Leão XIV convidou a cultivar “uma teologia baseada no
encontro pessoal e transformador com Cristo e que se esforce para encarnar-se
nos eventos concretos da humanidade de hoje”. Palavras do Pontífice no encontro
com os participantes no Simpósio da Pontifícia Academia de Teologia na manhã
deste sábado (13) no Vaticano.
Vatican News
Na manhã deste sábado (13/09) o Papa Leão recebeu os
participantes do Simpósio da Pontifícia Academia de Teologia por ocasião do
encerramento do Encontro internacional sobre o tema: Criação, Natureza,
Ambiente para um mundo de Paz. Após recordar que a sustentabilidade
ambiental e a custódia da criação são compromissos inegociáveis para a
sobrevivência do gênero humano, o Papa Leão afirmou que “qualquer esforço
para melhorar as condições ambientais e sociais do nosso mundo requer o
compromisso de todos”.
Impulso missionário e dialogal da futura ação teológica
Tendo como bússola a Carta Apostólica Ad theologiam
promovendam que apresenta os novos estatutos da Pontifícia Academia de
Teologia, o Santo Padre disse que iria se deter, em particular, no impulso
missionário e dialogal da futura ação teológica. “A teologia”, recordou o Papa
Leão, “certamente é uma dimensão constitutiva da ação missionária e
evangelizadora da Igreja: ela tem suas raízes no Evangelho e seu fim último
na comunhão com Deus, que é o propósito do anúncio cristão”. Continuando no
contexto disse ainda, “justamente por ser dirigida a cada pessoa em todos os
tempos, a obra de evangelização é constantemente interpelada pelos contextos
culturais e exige uma teologia 'em saída', que una o rigor científico à paixão
pela história”. Explicando que “a síntese entre esses diferentes aspectos pode
ser oferecida por uma teologia sapiencial, à moda daquela elaborada
pelos grandes Padres e Mestres da antiguidade que, dóceis ao Espírito, souberam
conjugar fé e razão, reflexão, oração e prática”.
Teologia, fruto da experiência
Papa Leão deu exemplos: “Significativo, nesse sentido, é o
exemplo sempre atual de Santo Agostinho, cuja teologia nunca foi uma busca
puramente abstrata, mas sempre fruto da experiência de Deus e da relação vital
com Ele”. “São Tomás de Aquino”, continuou o Santo Padre, “a sistematizou com
os instrumentos da razão aristotélica, construindo uma sólida ponte entre a fé
cristã e a ciência de todos, entendendo a teologia como uma sapida
scientia, ou seja, sabedoria”. Também recordou o beato Antonio Rosmini que
considerava a teologia “uma expressão sublime de caridade intelectual, enquanto
pedia que a razão crítica de todos os saberes se orientasse para a Ideia de
Sabedoria”.
Teologia: sabedoria que abre horizontes existenciais
Em seguida o Papa afirmou: “A teologia é, portanto, essa
sabedoria que abre horizontes existenciais maiores, dialogando com as ciências,
a filosofia, a arte e a totalidade da experiência humana. O teólogo ou a
teóloga é uma pessoa que vive, em seu próprio ato de fazer teologia, a
ansiedade missionária de comunicar a todos o 'saber' e o 'sabor' da fé, para
que ela possa iluminar a existência, resgatar os fracos e os excluídos, tocar e
curar a carne sofredora dos pobres, nos ajudar a construir um mundo fraterno e
solidário e nos conduzir ao encontro com Deus”.
Visão antropológica que fundamente a ação ética
Após recordar que a Doutrina Social da Igreja é um testemunho significativo do saber da fé a serviço do ser humano, em todas as suas dimensões, o Papa afirmou: “A teologia é diretamente interpelada por isso, pois não basta uma abordagem exclusivamente ética ao complexo mundo da inteligência artificial; é necessário, ao invés disso, referir-se a uma visão antropológica que fundamente a ação ética e, portanto, retornar à pergunta de sempre: quem é o ser humano, qual é a sua dignidade infinita, que é irredutível a qualquer androide digital?".
O rosto de Deus só pode ser buscado caminhando juntos
Concluindo seu discurso o Papa Leão convidou todos “a
cultivar uma teologia baseada no encontro pessoal e transformador com Cristo e
que se esforce para encarnar-se nos eventos concretos da humanidade de hoje”.
Encorajando todos ao diálogo multidisciplinar para se enriquecerem e
enriquecer, levando o bom fermento do Evangelho às diferentes culturas, no
encontro com crentes de outras religiões e com os não crentes. “Para que esse
diálogo ad extra aconteça - disse por fim o Papa - é preciso
do diálogo ad intra, ou seja, entre os teólogos, cientes de que o
rosto de Deus só pode ser buscado caminhando juntos. Por isso, espero que a
Academia se torne um lugar de encontro e de amizade entre os teólogos, um lugar
de comunhão e partilha no qual seja possível caminhar juntos em direção a
Cristo”.
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