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domingo, 17 de janeiro de 2021

ANALFABETISMO EMOCIONAL

Revista Pazes
por Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

É uma expressão forte, carregada de interpelação, um alerta no horizonte da campanha anual vivida neste mês – o Janeiro Branco -, indicando a importância do cuidado com a saúde mental. Hoje, torna-se particularmente importante cuidar das emoções, pois a Covid-19 escancara, de modo singular, a condição frágil de toda a humanidade.  A pandemia amplia descompassos em diferentes países, desafiando instituições, famílias e cidadãos. O distanciamento social deste tempo, as mudanças de hábitos, com o espectro atemorizante do adoecimento, agravado pelo luto imposto a muitas famílias, acentuam a fragilidade emocional da humanidade. Mas é preciso ter presente que o agravamento das doenças psíquicas é fenômeno que antecede a pandemia. Em uma civilização que convive com acelerados processos de mudança, referências são perdidas, com comprometimento de narrativas que geram equilíbrio para o ser humano. Consequentemente, ocorre progressiva e cada vez mais generalizada deterioração da saúde emocional, que é indispensável.

A saúde psíquica é importante para se conquistar bem-estar, felicidade, alegria de viver, alicerces primordiais do sentido da vida. Quando a saúde emocional é perdida, reflexos são percebidos em diferentes campos existenciais, com incidências terríveis e demolidoras nas relações, na política, na cultura, na religião e na economia. Por isso mesmo, é preciso recuperar a dimensão psíquica da humanidade. Com a urgência e a indispensabilidade da vacinação contra a Covid-19 está a também emergencial necessidade de se promover a saúde mental e emocional.  Essa urgência e necessidade tornam-se evidentes quando são percebidos os desvarios de muitas pessoas. Desvarios em pronunciamentos inconsequentes que, de modo lamentável, ecoam fortemente. O nível de adoecimento da mente, em toda a sociedade, é tão expressivo que discursos e narrativas equivocados têm mais repercussão e adesão que as perspectivas construtivas, educativas, capazes de desencadear qualificada configuração social, política e emocional.

A fragilização emocional constatável em toda sociedade hospeda discursos obscurantistas, sem contribuições para a solução de problemas da civilização contemporânea, mas que contraditoriamente seduzem, atraindo a atenção de muitos. Por isso, a humanidade, ainda mais dolorida pela Covid-19, é convocada a pensar sobre si, avaliar seus erros e acertos, motivando-se a contribuir com novas luzes para dissipar as sombras que a impedem de encontrar novo rumo. Particularmente, é preciso qualificar e promover o humanismo, superando tudo que gera o adoecimento mental e emocional das pessoas. É a falta de humanismo que faz com que o desenvolvimento civilizacional esteja em descompasso com o ritmo dos progressos tecnológicos. E a falta de solidariedade, o crescimento de racismos, discriminações e desigualdades sociais comprovam a incompetência emocional de sociedades na administração de seus recursos, que seriam capazes de sustentar uma realidade mais justa e igualitária.

A dor lancinante sofrida pela humanidade, por suas muitas feridas, por não se saber bem o que fazer para superar as muitas crises, pela adoção de “bandeiras” sustentadas por discursos sem credibilidade, necessita do remédio-bálsamo da espiritualidade. A humanidade está em confronto com o mistério de um amor maior. Sejam, pois, superados discursos viciados e muito propagados, ilusoriamente exitosos, com uma experiência espiritual que gere reunificação, articulando diferenças. Com espiritualidade e humanismo integral, a civilização contemporânea poderá se libertar de fundamentalismos e lideranças caricatas, vencendo o preocupante e pesado analfabetismo emocional.

CNBB

2º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Cidade News

ANO B
2º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Tema do 2º Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a disponibilidade para acolher os desafios de Deus e para seguir Jesus.
A primeira leitura apresenta-nos a história do chamamento de Samuel. O autor desta reflexão deixa claro que o chamamento é sempre uma iniciativa de Deus, o qual vem ao encontro do homem e chama-o pelo nome. Ao homem é pedido que se coloque numa atitude de total disponibilidade para escutar a voz e os desafios de Deus.
O Evangelho descreve o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos. Quem é “discípulo” de Jesus? Quem pode integrar a comunidade de Jesus? Na perspectiva de João, o discípulo é aquele que é capaz de reconhecer no Cristo que passa o Messias libertador, que está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e da entrega, que aceita o convite de Jesus para entrar na sua casa e para viver em comunhão com Ele, que é capaz de testemunhar Jesus e de anunciá-l’O aos outros irmãos.
Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viverem de forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez. No crente que vive em comunhão com Cristo deve manifestar-se sempre a vida nova de Deus. Aplicado ao domínio da vivência da sexualidade – um dos campos onde as falhas dos cristãos de Corinto eram mais notórias – isto significa que certas atitudes e hábitos desordenados devem ser totalmente banidos da vida do cristão.

LEITURA I – 1 Sam 3, 3b-10.19

MENSAGEM

A primeira nota que é preciso sublinhar na história da vocação de Samuel é que a vocação é sempre uma iniciativa de Deus (“o Senhor chamou Samuel” – vers. 4a). É Deus que, seguindo critérios que nos escapam absolutamente mas que para Ele fazem sentido, escolhe, chama, interpela, desafia o homem. A indicação de que “Samuel ainda não conhecia o Senhor porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a Palavra do Senhor” (vers. 7) sugere claramente que o chamamento de Samuel parte só de Deus e é uma iniciativa exclusiva de Deus, à qual Samuel é, num primeiro momento, totalmente alheio.
Uma segunda nota é sugerida pelo enquadramento temporal do chamamento: Deus dirige-Se a Samuel enquanto este estava deitado, presumivelmente, durante a noite. É o momento do silêncio, da tranquilidade e da calma, quando a algazarra, o barulho e a confusão se calaram. A nota sugere que a voz de Deus se torna mais facilmente perceptível ao vocacionado no silêncio, quando o coração e a mente do homem abandonaram a preocupação com os problemas do dia a dia e estão mais livres e disponíveis para escutar os apelos e os desafios de Deus.
Uma terceira nota diz respeito à forma como se processa a resposta de Samuel ao chamamento de Deus.
Antes de mais, o autor do texto sublinha a dificuldade de Samuel em reconhecer a voz do Senhor. Jahwéh chamou Samuel por quatro vezes e só na última vez o jovem conseguiu identificar a voz de Deus. O facto sublinha a dificuldade que qualquer chamado tem no sentido de identificar a voz de Deus, no meio da multiplicidade de vozes e de apelos que todos os dias atraem a sua atenção e seduzem os seus sentidos.
Depois, sobressai o papel de Eli na descoberta vocacional do jovem Samuel. É Eli que compreende “que era o Senhor quem chamava o menino” e que ensina Samuel a abrir o coração ao chamamento de Jahwéh (“se fores chamado outra vez, responde: «fala, Senhor; o teu servo escuta»” – vers. 9). O pormenor sugere que, tantas vezes, os irmãos que nos rodeiam têm um papel decisivo na percepção da vontade de Deus a nosso respeito e na nossa sensibilização para os apelos e para os desafios que Deus nos apresenta.
Finalmente, o autor põe em relevo a disponibilidade de Samuel para ouvir e para acolher a voz de Deus: “fala, Senhor; o teu servo escuta” (vers. 10). No mundo bíblico, “escutar” não significa apenas ouvir com os ouvidos; mas significa, sobretudo, acolher no coração e transformar aquilo que se ouviu em compromisso de vida. O que Samuel está aqui a dizer a Deus é que está disposto a acolher os seus apelos e desafios e a comprometer-Se com eles. O que Samuel está a dizer a Jahwéh é que aceita embarcar no desafio profético e ser um sinal vivo de Deus, voz “humana” de Deus, na vida e na história do seu Povo.

LEITURA II – 1 Cor 6,13c-15a.17-20

MENSAGEM

A questão fundamental, para Paulo, é esta: pelo Baptismo, o cristão torna-se membro de Cristo e forma com ele um único corpo. A partir desse momento, os pensamentos, as palavras, as atitudes do cristão devem ser os de Cristo e devem testemunhar, diante do mundo, o próprio Cristo. No “corpo” do cristão manifesta-se, portanto, a realidade do “corpo” de Cristo.
Por outro lado, o cristão torna-se também Templo do Espírito. Para os judeus, o “templo” de Jerusalém era o lugar onde Deus residia no mundo e se manifestava ao seu Povo… Dizer que os cristãos são “Templo do Espírito” significa que eles são agora o lugar onde reside e se manifesta a vida de Deus. No Baptismo, o cristão recebe o Espírito de Deus; e é esse Espírito que vai, a partir desse instante, conduzi-lo pelos caminhos da vida, inspirar os seus pensamentos, condicionar as suas acções e comportamentos.
Aqui estão os elementos fundamentais da antropologia cristã… O “corpo” é o lugar onde se manifesta historicamente a realidade dessa vida nova que inunda o crente, após a sua adesão a Cristo. O “corpo” não é algo desprezível, baixo, miserável, condenado – na linha do que pensavam algumas correntes filosóficas bem representadas na cidade de Corinto; mas é algo que tem uma suprema dignidade, pois é nele que se manifesta para o mundo a realidade da vida de Deus. No “corpo” do cristão que vive em comunhão com Cristo manifesta-se – através das palavras e das acções do crente – essa vida nova que Deus quer propor ao mundo e oferecer aos homens.
Daqui, Paulo tira as devidas consequências e aplica-as à situação concreta dos crentes de Corinto, às vezes tentados por comportamentos pouco edificantes, particularmente no âmbito da vivência da sexualidade… Se os cristãos são membros de Cristo e se vivem em comunhão com Cristo, os comportamentos desregrados no domínio da sexualidade não fazem qualquer sentido; se os cristãos são “Templo do Espírito” e os seus corpos são o lugar onde se manifesta a vida nova de Deus, certas atitudes e hábitos desordenados não são dignos dos crentes.
No “corpo” dos cristãos deve manifestar-se a vida de Deus. Ora, tudo aquilo que é expressão de egoísmo, de procura desenfreada dos próprios interesses, de realização descontrolada dos próprios caprichos, de comportamentos que usam e instrumentalizam o outro, está em absoluta contradição com essa vida nova de Deus que é relação, que é intercâmbio, que é entrega mútua, que é compromisso, que é amor verdadeiro. Os crentes são livres; mas a liberdade cristã tem como limite o próprio Cristo: nada do que contradiz os valores e o projecto de Jesus pode ser aceite pelo cristão. Aliás, os crentes devem ter consciência de que o radicalismo da liberdade acaba frequentemente na escravidão.
O nosso texto termina com um convite singular: “glorificai a Deus no vosso corpo” (vers. 20). É através de comportamentos e atitudes onde se manifesta a realidade da vida nova de Jesus que os crentes podem “prestar culto” a Deus. O “culto” a Deus não passa pela prática de um conjunto de ritos externos, mais ou menos pomposos, mais ou menos solenes, mas por um compromisso de vida que afecta a pessoa inteira e que diz respeito à relação do crente com os outros irmãos ou irmãs e consigo próprio. É preciso que em todas as circunstâncias – inclusive no campo da vivência da sexualidade – a vida do crente seja entrega, serviço, doação, respeito, amor verdadeiro. É esse o culto que Deus exige.

EVANGELHO – Jo 1,35-42

MENSAGEM

Num primeiro momento, o quadro situa-nos junto do rio Jordão (vers. 35-37). Os três primeiros personagens em cena são João e dois dos seus discípulos – isto é, dois homens que tinham escutado o anúncio de João e recebido o seu baptismo, símbolo da ruptura com a “vida velha” e de adesão ao Messias esperado. Estes dois discípulos de João são, portanto, homens que, devido ao testemunho de João, já aderiram a esse Messias que está para chegar e que esperam ansiosamente a sua entrada em cena.
Entretanto, apareceu Jesus. João viu Jesus “que passava” e indicou-O aos seus dois discípulos, dizendo: “eis o cordeiro de Deus” (vers. 36). João é uma figura estática, cuja missão é meramente circunstancial e consiste apenas em preparar os homens para acolher o Messias libertador; quando esse Messias “passa”, a missão de João termina e começa uma nova realidade. João está plenamente consciente disso… Não procura prolongar o seu protagonismo ou conservar no seu círculo restrito esses discípulos que durante algum tempo o escutaram e que beberam a sua mensagem. Ele sabe que a sua missão não é congregar à sua volta um grupo de adeptos, mas preparar o coração dos homens para acolher Jesus e a sua proposta libertadora. Por isso, na ocasião certa, indica Jesus aos seus discípulos e convida-os a segui-l’O.
A expressão “eis o cordeiro de Deus”, usada por João para apresentar Jesus, fará, provavelmente, referência ao “cordeiro pascal”, símbolo da libertação oferecida por Deus ao seu Povo, prisioneiro no Egipto (cf. Ex 12,3-14. 21-28). Esta expressão define Jesus como o enviado de Deus, que vem inaugurar a nova Páscoa e realizar a libertação definitiva dos homens. A missão de Jesus consiste, portanto, em eliminar as cadeias do egoísmo e do pecado que prendem os homens à escravidão e que os impedem de chegar à vida plena.
Depois da declaração de João, os discípulos reconhecem em Jesus esse Messias com uma proposta de vida verdadeira e seguem-n’O. “Seguir Jesus” é uma expressão técnica que o autor do Quarto Evangelho aplica, com frequência, aos discípulos (cf. Jo 1,43; 8,12; 10,4; 12,26; 13,36; 21,19). Significa caminhar atrás de Jesus, percorrer o mesmo caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, adoptar os mesmos objectivos de Jesus e colaborar com Ele na missão. A reacção dos discípulos é imediata. Não há aqui lugar para dúvidas, para desculpas, para considerações que protelem a decisão, para pedidos de explicação, para procura de garantias… Eles, simplesmente, “seguem” Jesus.
Num segundo momento, o quadro apresenta-nos um diálogo entre Jesus e os dois discípulos (vers. 38-39). A pergunta inicial de Jesus (“que procurais?”) sugere que é importante, para os discípulos, terem consciência do objectivo que perseguem, do que esperam de Jesus, daquilo que Jesus lhes pode oferecer. O autor do Quarto Evangelho insinua aqui, talvez, que há quem segue Jesus por motivos errados, procurando n’Ele a realização de objectivos pessoais que estão muito longe da oferta que Jesus veio fazer.
Os discípulos respondem com uma pergunta (“rabbi, onde moras?”). Nela, está implícita a sua vontade de aderir totalmente a Jesus, de aprender com Ele, de habitar com Ele, de estabelecer comunhão de vida com Ele. Ao chamar-Lhe “rabbi”, indicam que estão dispostos a seguir as suas instruções, a aprender com Ele um modo de vida; a referência à “morada” de Jesus indica que eles estão dispostos a ficar perto de Jesus, a partilhar a sua vida, a viver sob a sua influência. É uma afirmação respeitosa de adesão incondicional a Jesus e ao seu seguimento.
Jesus convida-os: “vinde ver”. O convite de Jesus significa que Ele aceita a pretensão dos discípulos e os convida a segui-l’O, a aprender com Ele, a partilhar a sua vida. Os discípulos devem “ir” e “ver”, pois a identificação com Jesus não é algo a que se chega por simples informação, mas algo que se alcança apenas por experiência pessoal de comunhão e de encontro com Ele.
Os discípulos aceitam o convite e fazem a experiência da partilha da vida com Jesus. Essa experiência directa convence-os a ficar com Jesus (“ficaram com Ele nesse dia”). Nasce, assim, a comunidade do Messias, a comunidade da nova aliança. É a comunidade daqueles que encontram Jesus que passa, procuram n’Ele a verdadeira vida e a verdadeira liberdade, identificam-se com Ele, aceitam segui-l’O no seu caminho de amor e de entrega, estão dispostos a uma vida de total comunhão com Ele.
Num terceiro momento (vers. 40-41), os discípulos tornam-se testemunhas. É o último passo deste “caminho vocacional”: quem encontra Jesus e experimenta a comunhão com Ele, não pode deixar de se tornar testemunha da sua mensagem e da sua proposta libertadora. Trata-se de uma experiência tão marcante que transborda os limites estreitos do próprio eu e se torna anúncio libertador para os irmãos. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, conduz sempre a uma dinâmica missionária.

portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.pt

Nossa sociedade perdeu o rumo e por isso é urgente dar testemunho de Cristo, diz o Arcebispo

Foto referencial. Crédito: Pixabay

LOS ANGELES, 16 jan. 21 / 09:00 am (ACI).- O Arcebispo de Los Angeles e presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB), Dom José Gomez, disse que "a nossa sociedade se perdeu" e por isso é urgente que os cristãos deem testemunho da verdade de Deus: que é amor e que com ele se pode construir uma sociedade boa para todos os seres humanos.

Assim indicou o Prelado no seu discurso de abertura da conferência anual do Centro De Nicola para a Ética e a Cultura, da Universidade de Notre Dame, sobre o tema “Nós pertencemos uns aos outros”.

“Nossa sociedade perdeu o rumo. Estamos vivendo em uma sociedade agressivamente laica que se esqueceu da verdade sobre Deus e sobre a pessoa humana”, frisou.

“Esta crise da verdade é a causa fundamental da dor e das dificuldades que há na vida de muitos de nossos próximos. Isso é a causa das muitas injustiças de nossa sociedade”, disse o Arcebispo.

“Vocês e eu, como cristãos, sabemos a verdade. Neste momento, devemos dar testemunho da verdade de que somos todos filhos de Deus, de que há uma grandeza na vida humana, de que cada um de nós foi criado à imagem de Deus, dotado com os direitos e as responsabilidades dadas por Deus e chamados a um destino transcendente”.

O Arcebispo destacou que “como cristãos, devemos ser modelos de uma nova forma de vida: uma vida de amor, compaixão e cuidado dos demais. Temos que trabalhar pela dignidade e igualdade”.

Dom Gomez indicou que “como cristãos, adoramos um Deus que se revelou como Amor. E como cristãos, sabemos que o homem é feito à imagem desse Deus, à imagem do Amor. Somos criados por amor. E somos feitos para amar, como Jesus amou e como a Madre Teresa e os santos amam”.

“A menos que conheçamos essas verdades, não saberemos como criar uma sociedade que seja boa para os seres humanos. Atualmente, no Ocidente, as nações, as empresas e as agências internacionais estão tentando construir uma ordem econômica e política global que não precise depender de crenças sobre Deus ou valores e princípios religiosos tradicionais”, disse o Prelado de origem mexicana.

No entanto, continuou, "o que estamos descobrindo é que quando perdemos essa ideia judaico-cristã de um Deus que cria a pessoa humana à sua imagem, perdemos o fundamento de todos os nobres princípios e objetivos que temos em nossa sociedade".

"Descobrimos que, a menos que acreditemos em um Criador que estabelece valores, não há fundamento para a dignidade humana, para a liberdade, para a igualdade e para a fraternidade."

O Arcebispo de Los Angeles disse também que em sua encíclica Fratelli tutti o Papa Francisco recorda que “muitos dos problemas do mundo são mais do que um simples fracasso da política ou da diplomacia. Representam um fracasso da fraternidade e da solidariedade humanas. Uma falha de amor. E esse é o nosso desafio e a nossa missão como cristãos, como Igreja”.

Por isso, destacou Dom Gomez, “temos um dever urgente neste momento, especialmente à luz da violência ocorrida na semana passada no Capitólio de nossa nação e da profunda polarização e divisões que existem em nosso país”.

“Precisamos construir uma sociedade na qual seja mais fácil para as pessoas amarem e serem amadas. Como a Madre Teresa nos ensinou, o nosso Deus se chama Amor. E Ele chama cada um de nós a amar”, frisou.

O presidente do Episcopado dos Estados Unidos disse ainda que “por nosso amor, pela forma como servimos ao próximo, pela forma como cuidamos uns dos outros, especialmente os fracos e vulneráveis, podemos mudar o mundo. Podemos ajudar o nosso próximo a descobrir este Deus que se chama Amor e a nos encontrar com Ele”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Santo Antão, abade

Public Domain

E como uma vida solitária e retirada pôde ter tamanho impacto sobre a história da Igreja.

Antão é uma versão menos comum de um nome bastante conhecido: Antônio. Os dois nomes significam a mesma coisa: “florescente“, “aquele que floresce” (do grego “ánthos”, flor). Aliás, na Igreja católica, que celebra Santo Antão no dia 17 de janeiro, o santo é também chamado de Santo Antônio Abade. Ele é considerado o pai dos monges cristãos e um elevado modelo de espiritualidade ascética.

https://youtu.be/ntW0X171X80

Santo Antão nasceu no Egito em torno do ano 250, numa rica família rural. Quando perdeu os pais, o jovem de 20 anos dividiu os seus bens com os pobres e se retirou ao deserto para uma vida penitencial como eremita, chegando a viver junto a um cemitério para se aprofundar na meditação sobre a morte derrotada por Jesus. A inspiração para a renúncia ao mundo lhe tinha vindo durante uma Santa Missa, quando em seu coração se destacaram estas palavras de Jesus:

“Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres”.

As Escrituras, a propósito, eram fonte perene de diretrizes práticas para Santo Antão. Seu trabalho manual, por exemplo, era incentivado por palavras claras de São Paulo (que, aliás, precisam ser recordadas em alto e bom som para as sociedades de todas as épocas):

“Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer” (2Ts 3,10).

Não é à toa que ele é também venerado como padroeiro pelos tecelões de cestas, fabricantes de pincéis, açougueiros e trabalhadores da manutenção de cemitérios.

Santo Atanásio, que escreveu sobre a vida de Santo Antão, observa que o eremita usava apenas o que de fato precisava, doando qualquer excedente aos necessitados.

A certa altura, ele começou a organizar comunidades de oração e trabalho, mas acabou retornando ao deserto, numa espécie de harmonização entre a vida solitária e, ao mesmo tempo, a direção de um grupo de eremitas que viviam nas proximidades. Tornou-se amigo de São Paulo Eremita (que, obviamente, não deve ser confundido com São Paulo Apóstolo – até por conta de grande diferença de época em que viveu cada um). Foi a partir dessa organização de grupos de eremitas que Santo Antão se tornou um dos pioneiros do monaquismo cristão – e é daí que lhe vem o outro nome pelo qual é conhecido: Santo Antônio Abade.

SAINT,ANTHONY,ABBOT
PD

Seu papel na defesa da fé foi de grande relevância histórica. Junto com o bispo Santo Atanásio, ele combateu a heresia do arianismo, que negava a divindade de Cristo.

Santo Atanásio nos deixou várias e preciosas informações sobre o amigo:

“Ele orava constantemente, pois aprendera que devemos orar em privado sem cessar. Era tão atento à leitura da Sagrada Escritura que nada lhe escapava: tudo retinha e, assim, sua memória lhe fazia as vezes de livros. Todos os aldeões e monges com quem convivia viram que tipo de homem ele era e o chamavam de ‘amigo de Deus’, amando-o como filho ou como irmão”.

Santo Antão partiu para a eternidade no monte Colzim, perto do Mar Vermelho, por volta do ano 356.

Aleteia

sábado, 16 de janeiro de 2021

Deus continua falando, mas o homem segue sem ouvi-lo

arqudiamantina
por Cláudio Castro

Mas como podemos ouvi-lo e sabermos o que ele espera de nós?

Talvez você não tenha percebido, mas Deus está falando com você. Quiça você não tenha notado porque está muito distraído – e eu não te culpo. Vivemos tempos difíceis nesta pandemia, que trouxe mortes, o fechamento das igrejas, das empresas e a incerteza quanto ao futuro.

Mas hoje Deus fala com você. Certamente você não ouve porque não tem momentos de silêncio, reflexão, oração profunda ou sequer abre a Bíblia.

Um pai sempre fala com seus filhos. Ele lhes transmite amor, fala o que espera deles, o que eles podem conseguir na vida.

Deus está falando com você, pois você é filho Dele. E Ele quer transmitir Seu amor. Deus deseja que você confie Nele. Então, não tenha medo de pedir, pois Ele vai te ajudar.

Deus nunca nos abandona, mas nós o abandonamos. Nós o tiramos de nossas vidas. Nós nos distraímos muito facilmente e não damos a Deus nem o tempo nem o amor que Ele merece.

Como ouvir a Deus

Hoje, Deus continua falando, mas nós não o escutamos. Mas como posso ouvi-lo e saber o que ele quer de mim? Pela experiência que eu tenho tido com Deus ao longo dos anos, posso responder que Deus fala conosco:

  1. através das Sagradas Escrituras;
  2. pela natureza, que é um reflexo de seu criador;
  3. nas circunstâncias da vida, como letreiros que você encontra nas estradas;
  4. através das pessoas que Deus inspira para levar a Sua Palavra;
  5. no silêncio, pois sem os ruídos do mundo ouvimos a Deus com clareza e em silêncio;
  6. na oração, pois Deus sempre responde nossas preces.

Existem outras formas extraordinárias pelas quais temos a certeza de que Deus fala conosco. A Bíblia fala de algumas. Elias, por exemplo, sentiu Seus passos no murmúrio de uma brisa suave.

Enfim, hoje Deus continua falando com o mundo e com urgência. Você consegue ouvi-lo?

Aleteia

China: Missionário católico apoia família de Jimmy Lai, preso por comunistas chineses

Guadium Press

Padre Franco Mella, missionário do PIME, reuniu-se com esposa e filho de Jimmy Lai, católico por comunistas da China e rezaram publicamente, por sua libertação.

Redação (15/01/2021, 17:05, Gaudium Press) Na manhã de ontem, 14/01, a esposa e o filho de Jimmy Lai, o empresário católico preso em nome da lei de segurança, encontraram-se com o padre Franco Mella, missionário do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (PIME), no sexto dia de seu jejum, para que as autoridades se comportem “com humanidade” e não “com eficiência”.

Lai é uma voz crítica da corrupção no governo comunista da China foi preso e acusado “fraude e conluio” com forças estrangeiras

Lai, que é proprietário do “Apple Daily”, é uma voz crítica da corrupção da liderança chinesa e apoiador inconteste do movimento contra a ditadura comunista.

Lai está na prisão e é acusado de fraude e “conluio” com forças estrangeiras, de acordo com a lei de segurança imposta por Pequim no território. Se for condenado, ele pode pegar prisão perpétua.

Diante da prisão de Lai Chi Kok, esposa e filho de Lai se encontraram e rezaram de joelhos com o Padre Mella, oferecendo o dia de jejum por sua libertação

Jimmy Lai foi preso em 3 de dezembro e solto em 23 de dezembro de 2020, sob fiança, porém, foi preso novamente em 31 de dezembro.

Sua esposa Li Beihui e seu filho mais novo Li Taikai puderam visitá-lo na quinta-feira e falar com ele por cerca de uma hora. Eles levaram de presente um exemplar do livro “A Montanha dos Sete Patamares”, do monge Thomas Merton.

Ao saírem da prisão de Lai Chi Kok, eles se encontraram e rezaram de joelhos com o Padre Mella, que está oferecendo este dia de jejum pela libertação de seis prisioneiros ligados a Lai.

O Missionário Padre Mella disse que “espera que as autoridades libertem todos os jovens que foram detidos nos últimos meses e permitam que eles se reúnam com suas famílias antes do ano novo chines”.

Padre Franco iniciou seu jejum e orações há seis dias em frente ao Gabinete do Bem-Estar Social da China

Padre Franco não é novo em suas atividades. Desde 1999, todos os anos ele se posiciona junto com outros pelo direito à reunificação familiar para crianças chinesas e esposas de pessoas de Hong Kong.

Desde 2014, a situação de Alicia, uma garota de Uganda, e sua mãe Shifa também foi levada muito a sério pelo Missionário.
Shifa foi condenado por roubo. Seu bebê, em vez de ser dado a outros membros da família (sua avó ou irmãos mais velhos), foi dado para adoção em janeiro de 2020 por uma família indiana.

O governo comunista nem mesmo permite que Shifa se comunique com sua filha por telefone.

O padre iniciou seu jejum e orações há seis dias em frente ao Gabinete do Bem-Estar Social (que decidiu adotar Alicia), mas vendo “a situação de extrema frustração do povo de Hong Kong devido às recentes detenções e encarceramentos”, decidiu mover-se na frente de à prisão de Lai Chi Kok para exigir a libertação dos detidos do movimento democrático.

 “O que faço – explica – é apenas um apoio espiritual, e convido a todos a darem a sua contribuição com cartas, visitas e talvez ações concretas para que recuperem a liberdade”. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com informações “Asia News”)

https://gaudiumpress.org/

Pacientes de Covid-19 em Manaus sofrem por falta de oxigênio e Igreja faz apelo por ajuda

Imagem: Arquidiocese de Manaus

MANAUS, 15 jan. 21 / 05:00 pm (ACI).- Enfrentando a segunda onda de Covid-19, o estado do Amazonas está sofrendo com a fala de cilindros de oxigênio nos hospitais, o que levou o Arcebispo de Manaus (AM), Dom Leonardo Steiner, lançar um apelo: “pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio”.

Na quinta-feira, 14 de janeiro, o estado de Amazonas, sobretudo a capital Manaus, viveu o auge da crise gerada pela pandemia de coronavírus, ao registrar falta de oxigênio nos hospitais. Ontem, o estado contabilizou 3.816 novos infectados por coronavírus, o maior número em 24 horas.

No total, foram confirmados desde o início da pandemia 223.360 casos de Covid-19 no Amazonas e 5.930 mortes.

Relatos de profissionais de saúde indicaram que pessoas com Covid-19 faleceram na quinta-feira em razão da falta de oxigênio e que está sendo necessário recorrer à ventilação manual para atender aos pacientes.

Nesta sexta-feira, mais de 200 pacientes de Manaus começaram a ser transferidos para hospitais de outros estados em voos da Força Aérea Brasileira (FAB).

Diante desse colapso, o Arcebispo deManau, Dom Leonardo Steiner, publicou um vídeo em nome dos bispos dos estados do Amazonas e Roraima (que compõem o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB) pedindo ajuda para enfrentar essa situação.

“Na primeira onda, as pessoas morriam por falta de informação, por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTI do Amazonas e de Roraima. Hoje, na segunda onda, as pessoas vêm a óbito por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs e, por incrível que pareça, por falta de oxigênio”, afirmou.

O Prelado ressaltou que falta oxigênio para pacientes que estão internados e, diante disso, fez um apelo em nome dos bispos locais: “pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio, providenciem oxigênio. As pessoas não podem continuar a morrer por falta de oxigênio por falta de leitos nas UTIs”.

O Arcebispo pediu que seja deixada de lado “a política que divide”, bem como “os lucros em cima da pandemia”.

Além disso, exortou todos a colocar “a serviço de todos a nossa humanidade melhor” e também “as nossas forças espirituais”. “E que nós cuidemos do distanciamento, usemos máscara, não descuidemos da saúde. Estamos num momento difícil, num momento de pandemia, quase sem saída”, acrescentou.

“Que todos nós possamos dar a nossa contribuição e nos engajar solidariamente no cuidado da vida de todas as pessoas”, concluiu.

Para ajudar os estados do Amazonas e de Roraima a enfrentar a pandemia de coronavírus, o Regional Norte 1 da CNBB disponibilizou uma conta a fim de receber doações:

Banco Bradesco
Agência 0320
C/C: 054104-4
CNPJ: 33.685.686/0012-03
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Norte 1 (AM-RR)

ACI Digital

A proximidade de Francisco à população da Indonésia atingida por terremoto

Terremoto de 6.2 de magnitude - Ilha de Sulawesi   (ANSA)

Condolências pelas vítimas do terremoto que ocorreu às 2 da manhã, hora local, na ilha indonésia de Sulawesi: foi expresso pelo Papa Francisco num telegrama, assinado pelo secretário de Estado Pietro Parolin, ao núncio do país. A oração do Papa por aqueles que sofrem e o encorajamento às pessoas envolvidas nos socorros.

Adriana Masotti, Silvonei José – Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem de condolências e solidariedade às autoridades eclesiásticas e civis da Indonésia em referência ao terremoto que atingiu a ilha de Sulawesi durante a última noite.  

O telegrama assinado pelo secretário de Estado Cardeal Pietro Parolin, e dirigido ao núncio apostólico no país asiático, dom Piero Pioppo, diz: "Entristecido por saber da trágica perda de vidas humanas e destruição de bens causadas pelo violento terremoto na Indonésia, Sua Santidade o Papa Francisco expressa a sua sincera solidariedade a todas as pessoas atingidas por esta catástrofe natural". O cardeal Parolin assegura que o Papa reza pelos falecidos, pela cura dos feridos e pela consolação de todos aqueles que sofrem. "De modo particular, escreve ele, oferece encorajamento às autoridades civis e às pessoas envolvidas nos contínuos esforços de busca e socorro em andamento”. Sobretudo, conclui, "Sua Santidade invoca as bênçãos divinas de força e esperança".

Terremoto

O violento terremoto de magnitude 6.2 na madrugada desta sexta-feira (15) matou pelo menos 35 pessoas e deixou centenas de feridos na ilha de Sulawesi. Segundo informações de quem ajuda no resgate, o balanço das vítimas está sendo atualizado constantemente porque há muitas pessoas presas nos escombros. Em 2018, a mesma ilha sofreu com um terremoto e subsequente tsunami que mataram 4 mil pessoas.

Vatican News

Projeto de lei obrigaria sacerdotes a violar segredo de confissão

Imagem referencial / crédito: Unsplash

DAKOTA DO NORTE, 16 jan. 21 / 07:00 am (ACI).- Legisladores do estado de Dakota do Norte (Estados Unidos) apresentaram esta semana um projeto de lei que obrigaria os sacerdotes católicos a violar o segredo de confissão em casos de abuso infantil confirmado ou suspeito, com penas que variam de multas pesadas até prisão.

O projeto de lei foi apresentado em 12 de janeiro pelos senadores estaduais Judy Lee, Kathy Hogan e Curt Kreun, e pelos representantes estaduais Mike Brandenburg e Mary Schneider.

A lei atual de denúncia obrigatória em Dakota do Norte estabelece que o clero se considera informador obrigatório de abuso infantil conhecido ou suspeito, exceto quando "o conhecimento ou a suspeita deriva de informações recebidas em qualidade de conselheiro espiritual" como no confessionário.

O projeto de lei SB 2180 alteraria essa lei para abolir esta exceção. Se for aprovado, os sacerdotes que deixarem de denunciar abuso infantil conhecido ou suspeito, mesmo que seja revelado no confessionário, seriam considerados culpados de um crime menor de Classe B e enfrentariam 30 dias de prisão ou multas de até 1.500 dólares ou ambos.

Os sacerdotes são obrigados pelo direito canônico, derivado da lei divina, a manter a confidenciabilidade do conteúdo de uma confissão, e nem sequer podem revelar se uma confissão aconteceu ou não. O Código de Direito Canônico estabelece que o “sigilo sacramental é inviolável; pelo que o confessor não pode denunciar o penitente nem por palavras nem por qualquer outro modo nem por causa alguma”.

Os sacerdotes não podem violar o sigilo, nem sequer sob ameaça de prisão ou pena civil, e podem incorrer em excomunhão latae sententiae se o fizerem. O Catecismo da Igreja Católica (CIC), número 1467, explica o ensinamento da Igreja sobre o segredo da confissão.

“Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, a igreja declara que todo o sacerdote que ouve confissões está obrigado a guardar segredo absoluto sobre os pecados que os seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas. Tão pouco pode servir-se dos conhecimentos que a confissão lhe proporciona sobre a vida dos penitentes”, diz o CIC.

Christopher Dodson, diretor executivo e conselheiro geral da Conferência Católica de Dakota do Norte, disse à CNA - agência em inglês do Grupo ACI - que estava “surpreso e muito preocupado com o projeto de lei, porque violaria a privacidade e o aconselhamento e a confissão religiosa de uma pessoa, não só para os católicos, para todo o mundo”.

"Nos Estados Unidos, esperamos exercer nossa religião, inclusive nos confessar e receber aconselhamento espiritual, sem que o governo invada nossa privacidade", acrescentou.

Dodson acha que o projeto de lei foi uma surpresa, pois foi apresentado uma semana após a conclusão de uma investigação de 18 meses realizada pelo estado sobre o abuso sexual de crianças pelo clero nas duas dioceses de Dakota do Norte, que concluiu que todas as acusações de abusos cometidos por padres na diocese, exceto uma, já haviam sido informadas. O estado identificou o caso de um sacerdote adicional que havia sido acusado de abuso na década de 1970 e não estava na lista inicial porque não era um sacerdote diocesano.

"A Igreja Católica, incluindo as Dioceses de Fargo e Bismarck aqui em Dakota do Norte, fizeram grandes avanços na criação de ambientes seguros (para as crianças)", disse.

Do mesmo modo, afirmou que “o procurador-geral de Dakota do Norte acabou de concluir uma investigação de 18 meses de todos os arquivos diocesanos e não encontrou nada de preocupante ou algo que não tivesse sido informado pelas duas dioceses. E a maioria desses casos de sacerdotes com acusações suficientes contra eles aconteceram há muito tempo. Por isso dizemos que este projeto de lei é uma surpresa”.  

Dodson acrescentou que "não há evidências" de que a lei proposta previna "um único caso" de abuso infantil e, em vez disso, provavelmente impediria alguns católicos de exercer suas liberdades religiosas, que deveriam incluir confessar-se e manter a confissão confidencial.

A senadora Lee se recusou a comentar à CNA sobre o projeto de lei, enquanto os senadores Hogan e Kreun não puderam ser contactados até o final desta edição.

O tema do sigilo sacramental em casos de abuso infantil surgiu várias vezes nos últimos anos. Um projeto de lei semelhante que obrigaria os sacerdotes a violar o sigilo foi apresentado na Califórnia e depois retirado em 2019, devido a questões de liberdade religiosa e problemas de cumprimento. Em 2016, um tribunal de apelações do estado da Louisiana manteve o direito de um sacerdote de manter o selo sacramental de confissão em uma ação judicial por abuso.

Vários estados australianos, incluindo Victoria, Tasmânia, Austrália Meridional e o Território da Capital Australiana, já adotaram leis exigindo que os sacerdotes violem o sigilo confessional, seguindo as recomendações da Comissão Real sobre o abuso sexual por parte do clero. No entanto, bispos e sacerdotes nesses estados disseram que planejam desafiar a lei e manter o sigilo apesar de tudo.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

SÃO JOSÉ VAZ

O Fiel Católico

Coragem e medo! Dois sentimentos que podem dividir, ao mesmo tempo, o coração, quando a missão, escolhida a todo custo, pode representar também um desafio arriscado. O mendigo, vestido de escravo, que vagueava pela ilha do Ceilão, era determinado e temeroso. Ele tentou entrar em contato com os católicos, mas às ocultas, porque aqueles calvinistas holandeses espertos não viam a hora de atacarem os fiéis do Papa. Logo, precisava uma tática, que o mendigo vestido de escravo adotou. Uma ideia simples como a enfiada do rosário.

A energia do apóstolo

José Vaz tinha 35 anos, quando, em 1686, chegou ao Ceilão como um esfarrapado, perfeitamente "invisível". Aquela ilha era a meta desejada, por toda uma vida, daquele sacerdote indiano de Goa. Em poucos anos de sacerdócio, já era estimado pelo seu zelo e inteligência missionários e inteligência ao administrar, apesar da sua jovem idade, as controvérsias eclesiais bastante delicadas.
Antes, onde quer que estivesse, o Padre José já era apreciado pela sua humildade e tenacidade de apóstolo, que só desejava se dedicar a Cristo. Naquele período, entrou em contato com a situação dos cristãos no Ceilão, dispersos e perseguidos. José queria se juntar a eles, mas foi chamado para exercer outro cargo, que obedeceu.
Após uma experiência como Vigário apostólico, que terminou em 1684, sentiu a necessidade de se consagrar como religioso. O problema era que os vários Institutos procuram europeus, não indianos. No entanto, a solução estava próxima.

Os Oratorianos

O Arcebispo de Goa havia autorizado, recentemente, o nascimento de uma Comunidade masculina. Três padres indianos começaram a conviver no monte Boa Vista, onde havia uma igreja dedicada a Santa Cruz dos Milagres. José pediu para se unir a eles e, em pouco tempo, tornou-se superior da casa. Para o povo, todos os quatro eram sacerdotes santos.
Com o passar do tempo, a Comunidade foi estruturada juridicamente e associou-se à Congregação do Oratório de São Felipe Neri. Entretanto, José vibrou interiormente: a chamada para viver no Ceilão não havia diminuído, pelo contrário, queria ir para lá, apesar dos perigos. Sabia, porém, que devia ir como clandestino. Então, cogitou um plano e, no final de 1686, o escravo, vestido de trapos, rumou para lá.

O estratagema do Rosário

O primeiro problema é que adoeceu logo. Durante dias, parecia a vítima evangélica do Bom Samaritano: definhou-se, quase morto, à beira da estrada. Algumas mulheres o ajudaram e ele se recuperou e foi à busca dos católicos, muitos dos quais se comportavam como Calvinistas para enganar os perseguidores. Nestas alturas, Padre José inventou um estratagema: colocou um Terço no pescoço e saiu batendo de porta em porta, pedindo esmola. Depois de certo tempo, percebeu o interesse de uma família por aquele sinal e, quando teve certeza de quem eram eles, se revelou.
Assim, a partir da aldeia de Jaffna, começou a nova evangelização do Ceilão: Missas à noite, Sacramentos administrados às ocultas, encontros. Padre José era incansável.
Porém, a fermentação suscitada pela sua atividade veio à tona. As autoridades prometeram dinheiro a quem revelasse a identidade do sacerdote desconhecido. Mas, ninguém o traiu, pelo contrário, muitos pagaram com suas vidas ou foram presos para defender o renascimento do Evangelho e do apóstolo, que reacendeu a fé; além do mais, para se salvar, foi ajudado a fugir para o pequeno reino de Kandy.

Mais forte que nunca

A "polícia" Calvinista teve uma ideia e fez circular uma fake news, uma notícia falsa: um espião português, dizia, vagava pelas ruas. Assim, Padre José acabou na rede.
Para grande surpresa, o Rei do pequeno reino de Kandy, Vilamadharma, budista, não aceitava que aquele homem bondoso acabasse sua vida em uma cela. Os próprios carcereiros deram testemunho de como ele se comportava na cela. Então o rei quis conhecê-lo e se tornaram amigos.
Em 1697, as consequências de uma terrível epidemia de varíola foi contida, graças à ação do Padre José - que tratava dos doentes e sugeria normas de higiene para limitar o contágio -. Assim, a grandeza daquele falso escravo tornou-se mais forte do que nunca.
O reino de Kandy tornou-se católico; a pregação na Ilha ganhou novo impulso, graças à chegada de dez Oratorianos e à tradução para do Evangelho em tâmil e cingalês, que o Padre José teve tempo de elaborar.
Quando, em 16 de janeiro de 1711, o religioso fechou os olhos, na Ilha já contavam 70.000 fiéis batizados, 15 igrejas e 400 capelas. Assim, o escravo de Deus pôde, finalmente, descansar.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF