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sexta-feira, 27 de junho de 2025

Papa: primado no amor, testemunho de fé firme, construtor e anunciador da paz

Papa Leão XIV (arqbrasilia)

PAPA: PRIMADO NO AMOR, TESTEMUNHO DE FÉ FIRME, CONSTRUTOR E ANUNCIADOR DA PAZ

26/06/2025

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz 
Bispo de Campos (RJ)

No início de um novo Papado, é de bom alvitre e oportuno refletir sobre os atributos essenciais que fundamentam este ministério sobre o qual se edifica a Igreja de Cristo.  

O Papa é sucessor de São Pedro, e por isso chamamos a sua função de múnus petrino, que faz referência a pedra, estabilidade, durabilidade mas, também como lembram alguns exegetas evocando as grutas da Palestina, guarida, amparo e refúgio.  

Por isso Santo Inácio de Antioquia chamava a Igreja de Roma a que tinha e detentava a primazia do amor, amor- comunhão agápico que gera unidade e que recorda a tríplice pergunta de Cristo a Pedro: “Tu me amas mais do que estes?” Mas junto a esse pastoreio zeloso e incansável que protege os três vínculos de todos os fiéis qual sejam, doutrina revelada, sacramental da graça, e de pertença a unidade eclesial; ele nos precede no seguimento a Cristo, oferecendo um testemunho claro e inequívoco da Fé que salva. 

Confirma, ensina, e guarda a Palavra e a Tradição interpretando-a com fidelidade e autenticidade. Por estar sempre a serviço da verdade coloca-se à disposição do diálogo e da partilha, ajudando com o seu discernimento e presença o encontro e a mediação, entre pessoas, grupos e culturas.  

O Papa é peregrino e caminhante da paz, afirmando com todos os povos e nações, a liberdade religiosa, os direitos de plena expressão e pensamento garantindo o respeito ao santuário íntimo da consciência, núcleo e raiz da dignidade humana. Se empenhará em anunciar o Deus da Paz, de uma paz desarmada e desarmante como afirmara o Pontífice atual Leão XIV.  

Diante da tragédia e da derrota da humanidade que são os cenários das guerras em fatias, o Papa, com insistência fará ressoar a Palavra de perdão e reconciliação, sementes e bases da fraternidade humana e concórdia universal.  

O Papa doce rosto de Cristo aqui na Terra como salientava Santa Catarina de Sena, renovará em todo mundo as aspirações mais plenamente humanas e os sonhos ancorados no Coração de Cristo. Finalmente será portador e comunicador da esperança que não confunde nem engana, mas insufla sempre alegria, desejo de amar e servir, tornando o mundo a Casa Comum, edificando a Terra, como lugar e espaço cheio de graça, beleza e encanto. Deus seja louvado! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Curiosidades da Bíblia: A Arca da Aliança – verdade ou ficção

Biblia (Vatican News)

Para manter as tábuas da lei, Deus mandou que se construísse uma arca que, além de proteger as placas representaria sua aliança selada com o povo.

Padre José Inácio Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

De acordo com a narrativa bíblica, o povo hebreu ao assumir uma aliança com Javé, selada com a aspersão do sangue de um cordeiro, recebeu dez mandamentos gravados em duas placas de pedra. Os mandamentos eram pontos fundamentais que regeriam os hábitos, as crenças e toda a vida do povo.

Para manter as tábuas da lei, Deus mandou que se construísse uma arca que, além de proteger as placas representaria sua aliança selada com o povo. A arca assinalaria a presença de Deus no meio do povo. O Livro do Êxodo traz regras exatas para a sua construção no capítulo 25, versículos de 10 a 22.

Diga aos israelitas que façam uma arca de madeira de acácia, de um metro e dez de comprimento por sessenta e seis centímetros de largura e sessenta e seis de altura. Revistam de ouro puro essa caixa, por dentro e por fora. E em toda a volta coloquem um remate de ouro. Façam também quatro argolas de ouro e ponham nos quatro pés, ficando duas argolas de cada lado. Façam cabos de madeira de acácia e revistam de ouro. Enfiem os cabos nas argolas nos lados da arca, para que ela possa ser carregada. Os cabos ficarão nas argolas da arca e não serão tirados dela. Eu lhe darei as duas placas de pedra, onde estão escritos os mandamentos; e você porá essas placas na arca.

Faça também uma tampa de ouro puro, de um metro e dez de comprimento por sessenta e seis centímetros de largura. Faça dois querubins de ouro batido, um para cada ponta da tampa. Isso deve ser feito de modo que os querubins formem uma só peça com a tampa. Os querubins ficarão de frente um para o outro, olhando para a tampa. As suas asas ficarão abertas, cobrindo a tampa. Coloque dentro da arca as duas placas de pedra que eu vou lhe dar e ponha a tampa na arca. Ali eu me encontrarei com você e, de cima da tampa, do meio dos dois querubins, eu lhe darei as minhas leis para o povo de Israel. Livro do Êxodo capítulo 25, versículos de 10 a 22.

A Arca da Aliança se tornou a mais preciosa relíquia do judaísmo, mostrando a evolução religiosa do povo que passa das influências politeístas para o culto ao Deus vivo e verdadeiro. Ela era levada em procissão quando o povo caminhava pelo deserto até ser depositada no Tempo construído por Salomão em Jerusalém.

A sacralidade da Arca da Aliança

O mais antigo relato sobre a Arca da Aliança é do período do cativeiro do povo no Egito, por volta de 1.300 a.C, Segundo a narrativa o Livro do Êxodo fala que Deus selou uma aliança com o povo, através de Moisés, aos pés do Monte Sinai.

Como as narrativas do livro do Êxodo foram elaboradas muito tempo depois de os fatos terem acontecido, especialistas da história bíblica explicam que os eventos iniciais da história hebraica podem ter sido formulados durante o cativeiro hebreu na Babilônia. Neste sentido, além de ser descrita como uma demonstração do favor divino, a Arca da Aliança era dotada de poderes sobrenaturais. Por isso, somente os sacerdotes levitas podiam entrar na tenda onde a Arca era conservada. Mais tarde, durante as batalhas pela reconquista da Terra de Canaã, a Arca da Aliança era levada aos locais de batalha para animar os que lutavam e garantir as vitórias.

O caráter sagrado da Arca também foi descrito no livro de Samuel, quando os filisteus a roubaram, sendo acometidos de diferentes punições misteriosas.

E enviaram, e congregaram a todos os príncipes dos filisteus, e disseram: Enviai a arca do Deus de Israel, e torne para o seu lugar, para que não mate nem a nós e nem ao nosso povo. Porque havia mortal vexame em toda a cidade por onde a arca passava, e a mão de Deus muito se agravara aliPrimeiro Livro de Samuel, capítulo 5, versículo 11.

Depois que o povo entrou na Terra Prometida, no reinado do rei Salomão, entre 970 e 931 a.C. se construiu o Templo de Jerusalém, onde a Arca foi mantida. Após o reinado do Salomão houve a decadência que levou à separação do reino entre Judá e Israel. O povo perdeu sua liberdade e a localização da arca passou a depender do destino do povo devido à dominação estrangeira.

No ano de 586 a.C os babilônios conquistaram a cidade de Jerusalém e de acordo com o livro dos Macabeus, o profeta Jeremias teria escondido a Arca no monte Nebo, depois de profetizar a destruição de Jerusalém. Mas é possível que ela tenha sido levada como troféu ou espólio pela vitória e nunca mais se teve certeza sobre o seu paradeiro. Quando os hebreus voltaram à Jerusalém, no ano de 539 a.C., reconstruíram o templo mantendo o local da Arca vazio, pois ela nunca mais foi encontrada.

Esta constatação foi feita pelo general romano Pompeu que ao tomar a cidade de Jerusalém, no ano 70 d.C. indagou sobre os motivos pelos quais os judeus mantinham um quarto vazio em seu templo. A tomada de Jerusalém e sua transformação numa cidade pagã com o nome de Aedes Capitolina provocou a chamada Diáspora Judaica, mantendo o mistério sobre o destino da Arca da Aliança.

No século XII, no período das cruzadas que tentavam libertar a Terra Santa do domínio dos mouros, apareceram relatos não comprovados de que a Ordem dos Templários tivesse resgatado e mantido em segredo várias relíquias do tempo dos judeus como a Arca da Aliança e também outras relíquias do cristianismo como o Santo Graal.

Onde está a Arca da Aliança

A existência da Arca da Aliança e o seu destino é um grande mistério que volta e meia ganha destaque em filmes, documentários e obras literárias todas bastante fantasiosas. As explicações sobre o paradeiro desta e de outras relíquias da narrativa bíblica confundem os limites entre fé e Ciência.

Antes reservadas aos estudiosos da bíblia, as histórias sobre a Arca da Aliança ganharam o mundo com as aventuras de Indiana Jones no filme Os Caçadores da Arca Perdida. Se o destemido arqueólogo do cinema é bem-sucedido em sua busca, o paradeiro e a existência real da relíquia continuam mais misteriosos do que nunca.

Existe até um grupo religioso etíope que afirma manter a Arca escondida. Segundo eles, os monges da Igreja Santa Maria de Sião teriam recebido a arca das mãos de Menelik, filho que o Rei Salomão teve com a rainha de Sabá, em 950 a.C. Segundo os monges, a Arca da Aliança permanece escondida em um templo e até hoje ninguém recebeu autorizado para entrar neste templo e, finalmente, desvendar o mistério sobre ela.

Sem maiores comprovações, volta e meia fala-se de arqueólogos que realizam buscas na cidade de Jerusalém e em outros lugares. Mesmo não sendo encontrada ou sendo uma mera invenção mítica, a Arca tem importante significado religioso para os judeus e mesmo para os cristãos que expressam sua devoção em Maria, a Arca da Nova e Eterna Aliança que nunca mais terá fim, pois é o próprio Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo de Alexandria

São Cirilo de Alexandria

27 de junho de 2017

São Cirilo, Patriarca de Alexandria, sobrinho e sucessor do Patriarca Teófilo, governou a Igreja de Alexandria durante 23 anos. Fechou todas as igrejas novacianas, expulsou da cidade os judeus, o que lhe importou grave conflito com o governador Orestes. Opôs-se com toda a energia à heresia nestoriana.

Cirilo nasceu no ano de 370, no Egito. Era sobrinho de Teófilo, bispo de Alexandria, e substituiu o tio na importante diocese do Oriente de 412 até 444, quando faleceu aos setenta e quatro anos de idade.

Foram trinta e dois anos de episcopado, durante os quais exerceu forte liderança na Igreja, devido à rara associação de um acurado e profundo conhecimento teológico e de uma humildade e simplicidade próprias do pastor de almas. Deixou muitos escritos e firmou a posição da Igreja no Oriente. Primeiro, resolveu o problema com os judeus que habitavam a cidade: ou deixavam de atacar a religião católica ou deviam mudar-se da cidade. Depois, foi fechando as igrejas onde não se professava o verdadeiro cristianismo.

Mas sua grande obra foi mesmo a defesa do dogma de Maria, como a Mãe de Deus. Ele se opôs e combateu Nestório, patriarca de Constantinopla, que professava ser Maria apenas a mãe do homem Jesus e não de Um que é Deus, da Santíssima Trindade, como está no Evangelho. Por esse erro de pregação, Cirilo escreveu ao papa Celestino, o qual organizou vários sínodos e concílios, onde o tema foi exaustivamente discutido. Em todos, esse papa se fez representar por Cirilo.

O mais importante deles talvez tenha sido o Concilio de Éfeso, em 431, no qual se concluiu o assunto com a condenação dos erros de Nestório e a proclamação da maternidade divina de Nossa Senhora. Além, é claro, de considerar hereges os bispos que não aceitavam a santidade de Maria.

Logo em seguida, todos eles, ainda liderados por Nestório, que continuaram pregando a tal heresia, foram excomungados. Contudo as ideias “nestorianas” ainda tiveram seguidores, até pouco tempo atrás, no Oriente. Somente nos tempos modernos elas deixaram de existir e todos acabaram voltando para o seio da Igreja Católica e para os braços de sua eterna rainha: Maria, a Santíssima Mãe de Deus.

Cultuado na mesma data por toda a Igreja Católica, do Oriente e do Ocidente, são Cirilo de Alexandria, célebre Padre da Igreja, bispo e confessor, recebeu o título de doutor da Igreja treze séculos após sua morte, durante o pontificado do papa Leão XIII.

Oração:

“Eu vos saúdo, Maria, mãe de Deus, tesouro venerável de todo o universo, farol que se não extingue, brilhante coroa da virgindade, cetro da boa doutrina…Eu vos saúdo, vós que, no vosso seio virginal, contivestes aquele que é imenso e incompreensível; vós por quem a Santa Trindade é glorificada e adorada; vós por quem a cruz preciosa do Salvador é exaltada por toda a terra; vós por quem o céu triunfa, os anjos se rejubilam, os demônios fogem, o tentador é vencido, a criatura culpada se eleva ao céu, o conhecimento da verdade se estabelece sobre as ruínas da idolatria; vós por quem os fiéis obtêm o batismo, e são ungidos com o óleo da alegria; vós, por quem todas as igrejas do mundo foram fundadas, e as nações conduzidas à penitência; vos, enfim, por quem o Filho único de Deus, que é a luz do mundo, iluminou aqueles que se achavam sentados nas sombras da morte!…Haverá homem que possa louvar dignamente a incomparável Maria?”

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=59292

Cristianismo: Pesquisas revelam boas notícias que vão além da África

385411114 | Shutterstock | Aleteia

Daniel R. Esparza - publicado em 27/06/25

Igrejas em expansão na África e uma fé revigorada entre os jovens do Ocidente — destaques de uma Igreja Católica global em ação.

Um abrangente estudo do Pew Research, que abrangeu o período de 2010 a 2020, aponta para um crescimento monumental do Cristianismo na África. Mas, nos cinco anos desde 2020 (especialmente nos anos pós-pandemia), outras pesquisas indicam uma tendência mais surpreendente.

Um relatório de 9 de junho do Pew Research revela que, embora o número de cristãos em todo o mundo tenha crescido de 2,1 para 2,3 bilhões entre 2010 e 2020, sua parcela na população global diminuiu de 31% para 29%, em grande parte devido ao crescente afastamento da fé. A África Subsaariana é agora um dos principais epicentros globais do Cristianismo: em 2020, 30,7% de todos os cristãos viviam lá — um aumento em relação aos 24,8% de 2010 — superando a Europa.

A população da região cresceu 31%, com 62% se autoidentificando como cristãos, e países como Moçambique chegaram a registrar um aumento de 5 pontos percentuais. Altas taxas de natalidade, uma demografia jovem e um menor número de pessoas que abandonam a fé impulsionaram esse crescimento.

Cristianismo Ocidental: Declínio faz pausa, jovens renovam a fé

Paralelamente ao crescimento africano, as nações ocidentais — que antes registravam uma queda acentuada na afiliação cristã — pararam de perder terreno. Nos EUA, após décadas de declínio, a identificação cristã estabilizou-se em torno de 62% desde aproximadamente 2020. Notavelmente, entre os americanos da Geração Z, a filiação à igreja aumentou de 45% para 51% entre 2023 e 2024. O número de "sem religião", por sua vez, caiu de 45% para 41%, segundo a revista The Economist.

Essa tendência é espelhada no Canadá, Reino Unido, França, Irlanda e em vários outros países da Europa Ocidental, onde o crescimento do grupo sem religião desacelerou drasticamente, coincidindo com uma estabilização na afiliação cristã.

Alguns sociólogos creditam à pandemia de COVID-19 — e à crise existencial e de isolamento associada a ela — o papel de catalisadora de uma busca espiritual, especialmente entre os jovens. Os homens jovens, em particular, estão demonstrando um interesse renovado na vida religiosa estruturada — uma surpreendente contratendência após décadas de predomínio feminino na frequência à igreja.

Aumento de convertidos ao Catolicismo na Austrália e na Europa

Este ressurgimento ocidental não se limita aos EUA ou à Europa.

Na Austrália, o Arcebispo Anthony Fisher relata um aumento de 26% no número de adultos convertidos ao Catolicismo em Sydney por cinco anos consecutivos. Ele descreve uma "fome de sentido espiritual" no pós-covid e em tempos de incerteza econômica.

Irlanda, França, Áustria, Bélgica e Inglaterra registraram aumentos significativos nos batismos de adultos. A Páscoa de 2025 na França teve o maior número em duas décadas, com impressionantes 40% dos batizados vindos da Geração Z (nascidos entre 1995-2012).

Na Inglaterra, os católicos estão a caminho de superar o número de anglicanos — uma mudança sem precedentes.

Uma história de dois movimentos

Globalmente, a África Subsaariana abriga agora mais de 30% dos cristãos do mundo e lidera o crescimento, enquanto os declínios no Ocidente foram interrompidos.

Este duplo movimento — igrejas em expansão na África e uma fé revigorada entre os jovens ocidentais — destaca uma Igreja Católica global em ação. O desafio agora reside em manter esse ímpeto, combinando convicção profunda com abertura a públicos seculares e construindo pontes entre comunidades vibrantes de diferentes continentes.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/27/cristianismo-pesquisas-revelam-boas-noticias-que-vao-alem-da-africa/

Papa na ordenação de 32 sacerdotes: nos santos, buscar modelos de campeões de caridade

Papa Leão XIV na missa de ordenação de 32 presbíteros (Vatican Media)

Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Leão XIV presidiu a missa de ordenação de 32 presbíteros, entre eles um brasileiro. Na homilia, proferida antes do rito de ordenação, o Papa convidou a se tornarem intimamente unidos a Jesus, seguindo um ministério de santificação e unidade para levar a paz do Ressuscitado ao mundo e através do exemplo - muitas vezes escondido e humilde - dos santos "mártires, apóstolos incansáveis, missionários e campeões da caridade".

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Leão XIV presidiu na manhã desta sexta-feira, 27 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e Dia Mundial de Oração pela Santificação Sacerdotal, a missa de ordenação de 32 sacerdotes provenientes de diferentes países, inclusive do Brasil, como Lucas Soares dos Santos, da Arquidiocese de Brasília/DF; e de Angola, como Daniel Alberto dos Santos. A celebração foi realizada no contexto do Jubileu dos Sacerdotes e após a a peregrinação jubilar às Portas Santas das Basílicas Papais e a Vigília de oração nesta quinta-feira (26/06), presidida pelo pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, dom Rino Fisichella, na Basílica de São João de Latrão.

Carregar nos ombros quem se perdeu

Na homilia, proferida antes do rito de ordenação sacerdotal e após a apresentação de cada um que seria ordenado presbítero na Basílica Vaticana, na presença de 5.500 pessoas e outras 3 mil que acompanhavam pelos telões na Praça São Pedro, o Papa Leão XIV se dirigiu aos sacerdotes reforçando o vínculo com o Coração de Cristo, todo o mistério da encarnação, morte e ressurreição do Senhor. À luz das leituras, o Pontífice convidou a meditar sobre o modo para contribuir "para esta obra de salvação". Primeiramente, recordou que o amor do Senhor é universal, sobretudo "num tempo de grandes e terríveis conflitos", e "não há lugar para divisões e ódios de qualquer gênero". Leão XIV exortou todos a colaborarem com o Senhor "colocando a Eucaristia no centro da nossa existência"; pela "frequente recepção do sacramento da penitência"; e, finalmente, "através da oração, da meditação da Palavra e do exercício da caridade".

Através do Evangelho de Lucas (Lc 15, 3-7), que "fala da alegria de Deus – e de todo o pastor que ama segundo o seu Coração – pelo regresso ao redil de uma só das suas ovelhas", o Papa convidou a viver a caridade pastoral:

"É um convite a tornar-nos intimamente unidos a Jesus, semente de concórdia no meio dos irmãos, carregando sobre os nossos ombros quem se perdeu, perdoando quem errou, indo à procura de quem se afastou ou ficou excluído, cuidando de quem sofre no corpo e no espírito, numa grande troca de amor que, brotando do lado trespassado do Crucificado, envolve todos os homens e preenche o mundo."

Seguir um ministério de santificação e unidade

Em seguida, Leão XIV refletiu sobre o ministério sacerdotal como um ministério de santificação e de unidade, inclusive com o bispo e no presbitério, como pediu o Concílio Vaticano II, "harmonizando as diferenças para «que ninguém se sinta estranho»". E, recordando o seu grande desejo expresso na missa solene de início de pontificado, pediu esforços por uma "Igreja unida" com todos "reconciliados, unidos e transformados pelo amor que jorra copiosamente do Coração de Cristo" para levar a paz do Ressuscitado ao mundo. O Papa também compartilhou "algumas coisas simples, mas que considero importantes" para o futuro dos sacerdotes:

"Amai a Deus e aos vossos irmãos, sede generosos, fervorosos na celebração dos Sacramentos, na oração, especialmente na Adoração, e no ministério; sede próximos do vosso rebanho, doai o vosso tempo e as vossas energias por todos, sem vos poupardes, sem fazer distinções, como nos ensinam o lado trespassado do Crucificado e o exemplo dos santos."

E, a esse propósito, Leão XIV finalizou a homilia exortando a imitar essas "figuras maravilhosas de santidade sacerdotal" que, a partir das comunidades das origens, transformaram-se em "mártires, apóstolos incansáveis, missionários e campeões da caridade":

“Fazei desta riqueza um tesouro: interessai-vos pelas suas histórias, estudai as suas vidas e as suas obras, imitai as suas virtudes, deixai-vos inflamar pelo seu zelo, invocai a sua intercessão muitas vezes, com insistência! O nosso mundo frequentemente propõe modelos de sucesso e de prestígio duvidosos e inconsistentes. Não vos deixeis fascinar por eles! Em vez disso, olhai para o exemplo sólido e os frutos do apostolado, muitas vezes escondido e humilde, daqueles que na sua vida serviram ao Senhor e aos irmãos com fé e dedicação, e continuai a sua memória com a vossa fidelidade.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Diácono de Brasília será ordenado padre pelo papa Leão XIV amanhã

O diácono Lucas Soares chegou em Roma no dia 24 de junho e será ordenado padre pelo papa Leão XIV amanhã (27) | Arquivo pessoal/Lucas Soares

Por Monasa Narjara*

26 de junho de 2025

O diácono Lucas Soares, da arquidiocese de Brasília, será ordenado padre pelo papa Leão XIV na sexta-feira, 27 de junho, solenidade do Sagrado Coração de Jesus e encerramento do Jubileu dos Sacerdotes na Praça São Pedro, no Vaticano. “Não é algo que se espera”, disse Soares à ACI Digital. “É uma graça de Deus, um gesto concreto do Seu amor e também da Sua misericórdia”.

Soares estará em um grupo de mais 30 diáconos da Itália, Índia, Sri Lanka, Roménia, África Central, São Vicente e Granadinas, Camarões, Angola, Vietnã, Etiópia, Tanzânia, Gana, Nigéria, Coreia, México, Uganda, Austrália, Quênia, Croácia, Eslováquia e Ucrânia que também serão ordenados sacerdotes por Leão XIV.

Natural de Planaltina, cidade satélite do Distrito Federal, Lucas Soares contou a ACI Digital que foi escolhido para receber o sacramento da ordem pelo papa Leão XIV “há cerca de três meses, ainda no pontificado do papa Francisco”, quando o arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa chamou sua “turma” de diáconos “para uma conversa”.

“Ao nos encontrar leu uma solicitação por parte da Santa Sé que pedia um diácono que pudesse ser ordenado no Vaticano por ocasião do jubileu da Esperança”, disse o diácono. “Ele não quis ser injusto com nenhum de nós e por isso, juntamente com ele, optamos por fazer um sorteio. Nesse sorteio, fui escolhido para ser ordenado”.

Soares disse que sua “reação foi de espanto e alegria”.  “Diante dessa grande graça, cresce o amor por Deus, pela minha vocação, bem como pela minha Igreja particular, na pessoa do meu bispo, dom Paulo e também pela Igreja Católica, enquanto realidade universal”.

A primeira missa celebrada por Lucas será no sábado, 28 de junho, dia da memória do Imaculado Coração de Maria na basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Ao voltar à Brasília, ele celebrará duas missas no dia 6 de julho. Uma em sua paróquia de origem, Nossa Senhora de Nazaré, em Planaltina, às 10h.  E outra na paróquia que serve atualmente, Bom Jesus dos Aflitos, no Areal, às 19h.

Chamado ao sacerdócio

Aos 26 anos, Soares diz que toda sua vida de fé começou em Planaltina, sua cidade natal. “Lá eu recebi Batismo, primeira comunhão, crisma”, disse Soares. Foi lá também que sentiu “o chamado ao sacerdócio com 15 anos”, conta.

“Foi em uma vigília enquanto adorávamos o Santíssimo Sacramento. Foi uma experiência profunda e pessoal com Deus. Percebi que ele estava presente na minha história desde sempre, e que de modo especial, me oferecia um caminho de santificação especialíssimo que é a vocação sacerdotal”. Contou Soares. “Desde então, aprofundei o discernimento e fui crescendo no relacionamento com Deus até que entrei no seminário no ano de 2017”, aos 18 anos “com determinada determinação, como diz santa Teresa D'Ávila, por graça, porque por mim eu não ia conseguir não”.

“Arrumei minhas malas e fui lá de Planaltina até Taguatinga, no seminário propedêutico. O percurso todo dos meus pais chorando, e eu também, mas segurando um pouquinho”, relatou. “Meus pais estavam sofrendo muito, e esse peso, querendo ou não, pesava um pouco sobre mim também e aí eu entrei para o seminário e, depois daquele momento fui lá para a capela do Santíssimo, entreguei novamente a Jesus e depois veio aquela alegria de novo de fazer à vontade de Deus”.

“Eu me sinto muito realizado, muito feliz na minha vocação, porque eu sinto que é aquilo que Deus queria para mim e eu quis aquilo também. E vivendo essas duas vontades unidas, é um momento muito feliz”.

Lucas disse que “uma das coisas” que eles não têm “na paróquia, mas que o seminário de alguma maneira supre é a formação humana”. Para Soares, “isso foi um dos tesouros que o seminário propedêutico” lhe deu: “formação humana, constância, fortaleza, essas virtudes que às vezes são básicas, mas que nos ajudam muito. Uma vida mais constante, acordar no horário, arrumar a cama, coisas pequenas, lavar o banheiro, ajudar os outros na vida de comunidade”, ressaltou.

Lucas Soares foi ordenado diácono pelo arcebispo emérito do Ordinariado Militar do Brasil, dom Fernando Guimarães, em sua paróquia de origem, Nossa senhora de Nazaré, em Planaltina, no dia 22 de junho de 2024.

Lucas diz almejar “poder ser um bom padre, de ser um padre santo” e contar “com a graça de Deus” para “ser um sacerdote segundo o Seu coração”.

“Toda essa realidade que nós vivemos no seminário foi para que nós aos poucos nos tornemos Cristo. E essa realidade nos é dada agora de modo mais sensível por causa do sacramento”, disse o diácono. “Então, de alguma maneira nós precisamos nos abandonar a graça de Deus e deixar que toda essa realidade que tá aqui dentro de nós se manifesta a cada uma das pessoas que nós vamos ter contato, oferecendo para elas não os livros que eu tinha, que eu estudei, que eu tive contato, as aulas, mas o Cristo, que eu tive um contato em uma relação pessoal”.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Ser cristão e as fake news: 5 dicas para verificar uma notícia antes de compartilhar

Shutterstock | Firdaus Khaled

Cibele Battistini - publicado em 26/06/25

Ser cristão nos dá a responsabilidade de divulgar a verdade.

Nos dias atuais, a proliferação de fake news (notícias falsas) tem se tornado um desafio monumental em nossa sociedade. As redes sociais, que deveriam servir para a disseminação de informações úteis e construtivas, frequentemente se transformam em veículos de desinformação. Para nós, cristãos, essa situação levanta uma questão fundamental: como podemos reconciliar nossa fé com a responsabilidade de compartilhar a verdade?

A Verdade na perspectiva cristã

A Bíblia é clara em sua condenação à mentira e à desinformação. Em João 8:32, lemos: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Para um cristão, a verdade não é apenas uma questão moral, mas fundamental para a fé. Jesus se apresenta como “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). Portanto, ao compartilhar informações, devemos lembrar que nossa missão é promover a verdade, não propagar inverdades.

Verifique antes de compartilhar

Antes de divulgar qualquer informação, devemos aplicar um princípio básico: a verificação. Isso inclui investigar a fonte da informação, entender o contexto e avaliar a credibilidade dos dados apresentados. Sites como Snopes e FactCheck.org são recursos valiosos para checar a veracidade de afirmações antes de compartilhá-las.

Além disso, a ética cristã nos chama a sermos indivíduos prudentes. Provérbios 18:13 nos adverte: “Ao que responde antes de ouvir, isso é estulto e ensaio de vergonha.” Essa passagem nos lembra da importância de ouvir e verificar antes de agir.

5 Dicas para verificar se uma notícia é fake news

1 - VERIFIQUE A FONTE

Analise de onde a informação se origina. A fonte é reconhecida e confiável? Faça uma busca rápida sobre a reputação do site ou autor.

2 - PESQUISE OUTRAS FONTES

Se a notícia é relevante, ela deve aparecer em outras fontes de mídia respeitáveis. Utilize mecanismos de busca para verificar a ocorrência da informação em veículos conhecidos.

3 - ANALISE O TÍTULO

Muitas vezes, os títulos são sensacionalistas. Leia a matéria completa e não apenas o título, que pode distorcer o conteúdo real.

4 - VERIFIQUE AS IMAGENS

Imagens podem ser manipuladas ou fora de contexto. Utilize ferramentas de busca reversa de imagens, como o Google Imagens, para verificar a origem delas.

5 - CONSIDERE A DATA

Certifique-se de que a informação está recente e não é de um evento passado que está sendo ressuscitado para gerar desinformação.

A responsabilidade nas redes sociais

Ao compartilhar informações nas redes sociais, cada um de nós se torna um emissor de mensagem. Devemos, portanto, ser conscientes do potencial impacto que nossas postagens podem ter. Informações enganosas podem causar danos irreparáveis, afetando a vida das pessoas e a percepção pública sobre questões importantes.

A responsabilidade é ainda maior para aqueles que se identificam como cristãos. Nossa habilidade de influenciar as opiniões e vidas de outras pessoas deve ser utilizada de maneira sábia e ética. Em Tiago 3:1, lemos que “poucos devem ser mestres”, sugerindo que ser um portador de informação implica em um dever significativo diante de Deus e da sociedade.

Promovendo a verdade

Uma maneira de contrabalançar a disseminação de fake news é promover ativamente a verdade. Compartilhar conteúdos de fontes confiáveis, participar de discussões construtivas e incentivar outros a verificar as informações são formas eficazes de criar uma cultura de responsabilidade informativa.

Além disso, a oração e a reflexão sobre nossas interações online podem nos guiar para que sejamos instrumentos de paz e verdade.

Ser cristão é, em essência, ser um defensor da verdade. A luta contra as fake news é um aspecto importante dessa defesa. Ao verificarmos as informações antes de compartilhá-las e agirmos com responsabilidade, cumprimos nosso papel como cidadãos do Reino de Deus. Em um mundo saturado de desinformação, sejamos luz, promovendo a verdade em todos os aspectos da vida, online e offline.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/26/ser-cristao-e-fake-news-5-dicas-para-verificar-uma-noticia-antes-de-divulga-la/

Um coração com mais ritmo e força do que nunca

Foto/Crédito: Opus Dei

Um coração com mais ritmo e força do que nunca

A santidade de Guadalupe, como recorda o Papa Francisco, faz parte do “rosto mais belo da Igreja”, a sua imagem mais autêntica.

07/06/2019

Betânia está a três quilômetros de Jerusalém. Jesus e os seus discípulos estão sentados à mesa na casa de uma família amiga. E ali, uma mulher brinca com um pequeno frasco de alabastro, enquanto espera impacientemente o momento oportuno. Esses recipientes eram pequenas vasilhas de pedra, muitas vezes decoradas, com um gargalo muito estreito, para que apenas algumas gotas do líquido passassem. Este formato tornava-os especialmente úteis para fragrâncias ou pomadas. A mulher encheu o pequeno jarro com “perfume de puro nardo de grande preço” (Mc 14,3).

Então pensa que chegou a hora. Levanta-se e, aproximando-se de Jesus, quebra o frasco, provavelmente pela parte mais estreita. A bela vasilha, que poderia ter sido usada como objeto decorativo, não era para ficar guardada em algum lugar da sua casa. O perfume, que seria a inveja de suas conhecidas, também não era para ela mesma. Poderia ter decidido derramar sobre Cristo apenas uma parte, algumas gotas, sem ter que quebrar o recipiente: uma medida suficiente para mostrar publicamente a sua adesão ao Mestre. Mas o seu coração pede-lhe que derrame o perfume totalmente, tudo o que ela tinha em suas mãos. Por trás desse gesto haveria muito trabalho, horas, pensamentos, sacrifícios, afetos, sonhos: tudo era para o seu Mestre.

No ar da sala ficam unidos o cheiro do nardo e o amor dessa mulher. É por isso que Jesus diz: “Em verdade vos digo: onde for proclamado este Evangelho, no mundo inteiro, será contado também, em sua memória, o que ela fez” (Mt 26,13).

Com todas as minhas forças

Estas mesmas palavras de Cristo podem ser aplicadas à bem-aventurada Guadalupe Ortiz de Landázuri e a todos os santos da Igreja Católica: o mundo inteiro conta o que fizeram.

Bento XVI, em uma ocasião, recordou as mulheres que Jesus encontrou no caminho e que colocaram as suas vidas a serviço do Evangelho: a profetisa Ana, a samaritana, a mulher siro-fenícia, a hemorroísa, a pecadora perdoada, Maria Madalena, Joana, Susana, as que não abandonaram Jesus durante sua Paixão e “muitas outras” (Lc 8,3), além de todas as cristãs daqueles primeiros anos que são mencionadas no Novo Testamento[1]. Esta é uma constante na história: a Igreja sempre foi adornada por mulheres santas, entre as quais há também quatro Doutoras da Igreja. Agora, Guadalupe faz parte deste longo catálogo porque, movida pelo Espírito Santo, viveu de maneira heroica e discreta as virtudes, seguindo o espírito do Opus Dei. A santidade de todas estas mulheres, em palavras do Papa Francisco “é o mais belo rosto da Igreja”[2], a sua imagem mais autêntica, porque é o desenvolvimento da própria vida de Cristo na intimidade de cada pessoa.

No 19 de março de 1944, Guadalupe, como a mulher de Betânia, quis quebrar o frasco que continha o seu bem mais valioso: a sua própria vida. desde aquele dia Guadalupe quis ungir Jesus com o perfume da sua liberdade

Muitas dessas mulheres seriam capazes de lembrar o momento em que Deus quis entrar em suas vidas de um modo novo, com uma intensidade especial, talvez porque já estavam preparadas para embarcar em uma aventura divina. Neste sentido, o Decreto sobre as virtudes de Guadalupe, depois de analisar brevemente os seus anos de infância e juventude, conta o seu encontro com são Josemaria, em 25 de janeiro de 1944. Era uma tarde de terça-feira de inverno. Seguindo a recomendação de um amigo, com quem havia encontrado no bonde depois da missa, foi conhecer este sacerdote. Guadalupe lembra o que sentiu, depois de uma breve troca de palavras com o fundador do Opus Dei: “tive a sensação clara de que Deus me falava através daquele sacerdote (...). Senti uma fé grande, forte reflexo da sua... e pus-me interiormente nas suas mãos para toda a vida”[3]. Nos dias seguintes àquele encontro – diz o Decreto – Guadalupe “Entendeu com clareza que Deus a chamava para servir a Igreja através do trabalho feito por amor e do apostolado nas circunstâncias da vida cotidiana”[4].

A partir desse dia, começou a frequentar o primeiro centro de mulheres do Opus Dei, localizado na rua Jorge Manrique, em Madri, onde pouco a pouco ia incorporando à sua vida alguns hábitos de piedade simples. Menos de dois meses depois, em 19 de março de 1944, depois de fazer um retiro, Guadalupe pediu a admissão na Obra. “Deus, na sua grande bondade, quer que eu trabalhe nela com todas as minhas forças”[5], escreveu numa carta dirigida a são Josemaria. Naquele dia, Guadalupe, como a mulher de Betânia, quis quebrar o frasco que continha o seu bem mais valioso: a sua própria vida. Naquele dia – e em todos os que vieram depois – Guadalupe quis ungir Jesus com o perfume da sua liberdade.

O que está dentro de mim

O Decreto sobre as Virtudes menciona as múltiplas facetas de sua personalidade: “alegria contagiosa, a fortaleza para enfrentar as adversidades, o otimismo cristão em circunstâncias difíceis e a sua entrega aos outros”. Recorda detalhes da sua generosidade para com os que convivem com ela, especialmente quando se tratava de entregar o seu tempo. Percebe-se a sua bondade, sua obediência, sobriedade e tenacidade. O documento não deixa de ressaltar a sua fé, manifestada na “aceitação alegre da vontade de Deus”, a sua esperança e a sua caridade.

Esta lista pode nos fazer pensar que Guadalupe era uma mulher fora do comum. Pode parecer que estamos muito longe de uma pessoa tão virtuosa, pois em nossa própria vida muitas vezes não sabemos nem por onde começar a lutar. Diante disso, podemos lembrar que a santidade é, acima de tudo, uma obra que Deus realiza em nós. E, por outro lado, é bom saber que Guadalupe também não a alcançou de um dia para outro. O Senhor conta com a nossa história, com as nossas tarefas, com a nossa relação com as pessoas que estão perto de nós, para moldar pouco a pouco essa singular santidade em cada pessoa. São Josemaria, com a sua experiência sacerdotal, dizia que “as almas, como o bom vinho, melhoram com o tempo”[6].

Neste sentido, as cartas de Guadalupe ao fundador do Opus Dei ao longo dos anos, em que ela delicadamente abria a sua alma, são testemunhas dos defeitos que ela detectava dia a dia em seu caráter[7]. Embora muitas vezes essas debilidades se repetissem diariamente, isso não era motivo para resignar-se. O seu amor a Deus soube superá-las. A força que o Senhor oferece por meio dos sacramentos e da vida de piedade resplandece por trás daquela descrição das virtudes de Guadalupe. Faltando poucos dias para embarcar no avião que a levaria ao México, a fim de colocar ali as primeiras sementes do apostolado do Opus Dei, contava: “Na oração e na Missa, eu me esforço muito (...). Cada vez percebo mais que faço tudo por causa do que está dentro de mim, e isso me dá muita paz”[8].

Será que estou caminhando para o Céu?

As atividades às quais, segundo o documento da Congregação para as Causas dos Santos, a bem-aventurada Guadalupe se dedicou foram muito variadas. Todas estas tarefas constituem o ambiente no qual a santidade pode ser forjada: uma residência universitária, um dispensário médico, trabalhos manuais ou escrever, ir de uma cidade a outra, nos escritórios de onde se orienta o apostolado do Opus Dei, salas de aula de química ou ciências domésticas, ou um quarto de hospital[9]. No meio da agitação diária, é normal não sermos totalmente conscientes do trabalho que o Espírito Santo realiza em nossa alma. De fato, normalmente a alma se aquece pouco a pouco. Na vida espiritual acontece como as crianças que aprendem a falar: lentamente, imersas na conversa diária, pela força do uso, a sua linguagem vai se enriquecendo imperceptivelmente. Foi assim que Deus entrou na vida de Guadalupe.

A santidade é uma obra que o Espírito Santo faz em nós. E Ele conta com a nossa história, com as nossas tarefas, com a nossa relação com as pessoas que estão perto de nós, para moldar pouco a pouco essa singular santidade em cada pessoa

Em março de 1950, as três primeiras mulheres do Opus Dei partiram para o México. Foram anos dedicados a estender o apostolado a várias cidades, através de diversas iniciativas educativas e sociais. Por exemplo, desde 1951, se encarregaram de reabilitar uma antiga casa de campo – Montefalco – que usariam para promover socialmente a área, além de organizar atividades para dar formação cristã [10]. Guadalupe esteve lá, entre muitos outros momentos, em abril de 1955 para fazer um retiro espiritual. Dias depois, confiou a sua experiência a São Josemaria, que estava em Roma. Dizia-lhe que não havia tido “nem altos nem baixos”, mas que estava encontrando a Deus naturalmente nas coisas que fazia. Finalmente também lhe transmitiu uma preocupação: “Essa segurança de Deus no meu caminho, do meu lado, me dá entusiasmo para tudo, me faz ficarem fáceis as coisas que antes não gostava de fazer, de tal maneira que, sem pensar, as faço. Padre, tenho uma preocupação: será que estou de verdade caminhando para o Céu? Está tudo muito confortável, pois não tenho problemas pessoais, quase nunca”[11].

Embora a impressão de Guadalupe pudesse ser diferente, não faltavam problemas. Pouco tempo tinha passado desde que Montefalco era descrito como um local com dois quartos com camas dobráveis, dois banheiros para quase quarenta pessoas, além das instruções constantes para não gastar sequer uma gota de água a mais, porque acabava rapidamente. Insiste-se em que não se lave “nem um lenço” na casa[12]. Além disso, Guadalupe tinha a responsabilidade de preparar as mulheres que poderiam se encarregar dos apostolados do Opus Dei em várias cidades do México e em vários países onde pensavam começar a trabalhar. Também não tinha dinheiro: tinha escrito para algumas da Obra dos Estados Unidos para pedir-lhe algumas roupas já que todos os empréstimos que as mexicanas tinham feito terminaram quando compraram as passagens para uma delas, que deveria viajar a Roma. Nada disso era muito confortável nem era uma ausência real de problemas. Mas, desde que tinha 27 anos, o espírito do Opus Dei ajudou-a a encontrar em várias pequenas dificuldades uma oportunidade de se identificar com a Cruz de Jesus. São Josemaria gostava de pensar que a santidade na vida cotidiana é como um plano inclinado no qual, imperceptivelmente, se pode ascender à mais elevada união com Deus.

Deus entrou na vida de Guadalupe lentamente, quase de modo imperceptível, até tornar-se tão imprescindível que a nova bem-aventurada encontrava-O naturalmente nas coisas que fazia

Também neste sentido, o fundador do Opus Dei, muitos anos depois, com a consciência de ter empregado a vida para transmitir o espírito que Deus lhe havia confiado, dizia aos seus filhos durante uma reunião familiar em 2 de janeiro de 1971: “Com a graça do Senhor, vos ensinei um caminho, um modo de chegar ao Céu. Dei-vos um meio para chegar ao fim, de uma maneira contemplativa. O Senhor concede-nos essa contemplação, que, normalmente mal chegais a sentir”[13].

Para onde fores, eu irei

O Padre, em sua carta de 9 de janeiro de 2018, lembrou-nos da história de Rute, uma das grandes mulheres que atuaram na história da Salvação. Em particular, comentava como em sua vida “a liberdade e a entrega criam raízes em um profundo sentimento de pertença à família”[14]. Rute era moabita, mas se casou com um jovem judeu que tinha chegado a terras estrangeiras em busca de um futuro melhor. Em sua nova família, Rute encontrou o significado da sua existência: ela encontrou o único Deus, suas palavras, seu culto, seu povo. Logo depois, no entanto, os três homens da família morreram. Então Noemi, a sogra de Rute, entre lágrimas de tristeza, a encoraja a voltar para a sua terra, para os seus deuses e ali reconstruir a sua vida. Noemi, uma mulher mais velha, sabia que não poderia oferecer um futuro seguro ou conforto para as suas noras. Mas Rute respondeu: “Não insistas comigo para eu te abandonar e deixar a tua companhia. Para onde fores, eu irei, e onde quer que passes a noite, pernoitarei contigo. O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1,16).

O coração de Guadalupe, embora sofresse de graves problemas médicos, não conhecia fronteiras: foi um coração apaixonado, por isso a nova bem-aventurada foi tão feliz

Muitas gerações falam da fidelidade de Rute, assim como da mulher que derramou aquele perfume em Jesus. Muitos artistas viram em sua história de fidelidade um motivo de inspiração. As palavras citadas podem muito bem ser aplicadas ao momento em que Guadalupe descobriu o seu chamado à santidade no Opus Dei: “Seu povo é o meu povo”. Em suas cartas, manifestou claramente esta convicção que logo se gravou em sua alma: a de estar disposta a fazer qualquer coisa por sua família e sempre buscar a felicidade de quem a rodeava. Escrevia em dezembro de 1950: “Hoje escrevi para cumprimentar pelo Natal a todas as nossas da Espanha, Roma, Chicago e Irlanda”[15]. Em outra ocasião, escrevia à diretora de um centro do Opus Dei: “Procuremos amar-nos de verdade, mesmo que às vezes custe um pouquinho, de acordo? Ocupe-se muito das nossas (de todas)”[16]. O seu coração, embora sofresse de graves problemas médicos, não conhecia fronteiras. O mesmo acontecia com as pessoas que se aproximavam dos meios de formação do Opus Dei. Essa aparente falta de dificuldades em sua vida também foi o resultado de pensar continuamente nos outros.

Em junho de 1975, Guadalupe é internada na Clínica da Universidade de Navarra para uma longa sucessão de exames médicos. Isso não a faz perder seu bom humor e, em suas cartas, compara suas rotinas tranquilas no hospital às de um balneário[17]. Finalmente foi operada em 1º de julho, poucos dias após a morte de São Josemaria. Em plena fase de recuperação, escreve a Roma, para agradecer a todas as orações por sua saúde: “Aqui estou. Todos nós temos uma pequena parte nesse assunto. O Padre, em primeiro lugar, e através de sua intercessão, a oração constante de vocês foi ouvida, e aqui eu apareço com um coração que faz 'pom, pom' ritmicamente e com força”[18]. Estas foram provavelmente as últimas palavras escritas por Guadalupe. Quando o bem-aventurado Álvaro del Portillo segurou a carta, escreveu ao lado: “Guadalupe Ortiz de Landázuri está com o Padre no Céu”. E agora o seu coração tem mais ritmo e força do que nunca.

Andrés Cárdenas

Tradução: Mônica Diez


[1] Cfr. Bento XVI, Audiência 14-II-2007.

[2] Francisco, Ex. ap. Gaudete et exsultate (19-III-2018), n. 9.

[3] Manuscrito autógrafo, 1975, citado em Mercedes Eguíbar, Guadalupe Ortiz de Landázuri, Quadrante, São Paulo, 2019, p. 46.

[4] Decreto sobre as virtudes de Guadalupe Ortiz de Landázuri, 4-V-2017.

[5] Carta a são Josemaria, 19/03/1944.

[6] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 78.

[7] Cfr. CartasCartas para um santo, www.opusdei.org.br, 2019.

[8] Carta a são Josemaria, 28/02/1950.

[9] Cfr. Decreto sobre as virtudes de Guadalupe Ortiz de Landázuri, 4-V-2017.

[10] “Montefalco, 1950: una iniciativa pionera para la promoción de la mujer en el ámbito rural mexicano”, em Studia et documenta, n.2, EDUSC, Roma, 2008, p. 214.

[11] Carta a são Josemaria, 24-IV-1955.

[12] Cfr. Mercedes Montero, En Vanguardia, Rialp, Madri, 2019, pp. 183-184.

[13] São Josemaria, En diálogo con el Señor, edição crítico-histórica, Rialp, Madrid 2017, p. 286.

[14] Do Padre, Carta, 9-I-2018, n. 9.

[15] Carta a são Josemaria, 18-XII-1950.

[16] Carta a Cristina Ponce, II-1954.

[17] Cfr. Carta a Mercedes Peláez, 22-VI-1975.

[18] Carta a Carmen Ramos, 13-VII-1975.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/um-coracao-com-mais-ritmo-e-forca-do-que-nunca/

Papa: a santidade nasce da amizade com Jesus Cristo

Papa com os seminaristas das dioceses do Triveneto   (@Vatican Media)

Durante o encontro com os seminaristas das dioceses do Triveneto, Leão XIV exortou a viverem uma amizade profunda com Jesus, cultivando uma vida de comunhão, oração e confiança total em Deus: “Não estamos sozinhos, e nem podemos caminhar sozinhos”.

Thulio Fonseca – Vatican News

O primeiro compromisso do Papa Leão XIV nesta quarta-feira, 25 de junho, foi o encontro com os seminaristas das dioceses do Triveneto, reunidos em Roma por ocasião da peregrinação jubilar. A eles, o Santo Padre dirigiu palavras de encorajamento e gratidão, recordando as profundas raízes cristãs daquela região, herdeira da antiga Igreja de Aquileia, e o testemunho luminoso de mártires, pastores e missionários “que dali partiram para irradiar o Evangelho”.

“Hoje cabe a nós continuar essa obra apaixonante”, afirmou o Papa, convidando os jovens a se inserir nessa história de graça, com a missão de renovar e testemunhar o amor de Cristo.

Superar as dificuldades com coragem e fé

Diante das dificuldades que surgem no caminho, Leão XIV aconselhou: “Não se desanimem se, às vezes, o caminho que está diante de vocês se torna difícil.” E, citando o beato João Paulo I — também originário da região do Vêneto —, recordou: “Até os anjos vistos em sonho por Jacó não voavam, mas subiam degrau por degrau; imaginem nós, que somos pobres homens sem asas.”

A força para continuar, destacou, nasce da confiança ilimitada no Senhor. Inspirando-se na conversão de Santo Agostinho, o Papa repetiu, “como um pai” aos seminaristas as palavras que fizeram bem ao coração do santo: “Lança-te em Deus sem medo. Ele não se afastará para te fazer cair. Lança-te tranquilo: Ele te acolherá e te curará.”

Papa com os seminaristas das dioceses do Triveneto   (@Vatican Media)

Formação não é caminho solitário

Aos formadores e seminaristas, o Pontífice reforçou que a formação não pode ser vivida como uma caminhada solitária: "não se considerem sozinhos, e nem se isolem em si mesmos. Sem dúvida, cada um de vocês é o protagonista da própria formação e é chamado a um caminho de constante crescimento nas dimensões humana, espiritual, intelectual e pastoral; mas ser protagonista não significa ser solista!"

Leão XIV encorajou os seminaristas a cultivarem a comunhão entre si, a confiarem plenamente nos formadores e a caminharem apoiados na vida da Igreja, representada de modo especial pela presença do bispo.

Olhar fixo em Jesus, a verdadeira amizade

O Papa recordou que o centro da vida sacerdotal é a amizade com Jesus. “Se há uma coisa que não deixa dúvidas no Evangelho, é justamente esta: Jesus Cristo deseja ser nosso amigo. O segredo que formou os santos está todo aqui: a consciência da amizade de Jesus Cristo.”

“Encontrar Jesus salva a nossa vida e nos dá a força e a alegria de comunicar o Evangelho a todos.”

Ao final, Leão XIV agradeceu pela visita e deixou uma mensagem de esperança: “Bom caminho! Que a Virgem Maria os acompanhe sempre, assim como a minha bênção.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 25 de junho de 2025

São Cirilo de Jerusalém nos fornece uma guia para identificar a ação do Espírito Santo

Love You Stock I Shutterstock | Image d'illustration

Philip Kosloski - Paulo Teixeira - publicado em 23/06/25

São Cirilo de Jerusalém fornece este breve guia espiritual para saber quando o Espírito Santo é quem age dentro de sua alma.

Às vezes pode ser difícil reconhecer os movimentos do Espírito Santo em nossas vidas. Isso pode ser devido ao nosso estado espiritual atual, ou simplesmente nunca ter sido ensinado a identificar a ação do Espírito Santo. 

O Espírito Santo pode agir dentro de nós de várias maneiras, mas, ao mesmo tempo,             muitos santos reconheceram o caráter particular do Espírito Santo. 

Leve, muito leve São Cirilo de Jerusalém fornece seus pensamentos sobre a identificação    dos movimentos do Espírito Santo em uma instrução catequética que ele escreveu e que        está incluída no Ofício de Leituras:

O Espírito vem suavemente e se dá a conhecer por sua fragrância. Ele não é sentido como um fardo, pois é leve, muito leve. Raios de luz e conhecimento fluem diante dele quando ele se aproxima. 

Do ponto de vista de São Cirilo, o Espírito Santo é aquele que não nos derruba, mas nos eleva. O Espírito Santo é como o vento, soprando suavemente através de nossa alma.

São Cirilo também explica como o Espírito Santo é um amigo:

 O Espírito vem com a ternura de um verdadeiro amigo e protetor para salvar, curar,             ensinar, aconselhar, fortalecer, consolar. O Espírito vem iluminar primeiro a mente de         quem o recebe, e depois, através dele, também a mente dos outros. 

 Isso corresponde ao nome do Espírito Santo como "Advogado", aquele que está do nosso      lado e deseja nos ver bem-sucedidos em qualquer bem que façamos na terra.

Além disso, São Cirilo também acredita que o Espírito Santo é aquele que traz clareza aos pensamentos:

Assim como a luz atinge os olhos de um homem que sai da escuridão para a luz do sol e o     apacita a ver claramente coisas que antes não podia discernir, a luz inunda a alma do         homem considerado digno de receber o Espírito Santo e o capacita a ver coisas alé alcance da visão humana, coisas até então inimagináveis.

Se você sentir o calor da inspiração do Espírito Santo, conhecerá sua ação pela paz e clareza que receber. 

Isso não significa que você não será suscetível a influências externas, ou que Satanás não tentará levá-lo ao desespero, mas que quando você sentir essa ternura em sua alma, você pode ter certeza de que é o Espírito Santo. 

Como em todas as coisas, certifique-se de levar essas experiências a um conselheiro espiritual de confiança para ajudar a discernir melhor a ação do Espírito Santo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/23/sao-cirilo-de-jerusalem-nos-fornece-uma-guia-para-identificar-a-acao-do-espirito-santo/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF