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domingo, 27 de julho de 2025

4 maneiras pelas quais Deus foi dramaturgo muito antes de “Cristo, o Contador de Histórias”

Monkey Business Images | Shutterstock

Tom Hoopes - publicado em 25/07/25

Deus conta histórias desde a fundação do mundo. É por isso que o ser humano é um “animal contador de histórias”.

Sempre me fascinou um aspecto de Deus que costumamos esquecer: Deus é um dramaturgo.

O Dr. Andrew Swafford, teólogo do Benedictine College, em Atchison, Kansas, onde trabalho, acaba de lançar uma série de vídeos sobre as parábolas de Cristo, chamada “Cristo, o Contador de Histórias”.

É um ótimo lembrete de que nosso Deus é um Deus contador de histórias, e nós, que fomos criados à sua imagem, também somos contadores de histórias.

Primeiro: As histórias que contamos moldam quem somos.

O falecido filósofo Alasdair McIntyre dizia: “O homem é um animal contador de histórias” e acrescentava: “Só posso responder à pergunta ‘o que devo fazer?’ se puder responder antes à pergunta ‘de que história ou histórias eu faço parte?’”

Ele quer dizer que, se eu conto minha história como “um marido e pai, em jornada para o céu”, eu me comportarei de forma diferente do que se visse minha história como “eu, eu mesmo, pegando o que puder antes que tudo acabe.”

Somos feitos para as histórias, segundo McIntyre. “Privar as crianças das histórias é deixá-las sem roteiro, gaguejantes em suas ações, assim como em suas palavras”, ele diz. “Não há como compreender nenhuma sociedade, inclusive a nossa, sem conhecer o seu acervo de histórias.”

As histórias não apenas me dizem o que devo fazer, elas me dizem quem eu sou.

Segundo: Somos assim porque Deus foi assim primeiro.

Como expressa uma antiga analogia: o Pai pronuncia a Palavra, que é o Filho, com seu Sopro, que é o Espírito Santo. Isso faz de toda a criação uma história. De fato, no Credo de cada domingo, professamos que Deus é “Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra”, mas não sem o Filho, pois “por Ele todas as coisas foram feitas”, juntamente com o Espírito Santo, “o Senhor que dá a vida.”

No domingo da Santíssima Trindade, Jesus explicou como funciona essa narrativa eterna, dizendo: “Ainda tenho muitas coisas para vos dizer”, mas insistindo que não falaria mais; em vez disso, o Espírito Santo “vos dirá tudo o que tiver ouvido” do Pai, porque “tudo o que o Pai tem é meu.”

Assim, Deus conta a história das Escrituras.

Mas terceiro: Deus escreveu outro livro além das Escrituras: o Livro da Natureza.

Como aponta o teólogo Matthew Ramage, os “dois livros” de Deus são um tema favorito da tradição cristã, desde os Padres da Igreja até o Papa Bento XVI, que disse:

“A imagem da natureza como um livro tem raízes no cristianismo e foi muito apreciada por muitos cientistas. Galileu via a natureza como um livro cujo autor é Deus, da mesma forma que a Escritura tem Deus como autor. É um livro cuja história, cuja evolução, cuja ‘escrita’ e significado nós ‘lemos’ segundo as diferentes abordagens das ciências.”

Quem já ouviu o podcast “A Bíblia em um Ano” viu como funciona um dos livros de Deus. A partir das vidas escandalosamente pecadoras de pessoas comuns, Deus constrói uma narrativa que aponta para Ele. Seu outro livro funciona da mesma maneira.

Quarto: O Livro da Natureza, como a Bíblia, é uma história bagunçada, mas que no fim se orienta para Deus.

Chris Baglow, da Universidade de Notre Dame, diz que a ciência revela que o desenvolvimento do universo é “uma história com sentido — um drama.”

Para ter uma boa história, segundo ele, você precisa de um princípio de ordem subjacente, tempo suficiente para o drama se desenrolar — e então um elemento de novidade ou surpresa.

Temos tudo isso no universo: leis naturais que funcionam com ordem infalível, mas coisas surpreendentes acontecem: asteroides colidem com planetas, alterando seus climas; a vida surge em um lugar e não em outro; animais se adaptam de formas inesperadas; certos mamíferos desenvolvem escamas enquanto outros desenvolvem nadadeiras; e então acontece a coisa mais surpreendente de todas: animais humanos começam a contar suas próprias histórias.

Para ver uma grande representação da “história científica” da criação, assista ao filme “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick. Aos 19 minutos e 30 segundos, uma mãe enlutada pergunta a Deus: “Senhor, por quê? Onde estavas?” e o filme responde com uma bela representação da resposta de Deus no livro de Jó.

Quinto: E essa é a história de fundo das parábolas que Jesus conta.

Ao contar a história de “Cristo, o Contador de Histórias”, Swafford se baseia em seu trabalho como um dos autores do livro da Ascension “Um Guia Católico do Novo Testamento.”

O livro descreve como Cristo foi um mestre extraordinário de muitas formas, mas acrescenta: “Para Jesus, contar histórias era sua técnica favorita.”

Assim como os alunos lembram mais das histórias dos professores do que das lições, Jesus sabia que suas parábolas causariam um impacto profundo nas pessoas.

Isso porque elas vêm da própria essência do ser e do coração da natureza. São histórias sobre sementes e semeadores, vinhedos e donos de vinhedos, vida vegetal e vida humana.

Em outras palavras, são ecos da história que Deus vem contando desde a fundação do mundo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/25/4-maneiras-pelas-quais-deus-foi-dramaturgo-muito-antes-de-cristo-o-contador-de-historias/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF