ainda se as crianças
faziam “bem” suas orações. Eles disseram que não e ela respondeu: “Ah! Meus
filhos, é preciso fazê-la bem, à noite e de manhã, dizendo ao menos um Pai
Nosso e uma Ave Maria quando não puderdes rezar mais. Quando puderdes rezar
mais, dizei mais”.
“Durante o verão, só algumas mulheres mais idosas vão à
Missa. Os outros trabalham no domingo, durante todo o verão. Durante o inverno,
quanto não sabem o que fazer, vão a Missa zombar da religião. Durante a
Quaresma vão ao açougue como cães”, disse.
Por fim, pediu que as crianças transmitissem a mensagem a
todos. E depois subiu o monte e se elevou e desapareceu.
A aparição de Nossa Senhora de La Salette foi reconhecida
pelo bispo de Grenoble, dom Philibert de Bruillard, em 19 de setembro de 1851.
Em seu pronunciamento doutrinal, o bispo disse que “a aparição da Virgem Santa
a dois pastores, a 19 de setembro de 1846, sobre uma montanha da cadeia dos
Alpes, situada na paróquia de La Salette, traz em si mesma todas as
características da verdade e que os fiéis têm razão em crê-la indubitável e
certa”. Dom Philibert também deu início ao santuário de La Salette.
Depois da aparição, Maximino voltou para casa de seu pai, em
Corps. Com ajuda do pároco e do bispo, foi admitido ao Colégio das Irmãs da
Providência, onde estudou por quatro anos. Em 1850, ingressou no seminário
menor de Rondeau e, em 1856, passou para o seminário maior dos jesuítas, em
Landes, mas desistiu depois de um tempo. Em 1859, foi estudar medicina em
Paris, mas, desencantados, desistiu dos estudos e voltou para Corps em 1864. No
ano seguinte, foi para Roma, onde chegou a ser admitido no Corpo da Guarda
Pontifícia, onde serviu por poucos meses.
De volta a Corps em 1866, publicou “Minha profissão de fé a
respeito da Aparição de Nossa Senhora de La Salette”. Em 1870, foi convocado
para servir no Forte Militar de Barraux, em Grenoble, na Guerra entre França e
Prússia.
Ficou doente no começo de 1874 e, em novembro daquele ano,
subiu pela última vez ao local da aparição de La Salette. Morreu em 1º de março
de 1875, aos 40 anos, depois de receber os sacramentos.
Melânia continuou pastora até que retornou para junto de sua
família em Corps em 15 de dezembro de 1846 e também foi admitida no Colégio das
Irmãs da Providência, onde permaneceu por quatro anos. Mais tarde, tornou-se
religiosa, tendo passado por algumas congregações como Irmãs da Providência, as
Irmãs Carmelitas de Darlington, no Reino Unido, as Irmãs da Compaixão, em
Marselha, da qual se desligou mais tarde.
Em 1892, mudou-se para a Itália, na diocese de Lecce. Em
1897, se transferiu para Messina, na Sicília, onde ajudou o bispo Annibale di
Francia, hoje canonizado, a fundar uma congregação feminina.
Subiu à montanha da aparição em La Salette pela última
vez em 1902. Em junho do ano seguinte, voltou para a Itália, onde morava
sozinha em uma casa cedida por benfeitores em Altamura. Embora não pertencesse
mais a nenhuma congregação, ainda usava um hábito religioso e levava uma vida
de oração e penitência. Morreu em 15 de dezembro de 1904.
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