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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

São Timóteo e São Tito

S. Timóteo | arquisp
26 de janeiro

São Timóteo

O calendário da Igreja volta a homenagear Timóteo, agora juntamente com Tito, por terem ambos vivenciado toda a experiência de São Paulo, escolhendo por este motivo, o dia após a celebração da conversão do apóstolo. Os dois têm suas páginas individuais, destacando suas vidas.

Um santo muito antigo, venerado há muitos e muitos séculos, morreu no ano de 97. Timóteo era o "braço direito" do apóstolo Paulo, seu grande amigo e companheiro, sendo considerado, ao lado do mestre, como o primeiro e corajoso pregador do cristianismo. Quase sempre evangelizaram juntos, mas por várias vezes, Paulo o mandou como representante, em quase todos os lugares importantes daquela época, enquanto ele próprio abria novos caminhos.

Timóteo nasceu em Listra, Ásia. Seu pai era grego e pagão, a mãe se chamava Eunice e era judia. Foi educado dentro do judaísmo. Assim, quando o apóstolo Paulo esteve naquela cidade, tanto sua avó, mãe e ele próprio, então com vinte anos, se converteram. A partir daí, Timóteo decidiu que o seguiria e nunca mais se afastou do santo apóstolo.

Fiel colaborador de Paulo, o acompanhou em suas viagens a Filipos, Tessalônica, Atenas, Corinto, Éfeso e Roma. Exceto quando ele o enviava para algumas missões nas igrejas que tinham fundado, com o objetivo de corrigir erros e manter a paz. Como fez em Tessalônica, com o seu aspecto de rapaz frágil. Porém "que ninguém despreze a tua jovem idade", lhe escreveu Paulo na primeira das duas cartas pessoais. E aos cristãos de Corinto o apresenta assim: "Estou lhes mandando Timóteo, meu filho dileto e fiel no Senhor: manterá em suas memórias os caminhos que lhes ensinei".

Na Palestina, o apóstolo ficou preso durante dois anos e tudo indica que Timóteo foi seu companheiro nessa situação também. Mas ao final deste período, ele foi colocado em liberdade, enquanto Paulo era levado para Roma.

Quando Paulo retornou, por volta do ano 66, Timóteo era o bispo de Éfeso e, com este cargo, foi nomeado pelo apóstolo para liderar a Igreja da Ásia Menor. As epístolas de Paulo, à ele endereçadas, viraram pura literatura cristã e se tornaram documentos preciosos de todos os tempos, como leme e bússola para a Igreja.
Mas, a sua morte nos ilustra muito bem o que era ser cristão e apóstolo naquela época. Durante uma grande festa onde era adorada a deusa Diana, Timóteo se colocou no centro dos pagãos e, tentando convertê-los, iniciou um severo discurso criticando e repreendendo o culto herege. Como resposta, os pagãos o mataram a pedradas e pauladas.

O apóstolo Paulo, escreveu a segunda carta a Timóteo estando de novo na prisão, a espera de sua morte: "Procure vir para junto de mim". Muitos, de fato, o haviam abandonado; o fiel Tito estava na Dalmácia; o frio o fazia sofrer e ele recomenda a Timóteo; "Traga-me o manto que deixei em Troadi".

S. Tito | arquisp

São Tito

Tito veio do mundo pagão e Timóteo veio do mundo judeu. Trabalharam com o apóstolo Paulo, que os liderou sem lhes tirar o brilho. E deu à eles "a gloria de uma perene lembrança", como disse Eusébio de Cesarea no primeiro milênio, e será ainda assim nos outros que se seguirão: toda a Igreja os veneram juntos. Mas suas trajetórias foram tão distintas, que são relatadas em páginas individuais.

As únicas informações concretas nos são dadas pelas cartas do apóstolo Paulo. Tito era grego e pagão. Ainda jovem se converteu ao cristianismo e se tornou companheiro e inestimável colaborador do apóstolo. Quando Paulo disse a Tito: "Isto deves ensinar, recomendar e reprovar com toda autoridade", fez surgir um outro grande evangelizador, que permaneceu trabalhando ao seu lado.

Encarregado pelo apóstolo para executar importantes missões, foi uma vez a Jerusalém para entregar a importância duma coleta em favor dos cristãos pobres. . "Meu companheiro e colaborador" como escreveu o apóstolo na segunda carta aos Corintos. Companheiro dos momentos importantes, como a famosa reunião do concílio de Jerusalém, que tratou da necessidade de renovação e diversificação dos ritos devido a evangelização no mundo pagão. Tito, porém, foi também um mediador persuasivo, e entusiasmou Paulo resolvendo uma grave crise entre ele e os Corintos.

Entre os anos 64 e 65, tendo sido libertado da prisão romana o apóstolo Paulo foi com ele para a ilha de Creta, onde fundou uma comunidade cristã, que confiou à Tito. Mais tarde, visitou a Paulo em Nicópolis. Voltou novamente à Ilha de Creta, onde recebeu uma carta do próprio mestre, Paulo, que figura entre os livros sagrados. Depois, retornou à Roma para se avistar com o apóstolo que o mandou provavelmente evangelizar a Dalmácia, onde seu culto ainda hoje é intenso.

Segundo a tradição mais antiga, Tito permaneceu como bispo de Creta até sua morte, que ocorreu em idade avançada, por causa natural e não por martírio. Ele teria conservado a virgindade até a morte. São Paulo o chama repetidamente "meu companheiro e colaborador", e na segunda carta aos Corintos, num momento de especial amargura, diz: "Deus me consolou com a chegada de Tito".

As três cartas escritas pelo apóstolo Paulo a estes dois discípulos têm alto valor, pelo conteúdo exclusivamente pastoral, de tal modo que podem ser consideradas como primeiro guia pastoral dos bispos de todos os tempos.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Uma viagem às origens do Catolicismo

S. Agostinho | Guadium Press
Um grupo de fiéis da Argélia começou uma viagem ao longo do norte da África e do tempo… Visitando importantes monumentos, os fiéis vivenciam as origens do Catolicismo.

Redação (24/01/2022 10:30, Gaudium Press) Um grupo de fiéis da cidade de Constantina na Argélia organizam, desde setembro, um itinerário para visitar lugares importantes da história do Cristianismo.

A fim de descobrir mais sobre a história de nossos antepassados na fé, esse grupo de fiéis argelinos visitaram cidades e monumentos da África do Norte que foram palco de grandes acontecimentos do Cristianismo.

De fato, o itinerário é composto de quatro etapas. A primeira fase começou no último mês de setembro e o projeto continuará pelos próximos meses.

A excursão, que conta com a participação do Bispo Nicolas Lhernould, especialista sobre a África do Norte, tem por objetivo conduzir os fiéis ao longo de 700 anos de História conhecendo: santos, Padres da Igreja, textos importantes do Catolicismo, sítios arqueológicos…

S. Agostinho | Guadium Press

Verdadeira viagem na História do Cristianismo

Entre os vários acontecimentos destaca-se o combate contra o arianismo e contra a heresia donatista; combate que serviu para estabelecer mais firmemente a doutrina Católica.

O Bispo Nicolas faz os fiéis reviverem acontecimentos do Império Romano, acompanhar o martírio de tantos fiéis, a controvérsia dos cristãos “lapsos”, permite com que conheçam também um pouco da cultura dos povos da região…

Além disso, não é possível esquecer figuras de suma importância como, por exemplo, São Cipriano e Santo Agostinho, a Águia de Hipona ou ainda São Justino e Santo Inácio de Antioquia que por lá viveram e testemunharam a fé Católica.

As próximas etapas da excursão estão previstas para março. Nesta etapa pretende-se acompanhar os passos de Santo Agostinho e vivenciar o drama das comunidades cristãs durante as invasões bárbaras e bizantinas. (FM)

Com informações de Fides.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Faça um tour aéreo pela Roma antiga, recriada digitalmente em detalhes espetaculares

Aleteia
Por J-P Mauro

Tecnologia oferece uma visão precisa de como era a Roma no tempo de Cristo.

Houve algumas belas recriações digitais de antigos locais romanos, mas o trabalho feito por History in 3D vai além. No final de 2021, os responsáveis pelo projeto lançaram este tour aéreo de 8 minutos, que resume o trabalho feito até agora. O projeto está longe de ser concluído, mas promete uma visão única e precisa da Roma Antiga. Esta é Roma como teria sido durante o tempo de Cristo.

A maior parte dessa ambiciosa recriação digital é produto de apenas dois projetistas: Danila Loginov e Sergey Bardyshev. Em seu site, eles observam que Danila fundou o projeto em 2011, para o qual atua como líder de equipe. O objetivo é criar a reconstrução 3D mais completa, precisa e detalhada da Roma antiga.

Em um material que apresenta o vídeo, o History in 3D observou que eles fizeram grandes avanços no projeto em 2021. Até agora, eles completaram cerca de 40% da Cidade Eterna. Os pontos turísticos incluem muitos dos locais romanos mais famosos, bem como representações precisas da infraestrutura e das áreas residenciais da cidade.

Tour

O tour começa no Coliseu, possivelmente o local mais famoso da Roma antiga, e se move sobre a paisagem para dar diferentes ângulos dos edifícios históricos. Em seguida, os espectadores têm uma boa visão do Templo de Vênus, da Basílica de Constantino, do Fórum Romano, da Basílica Ulpia, entre outros locais.

Uma das melhores partes de History in 3D é que eles acompanham cada vídeo com uma postagem que fornece um contexto histórico valioso sobre os locais. Uma olhada em seu post sobre as Termas de Caracalla é suficiente para reconhecer a dedicação ao projeto. Não só o edifício é brilhantemente recriado em cores, mas a atenção aos detalhes é espetacular. Onde o projeto realmente brilha, no entanto, é no uso perfeito da iluminação para dar aos edifícios digitais uma sensação autêntica.

Junto com a paisagem e a arquitetura, os responsáveis pelo projeto estão determinados a recriar também as pessoas. Em um post, a equipe utilizou esculturas e retratos dos primeiros 12 Césares romanos. Os rostos recriados são impressionantes.

Há mais história a ser explorada em History in 3D do que pode ser visto em apenas um dia. Há imagens precisas de uma das civilizações mais influentes que o mundo já conheceu.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

CNBB se une a entidades civis em defesa de vacinar crianças contra Covid-19

Imagem ilustrativa / Crédito: Everton Lima / IFF / Fiocruz

SÃO PAULO, 24 jan. 22 / 03:10 pm (ACI).- A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma das seis signatárias do ‘Pacto pela Vida e pelo Brasil’, que defende a vacinação de crianças contra a Covid-19.

“Mais uma vez armou-se o circo da insensatez no Brasil, buscando semear o tumulto e afastar o país do seu destino”, diz o documento assinado pelo arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, em nome da organização.

CNBB, Ordem dos Advogados do Brasil, Comissão Arns, Academia Brasileira de Ciências, Associação Brasileira de Imprensa e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência consideram “desrespeito à Constituição e ao Estatuto da Criança e do Adolescente” não vacinar crianças. O documento conclama a governadores, prefeitos, mães, pais e professores a não pouparem esforços “para que a imunização pediátrica avance rapidamente pelo país, em grandes mutirões, alcançando todas as crianças, e sem esquecer jamais das que vivem em condição de vulnerabilidade.”

Confira abaixo a íntegra do texto divulgado pelo ‘Pacto pela Vida e pelo Brasil’ ou clique aqui para ter acesso ao PDF.

PACTO PELA VIDA DAS CRIANÇAS BRASILEIRAS

Nós, entidades signatárias do Pacto pela Vida e Pelo Brasil, lançado em 7 de abril de 2020 face ao agravamento da pandemia, voltamos a unir nossas vozes no clamor por aqueles que assistem, silentes e sem poder de ação, a situações que colocam em risco a sua própria vida. Falamos de milhões de crianças e adolescentes brasileiros, sobre os quais é urgente pensar com lucidez, responsabilidade e profundo sentido ético.

O enfrentamento da Covid-19, no curso de uma crise sanitária que abalou o mundo, prenunciou a necessidade de imunização da população infanto-juvenil, como já vem ocorrendo em vários países. Sabia-se que a vacinação teria que chegar às crianças, protegendo-as de um vírus contagioso e mutante, com impactos diversos sobre o organismo. No entanto, chegada a hora, mais uma vez armou-se o circo da insensatez no Brasil, buscando semear o tumulto e afastar o país do seu destino.

Manobras para desacreditar as vacinas, com o bombardeio incessante de declarações infundadas, têm tão somente por finalidade minar a confiança dos pais diante do que é correto e inadiável fazer: vacinar as crianças, garantindo-lhes proteção diante de um agente infeccioso grave.

O Brasil, e não é de hoje, conquistou reconhecimento internacional pelo seu programa de imunização. Gerações cresceram atendendo às convocações para vacinações diversas e assim foi possível controlar doenças que assombraram a população infantil e tantas famílias — entre elas, o sarampo e a poliomielite. Imunizou-se muito e bem, num país de dimensão continental e grande desigualdade.

Hoje não se pode aceitar a campanha de sabotagem em torno da vacinação pediátrica, no curso de uma pandemia ainda longe de ser controlada, desprezando o direito à vida e à saúde de uma faixa etária com cerca de 69 milhões de brasileiros — porque é disso que se trata, em flagrante desrespeito à Constituição e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Estarrece constatar que tal situação esteja acontecendo no país que, tristemente, tornou-se um dos recordistas de mortes por Covid no planeta – cerca de 622 mil óbitos até o momento, boa parte deles evitável.

Declarações enganosas de autoridades do governo, na contramão do que tem sido feito pela autoridade sanitária, a Anvisa, poderiam sugerir que o Brasil pouco ou nada aprendeu nesses mais de dois anos de luta contra o vírus. Que falhamos como Nação. Que abrimos mão de compromissos éticos. Que retrocedemos no tempo. Mas, não nos enganemos: a sociedade brasileira não vive dentro da bolha do negacionismo. Ela conhece muito bem a dura realidade, sente na pele os desafios, escuta o que diz a ciência e assim defenderá o direito à vacina infantil, contra o SARS-CoV-2.

Certos disso, conclamamos governadores e prefeitos a não poupar esforços para que a imunização pediátrica avance rapidamente pelo país, em grandes mutirões, alcançando todas as crianças, e sem esquecer jamais das que vivem em condição de vulnerabilidade.

Conclamamos mães, pais, familiares e professores a exigir do Estado brasileiro o que é preciso neste momento, para garantir não só a saúde, mas o futuro dos mais jovens. E, por fim, mas não por último, conclamamos cidadãos e cidadãs a formar conosco um cinturão de lucidez no enfrentamento da pandemia, que esperamos ver superada. Como uma sociedade livre e democrática, construída sobre os pilares da ética, do bom senso e do bem comum, sairemos disso mais fortes.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo,

presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

Felipe Santa Cruz,

presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

José Carlos Dias,

presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns

Luiz Davidovich,

presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC

Paulo Jeronimo de Sousa,

presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI

Renato Janine Ribeiro,

presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa concluirá hoje a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo de 2020 
(Vatican Media)

Com a celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Francisco concluirá o encontro ecumênico do início do ano centralizado no tema: ""Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo".

Vatican News

O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice comunicou que nesta terça-feira, 25 de janeiro, às 17h30 (horário local), na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Francisco presidirá a celebração das Segundas Vésperas na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos sobre o tema: "Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo" (cf Mt 2, 2). No ano passado, o Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, havia presidido a celebração no lugar do Papa, que sofria de ciática.

O tema da Semana de Oração de 2022, que se realizou de 18 a 25 de janeiro e envolveu as Igrejas e denominações cristãs de todo o mundo, foi escolhido pelo Conselho das Igrejas do Oriente Médio para evocar a experiência dos Reis Magos. Durante a Semana, todas as comunidades foram convidadas a refletir sobre um aspecto particular do tema geral.

"Vimos a sua estrela no Oriente", é o título do primeiro dia, enquanto o segundo dia será orientado pelo tema: "Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer? "A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado, e toda a Jerusalém com ele” é o foco do terceiro dia. O quarto dia terá como o tema: “E tu, Belém, não és decerto a menos importante das sedes distritais de Judá”. No quinto dia, a frase que os acompanha tem o título: "O astro que tinham visto no Oriente avançava à sua frente”. No sexto dia, o tema é "Viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, prestarem-lhe homenagem”. O sétimo dia nos convida a rezar sobre os presentes dos Magos: "Abrindo seus cofres, ofereceram-lhe por presente ouro, incenso e mirra”. Por fim, a proposta para o oitavo e último dia é: "Retiraram-se para sua pátria por outro caminho”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Conversão de São Paulo

Conversão de São Paulo | arquisp
25 de janeiro

Conversão de São Paulo

O martírio de São Paulo é celebrado junto com o de São Pedro, em 29 de junho, mas sua conversão tem tanta importância para a história da Igreja que merece uma data à parte. Neste dia, no ano 1554, deu-se também a fundação da que seria a maior cidade do Brasil, São Paulo, que ganhou seu nome em homenagem a tão importante acontecimento.

Saulo, seu nome original, nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um pólo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto. Pelo mérito de seus serviços recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho.

Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto. Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro.

Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel.

Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estêvão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio.

Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como "mais forte e mais brilhante que a luz do Sol", desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar. Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra "visita" de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias pois receberia uma revelação importante. A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e à seu pedido também sem comer e sem beber.

Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o. A conversão se deu no mesmo instante pois ele pediu para ser Batizado por Ananias. De Damasco saiu a pregar a palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo.

Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões. Perseguido incansavelmente, foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália, festejada no dia de sua consagração em 18 de novembro.

O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira "Teologia do Novo Testamento". Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Dom Paulo Cezar dá posse ao novo Pároco da Catedral de Brasília

PASCOM | arqbrasilia

Na manhã do último Domingo (23/01/2022), Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília, deu posse ao novo Pároco da Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida, Padre Paulo Renato, em Celebração Eucarística do III Domingo do Tempo Comum.

No início da Celebração foi lido o documento de provisão pelo vice-chanceler da Arquidiocese, Padre Fernando Gonçalves, onde são elencadas as atividades ministeriais que o novo Pároco deverá exercer em seu pastoreio.

Em sua homilia, Dom Paulo Cezar lembrou que “neste Domingo estamos celebrando o dia dedicado a Palavra de Deus, por isso somos chamados a olhar para a Palavra de Deus e perguntar pela centralidade da Palavra de Deus em nossa vida.” Além disso, o Arcebispo afirmou se referindo ao ofício de Pároco que o Padre Paulo Renato estava assumindo, “todos nós temos, na edificação da Igreja, nossa responsabilidade com os nossos dons que são dados por Deus. Todos nós somos responsáveis pelo anúncio do Reino, pela construção da Igreja. Devemos trabalhar para que, cada vez mais, Cristo seja mais amado.”

O Arcebispo destacou que a evangelização na Catedral de Brasília abrange não só a Arquidiocese de Brasília, mas também, gente que vem de todo o Brasil e, até de outras partes do mundo, para conhecer a cidade e conhecer a Catedral que é, também, um monumento conhecido no mundo todo. Por isso, exortou o novo Pároco a desgastar a vida nesta nova missão que recebe.

Após a homilia, Dom Paulo Cezar entregou os sinais do pastoreio do novo Pároco para que ele possa se lembrar sempre do seu ministério como pastor do povo fiel na Igreja Mãe da Arquidiocese de Brasília.

A Catedral tem sua importância dentre as Igrejas de uma Arquidiocese porque é a Igreja do Bispo. Nela está a Cátedra do Arcebispo de onde ele preside a Assembleia dos fiéis que congregam na Igreja Particular.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Quando Deus nos toca e nos fala…

Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Deus nos ama profundamente e quer estar em comunhão íntima conosco. Ele tem sede da nossa alma, de morar nela. Foi por isso que Jesus quis ficar na Eucaristia, não para ficar numa Âmbula no Sacrário – disse Santa Teresinha – mas para vir ao nosso coração. Os santos dizem que Ele tem sede de estar conosco porque nos criou para Ele. Somos a Sua glória maior, dizia Santo Irineu. Pense bem!

Mas Deus não pode habitar um coração que não o deseja e não o procura. O profeta disse que “Deus se deixa encontrar por aqueles que O procuram”. Ele não é um oferecido que se entrega a qualquer um e de qualquer jeito. Tudo que é precioso deve ficar bem guardado, escondido, como Jesus no Sacrário, como a joia no cofre. Precisamos buscá-lo.

Quando abrimos o coração para Ele, Ele abre o Seu para nós. Santa Teresa dizia que “Quando Deus nos toca e nos fala sentimos um frio na coluna”. E a melhor hora para isso acontecer é depois da Comunhão. Não há outra ocasião mais propicia para encontrá-Lo e fazer comunhão com Ele; pois é Ele quem quis isso, estar conosco na Eucaristia. Aceitou se aniquilar, se fazer pão e vinho para estar em nosso corpo e em nossa alma. Santa Teresinha, depois da Comunhão, disse para Jesus: “Agora o Senhor é meu! Se deu todo a mim!”

Se soubermos cultivar Jesus na alma, Ele nos vai falar, vai nos corrigir com a docilidade de uma mãe, sem rancor, sem mágoa, sem ferir. Vai nos mostrar quem somos, nos fará ver a nossa miséria para que nos conheçamos e não nos iludamos, mas também, nos fará sentir a Sua doce e eterna misericórdia que nos acolhe e acalenta. Nessa hora, as lágrimas podem até rolar de nossos olhos, pois as lágrimas e os risos são as expressões da linguagem da alma -Santa Catarina de Sena dizia que toda lágrima brota do coração. E então, a alma conversará com o Senhor, sem precisar de palavras, apenas com os sentimentos do coração. Ele nos fará sentir o que precisamos.

Quando meditamos profundamente, no que Jesus fez por nós, ficamos constrangidos, como dizia São Paulo – “o amor de Cristo me constrange”. A pregação de Jesus, mais do que com palavras, foi com a própria vida. A Carta aos hebreus diz que: “tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (Hb 2,18). Para nos ensinar a vencer a tentação, e nos fortalecer, Ele aceitou ser tentado, mesmo sendo Deus. E mais: “Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb 2,4). Ele aceitou passar pela morte terrível de Cruz para destruir a nossa morte, arrancando-nos das mãos do demônio.

Meditando essas palavras, com a devida concentração, experimentamos o imenso amor de Jesus por nós. Ele nos mostrou que não é fácil vencer o mal, mas é possível com a Sua graça, com a força Dele em nossa alma. Isto é o mistério de nossa Redenção! Faz a gente se sentir pequeno; um mistério que não cabe em nossa cabeça, porque é ação de Deus em nós. E não podemos compreender bem as ações de Deus em nós. É a misericórdia de Jesus para conosco. Sua misericórdia é infinita, mas a nossa é muito pequena, por causa do mistério do pecado original em nós.

Ao olhar para dentro nós nos sentimos tão vulneráveis, tão fracos, tão indignos, que muitas vezes, até faltamos com misericórdia para conosco mesmos. Mas, não podemos desanimar: Deus nos ajuda com Sua graça! É preciso saber se ver, se aceitar, e, com o auxílio da graça ir vencendo nossa miséria. É uma tarefa que cabe a Deus realizar em nós. A nós cabe se entregar em Suas mãos. Jesus disse que quem perseverar até o fim, vai ser salvo. É essa misericórdia de Deus para conosco que nos sustenta e consola.

Não percamos mais tempo. Vamos ao encontro de nosso Divino Amigo. Abramos o nosso coração para recebê-lo e com Ele fazer uma experiência de Sua Misericórdia!

Prof. Felipe Aquino

Quantos anos tinha São José quando Jesus nasceu?

Philippe Lissac / GODONG
Por Philip Kosloski

Será que ele era um jovem ou um homem mais velho?

Nós não sabemos muito sobre São José. Na Bíblia, ele simplesmente é descrito como o “esposo de Maria”, um “carpinteiro” e um “homem justo”. A idade dele e as circunstâncias de sua morte não ficam muito claras nas Escrituras.

No entanto, várias tradições ajudam a esclarecer a questão e oferecem possíveis cenários a serem considerados.

Uma tradição muito comum na Igreja Ortodoxa diz que José já tinha idade avançada quando se casou com a Virgem Maria. Antes de levar Maria para sua casa, a esposa anterior de José (com quem ele teve vários filhos) morreu. Foi preciso um tempo até que se afirmassem que as crianças eram os “irmãos” de Jesus.

Um texto do século VI, intitulado  História de José, o Carpinteiro, vai ao encontro do que diz a tradição:

Por fim, com o passar dos anos, o homem chegou a uma idade muito avançada. No entanto, ele não trabalhava sob nenhuma fraqueza corporal, nem tinha a visão fraca ou qualquer dente faltando na boca. Durante todo o tempo de sua vida, ele nunca perambulou; mas como um menino, sempre exibia vigor juvenil, e seus membros permaneciam intactos e livres de toda dor. Sua vida, portanto, no total, era de cento e onze anos, sua velhice se prolongava até o limite máximo.

Por outro lado, muitos estudiosos e historiadores bíblicos acreditam que José era um jovem, talvez até mesmo um adolescente, quando Jesus veio ao mundo. O Instituto Internacional de Estudos afirma: “acreditamos que Maria e José estavam na adolescência quando Jesus nasceu. Eles possivelmente tinham cerca de dezesseis e dezoito anos respectivamente. Esta era a norma para os recém-casados judeus naquela época “.

O venerável Fulton Sheen compartilha um sentimento semelhante: “José, provavelmente, era um homem jovem, forte, viril, atlético, bonito, casto e disciplinado, o tipo de homem que se vê trabalhando em um banco de carpinteiros”.

Esta teoria também leva em conta as longas jornadas que a Sagrada Família realizou em torno do nascimento de Jesus. É difícil imaginar um José de idade avançada cuidando de Maria e Jesus, enquanto eles iam para um país estrangeiro.

Seja qual for a verdade, José era um “homem justo”, que fez tudo o que pôde para proteger Maria e Jesus. Ele olhou para eles com um coração terno e amou os dois com um amor profundo e permanente.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A Idade Moderna – De Erasmo a Nietzsche (Parte 4/6)

Presbíteros

A Idade Moderna
De Erasmo a Nietzsche
ESTUDOS DE IDEIAS POLÍTICAS
por Eric Voegelin

Tradução e abreviação de M. C. Henriques, Lisboa, Ática, 1996

§ 5 O Apelo à Nobreza cristã da Nação alemã

Escrito em 1520, An den christlichen Adel deutscher Nation von des christlichen Standes Besserung é uma teoria geral da sociedade cristã, articulada em uma introdução doutrinária, uma lista de queixas e uma longa lista de sugestões de reforma com 27 artigos. O título fala da melhoria do estado ou estamento cristão. O estado espiritual corresponde ao clero, o temporal à nobreza e o estado cristão ao povo, desprovido de autoridade particular. Por outro lado, o povo é a Igreja e a Nobreza deve ajudá-lo uma vez que o clero não parece disposto a tal. Pressupôe-se que existe uma pluralidade de estados cristãos na cristandade, entre eles a Nação alemã. (Die Not und Beschwerung,die alle Staendes der Christenheit zuvor Deutschland druckt…“. Uma vez que que a cristandade se articula em estados a que aplica o termo Igreja e Nação,a melhoria do christlich Stand deve abranger a reforma do dogma, ritual e constituição da Igreja Universal, a reforma da Igreja Alemã no sentido de obter maior autonomia à maneira galicana e ainda reformas sociais na Alemanha.

De acordo com a Introdução, numa sociedade cristã, a distinção entre poderes temporal e espiritual só se deve referir a ofícios; não acarreta uma diferença de estatuto espiritual. Por um lado, isto implica que devem cessar as usurpações do poder espiritual, conforme preceitua o princípio gelasiano de separação de poderes. A autoridade temporal tem um estatuto carismático e já Hincmar de Reims integrara a realeza monárquica na hierarquia dos ofícios carismáticos do Corpo Místico de Cristo. Parece apenas uma reafirmação deste princípio medieval da autoridade do poder temporal. Até aqui, a doutrina está contra o status quo, mas com uma orientação conservadora. A doutrina torna-se revolucionária mediante a extensão das funções espirituais no Corpo cristão. Quem sustentar que o ofício de governar é inferior ao eclesiástico deveria aceitar também que sapateiros, ferreiros, alfaiates, cozinheiros, camponeses e criados eram demasiado baixos para fornecer papas, bispos, padres e monges com sapatos, roupas, casas, comida, bebida e bens. Todos têm uma função carismática.

As considerações muito espraiadas da obra cristalizam em três princípios que são como que uma âncora na doutrinação torrencial e confusa: 1) Sacerdócio universal de todos os cristãos; 2) Igualdade carismática de todas as funções no corpo cristão; 3) Hierarquia de ofícios. Extrai-se ainda o corolário de que o sacerdócio universal confere a cada indivíduo a autoridade para interpretar as Escrituras, o que implica desautorizar o magistério da Igreja e a autoridade pontifícia em questões de fé. Ninguém se deve arrogar o comando da comunidade nem deve abdicar da liberdade de julgar, como se prova por I Cor 2:15 e II Cor. 3:17.

O que mais surpreende é a incapacidade do doutrinário em prever as consequências das suas doutrinas. Ao substituir a concentração da infalibilidade eclesial, fazendo de cada cristão um “Papa”, abria a porta a intermináveis disputas. O apelo tinha sido usado por Bonifácio VIII para suportar a sua autoridade de homem espiritual sobre os meros psychici; agora o apelo é dirigido ao homem da rua e conduz à guerra de todos contra todos. É difícil aceitar que Lutero ficasse surpreendido quando em 1521 os seus ensinamentos são seguidos à letra por Thomas Munzer em Zwickau. O processo hermenêutico dos novos profetas é óbvio. A fé substitui as Escrituras: o lógos que inspirou as Escrituras é distinto da palavra escrita; a posse direta do logos é suficiente para o profeta inspirado. O profeta de Zwickau “falava com Deus” e dispensava outras fontes. Carlstadt pediu aos estudantes que fossem para casa ganharem o pão com o suor do seu rosto porque os profetas providenciariam os conhecimentos. Os estudantes não se fizeram rogados e os homens das ruas continuaram a profetizar. Apenas a atitude anti-filosófica explica a irresponsabilidade em não prever que o princípio da autonomia da interpretação das Escrituras acarreta a anarquia interpretativa. Lutero avaliava a sua doutrina como um regresso à tradição das Escrituras contra as obscuridades da Escolástica. Tal como Erasmo, estava cego pelo ódio contra Aristóteles e julgava que liquidar a filosofia seria possibilitar a compreensão simples e natural das Escrituras. Esta atitude irá marcar toda a cultura moderna e faz refletir no facto histórico que o termo intelectual denota os indivíduos que odeiam o paciente trabalho filosófico do intelecto.

Não é casual o modo como o § 25 da obra projeta a reforma do ensino das Universidades e das escolas. As universidades tinham-se tornado em gymnasia Graecae gloriae. O “cego mestre pagão” Aristóteles, “essa praga que Deus nos enviou devido aos nossos pecados” deveria ser eliminado do ensino. Dele apenas deveriam permanecer a Lógica, Retórica e a Poética para o ensino do discurso e da pregação. Além disso ensinar-se-ia Latim, Grego, Hebreu, Matemáticas e História. As Faculdade de Direito deveriam eliminar o Direito Romano e Canónico. As Faculdades de Teologia deveriam começar o ensino pelos Livro dos Provérbios e aplicar-se depois ao estudo dos textos Bíblicos. A Patrística serviria só como introdução. Aliás, a Universidade bem poderia fazer doutores; doutores de teologia só o Espírito os poderia criar. O acesso às universidades deveria ser restrito: “receio que as escolas superiores sejam portas abertas para o inferno “.

O anti-filosofismo é uma atitude profundamente anticultural. Poderá não concordar com sectarismos, como se comprova pelo seu apelo contra os camponeses (um escrito habitualmente interpretado como uma fraqueza momentânea). Mas pretende efetivamente criar uma nova ordem social e fica admirado quando indivíduos radicais o ultrapassam no trabalho de destruição. “So haben wir es nicht gemeint“, eis a situação do aprendiz de feiticeiro que quer resolver complicados problemas intelectuais e sociais com uma destruição limitada mas que assiste ao desencadeamento de forças que não controla. Posteriormente       Melanchton procurou colmatar as brechas anti-filosóficas do reformador, criando uma Escolástica protestante, tal como Calvino com a Institutio. Mas para Lutero nada se poderia sobrepor à grande tarefa de reformar a Alemanha, ou seja, a criação de uma sociedade nacional-cristã que integraria a sociedade universal cristã. Como a sociedade universal era a Igreja, que não deveria ser abolida, a reforma da Igreja tornava-se indispensável, por muita confusão e cisma que causasse na Igreja universal.

No que se refere à reforma social, os artigos 1-13 do Apelo à Nobreza lidam com a autonomia da área nacional dentro do estado universal cristão. É advogada a proibição de pagamento anuais a Roma e a investidura de estrangeiros em cargos nacionais; Roma não deveria confirmar os bispos; os casos litigiosos deveriam ser julgados em tribunais alemães; Roma não deveria apoderar-se de feudos: os casus reservati deveriam ser abolidos; o pontífice deveria entregar os feudos dos Estados Papais, (“tirar a mão da sopa “). O art.12 reclama a abolição das indulgências e das peregrinações a Roma e o art.13 a redução dos mosteiros de ordens mendicantes a 10% dos atuais e proibição de pregar e confessar para as restantes ordens. Os artigos 14-23 atacam as excrescências da vida religiosa e reclamam a reforma dos costumes.14) O celibato é secundário para a escolha do bom pastor; 15) A disciplina nos conventos deve ser reformada. 16) Contra o abuso das missas de finados. 17) Contra o abuso dos interditos. 18) Abolição de dias feriados. 19) Abolição de proibições e dispensas para casamentos e de jejuns: “Mandam-nos comer óleo com o qual não limpariam os sapatos e depois vendem-nos licenças para comermos manteiga “, tema recorrente das Butterbriefe. 20 Contra a exploração comercial das peregrinações; 21 Contra o peditório organizado 22.23 Contra missa votivas e abusos vários. Os últimos artigos, 24-27, tratam de questões políticas e sociais. No art.24, Lutero não se pronuncia sobre os Irmãos Morávios mas acha que Jan Huss jamais deveria ter sido queimado. O art. 25 sobre as Universidades foi já referido. O art.26 é significativo para a visão de uma história autónoma profana, pois ataca a suserania papal sobre o imperador. Roma morreu há mil anos e não deve continuar a ensombrar o presente. A Translatio imperii não é um título legítimo de poder e o império do Ocidente assenta num ato de violência. Deus tem em tão pouco apreço o poder, que por vezes o confere aos criminosos e nada de grande há em continuar Roma. Mas uma vez que o império existe, deve ser governado por um alemão. O art.27 aborda as reformas na esfera alemã e sugere pragmáticas contra o luxo e a usura, Zinskauf. São condenados financeiros como os Fugger que praticam juros de 20% a 100% e que acumulam riquezas em excesso. Por outro lado, o povo alemão come em excesso, o que, além de ser um vício é um comportamento antieconômico. A autoridade secular terá de reformar todos estes maus hábitos.

A análise do Apelo, que é simultaneamente um catálogo dos males do tempo e um manifesto político mostra claramente o contexto em que decorre a ação e ajuda a destruir os clichés acerca da Reforma, em particular a suposição que a Igreja é o objeto da Reforma. A Reforma resultou no cisma da Igreja mas não começou por aí. Lutero originou o Protestantismo mas era, afinal, um Católico revoltado que tinha por objetivo mudar o estado cristão. Reformar, para ele, é reduzir os juros, acabar com as indulgências, mudar a sociedade, a Igreja e a sociedade europeia. Um programa destes levaria séculos e muitas guerras e revoluções para ser levado a cabo. As guerras e as revoluções acabaram por vir. Mas que pensaria Lutero da sociedade reformada que emergiu?

BIBLIOGRAFIA:

Joseph Denifle, Luther und seine Entwicklung, 2 vols., 1904-6

Jacques Maritain, Trois Réformateurs, 1923

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF