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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Santo Irineu ajudou a salvar a Igreja Católica do cisma

Santo Irineu na igreja ortodoxa da Santa Ascensão na Carolina do Sul
| Andrew Gould via Wikimedia (CC BY-SA 2.0)

Roma, 27 jan. 22 / 11:05 am (ACI).- Santo Irineu de Lyon uma vez ajudou a salvar a Igreja Católica do século II do cisma e, atualmente, o recém declarado “Doutor da Unidade” é o santo padroeiro de um grupo de teólogos que trabalha em problemas atuais no diálogo ortodoxo-católico.

Segundo o Grupo Misto de Trabalho Ortodoxo-Católico Santo Irineu, o novo Doutor da Igreja entendeu que a “diversidade na prática não implica desunião de fé”.

Durante a “Controvérsia Pascal” no século II, Irineu desempenhou um papel decisivo na mediação da disputa sobre a data da Páscoa.

Duas tradições principais existiam na Igreja primitiva na época. Em grande parte da Ásia Menor, a Páscoa era celebrada no dia 14 de Nisan (a Páscoa judaica), uma observância conhecida como Quartodecimanismo. Mas em Roma e em grande parte do Oriente, a festa caía em um determinado domingo – uma diferença que também tinha implicações nas práticas de jejum.

Quando Irineu servia como padre em Lyon, na atual França, ele foi enviado a Roma em 177 para fazer uma mediação nesta controvérsia e encontrar uma solução.

Irineu escreveu: “O desacordo no jejum só fala de nosso acordo na fé.”

O santo “interveio com sucesso diante do papa Victor para levantar a excomunhão dos quartodecimanos e assim evitar um cisma”, disse o grupo de trabalho de Irineu à CNA, agência do grupo ACI em inglês, em 23 de janeiro.

Os 26 teólogos católicos e ortodoxos que compõem o Grupo Misto de trabalho Ortodoxo-Católico Santo Irineu discutiram o papel de Irineu na Controvérsia Pascal durante sua reunião mais recente em Roma.

Foi durante esta reunião que o papa Francisco revelou pela primeira vez que planejava nomear Irineu o 37º Doutor da Igreja com o título de “Doutor da Unidade”.

O papa oficializou isso em 21 de janeiro com um decreto assinado durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Após a promulgação do decreto, o Grupo Misto de trabalho Ortodoxo-Católico Santo Irineu disse à CNA por que Irineu era uma escolha adequada para o título de “Doutor da Unidade”.

“Como nativo da Ásia Menor que acabou se tornando bispo no Ocidente, Irineu em sua pessoa reflete a estreita interconexão entre Oriente e Ocidente na Igreja primitiva”, disse o grupo à CNA.

“Seus escritos abordam temas críticos como a ‘regra de fé’, sucessão apostólica, o cânon das Escrituras, todos os quais são elementos-chave da fé em comum entre católicos e ortodoxos.”

o Grupo Misto de trabalho Ortodoxo-Católico Santo Irineu é composto por 13 teólogos católicos e 13 teólogos de várias Igrejas Ortodoxas (Constantinopla, Antioquia, Rússia, Sérvia, Romênia, Bulgária, Grécia, América).

O grupo se reúne anualmente desde 2004, alternando entre países de maioria católica e ortodoxa, incluindo Itália, Rússia, França, Romênia, Áustria e Grécia.

Segundo o estilo do grupo misto de trabalho, suas respostas às perguntas da CNA foram coescritas por um representante católico e um representante ortodoxo do grupo e depois aprovadas por ambos os seus cossecretários: Assaad Elias Kattan, presidente de Teologia Ortodoxa da Universidade de Münster, e Johannes Oeldemann, diretor católico do Instituto Johann Adam Möhler para o Ecumenismo.

“Irineu nos deixou um magnífico legado teológico escrito de maneira particularmente cara aos ortodoxos, porque integra motivos intelectuais e espirituais, e ao mesmo tempo tão querido no Ocidente que seus principais escritos foram preservados em latim”, disse o grupo de trabalho.

Com o novo decreto papal, Irineu tornou-se o primeiro santo em ostentar os títulos de mártir e Doutor da Igreja.

À raiz do decreto, alguns levantaram a questão de saber se há prova histórica de que Irineu foi realmente um mártir.

O Grupo Misto de Trabalho Ortodoxo-Católico Santo Irineu, no entanto, explicou por que defende que Irineu deveria ter ambos os títulos.

“Embora ele seja venerado como mártir por católicos e ortodoxos, há pouca informação sobre a maneira real de sua morte”, afirmou.

“No entanto, o martírio não se mede apenas pelo sofrimento real, mas também por um amor que expressa esse desejo de passar por tudo o que Deus permite que aconteça. Irineu, nesse sentido, foi ao menos um mártir do desejo”.

“Além disso, em seus influentes escritos, ele foi uma testemunha poderosa (‘mártys’ em grego) da fé cristã, certamente merecendo o título de mártir e ‘Doutor da Unidade’.”

O cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, elogiou o trabalho do Grupo Misto de Trabalho Ortodoxo-Católico Santo Irineu nos últimos 18 anos como um suporte valioso para o diálogo internacional católico-ortodoxo.

A próxima reunião do grupo será na Romênia em outubro de 2022.

“O ensinamento deste santo pastor e mestre é como uma ponte entre o Oriente e o Ocidente: é por isso que o indicamos como Doutor da Unidade, Doctor Unitatis.”, disse o papa Francisco em seu discurso do Ângelus em 23 de janeiro.

“Que o Senhor nos conceda, pela sua intercessão, trabalhar juntos pela plena unidade dos cristãos.”

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: pais, não se espantem diante dos problemas dos filhos. Apelo pela paz na Ucrânia

Papa Francisco - Audiência Geral | Vatican News

Na Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco convidou aos pais, diante dos problemas dos filhos, a pensarem no Senhor, a pensarem em como José resolveu os problemas e a pedirem a José que os ajude. ". Nunca condenar um filho", acrescentou o Papa.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"São José, homem que sonha" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (26/01), realizada na Sala Paulo VI.

O Papa explicou que "na Bíblia, como nas culturas dos povos antigos, os sonhos eram considerados um meio pelo qual Deus se revelava. O sonho simboliza a vida espiritual de cada um de nós, aquele espaço interior, que cada um é chamado a cultivar e a proteger, onde Deus se manifesta e muitas vezes nos fala".

Segundo o Papa, "devemos dizer que dentro de cada um de nós não existe apenas a voz de Deus: existem muitas outras vozes. Por exemplo, as vozes de nossos medos, experiências passadas, das esperanças; e há também a voz do maligno que quer nos enganar e confundir. Portanto, é importante ser capaz de reconhecer a voz de Deus no meio de outras vozes. José demonstra que sabe cultivar o silêncio necessário e tomar as decisões justas diante da Palavra que o Senhor lhe dirige interiormente".

A oração faz nascer em nós a intuição do caminho de saída

Para entender como nos colocar diante da revelação de Deus, o Papa retomou quatro sonhos relatados no Evangelho que têm José como protagonista.

No primeiro sonho, o anjo ajuda José a resolver o drama que o aflige ao saber da gravidez de Maria, quando o anjo lhe apareceu em sonho e lhe disse para não ter medo de receber Maria como esposa. A resposta de José foi imediata, pois quando acordou fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado.

Muitas vezes a vida nos coloca diante de situações que não entendemos e parecem sem solução. Rezar, nesses momentos, significa deixar que o Senhor nos mostre a coisa certa a ser feita.  De fato, muitas vezes é a oração que faz nascer em nós a intuição do caminho de saída. Como resolver aquela situação. Queridos irmãos e irmãs, o Senhor nunca permite um problema sem nos dar também a ajuda necessária para enfrentá-lo. Ele não nos joga ali no forno sozinhos. Não nos joga no meio dos animais ferozes. Não. O Senhor quando nos faz ver um problema ou revela um problema, nos dá sempre sua ajuda, sua presença para sair, para resolvê-lo.

A coragem de José para enfrentar as dificuldades

O segundo sonho revelador de José ocorre quando a vida do menino Jesus está em perigo. Ele pegou o menino Jesus e sua mãe e fugiram para o Egito e ficaram lá até a morte de Herodes.

Na vida fazemos experiência de perigos que ameaçam nossa existência ou a de quem amamos. Nessas situações, rezar significa escutar a voz que pode fazer nascer em nós a coragem de José para enfrentar as dificuldades sem sucumbir.

O medo também precisa da nossa oração

No Egito, José espera de Deus o sinal para poder voltar para casa. Este é o conteúdo do terceiro sonho. O anjo lhe revela que aqueles que queriam matar o menino morreram e ordena a José de partir com Maria e Jesus e retornar à sua pátria. Mas na viagem de volta, "quando soube que Arquelau reinava na Judéia, como sucessor de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá". Depois de receber aviso em sonho, José partiu para a região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Esta é a quarta revelação.

O medo também faz parte da vida e ele também precisa da nossa oração. Deus não nos promete que não teremos mais medo, mas que, com sua ajuda, o medo não será o critério de nossas decisões. José experimenta o medo, mas Deus também o guia através do medo. O poder da oração ilumina as situações sombrias.

Os pais diante dos problemas dos filhos

A seguir, o Papa recordou "as muitas pessoas que são esmagadas pelo peso da vida e não conseguem mais esperar e nem rezar. Que São José as ajude a abrir-se ao diálogo com Deus, para reencontrar luz, força e paz".

Francisco recordou também "os pais diante dos problemas dos filhos. Filhos doentes, com doenças permanentes. Quanta dor ali! Pais que veem orientações sexuais diferentes nos filhos, como lidar com isso e acompanhar os filhos e não se esconder no comportamento de condenação. Pais que veem os filhos morrerem por causa de uma doença, e o mais triste, vemos todos os dias nos jornais, os jovens que fazem travessuras e morrem em acidentes de carro. Pais que veem os filhos não prosseguirem na escola, muitos problemas dos pais. Pensemos em como ajudá-los. A esses pais eu digo que não se espantem. Há muita dor, muita, mas pensem no Senhor, pensem em como José resolveu os problemas e peçam a José que os ajude. Nunca condenar um filho".

O Papa recordou as mães que visitam os filhos nas prisões. Uma mãe diante de um filho que errou e está preso, mas não o deixa sozinho, dá a cara e o acompanha. Esta coragem de pai e mãe que acompanham o filho sempre.

A oração não é um gesto abstrato ou intimista

O Papa concluiu, dizendo que "a oração nunca é um gesto abstrato ou intimista, como querem fazer estes movimentos espiritualistas mais gnósticos do que cristãos, não é isso. A oração está sempre indissoluvelmente ligada à caridade. Somente quando unimos o amor à oração, amor pelo filho e pelo próximo, conseguimos compreender as mensagens do Senhor. José rezava, trabalhava e amava, e por isso sempre recebeu o necessário para enfrentar as provações da vida. Confiemo-nos a ele e à sua intercessão".

Apelo pela paz na Ucrânia

No final da Audiência Geral, o Papa convidou a rezar pela paz na Ucrânia, e a fazê-lo muitas vezes durante este dia:

Peçamos ao Senhor com insistência que aquela terra possa ver florescer a fraternidade e superar feridas, medos e divisões. Que as orações e súplicas, que hoje se elevam ao Céu, toquem as mentes e os corações dos responsáveis na terra, para que façam prevalecer o diálogo, e o bem de todos seja colocado acima dos interesses de parte. Rezemos pela paz com o Pai Nosso: é a oração dos filhos que se dirigem ao mesmo Pai, é a oração que nos faz irmãos, é a oração dos irmãos que imploram reconciliação e concórdia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Ângela de Mérici

Santa Ângela de Mérici | arquisp
27 de janeiro

Santa Ângela de Mérici

Ângela Mérici nasceu em 1470, na cidade de Desenzano, no norte da Itália. O período histórico era o do Renascimento e da Reforma da Igreja, provocada pela doutrina luterana. Os pais eram camponeses pobres e muito religiosos. E desde pequena, ela teve seu coração inclinado pela vida religiosa, preferindo a leitura da vida dos Santos.

De fato, sua provação começou muito cedo, na infância, quando ficou órfã de pai. Logo em seguida perdeu a mãe e a irmãzinha, com quem se identificava muito. Assim, ela foi viver na casa de um tio, que a havia adotado, mas que também veio a falecer. Voltou à terra natal. Depois de passar dias e dias chorando, com apenas treze anos, pediu para ingressar num convento, entrando para a Ordem Terceira de São Francisco de Assis.

Ângela tinha apenas o curso primário e chegou a ser "conselheira" de governadores, bispos, doutores e sacerdotes. Os seus sofrimentos, sua entrega à Deus e a vida meditativa de penitência lhe trouxeram, através do Espírito Santo, o dom do conselho, que consiste em saber ponderar as soluções adequadas para todas as situação da vida.

Ela também, percebeu que naquele momento histórico, as meninas não tinham quem as educassem e livrassem dos perigos morais, e que as novas teorias levavam as pessoas a querer organizar a vida como se Deus não existisse. Para lutar contra o paganismo, era preciso restaurar a célula familiar. Inspirada pela Virgem Maria, fundou a Comunidade das irmãs Ursulinas, em homenagem a santa Úrsula, a mártir do século IV, que dirigia o grupo das moças virgens, que morreram por defender sua religião e sua castidade.

Ângela acabou se tornando a portadora de uma mensagem inovadora para sua época. Organizou um grupo de vinte e oito moças, para ensinar catecismo em cada bairro e vila da região. As "Ursulinas" tinham como finalidade a formação das futuras mães, segundo os dogmas cristãos. Ângela teve uma concepção bastante revolucionária para sua época, quando se dizia que uma sólida educação cristã para as moças só seria possível dentro das grades de uma clausura.

Decidiu que era a hora de fazer a comunidade se tornar uma Congregação religiosa.Consta, pela tradição, que antes de ir à Roma para dar início a esse projeto, quis fazer uma peregrinação em Jerusalém. Assim que chegou, ficou cega. Visitou os Lugares Sagrados e os viu com o espírito, não com os olhos. Só recobrou a visão, na volta, quando parou numa pequena cidade onde existia um crucifixo milagroso, foi até ele, rezou e se curou. Anos depois, foi recebida pelo papa Clemente VII, durante o Jubileu de 1525, que deu início ao processo de fundação da Congregação, que ela desejava.

Ângela a implantou na Bréscia, dez anos depois, quando saiu a aprovação definitiva. E alí, a fundadora morreu aos setenta e cinco anos, em 27 de janeiro de 1540 e foi canonizada, em 1807. Santa Ângela de Mérici, atualmente, recebe as homenagens no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Líder protestante suíço em defesa de Bento XVI

Guadium Press
Os ataques da mídia ao Papa Emérito continuam.

Redação (25/01/2022 15:41Gaudium Press) Será que os que acham ter o controle do tribunal da opinião pública querem destruir Bento XVI? É o que muitos já afirmam, pois o Papa Emérito é considerado um obstáculo a ser removido, de forma necessária, para que certas mudanças de base ocorram.

Mas mesmo que se repita uma afirmação ou uma mentira, a realidade tem uma força intrínseca, e se faltam provas, mais cedo ou mais tarde, com paciência, a verdade acaba por se impor à falsidade.

Depois que o Papa Emérito, por meio de seu secretário pessoal, Mons. Georg Ganwein, esclareceu que estava presente em uma reunião, em 15 de janeiro de 1980, a grande mídia se vangloriou, lançando manchetes como: ‘Bento admite’, ou ‘Bento se retrata’, desviando a atenção da questão principal, e é a de que o Papa Ratzinger confirmou não ter nenhuma responsabilidade na designação um sacerdote pedófilo para um cargo pastoral.

Aguardando Bento XVI emitir um pronunciamento abrangente sobre todo o assunto, depois de ter estudado o volumoso Relatório Westpfahl Spilker Wastl sobre abusos na Arquidiocese de Munique, a “tormenta Bento” já traz o benefício de trazer à luz todo o passado de luta do Papa Emérito contra os abusos dentro da Igreja.

O cardeal Ratzinger foi um dos primeiros defensores em Roma, há mais de 20 anos, de que os abusos e encobrimentos na Igreja Católica não podiam continuar. Como Papa, ele iniciou uma grande mudança nesse sentido.

E todo o grande legado de Bento volta à tona, e acabará sendo reconhecido pelos melhores da Igreja e por um amplo setor da opinião pública.

Segundo noticiou Infocatolica, até mesmo líderes protestantes bem conhecidos, como Roger Köppel, estão assumindo a defesa de Bento XVI.

Köppel, editor do “Weltwoche”, afirmou hoje em seu programa matutino “Weltwoche Daily” que “os ataques a Bento XVI têm uma conotação política muito forte. As pessoas estão tentando culpar o Papa Bento XVI por algum tipo de cumplicidade nos casos de abuso na Igreja Católica. O que temos agora são os tribunais da moralidade. A moralidade de hoje é usada para julgar a situação jurídica do passado”.

Para Köppel, as acusações são “absurdas” e a intenção é desacreditar moralmente um Papa que defende uma posição ortodoxa e conservadora.

“Como protestante, estou do lado de Bento. As igrejas têm uma tarefa muito importante: resistir ao zeitgeist (espírito dos tempos). As igrejas não são zeitgeist, elas devem se ater ao que está escrito na Bíblia”, disse Köppel. (SCM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

A Idade Moderna – De Erasmo a Nietzsche (Parte 5/6)

Presbíteros

A Idade Moderna
De Erasmo a Nietzsche
ESTUDOS DE IDEIAS POLÍTICAS
por Eric Voegelin

Tradução e abreviação de M. C. Henriques, Lisboa, Ática, 1996

§ 6 A Justificação exclusiva pela Fé

Atente-se na personalidade do “reformador”. Foi influente Administrador da ordem dos Agostinhos, professor em Wittemberg, político eclesiástico ativo, prolífico comentador das Escrituras e a sua tradução da Bíblia cria praticamente o alemão moderno comum. Os seus sermões, conversações e correspondência enchem volumes. É conhecida a sua sensibilidade à natureza e aos animais, a sua obra de músico e de poeta, a irritabilidade e a necessidade de exteriorizar os seus sentimentos. No seu temperamento e na sua obra predominam a espontaneidade lírica. As suas inconsistências radicam na sua ansiedade. Esta atitude fundamental de ansiedade e incerteza de salvação veio a exprimir-se na doutrina da sola fide que retrata o cerne da sua antropologia anti-filosófica e que assenta na censura à justificação pelas obras e à doutrina da fides caritate formata. Sendo mais conhecido o primeiro aspecto, o segundo é mais importante e merece uma análise algo detalhada.

Na Summa Contra Gentiles, cap.116, S. Tomás de Aquino define a essência da fé como amicitia entre Deus e o homem. A fé carece de uma componente intelectual porquanto é impossível amar a Deus sem captar intelectualmente a visão beatífica do summum bonum como finalidade da vida humana. Para alcançar tal desiderato, é necessário o complemento deliberado do amor pois é pela vontade que o homem confirma o que apreendeu pelo intelecto. A relação de amicitia é mútua e livre. Não depende só do impulso humano mas supõe também a atuação da graça divina que eleva por forma sobrenatural a natureza humana. A transferência e o uso analógico do termo aristotélico f orma, permite a Tomás descrever a infusão de graça como a fé formada pela caridade, ou seja como a realidade da existência orientada para Deus.

A doutrina da fides caritate formata é uma obra prima de descrição empírica que permite a Tomás estabelecer uma tipologia da fé, com tipos plenos e deficientes. A fé pode apenas ser uma orientação intelectual sem amor; ou um impulso sentimental desacompanhado da graça; ou uma emoção utilitária marcada pela ansiedade e medo das consequências. Mas nada disto é a fé cristã que é uma cultura integral da vida. Ora, um dos pontos culminantes da filosofia e da teologia helénicas e não-cristãs, o movimento de transcendência para o realissimum que atrai o homem movido pelo impulso de Eros, é ainda um movimento unilateral da alma. A participação na ideia leva à realização da alma mas essa participação não é uma relação mútua. O homem, segundo Platão, procura a divindade; mas a divindade não se inclina graciosamente para aceitar a declaração do amor humano. Não existe um equivalente helénico para uma afirmação como a I João,4, “Deus é Amor “. O clímax medieval de interpenetração do cristianismo com a cultura, da fé com a razão, é talvez a razão de ser do Ocidente e o critério pelo qual se deve avaliar o decurso da história intelectual. E esse curso tem por tema a desintegração do núcleo doutrinário da amicitia entre Deus e o homem. Essa desintegração degenera em revolta contra Deus como base da ordem imanente da sociedade. E a progressão de dogmas da salvação humana hermeticamente fechada à realidade transcendente prenunciam o fim da civilização ocidental.

Neste contexto, a doutrina da justificação pela fé surge como um ataque deliberado à amicitia e como o início de um processo de desintegração espiritual, como se observa no escrito Von der Freiheit eines Christenmenschen de 1520. A primeira parte trata de como, através da fé, o cristão pode libertar a alma da natureza que a aprisiona. A segunda lida com a subserviência do cristão à existência corpórea. A obra abre com uma antinomia: “O cristão é o senhor livre de todas as coisas a não está submetido a ninguém, Um cristão é o servo de todas as coisas e está submetido a todos “. A fé liberta o cristão da corrupção da natureza. Mas ao traduzir a expressão paulina de Romanos 1;17, Justus autem ex fide vivit“, Lutero acrescenta o apenas: “Um cristão justo vive apenas pela fé“. Por que razão se pode afirmar que só a fé justifica? A Bíblia está dividida em duas partes; as leis do Antigo Testamento e as promessas do Novo. Aos que vivem sob a lei, as Escrituras ordenam para executar várias boas obras. Mas uma vez que a lei não confere a força para as executar, os mandamentos instilam no homem uma consciência da sua fraqueza. Se medirmos as nossas ações pelas tábuas da lei, perdemos confiança em nós, experimentamos a ansiedade, o medo de danação e finalmente, o desespero. Trata-se, afinal, de uma autobiografia. O homem que desespera fica pronto para receber a promessa: “Se te queres libertar das tuas paixões malvadas e pecados…crê em Cristo; crê e obterás; não creias e não obterás “. A promessa é a palavra revelada de Deus. Através do ato de fé, a “virtude da palavra “, die Tugend des Worts torna-se uma propriedade da alma. Tudo o que o cristão requer é a fé pois o cumprimento dos mandamentos não é necessário ao justo. E ao libertar o homem dos mandamentos, a fé livra-o da angústia que decorre da impossibilidade de cumprir a lei.

Transparece nesta doutrina uma luta pessoal, tal como a conhecemos de outras fontes. A tentativa de obedecer à lei; o desespero do perfeccionista que não compreende os problemas do pecado; o medo da danação; a ansiedade de aniquilação; a convicção de que a natureza humana é irreparavelmente corrupta e que a salvação provém da descarga do pecado em Cristo. O tom poderá ser optimista mas a experiência espiritual é trágica. A descarga do pecado mediante a fé é apenas a convicção de salvação que consola a alma; esta fé não redime a natureza caída nem eleva o homem à amicitia com Deus através da Graça, como se comprova pela famosa notória expressão pecca fortiter, inserida na carta a Melanchton de 1 Agosto de 1521: “Sê um pecador e peca ainda com mais força (pecca fortiter) mas ainda mais fortemente procura ter fé e alegria em Jesus Cristo que é o conquistador do pecado, da morte e do mundo “. Este pecca fortiter não é decerto um apelo ao deboche. Mas exprime a resignação de que a natureza humana não pode ser redimida. A certeza da salvação através da fé, “mesmo que fornicássemos e assassinássemos mil vezes ao dia” é um prenúncio do que está para vir. A relação do homem para com Deus é de confiança. A amicitia degenerou no sentimento de confiança mútua, característico dos comportamentos da classe média. Tais fórmulas permitem a qualquer radical e sectário reclamar que está habitado pelo Espírito. Pessoalmente, Lutero permaneceu firme na convicção que uma nova terra e novos céus estariam além do mundo. Nada que o homem fizesse na esfera natural poderia afetar a salvação da alma, positiva ou negativamente: e a justificação pela fé abrange só a “alma”: não afeta o velho Adão.

No que se refere à segunda parte da antinomia, sobre a esfera natural, surge primeiro a afirmação que só a fé salva; as obras nada contribuem. Mas como, apesar de tudo, o homem vive neste mundo e governa pelo menos o seu corpo e embora tais comportamentos não façam o homem mais justo, recomenda-se a ascese e a rotina do trabalho diário. Mas então por que razão ser justo? O justo deve viver justamente por amor do Deus que o salvou. Este tipo de amor de Deus segue-se à justificação pela fé; não é o amor da amicitia entre Deus e o homem. É antes uma gratidão, como se depreende do comentário a Gálatas: “Hoc sola fides apprehendit, non caritas quae quidem fidem sequi debt, sed ut gratitudo quaedam“. Enfim, surge uma especulação sobre o paraíso que considera não ser um lugar de ócio, mas um espaço no qual o homem tem obrigações sociais a cumprir. Em conclusão, “Um cristão não vive sózinho, mas em Cristo e com o seu próximo; em Cristo pela fé, e com o seu próximo através do amor “.

Tais sugestões acerca da esfera humana de existência são um conjunto de argumentos mais que uma doutrina, mas têm profundas consequências antropológicas. A ruptura profunda entre a alma e a existência corpórea adquiriu um movimento próprio na filosofia moderna de Descartes a Kant. E já Lutero concebe a justiça da alma de acordo com uma moralidade que ignora as condições concretas de existência. Está à vista o desenvolvimento da sua visão de natureza profana corrupta para uma psicologia das motivações que concebe a consciência sem orientação para um bem supremo. Esta é uma das marcas luteranas na consciência europeia. A justificação pela fé abrange apenas a alma; o homem e a sociedade não são transfigurados de modo fantasista num novo reino histórico. Belo realismo. Mas quando a fé se quebra e ao pseudo-realismo luterano se junta o milenarismo marxista, o resultado é muito diferente. Se o mundo está corrompido sem salvação; e se o reino da liberdade não pode ser a liberdade cristã da alma, a ser aperfeiçoada num outro mundo, ou a transfiguração gnóstica do espírito que mora no homem. então mais não resta do que justificar o homem através da revolução. O sola fide transforma-se no “Só a revolução vos salva” de Marx.

A inconsistência teórica, contudo, permitia a Lutero ressalvar a ideia de um paraíso terrestre. Polemiza contra a justificação pelas boas obras. Na realidade, jamais cristão algum defendera essa posição mesmo que considerasse o seu cristianismo quase perfeito por assentar no cumprimento de certos requisitos. Considera que na justificação não existe obra da lei, nem existe amor: “Se a nossa fé fosse formada pelo amor, então eu teria de tomar em consideração as nossas obras “. A intenção parece ser a de restringir o amor a um princípio imanente constitutivo da ordem social. Em Acerca das Boas Obras escreve que se uma obra é boa ou má não depende de critérios éticos: “Obras más jamais fizeram um homem mau; o malvado é que faz as más obras “. A sociedade dos sacerdotes universais, justificados na sua existência natural em Cristo e amando o próximo habita o reino paradisíaco de amor transfigurador. E assim a doutrina das boas obras, suporta a ideia luterana do estado cristão. Todas as ocupações têm o seu lugar na sociedade cristã. Tal doutrina, sobretudo após a intensificação de Calvinismo, tornar-se-á a grande força motora das sociedades Protestantes para a realização do paraíso progressivo. É, aliás, uma concepção conservadora, não-milenarista e não-revolucionária. Com a atrofia da fé, tal concepção degenera na prática em sociedade de bem-estar sem cultura do espírito nem do intelecto. Se a frágil ligação da fé Cristã for dispensada, o amor imanente torna-se no altruísmo de Comte e na filantropia dos seus sucessores positivistas.

Que aconteceu à ética? Admitindo ser correto que o justo procede sempre bem, não será excessivo afirmar que as obras iníquas não fazem um homem malvado? E que só quem age por gratidão para com Deus e não por resposta à graça divina se salva? E os pagãos não tinham virtudes? Agostinho era mais tolerante ao aceitar as virtudes dos romanos e Paulo dizia que Deus se revelara aos pagãos através da lei da natureza. A Lutero só interessa o ponto de vista pessoal. Este obscurantismo individualista desce sobre as problemáticas de toda a Ética, desde Aristóteles a Tomás. A decisão pessoal tudo resolve: “Cada um pode notar e dizer a si mesmo quando pratica o bem e o mal. Se o coração confiar que agrada a Deus, a obra é boa, mesmo que se trate de uma coisa tão pequena quanto colher uma palha. Se a confiança estiver ausente, ou se ele duvida, a obra não é boa “. Neste coração que tudo resolve, vemos prenunciada a consciência de Kant. Mas a ética da consciência é surpreendentemente conformista e conservadora. Pode ser preenchida com a aceitação das convenções e a ordem concreta da sociedade. O coração até sabe que uma taxa de juro superior 20% não é cristã.

BIBLIOGRAFIA:

Joseph Denifle, Luther und seine Entwicklung, 2 vols., 1904-6

Jacques Maritain, Trois Réformateurs, 1923

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Igreja medieval de Portugal é arrematada em leilão por cerca de 218 mil euros

Convento São Francisco, em Bragança. Foto: Wikimedia
(CC BY-SA 2.5)
25 de janeiro

Lisboa, 25 jan. 22 / 04:16 pm (ACI).- A igreja do Convento de São Francisco, em Bragança, Portugal, foi comprada hoje em leilão por cerca de 218 mil euros. O templo pertencia à ordem terceira franciscana, é classificado como Monumento de Interesse Público e considerado um dos mais emblemáticos da cidade. Não foi divulgado quem comprou o edifício e qual será sua destinação.

Segundo a agência de notícias portuguesa Lusa, a igreja e o adro foram penhorados por causa de uma dívida com uma empreiteira e leiloados on-line. A agência de notícias portuguesa afirma já eram conhecidas as dificuldades financeiras da ordem terceira franciscana, associação de leigos católicos vinculada aos franciscanos.

O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, disse que o município está acompanhando o processo e que está dispoto a “impedir que o imóvel passe para a mão de um privado”.

A igreja e o adro leiloados estão integrados ao convento de São Francisco que, atualmente está sob administração do Estado e abriga o Arquivo Distrital de Bragança. Trata-se de um conjunto arquitetônico medieval, datado do século XIII, situado junto ao castelo de Bragança. Ao longo dos anos, já foi convento, hospital militar e asilo.

Segundo o site do Arquivo Nacional Torre do Tombo, o convento de São Francisco foi fundado em 1214 e, em 1271, o testamento de dom Afonso III, primeiro documento que lhe faz referência, dotava o convento com 50 libras. O convento teria recebido “doações e privilégios dos reis”. Diz o site do arquivo que o local foi visitado por dona Isabel, por ocasião da viagem de Aragão para Portugal para se casa com dom Dinis, mandando fazer obras no edifício conventual e na igreja. Dom Dinis também o contemplou no seu testamento.

Em 1412, dom João I tomou a comunidade sob a sua proteção. Além disso, segundo o do Arquivo Nacional Torre do Tombo, “o convento recebeu ainda bens e privilégios de alguns particulares, bem como da Casa de Bragança, que foi a sua protetora ao longo do século XV”. A Casa de Bragança, oficialmente titulada como a Sereníssima Casa de Bragança, foi a casa real portuguesa de 1640 a 1910. Foram membros desta casa os imperadores do Brasil, dom Pedro I e dom Pedro II.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Sabia que São Paulo nem sempre foi padroeiro da cidade de São Paulo?

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Por Ricardo Sanches

A megalópole foi fundada no dia em que a Igreja celebra a conversão de São Paulo. Mas só recentemente o apóstolo se tornou patrono da maior cidade do Brasil.

Ao contrário do que muitos pensam, São Paulo (o apóstolo), nem sempre foi o padroeiro de São Paulo (a maior cidade do Brasil).

Na verdade, era Sant’Ana, mãe de Maria e avó de Jesus, que ocupava este posto desde 1782. Naquele ano, o Papa Paulo VI a nomeou padroeira da capital, a pedido dos portugueses. O documento que comprova este fato está guardado no Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Confusão com a fundação de São Paulo

O fato que leva muita gente a pensar que São Paulo sempre foi padroeiro da cidade e do estado de São Paulo está relacionado às origens da maior cidade do país.

São Paulo foi batizada com este nome porque a fundação do município ocorreu justamente no dia em que a Igreja Católica celebra a conversão de Paulo de Tarso (25 de janeiro).

Foi nesta data, em 1554, que noviço jesuíta São José de Anchieta fundou, juntamente com o Pe. Manoel da Nóbrega, o Colégio Anchieta. O local servia para a catequese de indígenas e também era a moradia dos padres. Foi ao redor dele que nasceu e cresceu a Vila São Paulo, transformando-se na atual megalópole brasileira.

O próprio José de Anchieta escreveu:

“A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!”

São Paulo elevado a padroeiro

Foi em 2008, após um pedido pessoal do cardeal arcebispo D. Odilo Scherer ao Papa Bento XVI, que São Paulo se tornou padroeiro da cidade, da unidade federativa e da arquidiocese que leva seu nome.

Vale lembrar que, em 1958, um decreto do Papa Pio XII já constituía o apóstolo como patrono principal da cidade e do estado.

A confirmação da constituição do novo padroeiro, inclusive da arquidiocese, aconteceu, portanto, 50 anos depois. Na ocasião, D. Odilo queria homenagear o apóstolo durante as comemorações do Ano Paulino, em que seriam lembrados os 2 mil anos do seu nascimento. O cardeal chegou a solicitar ao Vaticano que deixasse São Paulo como patrono da cidade ao lado de Sant’Ana. Mas São Paulo foi elevado, sozinho, a padroeiro da cidade, da arquidiocese e do estado.

Atualmente, a megalópole tem, ao menos, nove igrejas dedicadas a este apóstolo, que inspira a missão evangelizadora da Igreja.

Quem foi São Paulo

São Paulo é tido como uma das colunas da Igreja Católica. Ganhou destaque por levar o Evangelho ao mundo pagão.

Paulo, chamado Saulo, nasceu entre os anos 5 e 10 da era cristã, na cidade de Tarso (território atual da Turquia). Foi só depois de uma experiência mística de encontro com Cristo durante uma viagem que ele se converteu e adotou o nome de Paulo. É também conhecido como “Apóstolo dos Gentios” porque converteu pagãos em suas grandes viagens missionárias.

São Paulo foi perseguido e preso por testemunhar a fé em Cristo. Morreu decapitado e seu corpo foi sepultado fora dos muros da cidade de Roma, onde foi erguida a Basílica a ele dedicada.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Igreja, casa com fundamento apostólico

Santa Missa no Santuário de Sastin, na Viagem Apostólica à
Eslováquia   (Vatican Media)

"A Igreja é apostólica porque está fundada na pregação e na oração dos apóstolos, na autoridade que lhes foi conferida pelo próprio Cristo."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Em nosso último programa, padre Gerson Schmidt* nos propôs a reflexão "Igreja, casa de harmonia", explicando o significado da expressão "católica". De fato, segundo o Catecismo da Igreja Católica, "a palavra «católico» significa «universal» no sentido de «segundo a totalidade» ou «segundo a integridade». A Igreja é católica num duplo sentido: é católica porque Cristo está presente nela: «onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja Católica». Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, o que implica que ela receba d'Ele a «plenitude dos meios de salvação» que Ele quis: confissão de fé reta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e sê-lo-á sempre até ao dia da Parusia. ¹ "E é Católica, "porque Cristo a enviou em missão à universalidade do gênero humano".

Mas a Igreja, também é apostólica. Depois de Igreja, “casa de harmonia”, “Igreja, casa que acolhe a todos”. “Igreja, casa de comunhão”, o sacerdote gaúcho incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre nos fala hoje sobre “Igreja, casa com fundamento apostólico”:

"Quando recitamos o credo, dizemos assim: Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. A Lumen Gentium, no número 08, apresenta esse fundamento apostólico da única Igreja fundada por Cristo, afirmando assim: “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica (12); depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a a Pedro para que a apascentasse (Jo 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt 28,18 ss.), e erigindo-a para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (I Tim 3,5).

Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, é na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele (13), que se encontra, embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica” (LG 08).

O Papa Francisco em seu primeiro livro “A Igreja da Misericórdia” reflete o adjetivo da Igreja ter esse fundamento “apostólico”. Escreve assim nosso Papa: “Professar que a Igreja é apostólica significa ressaltar o vínculo constitutivo que ela tem com os apóstolos, com aquele pequeno grupo dos doze homens que um dia Jesus convocou a si, chamando-os por nome, para que permanecessem com Ele para os enviar a pregar (cf. Mc 13, 13-19)”.  

A Igreja é apostólica porque está fundada na pregação e na oração dos apóstolos, na autoridade que lhes foi conferida pelo próprio Cristo. São Paulo na Carta aos Efésios, diz com firmeza: “Irmãos, já não sois mais estrangeiros nem migrantes, mas concidadãos dos santos. Sois da família de Deus. Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra principal(angular). É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo Santo no Senhor. E vós também sois integrados nesta construção, para vos tornardes morada de Deus pelo Espírito” (Ef 2, 19-22).

A Igreja Católica, portanto, é um edifício, uma casa que tem por fundamento os apóstolos. Cristo é a pedra angular que confiou aos apóstolos a tarefa e a missão da Igreja do anuncio do Evangelho. A Igreja conserva ao longo dos séculos este tesouro inestimável que é a Sagrada Escritura, a doutrina, os Sacramentos, o ministério dos pastores, de tal modo que podemos ser fiéis a Cristo e participar na sua vida.

O Papa Francisco faz uma comparativa de uma água que brota da fonte: “é como um rio que corre na história, se desenvolve e irriga, mas a água que escorre é sempre aquela que brota da nascente, e a fonte é o próprio Cristo: Ele é o Ressuscitado, Ele é o Vivente e as suas palavras não passam, porque Ele mesmo não passa, Ele está vivo...”.

Catecismo da Igreja Católica, no número 857, afirma assim: “A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os apóstolos, e isto em um tríplice sentido: 1.Ela foi e continua sendo construída sobre "o fundamento dos apóstolos" (Ef 2,20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo; 2. Ela conserva e transmite, com a ajuda do Espírito que ela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos; 3. Ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças aos que a eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos, "assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja". 

A Igreja, enfim, é apostólica porque é enviada a anunciar o Evangelho ao mundo inteiro. Continua no caminho da história a mesma missão que Jesus confiou aos apóstolos: “Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28, 19-20)."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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¹ Catecismo da Igreja Católica, 830-831

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Paula Romana

Santa Paula Romana | arquisp
26 de janeiro

Santa Paula Romana

Paula nasceu no ano de 347 em Roma, descendia de tradicional família da nobreza desta corte. Aos quinze anos casou-se com Taxozio, que embora pagão, tolerava os cristãos. Ela era riquíssima e vivia no esplendor da opulência da aristocracia romana. Porém esta condição social não afetou seu caráter, não era uma pessoa orgulhosa o que a fazia ser amada e respeitada por todos, ricos ou pobres.

Teve cinco filhos todos educados dentro da religião cristã. Sua vocação religiosa sempre foi muito forte, sentindo-se atraída pelo ideal ascético de outras damas da corte que, em Aventino, viviam em comunidade na casa de Marcela, hoje Santa. Ela transformara sua moradia quase num convento, onde se dedicavam às orações, caridade, penitência e a aprenderem a Palavra de Deus.

Em 379, Paula ficou viúva . Ao lado da filha Eutóquio, cujo nome escreve-se assim mesmo, decidiu ingressar na comunidade de Marcela, que então já era orientada por Jerônimo, Bispo de Hipona, que depois se tornou um Santo e Doutor da Igreja e cujo pensamento continua a influenciar o rumo da Igreja de Roma.

Não demorou muito tempo, Paula e a filha transformaram sua casa num mosteiro. Nela hospedou Epifanio, Bispo de Constança, que junto com Jerônimo e Paulino, Bispo da Antioquia chegaram em Roma para o sínodo de 382. Com ele, Paula pode conhecer melhor a vida monástica dos eremitas egípcios. Depois, os dois bispos partiram e Jerônimo ficou em Roma como secretário do Papa Dâmaso. Então ele passou a guiar pessoalmente o mosteiro de Marcela orientando espiritualmente as religiosas e formulando as regras da nova comunidade.

Mais tarde com a morte do Papa, Jerônimo voltou para sua diocese no Oriente, acompanhado por Paula, Eutóquio e outras religiosas. Elas foram peregrinar na cidade santa da Palestina e por todos os outros lugares Santos. Quando chegaram em Belém, Paula decidiu fixar sua residência alí.

Logo ela construiu dois mosteiros, um hospital e uma pousada para peregrinos dedicando-se ao ensinamento litúrgico e ao estudo da Palavra de Deus. A vida era rústica e Paula se tornou o exemplo na oração, penitência e caridade, executando os serviços mais humildes e atendendo os pobres e doentes. Para estes, ela dispôs de todos os seus bens e sua vida. Patrocinou inclusive muitos religiosos, especialmente Jerônimo, que graças à Paula pôde completar sua grandiosa obra de comentários e versões.

Ela morreu no ano 404 em Belém, e foi sepultada na Gruta de São Jerônimo na Igreja da Natividade nesta cidade, na Palestina. Seu culto se difundiu por todo o mundo católico, graças à São Jerônimo que escreveu sua biografia. A igreja confirmou a festa de Santa Paula Romana que se realiza no dia 26 de janeiro.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF