Padre Mário Lanciotti (1901-1983), natural de Cupra
Marittima (Ascoli Piceno, Itália), foi missionário xaveriano por cinquenta anos
na China, no Japão e, por fim, no Brasil. Atuou nas áreas mais difíceis do Pará
e do Xingu, dedicando sua vida a servir os mais pobres. Quase cego, pediu para
passar seus últimos anos em uma casa de repouso em Belém, "pobre entre os
pobres". Está sepultado em Abaetetuba, às margens do Rio Amazonas.
Por Gianluca Frinchillucci - Agência Fides
Uma nova luz se acende sobre o testemunho missionário entre
os povos da Amazônia: o Prof. Mario Polia, antropólogo, historiador das
religiões e profundo conhecedor das culturas andinas, editou a publicação de um
precioso corpus de histórias orais reunidas pelo padre Mario
Lanciotti, missionário xaveriano atuante no Brasil na década de 1960 e
ex-missionário na China e no Japão.
A obra reúne mitos, lendas e contos cosmogônicos
transmitidos oralmente por gerações de indígenas amazônicos. Padre Lanciotti os
ouviu diretamente das vozes dos fiéis de suas missões, durante longas noites
nas aldeias, muitas vezes ao luar, ao som de grilos e sapos noturnos.
"Para mim - escreveu ele - não era um passatempo: eu o considerava
indispensável ao meu trabalho como missionário."
“Procurei compreender melhor as pessoas a quem fui enviado e
ajudá-las de acordo com minhas possibilidades e habilidades. Procurei amá-las e
aceitá-las como são, esforçando-me para evitar o barulho e o paternalismo”,
escreveu em um de seus depoimentos. E, dirigindo-se a um amigo, deixou palavras
de luminosa serenidade: “Estou aqui, no meio da floresta amazônica, às margens
do rio Xingu. Estou feliz. Quando consegui trabalhar neste lugar abandonado, eu
tinha 71 anos, mas agora sinto de ter perdido 40. Aqui me sinto mais no meu
lugar como missionário. O Senhor tem sido bom demais para mim na minha velhice!
Se você quer ser feliz, venha comigo!”
“Padre Lanciotti - afirma Polia - soube coletar esses
testemunhos orais apesar da consciência de que, para muitos, essas crenças
precisavam ser superadas. Como ele mesmo disse, velhas superstições permanecem
nas camadas profundas da alma, como cartazes colados uns sobre os outros:
quando o primeiro é arrancado, o anterior reaparece. A grande inteligência de
Lanciotti era a compreensão de que, para evangelizar, é preciso primeiro
entender o pensamento do outro. Sua coleta é um ato de respeito e escuta.
“Passei muito tempo na região do Rio Xingu, na divisa entre
as terras ocupadas pelos brancos e as florestas onde ainda vivem as tribos
indígenas”, comentava o padre Lanciotti em outro relato. “Passei muitas noites
com os índios ‘civilizados’. Sentávamo-nos na grama, ao luar, enquanto grilos,
sapos e pássaros noturnos nos faziam companhia.” Depois da instrução religiosa,
eu provocava meus interlocutores indígenas para que me contassem histórias da
selva ou contos mitológicos que tinham sido transmitidos ao longo dos
séculos."
Padre Mário Lanciotti (1901-1983), natural de Cupra
Marittima (Ascoli Piceno, Itália), foi missionário xaveriano por cinquenta anos
na China, no Japão e, por fim, no Brasil. Atuou nas áreas mais difíceis do Pará
e do Xingu, dedicando sua vida a servir os mais pobres. Quase cego, pediu para
passar seus últimos anos em uma casa de repouso em Belém, "pobre entre os
pobres". Está sepultado em Abaetetuba, às margens do Rio Amazonas.
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