Dário
Ramos - publicado em 10/09/25
O magistério papal sobre as famílias é fonte de formação
e alimento espiritual para aqueles que desejam fortalecer seus
relacionamentos.
Muitas das diversas revoluções políticas e sociais que
ocorreram na década de 1960 não foram diretamente contrárias à instituição
familiar, mas desafiaram a moral cristã e os ensinamentos da Igreja sobre a
sexualidade e os valores da família.
Desde então, os papas têm buscado dar respostas concretas às
famílias católicas sobre sua vocação e missão na Igreja e no mundo - só o Papa
Francisco convocou dois sínodos sobre esse assunto, um em 2014 e outro no ano
seguinte.
Para além das muitas cartas, catequeses, pronunciamentos e
homilias dos últimos pontífices sobre o valor da família, três documentos
magisteriais se destacam.
1 - HUMANAE VITAE
A pílula anticoncepcional acabara de ser lançada, e trouxe
com ela várias consequências sociais, principalmente no âmbito da sexualidade.
A Igreja, então, estava diante de um dilema: a contracepção artificial deveria
ser acolhida como possibilidade ou rejeitada de forma incisiva pela Doutrina
Católica?
Em 1963, Papa João XXIII, criou então, uma comissão para o
aprofundamento da questão. Mas só em 1968, já sendo pontífice Paulo VI, depois
de cinco anos de estudo, e após escutar bispos e especialistas de todo o mundo,
o Papa decidiu escrever uma encíclica para responder a questão.
Paulo VI, em vez de reduzir o tema à sexualidade, faz uma
potente reflexão sobre o valor da vida humana e do amor conjugal. Além disso, o
Papa denuncia os possíveis problemas decorrentes da contracepção artificial,
como a perda da consciência da dignidade da pessoa humana e a degradação
moral.
É nesta encíclica que Paulo VI desenvolve o conceito de
‘paternidade responsável’.
A Humanae Vitae é considerada a grande base inspiradora de
João Paulo II para escrever a Teologia do Corpo, série de catequeses proferidas
entre os anos de 1979 e 1984.
2 - FAMILIARIS CONSORTIO
Em 1980, o Papa João Paulo II, conhecido pela sua
proximidade teológica e pastoral com a realidade familiar, convocou o primeiro
Sínodo da Igreja sobre família, com o tema: “A missão da família no mundo
contemporâneo”.
No ano seguinte, como resultado do Sínodo que acabara de
ocorrer, o pontífice publicou a exortação apostólica Familiaris
Consortio.
Nela, João Paulo II descreve a família como comunidade de
amor e lugar de acolhida, chamada a ser testemunha de que a verdadeira
felicidade está no dom de si mesmo aos outros. O papa defende a
indissolubilidade do vínculo matrimonial, e aponta para o sacramento como uma
grande fonte de graças para todos os membros da família.
Além disso, trata de temas como divórcio, regulação da
natalidade, vida espiritual na família, educação dos filhos e pastoral
familiar.
3 - AMORIS LAETITIA
Depois de ter convocado dois sínodos sobre a vida da
família, o Papa Francisco publica a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre
o amor na família.
Francisco aborda de forma profunda os desafios que as
famílias enfrentam hoje, e faz diversas reflexões pastorais sobre as
fragilidades e dificuldades presentes nos lares cristãos.
O papa traça um itinerário da espiritualidade familiar, e
exorta as famílias a construírem seus relacionamentos em “um amor forte e cheio
de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a
paciência”.
Ele afirma que apesar da instituição familiar passar por
diversas crises no mundo de hoje, o “desejo de família” continua vivo, e que o
anúncio cristão sobre a família é, verdadeiramente, “uma boa notícia”.
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