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sábado, 26 de julho de 2025

Depressão: é preciso esvaziar o coração de tantas ideias sobre si mesmo

Pixel-Shot | Shutterstock

Orfa Astorga - publicado em 01/09/21 - atualizado em 25/07/25

Exercício da janela da alma: quando a depressão afeta a família e a dimensão espiritual da pessoa é negligenciada.

Roberto hoje trata sua depressão. Mas como manifestação desse problema, ele passou muito tempo evitando se envolver em projetos e iniciativas familiares.

Sua falta de entusiasmo e interesse era justificada pelo argumento de que ele não tinha tempo ou estava cansado. Em casa, ele não escondia o rosto de tédio, aborrecimento e uma seriedade incompreensível que a família tinha de suportar.

"Acontece que eu sofro de depressão", reconhece hoje, "mas agora com os medicamentos que estou tomando e a ajuda psicológica, tenho certeza de que em breve estarei melhor."

Certamente, a princípio ele estava deprimido, com ideias inconsistentes e a auto-estima baixíssima. Mais à medida que progredia em seu tratamento, seu comportamento mudou, tornando-se calmo e autoconfiante.

Em um determinado momento, ele percebeu que durante toda a sua vida tinha lutado contra a depressão, mesmo sem saber.

Assim, ele passou a valorizar seus êxitos, mas insistia em deixar a família de lado.

Suas conversas giravam em torno do quanto ele havia conseguido: seus estudos, sua experiência de vida e trabalho, isso e aquilo... Era evidente que, em sua escala de valores, os afetos da família não estavam conscientemente em primeiro plano.

Pouco a pouco, ele foi reconhecendo que havia uma certa falta de humildade nele.

Então, expliquei-lhe que ele estava acometido por uma doença do espírito, o que seria um obstáculo para superar definitivamente o seu problema.

Não convencido, nossa conversa continuou assim:

– Doença do espírito? Eu realmente não esperava isso! – ele me disse.

– Acontece que você não começou a olhar pela janela da sua alma e, por isso, proponho um exercício de imaginação – afirmei.

– Tudo bem, então vamos em frente – ele me respondeu com certa ironia.

Eu lhe disse:

– Feche os olhos. Agora imagine-se trancado em uma sala em uma escuridão impenetrável. De repente, você abre uma janela através da qual entra uma luz que ilumina seu coração e você consegue ver com grande clareza que sua esposa e filhos o amam, que você é a coisa mais importante na vida deles e que sua própria felicidade depende da deles.

Então eu lhe pedi que fizesse uma interpretação dessa imagem a partir da perspectiva de sua doença e de sua situação familiar, sendo muito honesto consigo mesmo.

Deixei-o sozinho por alguns instantes, e depois retornei.

Ele me disse:

– Consigo ver claramente o que você indica e entendo que o quarto escuro se refere à minha depressão. Essa escuridão é causada pela minha doença, o que é algo muito real.

– O seu amor também é real – eu lhe disse.

– Sim, é verdade – ele respondeu, balançando a cabeça tristemente –. Mas com relação a isso e aos problemas que tenho causado, os especialistas me dizem que, de certa forma, não sou culpado pelo meu comportamento.

Eu lhe disse:

– Não se trata de se sentir culpado, mas de se sentir responsável. Trata-se de descobrir por si mesmo que a solução definitiva não virá de lidar apenas com o orgânico e o mental. Ou seja, confiar apenas na ciência ou na sua vontade. Também é necessária a humildade para esvaziar seu coração de tantas ideias sobre si mesmo, preenchê-lo com a bela realidade do amor de Deus e dos outros e, assim, tirar proveito das energias que podem fluir disso. É por isso que proponho que você olhe pela janela da alma todos os dias, para deixar seu coração se iluminar, de forma que sua inteligência, sua vontade e seu espírito possam unir forças para fazer mudanças verdadeiramente significativas em sua vida, as quais o levarão a não complicar sua existência recaindo na doença.

As mudanças necessárias são:

Roberto segue seu tratamento e logo terá alta. Mas ele reconhece que cuidará sempre de manter aberta a janela de sua alma.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2021/09/01/depressao-e-preciso-humildade-para-esvaziar-o-coracao-de-tantas-ideias-sobre-si-mesmo/

Formação da personalidade (3): O correto amor a nós mesmos (Parte 1/2)

Foto/Crédito: Opus Dei.

Formação da personalidade (3): O correto amor a nós mesmos

O autoconhecimento, com virtudes e defeitos, me faz feliz?

13/07/2021

Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados (…) mas pelo precioso sangue de Cristo[1]. São Pedro recorda aos primeiros cristãos que a sua existência tem um valor incomensurável, pois foi objeto do amor abundante do Senhor, que os redimiu. Cristo, com o dom da filiação divina, dá segurança aos nossos passos pelo mundo. Assim o manifestava com espontaneidade São Josemaria a um jovem: “Padre” – dizia-me aquele rapagão (que será feito dele?), bom estudante da Central –, “estava pensando no que o senhor me falou..., que sou filho de Deus! E me surpreendi, pela rua, de corpo “emproado” e soberbo por dentro... Filho de Deus!” Aconselhei-o, com segura consciência, a fomentar a “soberba”[2].

Conhecer a grandeza da nossa condição

Como entender esse fomentar a “soberba”? Certamente, não se trata de imaginar virtudes que não se têm, nem de viver com um sentido de autossuficiência que mais cedo ou mais tarde vai nos atraiçoar. Consiste em conhecer a grandeza da nossa condição: o ser humano é a “única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma”[3]; criado à sua imagem e semelhança, está chamado a levar esta imagem à plenitude ao identificar-se cada vez mais com Cristo pela ação da graça.

Esta vocação sublime fundamenta o bom amor a si mesmo que está presente na fé cristã. Com a luz dessa fé, podemos julgar os nossos sucessos e fracassos. A aceitação serena da própria identidade condiciona a nossa forma de estar no mundo e de agir nele. Além disso, contribui para a confiança pessoal que diminui os medos, precipitações e inibições, facilita a abertura aos outros e a novas situações, e fomenta o otimismo e a alegria.

A ideia positiva ou negativa que temos de nós mesmos depende do conhecimento próprio e do cumprimento das metas que cada um se propõe. Estas surgem, em boa parte, dos modelos de homem ou mulher que desejamos alcançar e que se apresentam de diferentes modos, por exemplo, na educação recebida em casa, nos comentários dos amigos e conhecidos, nas ideias predominantes em uma determinada sociedade. Por isso, é importante definir quais são os nossos pontos de referência, já que se forem altos e nobres, contribuirão para uma autoestima adequada. E convém identificar quais são os modelos que circulam na nossa cultura porque, mais ou menos conscientemente, influem em como nos avaliamos.

Perguntar-se pelos modelos

Acontece, em algumas ocasiões, que formulamos um juízo distorcido sobre nós mesmos por termos admitido critérios sobre o sucesso que podem ser pouco realistas e inclusive nocivos: a eficácia profissional a qualquer preço, relações afetivas egocêntricas, estilos de vida marcados pelo hedonismo. Podemos nos supervalorizar depois de alguns sucessos, que nos parecem reconhecidos pelos outros; mas também nos pode acontecer o contrário: subestimamo-nos, quando não alcançamos determinados objetivos ou não nos sentimos valorizados em certos ambientes. Estas avaliações erradas são, em grande parte, consequência de olhar demais para aqueles que qualificam a trajetória pessoal exclusivamente em função do que a pessoa consegue, tem ou possui.

Para evitar os riscos anteriores, vale a pena perguntar-nos quais são os nossos pontos de referência na vida profissional, familiar, social e se são compatíveis com uma perspectiva cristã da vida. Sabemos, também, que o modelo mais perfeito, completo e plenamente coerente é Jesus Cristo. Ver nossa vida à luz da vida d’Ele é o melhor modo de nos avaliarmos, pois sabemos que Jesus é um exemplo próximo, com quem temos uma relação pessoal – de um eu com um Você – por meio do amor.

Foto/Crédito: Opus Dei.

Autoconhecimento: com a luz de Deus

Para julgar-se com sinceridade, é imprescindível conhecer-se. Esta tarefa é complexa e requer um aprendizado que, de certa forma, não termina nunca. Começa por superar uma perspectiva exclusivamente subjetiva – “a meu ver”, “na minha opinião”, “acho”... – para ter em consideração outros pontos de vista. Se nem sequer sabemos com exatidão como é nossa voz ou a nossa aparência física, e precisamos usar ferramentas de gravação de voz ou um espelho, é mais indispensável ainda admitir que não somos os melhores juízes para avaliar a nossa própria personalidade!

Além da reflexão pessoal, conhecer-se é fruto do que os outros nos ensinam sobre nós. Conseguimos isso quando sabemos abrir-nos a quem pode nos ajudar – um grande recurso é a direção espiritual pessoal! –, aceitando as suas opiniões e considerando-as em relação a um bom ideal de vida. Nesse âmbito também influenciam a interação com as pessoas que convivem conosco, as modas e costumes da sociedade. Um ambiente que promove a reflexão favorece o desenvolvimento dos recursos de introspecção; enquanto outro com um estilo de vida superficial limita esse desenvolvimento.

Convém, portanto, fomentar hábitos de reflexão e nos perguntar como Deus nos vê. A oração é um tempo oportuno, pois ao mesmo tempo em que conhecemos ao Senhor nos conhecemos com a sua luz. Entre outras coisas, procuraremos compreender os comentários e conselhos que recebemos dos outros. Em algum caso, saberemos distanciar-nos dos juízos de outras pessoas quando notamos que os realizam sobre fundamentos pouco objetivos, ou talvez de uma maneira pouco reflexiva, especialmente se julgam segundo critérios que não são compatíveis com o querer de Deus. É preciso saber escolher a quem prestar mais atenção, pois como diz a Escritura: É melhor ser repreendido pelo sábio do que alegrar-se com o canto dos insensatos[4].

Por outro lado, como todos somos em parte responsáveis pela autoestima das pessoas que nos rodeiam, temos de nos esmerar para que as nossas palavras sejam um reflexo da consideração por cada um, que é filho de Deus. Especialmente se tivermos uma posição de autoridade ou de guia (na relação pai-filho, professor-aluno, etc.) os conselhos e indicações contribuem para reafirmar nos outros a convicção dos próprios valores, inclusive quando é preciso corrigir com claridade. Esse é o ponto de partida, o oxigênio para que a pessoa cresça respirando por si mesma, com esperança.

J. Cavanyes


[1] 1 Pd 1, 18-19.

[2] Caminho, n. 274.

[3] Concilio Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, n. 24.

[4] Ecl 7,5.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-bom-amor-proprio/

Lições de santa Ana e são Joaquim para casais que enfrentam a infertilidade

Pintura de são Joaquim, da pequena Nossa Senhora e de santa Ana na igreja de São Francisco em Reggio Emilia, Itália. | Renata Sedmakova/Shutterstock

Por Kate Quiñones*

26 de julho de 2025

Muitos casais enfrentam hoje a falta de filhos e a infertilidade, mas estão longe de ser os primeiros a passar por isso. Os santos Ana e Joaquim, cuja festa é celebrada hoje (26), são conhecidos como os avós de Jesus e os pais de Nossa Senhora. Eles também lutaram contra a falta de filhos por décadas, segundo a tradição cristã.

Diz a história que Ana e Joaquim enfrentaram a falta de filhos em uma época em que havia poucos recursos para a infertilidade e a falta de filhos era considerada vergonhosa. Sua história pode inspirar reflexão para casais modernos e sua intercessão pode ser uma fonte de conforto e assistência.

Santa Ana e são Joaquim lutaram contra a infertilidade por décadas

Acredita-se que santa Ana e são Joaquim tenham lutado contra a infertilidade por duas décadas antes de conceber Nossa Senhora.

Embora sua história não seja contada no Novo Testamento, documentos fora do cânon bíblico, como o Protoevangelho de Tiago, um texto que conta a infância de Jesus do século II d.C., dão alguns detalhes sobre suas vidas. Embora esses escritos não sejam considerados confiáveis, eles ajudaram a moldar algumas das histórias e lendas que foram transmitidas ao longo dos séculos sobre Joaquim, Ana e sua filha, Maria, incluindo a luta de décadas do casal contra a infertilidade.

Joaquim e Ana passaram um tempo sozinhos em oração

O Protoevangelho de Tiago dá um relato detalhado das orações do casal por uma criança. Joaquim saiu para o deserto para orar e jejuar, enquanto Ana permaneceu em casa.

Joaquim "não entrou na presença de sua mulher, mas retirou-se para o deserto", diz a história. Lá, ele jejuou e orou por 40 dias e noites. Enquanto ele estava fora, Ana lamentou a falta de filhos e lamentou a ausência de Joaquim como se ele estivesse morto. Então, ela foi para o jardim e orou.

Ana lamentou sua infertilidade e depois voltou-se para a oração

Enquanto Ana estava de luto, sua serva Judite disse que ela não deveria chorar porque um "grande dia do Senhor estava próximo". Ana trocou suas roupas de luto por suas vestes de casamento. Ela começou a orar, vagando pelo jardim e olhando para o ninho de um pardal, o céu e tudo o que a cercava.

"Ai de mim! A que me compararam? Eu não sou como esta terra, porque até a terra produz seus frutos a seu tempo e te abençoa, ó Senhor", ela orou enquanto caminhava pelo jardim.

Então, um anjo apareceu a ela, dizendo que ela conceberia e sua filha "seria falada em todo o mundo", e Ana prometeu dedicar sua filha ao Senhor.

Mais dois anjos apareceram para dizer a ela que Joaquim estava a caminho de casa, pois o Senhor ouviu sua oração: Um anjo apareceu a Joaquim, dizendo-lhe para voltar para casa e prometendo que sua mulher conceberia.

Como os anjos disseram-lhe que Joaquim estava voltando, Ana foi encontrá-lo no portão. A história inclui o detalhe de que ela correu até ele e "pendurou-se em seu pescoço", abraçando-o em seu retorno.

Sua luta deu grandes frutos

Embora o casal inicialmente visse sua infertilidade como uma grande tristeza e vergonha, Deus acabou trabalhando em seu sofrimento. Joaquim voltou do deserto; Ana trocou as roupas de luto e vestiu suas vestes de casamento. Sua história foi transformada pela graça de Deus.

A fé e a perseverança do casal também, eventualmente, resultaram na alegria de conceber e criar a mulher imaculada e sem pecado, Nossa Senhora, que daria à luz o salvador do mundo.

Santa Ana é agora conhecida como a padroeira das mães e dos que lutam contra a infertilidade, e ela e seu marido são os santos padroeiros dos avós e casais.

*Kate Quiñones é redatora da Catholic News Agency e membro do site de notícias The College Fix. Ela já escreveu para o Wall Street Journal, para o Denver Catholic Register e para o CatholicVote, e se formou pelo Hillsdale College. Ela mora com o marido no Colorado, nos EUA.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58573/licoes-de-santa-ana-e-sao-joaquim-para-casais-que-enfrentam-a-infertilidade

Papa Leão: transformar as comunidades locais em “casas de paz”

Santuário da Santa Casa em Loreto (Vatican News)

O Papa Leão XIV enviou uma mensagem aos participantes da Assembleia Nacional semestral da Pax Christi EUA, que se realiza em Detroit, Michigan, neste mês de julho.

Silvonei José – Vatican News

Nas suas palavras aos participantes da Assembleia Nacional semestral da Pax Christi EUA o Santo Padre evidenciou que em meio aos muitos desafios que o nosso mundo enfrenta neste momento, entre os quais os conflitos armados generalizados, as divisões entre os povos e os desafios relacionados com a migração forçada, os esforços para promover a não violência são mais necessários do que nunca. “É bom lembrar - escreveu o Papa -, que após a violência da crucificação, as primeiras palavras do Cristo ressuscitado aos apóstolos foram palavras de paz, “uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante”.

O Papa Leão XIV destacou em seguida que Jesus continua a enviar os seus seguidores ao mundo para que se tornem criadores de paz na sua vida quotidiana. Nas paróquias, nos bairros e, sobretudo, nas periferias, é ainda mais importante que uma Igreja capaz de reconciliação esteja presente e visível.

“Rezo especialmente – continuou o Pontífice -, para que o seu encontro inspire todos na Pax Christi EUA, a trabalhar para transformar as suas comunidades locais em ‘casas de paz’, onde se aprende a desarmar a hostilidade através do diálogo, onde se pratica a justiça e se conserva o perdão. Dessa forma, vocês ajudarão muitas mais pessoas a acolher o convite de São Paulo a viver em paz com seus irmãos e irmãs”.

Enfim, o Santo Padre confia a Assembleia à intercessão de Maria, Mãe da Igreja, e concede a sua Bênção Apostólica como penhor de abundantes graças celestiais.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Por que João Paulo II beijava o chão ao chegar em um país?

infobae.com

Mónica Muñoz - publicado em 25/07/25

Muitos de nós vimos o Papa João Paulo II descer de um avião e se ajoelhar para beijar o chão do país que visitava pela primeira vez. Por que ele fazia isso?

Recordar o Papa João Paulo II, agora santo e amado por gerações inteiras, é reconfortante e gratificante, pois cada gesto, cada palavra poderosa, foi uma lição para o povo de Deus. Portanto, é muito interessante saber por que ele beijou o solo de um país quando o visitou pela primeira vez.

Uma história

A autobiografia de Karol Józef WojtylaPresente e Mistério, escrito pelo próprio São João Paulo II em 1996, contém detalhes que ninguém poderia ter nos contado melhor do que ele. Cada lembrança que ele enriquece suas histórias nos permite reconhecer a alma artística de um jovem que decidiu renunciar aos seus talentos para se dedicar a Deus.

Neste valioso escrito, o Santo Padre relembra uma anedota: ele era um jovem padre recém-chegado de Roma. Fora enviado por seu bispo para estudar teologia por dois anos. Agora, lhe fora confiada sua primeira paróquia:

“Assim que cheguei a Cracóvia, encontrei meu primeiro "destino", a chamada "aplikata", na Cúria Metropolitana. O arcebispo estava em Roma na época, mas havia me deixado sua decisão por escrito. Aceitei o cargo de bom grado. Imediatamente perguntei como chegar a Niegowic e me certifiquei de estar lá no dia combinado”.

Uma longa jornada

São João Paulo II continua descrevendo a jornada até seu destino, um lugar remoto aninhado no campo:

Quando finalmente cheguei ao território da paróquia de Niego wic, ajoelhei-me e beijei o chão. Eu havia aprendido esse gesto com São João Maria Vianney. Na igreja, parei diante do Santíssimo Sacramento; então me apresentei ao pároco, Monsenhor Kazimierz Buzala, arcipreste de Niepolomice e pároco de Niegowic, que me recebeu cordialmente e, após uma breve conversa, me mostrou o quarto do vigário.

Este era o selo do Santo Padre cada vez que chegava pela primeira vez a um país, em memória da sua primeira paróquia e, sobretudo, em imitação do grande Santo Cura d'Ars, que assim inaugurava o seu ministério pastoral em algum lugar designado por Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/25/por-que-joao-paulo-ii-beijava-o-chao-ao-chegar-em-um-pais/

Quais são os alimentos mais inflamatórios?

Embutidos estão entre os alimentos inflamatórios (Foto: Freepik)

Quais são os alimentos mais inflamatórios?

Eles causam um desequilíbrio na microbiota intestinal e sobrecarregam o fígado.

24 julho 2025

Você já ouviu falar em alimentos inflamatórios? Eles são os grandes vilões por trás de diversos problemas de saúde, como dores crônicas, inchaço, cansaço excessivo, problemas de pele, distúrbios intestinais e até doenças cardiovasculares. A inflamação é uma resposta natural do corpo, mas quando se torna crônica — muitas vezes devido à alimentação — pode ser bastante prejudicial.

"É importante observar que são considerados alimentos inflamatórios os que – consumidos em excesso ou com muita frequência – podem estimular processos inflamatórios no organismo, às vezes de forma crônica. É um processo silencioso, mas está associado ao desenvolvimento de doenças como Diabetes tipo 2; obesidade; doenças cardiovasculares, hepáticas (como esteatose), alguns tipos de câncer e até envelhecimento precoce", alerta o Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). 

Estes alimentos, segundo o especialista, aumentam a produção de citocinas inflamatórias e, desta forma, causam um desequilíbrio na microbiota intestinal e sobrecarregam o fígado.

Entre os alimentos mais inflamatórios estão:

Ultraprocessados - ricos em gorduras “ruins” (como a trans) (biscoitos, salgadinhos, fast-food) 

Açúcares refinados e doces industrializados

Embutidos -  presunto, bacon, salsicha, produtos ricos em agrotóxicos e as dietas com baixo teor de fibras.

Como reduzir a inflamação com a alimentação?

Uma dieta rica em alimentos anti-inflamatórios pode ajudar a reverter o quadro. Frutas vermelhas, vegetais verdes escuros, azeite de oliva, peixes ricos em ômega-3 (como salmão e sardinha), cúrcuma, gengibre e oleaginosas (como castanhas e nozes) são aliados poderosos.

Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/degusta

Curiosidades da Bíblia: A cidade de Jerusalém

Sagrada Escritura (Vatican News)

Estabelecida sobre o Monte de Sião, se transformou na utopia da “Nova Jerusalém”.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Nenhuma cidade do mundo recebe tanta evidência, seja pelo sentido religioso, político, ou pelos desafios da violência e da tensão que lá se vive, como a cidade de Jerusalém, atual capital religiosa do moderno estado de Israel.

Os principais acontecimentos da vida de Jesus Cristo se centram nesta cidade, considerada a capital religiosa de quatro grandes religiões. A comunidade cristã que nasceu em Jerusalém com os eventos da Páscoa e Pentecostes se transformou na comunidade mãe do cristianismo.

Origem histórica

Os historiadores têm dificuldades para localizar a origem histórica da cidade de Jerusalém e o conhecimento a respeito de seus primeiros habitantes é bastante limitado. As maiores cidades da região conhecida como Terra de Canaã surgiram por volta de 3,2 mil anos antes de Cristo, mas não é possível precisar com exatidão quando se deu o surgimento de Jerusalém.

Por volta do século XX a.C., a região de Canaã recebia forte influência do Egito, a grande potência de então, que manteve a influência até o século XV a.C mais ou menos. Por certo tempo, o povo hurrita invadiu a região, exercendo influência sobre Jerusalém e, um século mais tarde, aconteceram diversas guerras entre as cidades-estado cananeias e seu poder foi diminuindo. Como os egípcios estavam mais preocupados com os problemas internos, outro povo, os jebuseus, aproveitou para se estabelecer em Jerusalém onde ficou até o até o ano 1000 a.C mais ou menos, quando o povo hebreu, liderado pelo rei Davi, conquistou a cidade.

Apogeu e decadência da Cidade Santa

Depois da escravidão no Egito e da Era dos Juízes que ajudaram o povo a reconquistar a Terra de Canaã, na Era dos Reis o povo hebreu viveu apogeu de sua história com os reis Saul, Davi e Salomão.

Davi que conquistou Jerusalém e a cidade foi posteriormente engrandecida por Salomão, famoso pela sua sabedoria e pela construção do Templo, do qual resta hoje apenas os fundamentos. Como expressa o salmo 122 visitar Jerusalém era o sonho de todo e qualquer judeu:

“Que alegria quando me disseram: Vamos à casa do senhor e agora nossos pés já se encontram às tuas portas, ó Jerusalém!”

Após Salomão o reino se dividiu, decaiu, sendo sucessivamente dominado por povos estrangeiros. O Cativeiro da Babilônia, por exemplo, marcou duramente a histórica do povo hebreu. Quando Jesus nasceu, a cidade de Jerusalém e a atual Palestina, dominadas pelos romanos, foram transformadas numa de suas províncias. No ano 70 d.C. Jerusalém foi destruída pelos romanos depois de uma revolta, sendo transformada numa cidade pagã com o nome de Aedes Capitolina.

A cidade permaneceu dominada até o ano de 476 d.C., quando aconteceu a queda e a desagregação do poderoso Império Romano do Ocidente. Com isso, a cidade passou ao domínio do Império Romano do Oriente, conhecido como Império Bizantino, com sua capital em Constantinopla.

O controle e o poder dos bizantinos sobre Jerusalém encerraram-se quando a cidade foi conquistada pelos muçulmanos, mas apesar da conquista, os judeus e os cristãos obtiveram o direito de continuar com a prática de sua religião, desde que pagassem um imposto e não oferecessem resistência.

A cidade de Jerusalém foi mantida como propriedade de diversos califas com alternância de períodos mais duros e outros de maior liberdade para os judeus e para os cristãos até que na Idade Média, em 1095, o Papa convocou as cruzadas para libertar a Terra Santa e a cidade de Jerusalém das mãos dos muçulmanos. Ao todo foram realizadas sete cruzadas, que no geral fracassaram em seus objetivos.

Após trocar de mãos várias vezes, em 1517, Jerusalém foi conquistada pelos otomanos, que lá permaneceram até 1917, quando chegaram os ingleses e outras potências europeias dominando e dividindo não apenas a Palestina, mas todo o Oriente Médio.

A cidade de Jerusalém hoje

Desde a destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C. os judeus foram se espalhando pelo mundo num processo conhecido como Diáspora. Em cada cidade onde se estabeleciam formavam um bairro fechado, como o de Varsóvia que foi destruído na Segunda Guerra Mundial.

Em 1948, no contexto do final da Segunda Guerra e da reorganização política do mundo, os ingleses influenciaram as Nações Unidas que permitiram a criação do Novo Estado de Israel, o retorno dos judeus que estavam espalhados pelo mundo e que haviam sofrido o grande holocausto na Segunda Guerra.

Começava então um novo capítulo na história da cidade e da região que vém até os nossos dias. Hoje a cidade de Jerusalém continua sendo a cidade que tem em seu interior a presença de quatro grandes religiões: judeus, muçulmanos, cristãos romanos e cristãos ortodoxos.

A cidade de Jerusalém mante o simbolismo de se transformar na terra tão sonhada de todos, lugar de paz, de justiça e igualdade. Por isso, não apenas os judeus, mas todos nós, continuamos a sonhar com a Nova Jerusalém, como expressa o Livro do apocalipse:

“Em breve eu virei! Guarde o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa. Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele jamais sairá. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce dos céus da parte de Deus; e também escreverei nele o meu novo nome. (Apocalipse 3,11-12).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tiago travou uma batalha com um mago que invocava demônios

Tiago, o Maior. | Domínio público - Wikimedia Commons

Por Abel Camasca*

25 de julho de 2025

São Tiago Maior, o primeiro Apóstolo a morrer, enfrentou uma batalha contra um mago que manipulava as pessoas com magia negra e possessões diabólicas.

No livro A Legenda Áurea, escrita pelo beato Jacopo de Varazze (1230-1298), recolhe-se uma antiga tradição da volta do apóstolo são Tiago à Judéia, depois de pregar na Espanha.

Um mago chamado Hermógenes queria provar que a pregação do Apóstolo era falsa. Para isso, enviou seu seguidor Fileto para convencer os judeus. São Tiago acabou por convencê-lo com argumentos racionais e milagres.

Fileto voltou ao mago, contou-lhe tudo o que tinha visto e ouvido e tentou persuadi-lo. Hermógenes ficou irritado e, usando magia, o imobilizou. Então Fileto pediu a um criado que informasse o apóstolo de sua situação.

Depois de ouvir o que ocorrera, Tiago entregou seu lenço ao mensageiro dizendo: “Volte para onde está o seu mestre, que ele pegue este lenço e diga: 'O Senhor levanta os oprimidos e livra os que estão atados'”.

Fileto seguiu todas as instruções e recuperou a mobilidade. Então ele zombou do mago e foi à procura de Tiago. Hermógenes, enfurecido, ordenou aos demônios que trouxessem o apóstolo e Fileto amarrados, porque queria vingar-se deles.

Muitos demônios foram prendê-los, mas quando chegaram diante de sua presença, imploraram por compaixão. Tiago pediu-lhes explicações e os demônios disseram-lhe que tinham sido enviados pelo mago. No entanto, no caminho, algo inesperado aconteceu com eles.

"Assim que viemos para cá, um anjo de Deus nos amarrou com correntes de fogo que nos atormentam enormemente", disseram os demônios.

O apóstolo então os enviou para trazer Hermógenes até ele amarrado, mas ileso. Os espíritos malignos obedeceram e trouxeram o mago até ele com as mãos amarradas nas costas. Em seguida, os demônios pediram ao santo que lhes permitisse se vingar do mago por causa dos tormentos que sofreram.

Tiago perguntou-lhes por que não prenderam também Fileto, mas os demônios lhe responderam: "Não temos poder para sequer tocar em uma formiga que esteja em seu aposento".

Então o santo pediu a Fileto que desamarrasse Hermógenes e disse ao mago que ele era livre. “Não obrigamos ninguém a se converter à nossa doutrina”, disse são Tiago. O mago pediu-lhe que lhe desse algo como proteção, porque senão os demônios o matariam. O apóstolo lhe deu o seu báculo.

Hermógenes então voltou com todos os seus livros de feitiços e por ordem de são Tiago jogou-os no mar. Tornou-se discípulo do santo e passou a fazer “obras extraordinárias”.

*Abel Camasca é comunicador social. Foi produtor do telejornal EWTN Noticias por muitos anos e do programa “Más que Noticias” na Radio Católica Mundial.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/55712/sao-tiago-travou-uma-batalha-com-um-mago-que-invocava-demonios

Papa: a coragem e tenacidade dos migrantes são testemunho heroico de fé

Missa na fronteira entre México e Estados Unidos | Vatican News.

“Migrantes, missionários de esperança” é o tema da mensagem para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados. No texto, o Pontífice faz uma análise do atual contexto mundial, tristemente marcado por guerras, violência, injustiças e fenômenos meteorológicos extremos, que obrigam milhões de pessoas a deixar a sua terra natal em busca de refúgio em outros lugares.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Foi divulgada esta sexta-feira a mensagem do Papa Leão em vista do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que neste Ano Santo será celebrado em coincidência com o Jubileu dos Migrantes e do Mundo Missionário, nos dias 4 e 5 de outubro.

O tema da mensagem retoma o lema do Jubileu e é uma oportunidade para o Santo Padre refletir sobre a relação entre esperança, migração e missão.

No texto, o Pontífice faz uma análise do atual contexto mundial, tristemente marcado por guerras, violência, injustiças e fenómenos meteorológicos extremos, que obrigam milhões de pessoas a deixar a sua terra natal em busca de refúgio em outros lugares.

Leão XIV alerta então para a tendência generalizada de cuidar exclusivamente dos interesses de comunidades circunscritas, ameaçando assim a partilha, a cooperação multilateral, e a solidariedade global.

Os desafios se tornam ainda mais difíceis diante da perspectiva de uma nova corrida armamentista e do desenvolvimento de novas armas, incluindo aquelas nucleares, e da pouca consideração pelos efeitos nefastos da atual crise climática e as profundas desigualdades económicas. 

Perante esses cenários assustadores, permanece no coração das pessoas o desejo de esperar um futuro de dignidade e paz, que é parte essencial do projeto de Deus para a humanidade, inaugurado por Jesus Cristo.

Para o Papa Leão, esta ligação entre migração e esperança revela-se claramente em muitas das experiências migratórias dos nossos dias.

“A coragem e tenacidade de migrantes e refugiados são testemunho heroico de uma fé que vê além do que os nossos olhos podem ver e que lhes dá força para desafiar a morte nas diferentes rotas migratórias contemporâneas.”

Além disso, os migrantes e refugiados lembram à Igreja a sua dimensão peregrina, em permanente busca da pátria definitiva, sustentada pela esperança.

E o Papa adverte: sempre que a Igreja cede à tentação da “sedentarização” e deixa de ser civitas peregrina – povo de Deus peregrino rumo à pátria celeste, como dizia Santo Agostinho –, deixa  de estar «no mundo» e torna-se «do mundo».

Leão XIV está convencido de que os migrantes e refugiados católicos podem, de modo particular, tornar-se missionários de esperança nos países que os acolhem, levando adiante novos caminhos de fé onde a mensagem de Jesus Cristo ainda não chegou ou iniciando diálogos inter-religiosos.

E mais: com o seu entusiasmo espiritual, podem contribuir para revitalizar comunidades endurecidas e sobrecarregadas, nas quais avança de forma ameaçadora o deserto espiritual.

Citando São Paulo VI, Papa Leão recorda que o primeiro elemento da evangelização é geralmente o testemunho. Trata-se de uma verdadeira missão, a missio migrantium. Por outro lado, também as comunidades que os acolhem podem ser um testemunho vivo de esperança, entendida como promessa de um presente e de um futuro em que seja reconhecida a dignidade de todos como filhos de Deus.

O Pontífice conclui a mensagem confiando migrantes e refugiados à proteção maternal da Virgem Maria, Socorro dos migrantes, assim como aqueles que se esforçam em acompanhá-los, “para que Ela mantenha viva nos seus corações a esperança e os sustente no seu empenho em construir um mundo que se assemelhe cada vez mais ao Reino de Deus, a verdadeira pátria que nos espera no fim da nossa viagem”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 24 de julho de 2025

O que fazer para aliviar a angústia?

aliaksei kruhlenia | Shutterstock

Julia A. Borges - publicado em 12/02/23

Segundo especialistas, é a partir dos 12 anos que começamos a sentir a angústia propriamente dita. Entenda:

Segundo especialistas, é a partir dos 12 anos que começamos a sentir a angústia propriamente dita. É nesta idade que a criança vai se deparar com emoções até então desconhecidas. Raiva, chateação, furor, zanga, ira são reações que bem antes já irão se tornar manifestas na vida do indivíduo, uma vez que são reações a tudo o que contraria à própria vontade. Mas a angústia aparenta traçar um caminho um tanto diferente, mais complexo, intimista e envolto a algumas lacunas a serem preenchidas.

Humanos como somos, complexos como somos – a máquina mais potente de análise e pesquisa ainda está longe de ser totalmente desvendada. Mas é a natureza analítica que faz o homem buscar os porquês, tanto do enigmático mundo exterior,  com as tentativas cosmogônicas de entendimento do universo, como do profundo e obscuro intrínseco humano. E pensar nessa tal busca pressupõe que ainda não houve o encontro e as respostas, já que as soluções parecem ser um conjunto infinito de hipóteses das mais diversas possíveis.

É incontestável que a ânsia pelo saber moveu e move o ser humano às conquistas até antes inimagináveis – da descoberta do fogo à evidenciação do buraco negro; do lombo dos animais à roda; das conquistas marítimas ao espaço. A razão levou à constatação da grandeza do mundo, mas também nos incitou a refletir acerca do nosso elevado grau de conhecimento externo e ínfimo entendimento interno.

Matéria cara às ciências da religião, a tratativa que percorre até mesmo o pensamento de Pascal ao analisar a incessante inquietação do ser finito em constante procura pelo infinito vai recair ao trágico existencial, ao sofrimento humano que provoca a sua própria transcendência.  Uma elevada carga filosofal com embasamentos de teóricos clássicos e contemporâneos é possível de ser encontrada, mas como, em meio a tantas teorias e divagações, descobrir-se como indivíduos?

A angústia é um termo que possui certa ambiguidade em sua definição e também em seu conceito, já expressa nela própria grande dificuldade em se achar respostas precisas e certeiras. É ao mesmo tempo um sentimento diante da existência como limite e, também, como motor que impele o ser humano. É interessante a frase de Kierkegaard, em sua obra Temor e Tremor: “(...) porque amar a Deus sem fé é refletir sobre si mesmo, mas amar a Deus com fé é refletir-se no próprio Deus”.

Se a raiva, a fúria e a indignação são movidas por fatores extrínsecos, a angústia encontra sua natureza no próprio homem, na miséria que inúmeras vezes nos move a um afogamento interno, sem ânsia de partida para uma transcendência, mas ao contentamento ao modo inerte de viver. A inquietação, qualidade quase que nata de termos sidos lançados ao mundo sem consulta prévia, desaba na realidade esmagadora de não conseguir se realizar no presente, passando, portanto, a ter o porvir como alvo de sonho, expectativa e eterna espera. A inquietação subitamente nos rebaixa ao grau da inércia, ao grau raso do cristão.

A necessidade de explicação e resposta a tudo o que nos cerca vem junto com a ânsia do ser humano pelo poder e, acima de tudo, pelo controle. Controle do tempo, espaço; controle do outro, de si; controle da vida e da morte. E tal conduta parece, ao menos a princípio, explicar a constante angústia que nos assombra. 

Entendemos errado a lição “amar a Deus sobre todas as coisas”, porque o maior dos mandamentos parece se esmorecer quando insistentemente nos proclamamos o deus de nossas vidas: ao querer conforme a nossa vontade, a perdoar se nos perdoarem, a ter fé de acordo com nosso interesse e disposição. Erramos feio ao amar de forma egoísta,  ao amar como se o amado fosse imperecível, sem amá-lo em Deus, mas como se o outro fosse Deus. Erramos ao declarar que somos donos de si e do mundo. Erramos ao rezar para que a nossa vontade seja feita. Erramos.

Ao nascermos somos convencidos de que este é o nosso lugar, a nossa morada final e a medida que o tempo passa, nossas atitudes e pensamentos vão refletindo a maneira com a qual vivemos e o constante distanciamento com o verdadeiro laço divino. O mundo opera tamanha força que é mais fácil, simples, compreensível e eficaz não empregar nenhuma potência contrária. 

A angústia surge quando ocorre a percepção da existência dessas duas forças contrárias, e verifica-se aí o primeiro passo da verdadeira conversão – a reflexão e o entendimento da diferença imensurável entre o eu no mundo e o eu do mundo. O limbo agora refletido é caminho indispensável ao bom combate. Mas, “não tenhais medo”. Deus, em sua enorme benevolência, deu-nos o hoje para que a construção que fora feita errada se refaça e seja agora feita tomando como solo fértil o Seu infinito amor.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/02/12/o-que-fazer-para-aliviar-a-angustia/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF