Translate

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Jovens brasileiros presentes no Jubileu em Roma

Jovens brasileiros presentes no Jubileu em Roma (Vatican Media)

Roma nestes dias acolhe jovens de todas as partes do mundo - peregrinos de 146 países - para o Jubileu dos Jovens. Entre eles, grupos de brasileiros que participam de uma programação, que teve início na segunda-feira (28), e segue até este domingo, 03 de agosto, no coração da fé católica. A presença dos jovens brasileiros.

Silvonei José – Vatican News

A iniciativa do Jubileu dos Jovens havia sido anunciada pelo Papa Francisco no fim da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em Portugal, em 2023. “Marco encontro com os jovens de todo o mundo no ano 2025, em Roma, para celebrarmos juntos o Jubileu dos jovens”, disse o pontífice na ocasião.

Mas quem acolheu os jovens foi o Papa Leão XIV, que no início da noite de terça-feira, a surpresa saudou os jovens na conclusão da Santa Missa na Praça São Pedro. Aproximadamente 120 mil jovens participaram da celebração eucarística presidida por dom Rino Fisichella. 

Ao final da missa, o Papa Leão XIV fez questão de comparecer à Praça São Pedro para saudar a juventude. A bordo do papamóvel, o Santo Padre percorreu os corredores da praça vaticana e toda a Via da Conciliação, acenando e recebendo o afeto dos presentes, que acolheram com grande alegria a surpresa do Pontífice. Ele dirigiu aos fiéis palavras de acolhimento e fez um convite à oração pela paz no mundo em inglês, italiano e espanhol:

Jovens na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

"Esperamos que todos vocês sejam sempre sinais de esperança! Hoje estamos começando. Nos próximos dias, vocês terão a oportunidade de ser uma força que pode levar a graça de Deus, uma mensagem de esperança, uma luz para a cidade de Roma, para a Itália e para todo o mundo. Caminhemos juntos com a nossa fé em Jesus Cristo. E o nosso grito deve ser também pela paz no mundo", e fez um pedido aos jovens:

“Digamos todos: Queremos a paz no mundo!”

"Rezemos pela paz e sejamos testemunhas da paz de Jesus Cristo, da reconciliação, essa luz do mundo que todos estamos buscando. Nos vemos. Nos encontraremos em Tor Vergata. Boa semana!", concluiu o Papa. 

Jovens na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

Jovens brasileiros

Ítalo Andreatto da paróquia de São Judas Tadeu, Mogi Guaçu acompanha jovens brasileiros junto com o padre Lucas dos Santos Janucci, presbítero da Diocese de São João da Boa Vista, que exerce seu ministério na paróquia São José de Estiva Gerbi-SP. Ele diz que “acompanho nestes dias com muita alegria um grupo de peregrinos de nossa Diocese, composto pelos jovens do Caminho Neocatecumenal, que ao todo compõe-se de 150 jovens, ao Jubileu da Esperança”.

“Partilho a beleza de ver como eles tem tocado com a vida o que até então já viviam pela fé e colher deles o testemunho rico de suas experiências”, afirmou.

O padre Lucas destaca que “neste tempo temos rezado muito e com a esperança viva em nós, cantado pelas ruas das cidades que temos passado. Nelas o próprio povo reconhece o anúncio da Boa Nova de que Cristo Ressuscitou e de que a Igreja é jovem e anseia encontra-se com o Santo Padre nos próximos dias e ali ser confirmados na fé e abraçar a vocação e a missão”.

Jovens em Assis (Vatican Media)

O jovem Paulo Augusto de Aguiar Antunes da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Mogi Guaçu do Caminho Neocatecumenal, disse que “essa Peregrinação tem sido um presente de Deus na minha vida, graças a ajuda de muitos irmãos eu e mais dois jovens de nossa paróquia temos a chance de viver essa experiência extraordinária”.

“O Senhor – afirmou ele -, vem se mostrando em cada detalhe por onde passamos, poder sair da nossa zona de conforto para peregrinar é algo difícil, mas com a providência de Deus vem me animando e ajudando na minha caminhada dentro da igreja”.

“Até o momento passamos por diversas Igrejas e santuários, mas em todos os lugares o Senhor me mostra uma palavra de conversão que me convida a mudar, a voltar para casa como um novo jovem cristão”.

Jovens brasileiros (Vatican Media)

Também a jovem Ana Karolina Macedo, da 5ª comunidade da Paróquia do Rosário, localizada em São João da Boa Vista, SP que atualmente está no pré-catecumenato deu seu testemunho: “essa é a minha primeira peregrinação, e ela foi um verdadeiro presente de Deus, uma experiência marcada pela providência divina. Ele me concedeu essa graça por meio de uma pessoa muito especial e também através de muito trabalho”.

“Minha experiência está sendo viva, única e profunda, na qual Deus nos demonstra o seu amor e carinho! É difícil descrever tudo o que estou sentindo. Visitar os lugares onde viveram os santos pelos quais tenho grande devoção foi uma emoção imensa, foi como caminhar com eles”.

Ela confessa: “nunca havia dormido fora de casa ou ficado tantos dias longe da minha família. Até brinquei dizendo que achava que iria chorar querendo voltar, mas, na verdade, estou chorando porque não quero ir embora. Está sendo uma vivência transformadora”.

Jovens em Monte Cassino (Vatican Media)

“O momento que mais me marcou foi a visita ao túmulo de São Francisco de Assis. Naquele instante, não consegui conter as lágrimas. Admiro profundamente a humildade e a coragem que ele teve para abandonar tudo e seguir a vontade de Deus”.

“Senti, nesse momento, que Deus também nos chama. A mim, a você, a todos. Ele nos chama à santidade. Mas mais do que isso: Ele quer nos revelar algo maior. Para isso, é preciso estar atento, abrir o coração e decidir caminhar com Ele”, concluiu ela.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Chegando à fé pelo Caminho de Santigo

Os caminhos de Santiago (Shutterstock)

Chegando à fé pelo Caminho de Santigo

Reproduzimos o testemunho de conversão ao catolicismo de Cuiwen, uma mulher de Cingapura cujo caminho de fé atravessou várias religiões, uma viagem para fazer o Caminho de Santiago e o livro “Caminho”, do fundador do Opus Dei.

23/07/2025

Sou Cuiwen, moro em Cingapura e estou casada há sete anos. Junto com meu marido, formamos uma família com nossos dois filhos. No entanto, o caminho até aqui não foi fácil: em minha vida, enfrentei momentos de desentendimentos e dificuldades que nem sempre foram fáceis de superar.

Na minha juventude, eu frequentava uma igreja batista. Minha fé era motivada principalmente pelo desejo de agradar meus pais e ser uma boa filha. Eu acreditava que, se obedecesse a Deus, eu O encontraria. Fui batizada no 4º ano do ensino médio, mas, no fundo, não tinha certeza se havia aceitado Deus plenamente em meu coração. Pouco tempo depois, deixei a igreja.

Cuiwen com seu marido, Gerard e Joan (Opus Dei)

Um novo horizonte inesperado

As coisas mudaram no colégio, quando conheci Wei Lian. Tornamo-nos muito amigas porque morávamos perto e partilhávamos o mesmo programa de arte. Foi ela que me apresentou pela primeira vez a fé católica. Quando começou a fazer parte do Opus Dei, convidou-me várias vezes para aulas de doutrina e meditações.

Foi a primeira vez que conheci católicos, que eram calorosos, acolhedores e ficavam felizes de responder às minhas perguntas. Antes disso, achava os rituais e devoções do catolicismo difíceis de compreender. Mas, com o tempo, passei a apreciar a riqueza da fé e a beleza da missa.

Servir aos outros, descobrir Deus

Em dezembro de 2013, participei de uma viagem missionária ao Vietnã organizada por Hillcrest, um centro da Opus Dei para jovens em Cingapura. Foi minha primeira experiência missionária no exterior e uma oportunidade de servir em um país em desenvolvimento. A viagem coincidiu com uma transição profissional e senti que podia oferecer meu tempo e energia aos outros. Lá conheci Carmen, que organizava a viagem e sempre me pareceu simpática e aberta a compartilhar sua fé.

Embora na época eu não sentisse um chamado espiritual nem imaginasse minha futura conversão, fiquei impressionado com o testemunho da fé católica vivida com generosidade. O padre da aldeia conhecia todos os habitantes e se preocupava com ações concretas para melhorar a vida dos mais necessitados.

Também me impressionaram os tradutores vietnamitas, que acolhiam os idosos e os pobres com grande cordialidade, e as voluntárias de Hillcrest, sempre alegres e entusiasmadas. Tudo isso me fez sentir de maneira especial a presença real de Deus na vida cotidiana desses católicos que rezavam e assistiam à missa todos os dias.

Depois dessa viagem, comecei a trabalhar na área de saúde mental dentro do setor de serviços sociais. Uma colega me convidou para uma igreja metodista, e lá comecei a sentir o desejo de me aproximar mais de Deus. Eu me sentia acolhida e em comunidade, muito diferente da minha experiência anterior. Também me inscrevi em um curso de estudo bíblico de um ano para aprofundar minha fé.

Eu achava que talvez não tivesse lido a Bíblia o suficiente para entender a vontade de Deus para mim. Através da convivência e das atividades de serviço, como visitas a lares de idosos, descobri um crescimento espiritual que superava o que eu havia vivido anteriormente.

No Vietnam (Opus Dei)

Quando os percalços do caminho são uma ajuda

No entanto, foi somente no final de maio de 2015, quando estava na metade do curso bíblico e já estava há um ano no meu novo trabalho, que comecei a me sentir exausta por ter me dedicado tanto ao meu trabalho. Minha amiga Wei Lian me contou que iria fazer o Caminho de Santiago pela segunda vez com Carmen e me convidou para participar. Eu aceitei. Desta vez, o grupo era pequeno e eu era a única pessoa não católica.

No início, fiquei entusiasmada com a experiência de ser peregrina, passar tempo na natureza, desfrutar do silêncio com Deus e do bom ambiente entre os caminhantes. Mas, com o passar dos dias, comecei a me sentir desconfortável por ser a única que não rezava o terço nem conhecia as histórias “à maneira católica”. Para evitar me sentir deslocada, comecei a caminhar rápido e sozinha.

No entanto, as coisas não saíram como eu esperava. No terceiro dia, fiquei doente. Tinha febre e me sentia muito fraca. Minhas companheiras viram que eu não podia continuar e me ajudaram muito: chamaram um carro e Joanna me acompanhou até a próxima cidade. Enquanto ardia em febre no albergue, me sentia fraca e zangada com Deus. Me perguntava por que Ele me levara a essa viagem para sofrer, se tudo o que eu queria era estar com Ele.

Só pude chegar a uma conclusão: Deus queria me dizer algo. Não conseguia imaginar um Deus malvado que se alegrasse com meu sofrimento. Ao repassar os dias anteriores, compreendi que, embora minhas companheiras tivessem sido gentis, eu mantivera uma atitude cortês, mas distante.

A partir daquele momento, decidi mudar: aprendi a rezar o terço e começamos a ler, revezando-nos, trechos de Caminho, de São Josemaria.

Refleti sobre minha atitude habitual diante da vida e diante de Deus, e comecei a ver semelhanças com o modo como havia começado o Caminho de Santiago. Rezei a Deus para que me mostrasse a verdade: como eu deveria viver minha fé?

No dia da profissão de fé como católica (Opus Dei)

Amar a Deus como Ele quer ser amado

Foi em uma pequena capela, perto do final do Caminho, que vi uma imagem de Jesus. Pela primeira vez, rezei diante de uma imagem dEle e perguntei se esse era o caminho para o qual ele me chamava e, se fosse, que me explicasse do que se tratava tudo isso.

Naquele momento, uma amiga se aproximou de mim e me disse que aquela imagem era do Sagrado Coração de Jesus e que lembrava uma oração escrita por uma religiosa francesa. Só quando voltei para Cingapura é que compreendi a resposta de Jesus.

Depois de assistir à missa diariamente na Espanha, decidi ir à missa também em Cingapura. Foi numa sexta-feira, na Igreja de São José, onde ouvi a oração ao Sagrado Coração de Jesus. Fiquei profundamente comovida com as palavras: “Jesus, ajude-me a amá-lo mais”. Naquele momento, compreendi que sempre me aproximara de Deus com os meus problemas e necessidades, mas nunca lhe pedira que me ensinasse a amá-lo mais.


São Josemaria diante de São Tiago apóstolo - Opus Dei.

O meu caminho para a plenitude da fé

Naquela época, Wei Lian estava acompanhando outra amiga, Janelle, que morava em Jurong, no seu caminho de iniciação cristã (RCIA). O seu processo de confirmação correu bem.

O maior obstáculo que tive que superar foi a irritação da minha mãe, mas graças à graça de Deus, que me deu firmeza e doçura, pude ser plenamente recebida na Igreja Católica na Páscoa de 2016.

Hoje dou graças a Deus por como Ele continuou me abençoando todos esses anos. Conheci meu marido, um ex-protestante que também se converteu ao catolicismo em 2020, e dois anos depois descobri minha vocação como supernumerária do Opus Dei, enquanto meu marido se tornou cooperador pouco depois e atualmente participa das atividades de formação.

Antes de nos casarmos, participei em duas viagens missionárias a Cebu e atualmente dou aulas de formação a um grupo de amigas e cooperadoras.

Em 2023, fomos abençoados com o nascimento de nosso primeiro filho, Gerard, e em 2025, com nossa filha, Joan, justamente na solenidade da Assunção. Naquele dia, senti como se a Virgem me lembrasse de sua proximidade. A experiência da maternidade tem sido linda, embora não isenta de desafios, especialmente pela ausência de minha mãe.

Nestes anos de caminho rumo à fé, aprendi a reconhecer Deus através do silêncio, da reflexão e do serviço aos outros, e sua presença no dia a dia com maior profundidade. Sou especialmente grata pelo apoio e pela formação do Opus Dei, que nos ajuda a educar nossos filhos na fé e me inspirou a ser uma esposa, mãe, filha e amiga melhor.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/chegando-a-fe-pelo-caminho-de-santigo/

Frei George de Aleppo: no Jubileu, vivemos o sonho de tantos sírios

Os peregrinos sírios diante da sede da Rádio Vaticano (Vatican News)

Vindo a Roma acompanhando vários jovens que haviam fugido para a Europa com suas famílias devido ao conflito civil que eclodiu em 2011, o frade franciscano da Custódia da Terra Santa falou à mídia vaticana sobre as dificuldades da Paróquia de São Francisco de Assis após os recentes ataques. Ele também testemunhou o "milagre diário" de uma vibrante comunidade cristã, composta por mais de 1.200 fiéis, que continua a resistir com fé e esperança.

Edoardo Giribaldi – Cidade do Vaticano

"Espero levar tanta, tanta esperança." Estas são palavras simples, mas que resumem toda a força e fé do frei George Jallouf, frade franciscano da Custódia da Terra Santa, vigário paroquial da Igreja de São Francisco de Assis em Aleppo. Ele veio a Roma acompanhando um grupo de jovens — "filhos da diáspora", como ele os chama — para participar do Jubileu. É com eles, diz ele, que "estamos realizando um sonho que muitos na Síria ainda não conseguem viver".

Jovens retidos na Síria pedem para acender uma vela para eles

Os jovens, refugiados na Europa com suas famílias devido à guerra civil que eclodiu no país em 2011, agora vivem na Alemanha, França, Bélgica e Suécia. Na tarde quente de Roma, eles encontram abrigo à sombra do Palazzo Pio, sede da mídia do Vaticano, que ostenta orgulhosamente a bandeira de seu país.

"Os sírios, no momento, não podem vir facilmente devido a complicações com o visto", explica frei George. O franciscano, no entanto, assumiu pessoalmente as intenções de toda a comunidade cristã local: "Eles me pediram para acender uma vela para eles e levá-los comigo até a Porta Santa". Ele assim o fez. Tirou fotos, enviou mensagens, testemunhando que "eles também estavam lá, mesmo que de longe".

As dificuldades e os "milagres diários" em Aleppo

Mas a situação na Síria continua difícil. “A situação em Aleppo está relativamente calma - conta ele - mas depois dos últimos ataques em Damasco, o medo voltou aos corações dos fiéis. Tivemos que aumentar a segurança, inclusive durante a Missa: homens nas portas das igrejas para proteger quem entra para rezar.”

Apesar de tudo, a comunidade cristã continua resistindo. Uma minoria, que conta com mais de 1.200 jovens, mas que é uma presença vibrante e engajada. “Temos um catecismo que se estende do jardim de infância ao ensino médio. É uma graça, é um milagre diário.”

Quando retornar à Síria, frei George levará consigo os rostos, as palavras e a bênção de Roma. E uma certeza: “O Senhor está conosco. A esperança não desilude. E somos chamados a ser essa esperança, todos os dias, para aqueles que encontramos.”

Frei George Jallouf (Vatican News)

Da Síria para pedir paz em todo o Oriente Médio

"Só o fato de estar aqui e representar a Síria já é motivo de orgulho", diz um dos jovens sírios presentes em Roma para o Jubileu da Juventude: "É um sentimento indescritível. Estamos verdadeiramente felizes. E rezamos para que, um dia, haja paz em todos os países do mundo."

Um companheiro de peregrinação compartilha esse sentimento, explicando como sua presença é significativa não apenas para a Síria, mas para todo o Oriente Médio. "Há tantos jovens cristãos maravilhosos lá, com uma fé tremenda." Assim como no caso do frei George, os jovens também expressam suas orações e sonhos de seus colegas: "Rezamos aqui no lugar deles, em nome deles."

Acima de tudo, eles estão cientes do presente que representa estar em Roma e participar do Jubileu. "Rezamos acima de tudo para que o Senhor um dia lhes dê a oportunidade de vir e viver esta experiência."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os jovens do Jubileu redescobrem São Carlos de Foucauld

Antoine Mekary | ALETEIA

Cyprien Viet - publicado em 01/08/25

"Como um viajante na noite": esse foi o título do espetáculo apresentado aos participantes do Jubileu dos jovens, realizado nos dias 30 e 31 de julho no auditório da Conciliazione, perto do Vaticano.

Cerca de 50 cantores e 18 músicos se reuniram para fazer essa apresentação gratuitamente, que foi criada para a canonização de Carlos de Foucauld, em 15 de maio de 2022.

Capucine, que veio de Lorient, ficou encantada: "Achei isso absolutamente sublime, de uma qualidade excepcional! Isso dá um novo ânimo à vida espiritual, à vida com Deus e até ao dia a dia." Para a primeira apresentação, muitos peregrinos franceses e italianos lotaram as quase 1.800 cadeiras do auditório, inaugurado durante o Ano Santo de 1950.

O desejo da embaixada da França junto ao Vaticano e dos Pios Estabelecimentos da França em Roma de destacar figuras jovens de santidade durante o Jubileu levou à reexibição deste espetáculo, que já tinha sido visto em 2022 na Catedral de São João de Latrão.

O oratório, intitulado "Come un viaggiatore nella notte", foi escrito por Marcello Bronzetti e dirigido por sua esposa, Tina Vasaturo. A cantora Fatima Lucarini explicou que o coro nasceu na paróquia Santa Silvia em Roma, com a iniciativa desse casal de artistas, que até convidou pessoas que não sabiam cantar. Essas pessoas, aos poucos, puderam aprender e contribuir para divulgar a história desse santo. “Carlos de Foucauld é uma figura incrível, que acolhe todas as religiões e todos os povos. Ele viveu uma vida bela e fez escolhas significativas. Que melhor exemplo para os jovens?”, refletiu Fatima.

O espetáculo, dividido em dez atos com textos e músicas em italiano, acompanhados de tradução em francês, retrata de forma emocionante a jornada de Carlos de Foucauld. O relato vai desde suas dúvidas espirituais em Paris até o cumprimento de sua vocação em Nazaré e, finalmente, em Tamanrasset, onde ele foi tragicamente assassinado por bandidos no deserto. Este ex-militar e geógrafo viveu como eremita nas montanhas do Hoggar, na Argélia, e ficou na história como um profeta do diálogo com os muçulmanos. Sua vida discreta gerou um impacto missionário extraordinário, especialmente através dos Pequenos Irmãos e Irmãs de Jesus, que se inspiram em sua espiritualidade.

Da noite da dúvida à luz do amor

“Eu conhecia pouco sobre Carlos de Foucauld”, admitiu Marie, que veio de Dijon com um grupo de amigos. “Com esse espetáculo, percebi que a fé não é uma estrada fácil. Todos temos momentos de dúvida, jovens e menos jovens... Foi lindo entender que ele também teve suas crises na juventude e precisou crescer para reencontrar a fé.” Marie também se emocionou com a história da prima dele, que orava por ele. “É muito bonito, porque é importante orar uns pelos outros e acreditar na força da oração”, contou a jovem, especialmente ligada à adoração.

Irmã Geneviève, uma amiga próxima do Papa Francisco, ficou muito emocionada ao ver tantos jovens saindo do espetáculo dedicado a São Carlos, cuja espiritualidade inspirou sua congregação. Conhecida por seu trabalho com circenses, ela não queria falar muito, mas compartilhou que encontra em Carlos de Foucauld um apóstolo do “amor universal”. E é esse “amor universal” que os jovens participantes do Jubileu podem levar para seus amigos durante e após essa semana especial.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/01/os-jovens-do-jubileu-redescobrem-sao-carlos-de-foucauld-apostolo-do-amor-universal/

Cardeal Newman, “um gênio complexo, poeta e místico”

São John Henry Newman, próximo Doutor da Igreja (Vatican News)

O arcebispo de Reggio Calabria - Bova, sul da Itália, dom Fortunato Morrone, traça um perfil do santo purpurado inglês, que será proclamado Doutor da Igreja.

Por Fortunato Morrone

John Henry Newman será doutor da Igreja. Finalmente! Após a canonização do beato cardeal, proclamada pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2019, esperava-se que a Igreja, na pessoa do Santo Padre Leão XIV, o reconhecesse como um de seus doutores (note-se que, em 1879, Leão XIII o elevou ao cardinalato). Imagino, todavia, um Newman de certo modo embaraçado e surpreso com tal reconhecimento da Igreja.

Consciente de seu caráter e limitações culturais, mas também de seu notável potencial intelectual e moral, Newman, já idoso, em uma correspondência, após listar uma série de qualidades e dons específicos exigidos de um teólogo, confidenciou: "Isso eu não sou, nem jamais serei. Como São Gregório Nazianzeno, prefiro trilhar meu próprio caminho e dispor do meu tempo [...] sem compromissos urgentes" (LD XXIV, 213).

Nesse sentido, Newman foi, antes de mais nada, um pastor e pregador de rara delicadeza linguística e comunicativa, e um homem de fé de notável cultura e refinada inteligência que - na contingência de polêmicas culturais ou na defesa detalhada desta ou daquela questão teológica ou filosófica - soube expor as razões da esperança cristã em toda a sua plenitude, mas com um estilo e uma agudeza de reflexão que revelam a grandeza de seu espírito, capaz de elevar o tom do debate religioso, social, educacional ou cultural para ampliar o horizonte cognitivo, racional e de fé de seus leitores ou ouvintes, fossem eles a favor ou contra ele.

Mas a Igreja não se engana: Newman será doctor Ecclesiae porque, nas palavras de São Paulo VI, ele é reconhecido como "um farol cada vez mais luminoso para todos os que buscam uma orientação clara e uma direção segura em meio às incertezas do mundo moderno" (Discurso aos especialistas e estudiosos do pensamento do Cardeal Newman, 7 de abril de 1975).

Leitor assíduo e discípulo dos Padres, como eles, Newman alimentou e motivou seu exercício e ministério teológicos, haurindo continuamente, por meio da oração, da escuta e do estudo das Escrituras. Se com sua vida de fé, Newman testemunhou a beleza e a praticabilidade do Evangelho, com sua reflexão teológica, o presbítero anglicano e professor em Oxford, e mais tarde presbítero católico oratoriano, ofereceu argumentos convincentes em favor da credibilidade, solidez e sabedoria da fé.

"Um gênio complexo, poeta e místico" (Bremond), líder do Movimento de Oxford durante a era anglicana, Newman foi uma referência teológica confiável, apesar de anos de desconfiança entre seus compatriotas, para a comunidade católica renascida na Inglaterra após sua dolorosa, mas lúcida passagem para a Igreja de Roma. Defendendo a liberdade de consciência em nome de uma fé incondicionalmente aberta à "luz suave" da Verdade e dialogando dialógica e criticamente com as correntes do pensamento religioso, filosófico e teológico da era vitoriana, Newman soube conjugar magistralmente a relação entre fé e razão, aspecto crucial do pensamento ocidental, com uma abordagem mais fenomenológica-personalista do que metafísica. Abriu, assim, novos caminhos para a pesquisa teológica, chamada a oferecer razões para a esperança que os crentes, especialmente os simples, são convidados a testemunhar, ontem e hoje, nesta história humana amada por Deus. E aos simples, Newman dedicou sua Gramática do Assentimento (1870), que o envolveu por toda a vida, seguindo as linhas programáticas essenciais já delineadas nos Quinze Sermões Universitários, proferidos entre 1830 e 1843.

Atualmente, sua obra, no horizonte da amizade entre as razões da fé, fundadas na Revelação, e as exigências da razão, oferece-nos a visão de uma fé jubilosa que dá confiança à razão diante do relativismo e o cientificismo atual.

Entre outras obras teológicas de Newman, destacamos o Ensaio sobre o desenvolvimento da doutrina cristã (1845), concluído pouco antes de sua passagem para o catolicismo, no qual a categoria de Tradição é evidenciada à luz da história secular da Igreja de forma dinâmica e criativa; a Ideia de Universalidade (1854), fruto de sua experiência como reitor da nova Universidade de Dublin, obra na qual os temas da unidade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade do conhecimento em diálogo com a teologia (ver Veritatis Gaudium 4, aqui Newman é citado juntamente com Rosmini) são antecipados no contexto de seu tempo. Ainda, Sobre a consulta dos fiéis em matéria de doutrina (1859), no qual a visão eclesiológica — delineada em The Prophetical Office, publicado em 1837 para dar consistência teológica ao anglicanismo, mas retomado e corrigido no Terceiro Prefácio da Via Media (1873) — nos ajuda a compreender a natureza sinodal da Igreja hoje. E, por fim, a Carta ao Duque de Norfolk, sobre o delicado tema da consciência, o lugar do coração na experiência de si mesmo e de Deus (God and myself – “Deus e eu mesmo”), mas entendido dentro do ato de fé do crente, como uma assunção subjetiva e responsável da confissão objetiva de fé garantida pela Igreja.

Esses textos permanecem um ponto de referência hoje, tanto para o amplo debate teológico contemporâneo quanto para a missão da Igreja neste mundo em constante mudança, que apresenta novos desafios para a inteligência da fé e oportunidades inéditas para a proclamação do Evangelho, mas em uma dinâmica relacional que, no crente, envolve principalmente o coração que se comunica com o coração (cor ad cor loquitur) e que certamente envolve a inteligência.

*Arcebispo de Reggio Calabria – Bova

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF