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sábado, 29 de janeiro de 2022

As enchentes, a Laudato si’ e a esperança cristã

@governodabahia
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Precisamos de uma conversão ecológica, que nos leve a escolher formas mais sábias de nos relacionarmos com os espaços urbanos.

No Brasil, o verão é a temporada das tragédias ocasionadas pelo excesso de chuvas. Todo ano, nessa época, sofremos com deslizamentos, transbordamentos e enchentes. Para quem está vivendo pessoalmente esse drama, porque perdeu um ente querido ou seus bens materiais, reflexões teóricas pouco ajudam. Nessa hora, para nós cristãos, o único conforto efetivo é aquele que Deus nos dá e que nos vem com a imprevisibilidade e a concretude típicas de Sua intervenção no mundo. Contudo, refletir sobre essas situações pode nos ajudar melhor a entender a dinâmica da esperança cristã no mundo, tornando-nos mais capazes de enfrentar as provações que fatalmente acontecem na vida de todos nós.

Bento XVI, na sua encíclica Spe salvi (2007), lembra que a esperança não nasce de uma fé cega, que se pareceria mais com um ato voluntarista ou a crença num “pensamento positivo”. A esperança cristã nasce, diz o Papa, do reconhecimento de uma Novidade que já se manifesta em nossa vida, coisas talvez pequenas, mas que nos indicam que podemos acreditar no amor e na providência divinas, que darão a última palavra diante de nossas provações. Porque experimentamos o amor de Deus agindo em nossa vida, podemos esperar que Ele também irá agir no momento do sofrimento e da dor, fazendo brotar algo bom de onde só vemos catástrofes.

Catástrofes

É uma hipótese gigantesca: assim como Deus me amou e me amparou nas provações sempre que eu me entreguei a Ele, também irá, de alguma forma, amparar a cada uma das vítimas das enchentes e dos desabamentos atuais, na medida que cada um, com sua liberdade, se entregar à Sua ação amorosa. Parece impossível, se pensamos com uma racionalidade puramente humana, mas essa é apenas uma parte da grandeza da fé que nos é proposta. Cada um de nós tem a missão de comprová-la na própria vida, para que se torne fonte de esperança para nós e para todo nosso povo.

Mas essas catástrofes naturais nos mostram também a falta de sabedoria com a qual lidamos com a natureza, tema recorrente na Laudato si’, do Papa Francisco. Aprendemos a construir em todos os terrenos, a fazer grandes vias para escoar nossos veículos, construímos reservatórios subterrâneos para represar as águas das chuvas e barragens para reter os rios ou os rejeitos da mineração. Mas não aprendemos a usar esses recursos com prudência, a reconhecer seus limites, a ser solidários com nossos irmãos sem teto… Por isso, quando as chuvas aumentam, mais cedo ou mais tarde nossa engenharia se torna impotente para evitar as catástrofes.

Sabedoria

A verdadeira sabedoria, ensina a Laudato si’, mas também a ciência e o planejamento urbano mais avançados, não está em usar nossa técnica para tentar submeter a natureza, tarefa que nunca conseguiremos realizar plenamente. A verdadeira sabedoria consiste em usar nossa engenharia para vivermos em harmonia com a natureza, nos conformando a ela, de forma a aumentar nossa qualidade de vida e respeitarmos a beleza da obra do Criador.

Em muitas regiões costeiras do mundo, após a passagem de tsunamis, são feitos parques e áreas de conservação e lazer nos territórios devastados pelas ondas gigantes. Com isso, se aumenta a segurança e se implementa a qualidade de vida da população. Se nossas grandes cidades tivessem apostado mais em transporte coletivo e áreas verdes, se projetos de habitação populares atendessem uma população maior e houvesse uma fiscalização mais efetiva nas áreas de risco, muitas das tragédias que estamos vendo hoje não teriam acontecido.

Por ignorância, má fé ou até falta de opções, nossas cidades – grandes ou pequenas – são como são, estão onde estão. Para minimizar os problemas, não basta denunciar o que foi feito de errado. Precisamos de uma conversão ecológica, que nos leve a escolher formas mais sábias de nos relacionarmos com os espaços urbanos, e de uma renovada solidariedade, para ajudar aqueles que hoje sofrem com essa realidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Coreia do Sul: Arquidiocese de Seul ordena 23 novos sacerdotes católicos

Guadium Press
As novas ordenações confirmam a primavera vocacional vivida pela Igreja na Coreia do Sul.

Coreia do Sul – Seul (28/01/2022 16:42, Gaudium Press) Nesta sexta-feira, 28 de janeiro, o Arcebispo de Seul, Dom Peter Chung Soon-taick, presidiu a cerimônia de ordenação de 23 novos sacerdotes católicos. A solenidade ocorreu na Catedral de Myeongdong, e contou com a presença do Monsenhor Fernando Reis, encarregado dos Assuntos da Nunciatura Apostólica na Coreia, do Cardeal Andrew Yeom e dos Bispos auxiliares.

Guadium Press

Envio de missionários à América Latina

A liturgia foi transmitida ao vivo pelo canal televisivo diocesano ‘Catholic Peace Broadcasting Corporation’ e também pelo seu canal no YouTube. O Arcebispo Chung agradeceu a Deus por possibilitar essas ordenações, assim como aos pais dos novos sacerdotes, aos párocos e religiosas, professores e guias espirituais. Agradeceu também aos funcionários e benfeitores do seminário, que apoiaram os recém-ordenados em sua vocação de servir a Igreja.

Guadium Press

Três dos novos sacerdotes são membros da ‘Seul International Catholic Missionary Society’, uma sociedade missionária fundada em 2005 pela Arquidiocese de Seul, empenhada em enviar missionários à América Latina. Segundo o Arcebispo de Seul, um sinal concreto de que a Igreja na Coreia prosperou, é que ela “passou de uma ‘Igreja que acolhe’ para uma ‘Igreja que dá’, pronta para assumir uma visão missionária e solidária no exterior e, portanto, pronta para a ‘Missio ad Gentes’”.

Guadium Press

Primavera vocacional na Coreia do Sul

“A Igreja local trabalhará ainda mais para promover as vocações ao sacerdócio e à vida religiosa, com a confiança no chamado de Deus a dar sempre novos obreiros à sua vinha, como um dom, não só para a Igreja na Coreia, mas para a Igreja universal”, concluiu Dom Peter Chung Soon-taick.

As novas ordenações confirmam a primavera vocacional vivida pela Igreja na Coreia do Sul. Atualmente, a Arquidiocese de Seul, possui em seu território 966 sacerdotes, incluindo um Cardeal, um Arcebispo, três Bispos e cinco Monsenhores. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Quem é Bento XVI? O testemunho do cardeal Filoni

O cardeal Fernando Filoni com Bento XVI / Bento XVI | ACI

Vaticano, 28 jan. 22 / 04:30 pm (ACI).-  

Abaixo, um texto especial do cardeal Fernando Filoni, grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro

Essa é a pergunta que surge na mente de muitos nos últimos dias, dias de grande sofrimento para ele e para a Igreja.

No início de seu pontificado (2005) disse que se via como um humilde servo na vinha do Senhor, pensando na parábola do Evangelho Segundo são Mateus (21, 33-43). Nessa parábola, Jesus condenou o comportamento daqueles que, com a sua infidelidade, arruinaram aquela vinha plantada com sacrifício e dedicação. Naquela vinha, amada por Deus, para ser bem cultivada, o proprietário havia enviado trabalhadores. Pertencia a ele e os trabalhadores deveriam ter cuidado dela e não tomado posse.

Conheço Bento XVI pessoalmente, sobretudo porque, no início do seu ministério pontifício, ele me chamou a Roma das Filipinas, para onde, um ano antes, havia me mandado como representante pontifício. Lembro-me bem do nosso primeiro encontro; era o início de julho de 2007. Ele havia me nomeado Substituto da Secretaria de Estado, ou seja, um de seus colaboradores mais próximos. Isso me permitiu estar com ele pelo menos uma vez por semana para falar sobre os assuntos que lhe eram caros e receber informações apropriadas sobre muitos aspectos da vida da Cúria Romana e da Igreja.

Ao cargo do substituto também era confiada a organização das viagens papais, de modo que nos quatro anos em que permaneci no cargo, antes de me tornar prefeito da Congregação para as Missões, pude acompanhá-lo aos vários países aonde fez suas viagens apostólicas.

Naqueles anos, a 'questão da pedofilia' na Igreja surgiu com virulência. Não era conhecido nos termos em que gradualmente emergiu. Mas a vontade de Bento XVI de enfrentá-la com determinação sempre foi clara para mim.

Nisto posso testemunhar sobretudo a sua profunda e elevada honestidade moral e intelectual.

Isso é indubitável, mesmo que não faltem os que hoje se enfurecem contra ele. Eles são livres para fazê-lo, mas posso afirmar que nunca encontrei nele qualquer sombra ou tentativa de esconder ou minimizar nada. Tampouco sua delicadeza em lidar com coisas de profundo senso moral pode ser confundida com incerteza ou qualquer outra coisa.

Também estou bem ciente de sua imensa perturbação diante de graves questões eclesiais e lembro-me claramente de uma expressão que ele proferiu com um profundo suspiro: "Quão inescrutável é o abismo em que se cai pela miséria humana!" Isso o afligia intimamente e às vezes ele permanecia em silêncio por muito tempo. Ainda mais se essas misérias humanas tocaram os homens da Igreja.

Ele tinha um sentimento perceptível pelas vítimas. Quando em preparação para as suas viagens apostólicas (Estados Unidos, Austrália etc.) recebeu pedidos de encontros com vítimas de abusos, falou-me deles.

Ele queria saber o que eu pensava sobre como atender a esses pedidos. Posso afirmar que recomendou dois aspectos de que muito se preocupou: 1) o profundo respeito pelas vítimas cuja identidade deveria ser resguardada. Por isso ele queria que as reuniões ocorressem longe do olhar das câmeras ou de outras ferramentas visuais. Ele não queria testemunhas, mas queria que eu estivesse entre os poucos presentes discretamente; 2) desejava que a reunião não fosse uma espécie de 'audiência' com um simples aperto de mão e um rápido olhar, mas uma verdadeira reunião de oração. Que tivesse uma dimensão espiritual e tivesse lugar diante de Deus a quem era necessário implorar misericórdia. Por isso aceitou a ideia de que os encontros se realizassem na capela, em frente à Santíssima Eucaristia. Assim, depois de alguns minutos de oração com as vítimas, depois de pesados ​​momentos de relacionamento, costumavam recitar juntos o Pai Nosso. Prestava atenção em cada um deles, ouvia com emoção visível e palpável e no final dava um rosário a cada um.

Nesses encontros havia não só a sensação da humilhação sofrida pelas vítimas, mas também a humilhação de um homem da Igreja que jamais poderia imaginar que ações tão degradantes pudessem acontecer, mas agora oferecia o bálsamo de uma oração e a alívio de uma solidariedade em nome daquele Deus que se humilhou e tomou sobre si a condição humana e seus pecados. Em cada encontro sempre houve um verdadeiro sentido humano e espiritual violado. Ainda havia a confiança em Deus de irmãos e irmãs profundamente comovidos. Houve um pedido de perdão de toda a Igreja a Deus, e houve um compromisso haveriam de ver Bento XVI combinar misericórdia e justiça, o que ele fez por meio de medidas que não existiam até então.

Esse é Bento XVI, que conheço de perto. Um 'pastor', um 'trabalhador' da vinha do Senhor, que sempre teve no coração uma profunda "preocupação por todas as Igrejas" e por uma humanidade aflita, caída e sem Deus, como ele disse durante a visita, naquela tarde distante de 25 de abril de 2005, à basílica de São Paulo Fora dos Muros, o apóstolo dos povos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

El Salvador. Filme reconstrói massacre de 1989 na UCA

El Salvador. Mártires da UCA | Vatican News

"O importante do projeto é que ele nos convida a lembrar. Para não esquecer o que aconteceu em 1989 e o que está acontecendo em muitos lugares da América Latina e da América-Central, que é a experiência persistente da injustiça e da violência e à qual a Companhia de Jesus ainda tenta responder através das instituições que tem nesses países", afirma o superior provincial dos Jesuítas da Espanha, padre España. "Eles vieram à noite" é o título do filme de Uribe sobre o massacre dos Jesuítas em 1989.

Vatican News

Na manhã de 16 de novembro de 1989, em meio à guerra civil salvadorenha, seis padres jesuítas, professores universitários e duas funcionárias foram assassinadas na Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas (UCA), em San Salvador. A notícia teve destaque internacional imediato, pois além da barbárie, os padres assassinados incluíam um renomado intelectual, Ignacio Ellacuría.

A posição dos jesuítas da UCA era fundamental para mediar um acordo de paz e pôr um fim a uma década de conflito sangrento. O governo imediatamente culpou os guerrilheiros da FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), mas uma testemunha ocular negou a versão oficial.

Testemunha ocular e condenação de um dos culpados

Seu nome é Lucía Barrera de Cerna e ela trabalhava como faxineira na UCA. Naquela noite, ela viu os verdadeiros assassinos: o exército. Seu testemunho será a chave para esclarecer a verdade e fazer justiça, mas também mudará sua vida e a de sua família para sempre.

Trinta anos depois, em 2020, a Audiência Nacional de Madri condenou o ex-coronel e vice-ministro Inocente Orlando Montano Morales a 133 anos e 4 meses de prisão por ser um dos mandantes e executores do massacre perpetrado pelas Forças armadas salvadorenhas.

Lançamento do filme em 25 de março nos cinemas

"Eles vieram à noite" é o título do novo filme de Imanol Uribe sobre o massacre dos Jesuítas, baseado no testemunho de Lúcia, a única testemunha do crime, que será lançado no dia 25 de março nos cinemas.

Filmado entre Espanha e Colômbia, segundo uma nota dos Jesuítas, o filme narra os acontecimentos que chocaram toda uma geração, e é uma história de personagens, sua luta pela verdade e justiça em um país em guerra e seu desejo de superar aquele momento de horror.

Para não esquecer o passado e o presente

O roteiro tem a aprovação da Ordem de Santo Inácio de Loyola, que vem acompanhando os produtores nos últimos meses. "Acolhemos com grande entusiasmo a ideia de Uribe de fazer este filme", destacou o superior provincial dos Jesuítas da Espanha, Antônio España.

"O importante do projeto é que ele nos convida a lembrar. Para não esquecer o que aconteceu em 1989 e o que está acontecendo em muitos lugares da América Latina e da América-Central, que é a experiência persistente da injustiça e da violência e à qual a Companhia de Jesus ainda tenta responder através das instituições que tem nesses países", frisou ainda.

(com Fides)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Valério de Treviri

S. Valério de Treviri | Rede Século 21
29 de janeiro
São Valério de Treviri

Origens

Não se tem muita informação sobre São Valério de Treviri. Sabe-se, porém, que ele teria nascido no século III e morrido no século IV.

Vida religiosa

Segundo documentos pontifícios, Valério foi realmente bispo de Treviri e prestou um importante trabalho para a evangelização na Igreja de Roma. Primeiramente, ele auxiliou Eucario, o primeiro bispo de Treviri. Depois, colaborou com Materno. Eucario e Materno estão incluídos no Livro dos Santos, figurando como apóstolos de seu país natal, a Alemanha.

Como Jesus, ressuscitou o amigo

Nos registros oficiais do Vaticano do final dos anos 900, onde estão registradas as causas da santificação dos religiosos, encontra-se a seguinte definição sobre São Valério: “converteu multidões de pagãos e operou milagres singelos e expressivos”. Certamente o milagre de maior destaque foi o da ressurreição do amigo Materno, com apenas um toque de seu cajado episcopal.

Valério soube o dia de sua morte

Valério foi avisado em sonho por Eucario, seu companheiro de missão já falecido, que ele seria recebido no céu no dia 29 de janeiro. Valério faleceu no dia previsto, no começo do século IV. Não se sabe, porém, o ano de sua morte.

Culto e devoção

A fama da santidade de Valério aumentava a cada dia. As pessoas procuravam sua sepultura, onde faziam suas orações de agradecimento e de pedidos. O culto a São Valério se intensificava na medida em que novas igrejas eram construídas e dedicadas a ele, principalmente nas regiões de língua germânica. Ele se tornou o padroeiro de muitas cidades. Suas relíquias estão na Basílica de São Matias, numa urna de prata, em Treviri, atual cidade de Tries, na Alemanha.

Oração a São Valério de Treviri

Inspirai-nos, o Deus de amor, pela intercessão de São Valério, o zelo pastoral pelos mais abandonados e necessitados de conversão. Por Cristo nosso Senhor. Amém. ”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Ator que interpretou Barrabás: “Não temos consciência do milagre da Eucaristia”

You Tube
Por Francisco Vêneto

Pietro Sarubbi já havia comovido o mundo ao contar como o olhar de Jesus o tinha convertido em "A Paixão de Cristo".

Pietro Sarubbi é o ator italiano que não queria interpretar o papel de Barrabás no filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Embora muito afastado da Igreja na época das gravações, Pietro desejava interpretar o apóstolo São Pedro – não porque tivesse particular apreço pelo Santo Padre, mas apenas porque o valor a ser pago por dia de trabalho era mais alto. Não foi pequena a sua decepção quando o diretor lhe disse que o queria no papel de Barrabás.

O próprio Mel Gibson, porém, lhe explicou que Barrabás não era apenas um bandido. O rebelde zelote tinha ficado muitos anos preso, fora torturado e levado ao limite do humanamente suportável. Uma frase de Mel Gibson bateu fundo no coração de Pietro: Barrabás tinha ido se transformando num animal, um ser embrutecido e sem palavras que só se expressava com o olhar. Era por isso que o diretor o tinha escolhido: porque Pietro poderia encarnar tanto o animal selvagem quanto, no fundo do coração, manter no olhar o brilho de um homem bom. Durante as gravações, Pietro Sarubbi e o zelote se fundiram num só. A cena avançava e Pietro encarnava os acontecimentos de tal forma que já nem atuava conscientemente. Quando as autoridades libertam Barrabás, escolhido pela multidão no lugar de Jesus, o bandido, entre incrédulo e exultante, fitava os poderosos e depois a turba com ironia. É quando desce as escadas e o seu olhar se cruza com o de Jesus. Pietro mesmo testemunha:

“Foi um grande impacto. Eu senti uma corrente elétrica entre nós. Eu via o próprio Jesus”.

E foi graças à força daquela cena compartilhada com o colega Jim Caviezel, intérprete do Cristo ali condenado ao suplício horrível da morte na cruz, que uma paz desesperadamente procurada ao longo de tantos anos finalmente inundou a alma do incrédulo ator italiano:

“Quando olhou nos meus olhos, os olhos de Jesus não tinham ódio nem ressentimento. Só misericórdia e amor”.

Em 2011, Pietro Sarubbi relatou a sua impactante conversão no livro “Da Barabba a Gesù – Convertito da uno sguardo” (“De Barrabás a Jesus: convertido por um olhar”). O ator relata, nessa obra, que a fé passou a abranger todos os setores da sua vida. As páginas do livro, aliás, se encerram com uma interpretação pessoal daquele episódio que mudou para sempre a sua trajetória:

“Barrabás é o homem a quem Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade”.

Recentemente, outro testemunho de Pietro Sarubbi tem impactado o mundo católico.

Ele participou de um documentário sobre a Eucaristia intitulado “O Beijo de Deus” e foi entrevistado a esse respeito pelo site Alfa y Omega. Na entrevista, ao falar do sua relação atual com Cristo, Pietro afirmou que segue Jesus “com o cansaço de um pobre pecador que tenta corresponder a um amor tão grande, caindo mil vezes, mas com a certeza de sempre ser perdoado, esperado e amado, mil e uma vezes”.

Ele busca a presença de Jesus principalmente na Eucaristia, da qual declara: “É um presente excepcional que Deus dá ao homem. O homem moderno não tem consciência da grandeza do milagre que é poder participar da Ceia com Cristo todas as vezes que quisermos”.

Pietro também compartilha um depoimento sobre a importância da Eucaristia na sua vida:

“Eu não era casado, mas, depois da minha conversão, quis me casar, ser digno de receber a Eucaristia. Nas primeiras vezes em que fui à Missa depois da minha conversão, fui com meus filhos e minha esposa. A certa altura, uma das minhas filhas começou a preparação para a primeira comunhão, mas, depois de receber toda a catequese, falou para o padre que não queria receber a Eucaristia. Espantado, o padre perguntou por quê e ela disse isso: ‘porque a Eucaristia é muito amarga’. ‘E como é que você sabe, se nunca experimentou?’. E ela respondeu: ‘Eu sei porque, toda vez que o meu pai comunga, ele chora’. Esta é a Eucaristia na minha vida!”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O homem responsável por seus atos

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

“O homem possui realmente liberdade de arbítrio, de modo a ser responsável por seus atos?”

Questão formulada a propósito de um texto de Alexandre Dumas Fils:

De certo modo já foi dada resposta a esta questão ao se abordar o tema do Destino em “Pergunte e Responderemos” nº 3/1957 qu. 4. Voltemos ao assunto, procurando aprofundá-lo.

1. A liberdade de arbítrio de que pretendemos tratar aqui, e a propriedade arraigada na vontade do homem de poder escolher entre o agir e o não agir, entre o agir deste modo e o agir daquele modo.

A existência desta propriedade se deriva das proposições seguintes:

O homem possui duas faculdades que o caracterizam como ser espiritual: a inteligência e a vontade.

A inteligência é capaz de formar o conceito de ser como tal, abstração feita de tal e tal modalidade do mesmo. Quando à vontade, é a faculdade que ama o ser previamente conhecido pela inteligência. Ora todo ser, por natureza, é bom (o mal é uma carência; cf. “Pergunte e Responderemos” 5/1957 qu. 1). Disto se segue que a vontade em qualquer de seus atos quer o bem, e não pode querer senão o bem (o bem real ou, ao menos, o bem aparente).

Digamos agora que a inteligência apresente à vontade o Ser (que é também o Bem) real infinito (Deus) aprendido como infinito, sem mistura de não-ser ou de imperfeição; a vontade então não pode deixar de aderir a Ele e de se dar por plenamente satisfeita; no caso não goza de liberdade, porque o não-agir ou o agir de outro modo não lhe podem parecer um bem (o Bem infinito é o que esgota o conceito de Bem). Todavia o encontro face a face com o Infinito não se dá na vida presente. Todo bem que a inteligência conheça na terra ou é finito ou é o Infinito (Deus) apreendido analogamente, à semelhança dos seres finitos; donde se segue que, enquanto está unida ao corpo, a vontade humana nunca é necessariamente solicitada por determinado objeto. Qualquer ser que se lhe apresente, pode-lhe aparecer não somente como um bem, mas também como um não bem ou como um bem deficiente (o próprio Deus lhe ocorre não apenas como Pai atraente, mas também como o Legislador coibitivo de tais e tais prazeres desregrados e, enquanto tal, pode ser repudiado). É isto que nos leva à conclusão de que a vontade humana goza de liberdade de arbítrio neste mundo em relação a qualquer bem criado e em relação ao próprio Criador; enquanto a inteligência apresenta à vontade os aspectos de um objeto convenientes às disposições momentâneas do sujeito, a vontade se inclina para esse objeto; dado, porém, que o indivíduo se ponha a considerar os aspectos do mesmo objeto que contrariam às paixões do sujeito, a vontade já tem fundamento para o rejeitar.

Eis brevemente o argumento filosófico donde se deduz a existência do livro arbítrio no homem. Tal raciocínio é comprovado pela experiência: todo indivíduo tem consciência de ser, por natureza, senhor de seus atos, responsável do que fez e deixou de fazer; pressuposto isto, as leis sempre estabeleceram sanções correlativas ao procedimento do homem.

2. Vejamos agora outro aspecto da questão.

A vontade humana, cuja natureza considerávamos acima, age dentro de um corpo e em dependência deste, pois é mediante os sentidos que ela é posta em presença dos diversos objetos que a podem solicitar (entre os órgãos da vida sensitiva toca especial importância ao diencéfalo, parte do cérebro que desempenha o papel de uma espécie de central telefônica ou de um radar em relação aos demais sentidos).

Em consequência desta união com o corpo, a vontade sofre as influências da constituição própria do mesmo, constituição que varia de indivíduo para indivíduo, de biótipo para biótipo, sendo em grande parte transmitida pelas leis da hereditariedade, em parte também influenciada por fatores sociais, geográficos, históricos, etc.
A moderna Psicologia científica adverte que não se pode dissociar no homem o plano intelectivo e volitivo do plano sentimental nem este do plano vegetativo é instintivo; todo ato volitivo, por exemplo, é acompanhado, de maneira mais ou menos inconsciente, por movimentos emotivos que escapam ao pleno controle da vontade; a linguagem humana (que é a expressão mais típica do raciocínio ou da espiritualidade do homem) e acompanhada por movimentos mímicos, gestos automáticos do corpo, desencadeados pelo funcionamento da inteligência e da vontade. Assim o espiritual e o corpóreo, o consciente e o inconsciente, colaboram intimamente no homem.

Admita-se, pois, que algum órgão ou a estrutura geral do organismo se ressinta de defeito ou desequilíbrio, transmitido por hereditariedade ou contraído pelo próprio sujeito (…). O psiquismo humano padecerá naturalmente os efeitos daí decorrentes: torna-se-á mais ou menos incapaz de reconhecer as normas objetivas do seu procedimento ou de conceber exatamente, “aqui e agora”, o que é seu dever manifestará também inclinações aberrantes, obsessões (…). Alguns defeitos fisiológicos podem estar tão arraigados que impeçam em grau maior ou menor o devido funcionamento da inteligência e da vontade. Em tais casos a liberdade do agente é diminuída ou de todo tolhida; o pecador é então por Deus isentado de culpa, não lhe sendo imputado o que ele realiza sem a participação de sua livre vontade. Sabe-se que a Moral não obriga a incriminar de antemão todo indivíduo do qual procede materialmente (ou no foro externo) uma ação criminosa.

Na base da experiência, principalmente dos tempos modernos (enervados por guerras e convulsões diversas), pode-se crer que defeitos fisiológicos, hereditários ou adquiridos, afetem grande número de indivíduos, impedindo-lhes em grau parcial ou tal o exercício da liberdade. Não se poderia dizer, porém, que toda e qualquer pessoa acusada de culpa em nossos dias é inocente a multiplicação de casos patológicos não mudou a natureza humana como tal. A prova disto é que se tem empreendido com pleno êxito operações que, corrigindo o mau funcionamento de certos órgãos (cérebro, glândulas, etc.), têm permitido ao indivíduo fazer uso normal de sua liberdade ou da faculdade de dominar os seus atos: o delinquente inveterado se pode às vezes tornar indivíduo sadio, dotado de plena responsabilidade. Destas operações, já mencionamos em “Pergunte e Responderemos” nº 3/1957 qu. 4 as que foram realizadas em cérebros humanos por Orage Nielson e Puech. Tais intervenções cirúrgicas não significam produção ou restauração da inteligência ou da vontade no indivíduo (isto suporia não haver diferença entre espírito e corpo, tese de que trata a resposta nº 1 deste fascículo); significam apenas que os médicos podem restituir à inteligência e à vontade de uma pessoa os instrumentos corpóreos (as “minas” de matéria prima) de que estas faculdades precisam para exercer sua atividade espiritual.

3. Pergunta-se agora: será que os indivíduos predispostos ao mal (e todos o são até certo ponto, porque a natureza humana se ressente do desequilíbrio original ou da desordem que nela introduziu o primeiro pecador) ainda podem ser tidos como criaturas de Deus? Não serão simples produtos da cega fatalidade hereditária, como afirma Dumas?

Na verdade, Deus nunca deixa de reger a natureza que ele criou. Criou-a, porém, dotada de suas leis biológicas, de suas normas de hereditariedade e permite em geral que estas se atuem. O corpo humano, por conseguinte, é formado com as características típicas da família de que descende; e a tal corpo o Criador infunde tal alma a ele adaptada, e a ele só. O Senhor não quis criar todos os indivíduos iguais, pois entende manifestar pelas criaturas a variegada riqueza de suas perfeições. O fato é que todo ser humano nasce normalmente com um cabedal de qualidades e, ao mesmo tempo, com certo lastro de tendências ao erro (devidas à natural falibilidade da criatura acentuada pelo pecado dos primeiros pais; a respeito deste veja-se “Pergunte e Responderemos” nº 8/1957 qu. 6). Em consequência todos tem que lutar contra a concupiscência inata, uns de maneira mais visível, outro de modo mais oculto, mas não menos real. Tenha-se por certo que a cada um o Criador comunica os meios para sair vitorioso deste combate; a ninguém Ele denega o auxílio adequado ao respectivo caso.

A quem mais tem que lutar, competirá também mais íntima participação na felicidade de Deus, pois terá tido ocasião de mais exercer o amor a Deus. Quanto aos indivíduos totalmente tarados ou irresponsáveis, permanecem abaixo da ordem moral, e salvam-se como as criancinhas que morrem antes de chegar ao uso da razão; Deus só julga o homem na medida em que a este é dado agir com liberdade. E saibamos que esta medida escapa facilmente à nossa capacidade de observação; por conseguinte, não queiramos julgar (…), nem aos homens nem a Deus!

D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 5, Ano 1958, p. 199

Fonte: https://cleofas.com.br/

PRINCÍPIOS DE FIDELIDADE DA EDUCAÇÃO CATÓLICA

Estátua de São Paulo | dreamstime

Dom Antonio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

EDUCAÇÃO CATÓLICA:  PRINCÍPIOS DE FIDELIDADE DA EDUCAÇÃO CATÓLICA (Parte 4)

A Igreja Católica se interessa pela educação porque ela faz parte do processo de evangelização. Como já refletimos no primeiro artigo desta série, não existe profunda evangelização sem a educação da fé. O aprofundamento dos conteúdos da fé se dá através de um dinamismo educativo pessoal e comunitário; sem isso, não haverá mudança de mentalidade e nem conversão.

Diante dos desafios do desenvolvimento humano integral, da educação, da evangelização e da catequese, a Igreja orienta-se com firmeza pelo propósito de fidelidade. Por isso o Papa Francisco, na Constituição Apostólica “Veritatis Gaudium”, sobre as universidades e as faculdades eclesiásticas (cf. Art.73 sobre as normas comuns), afirma: “Na investigação e no estudo da doutrina católica deve brilhar sempre a luz da fidelidade ao Magistério da Igreja”.

Esse princípio da fidelidade tem diversos horizontes, a saber: ao ser humano, a Jesus Cristo, à Igreja, à Tradição, ao Reino de Deus, aos princípios éticos. Dentre as muitas recomendações que Jesus deixou aos seus apóstolos, recordemos aquela da vigilância. Hoje, no campo da educação, isso significa, não nos deixarmos seduzir por ideologias que faria a Igreja deixar de ser Sal e Luz na sociedade (cf. CT, 55; ES, 8). Assim a Educação Católica tem uma responsabilidade profética na sociedade.

Por amor e fidelidade a Jesus Cristo a Igreja é chamada a manter-se sempre vigilante para poder superar os desafios da sociedade, sobretudo, aos que se opõe à autêntica visão do ser humano e sua razão de ser neste mundo. Esse princípio basilar de fidelidade não rege somente a Igreja no seu serviço no campo da Educação, mas em todas as suas atividades e em todos os contextos.

  1. Princípio da fidelidade ao ser humano

A Igreja é “perita em humanidade” (Paulo VI, Populorum Progressio, 13) porque o seu senhor, Jesus Cristo, lhe revelou com suas palavras, gestos e atitudes, o sentido da existência humana e a sua vocação última, a vida eterna. A Igreja, através da educação e todas as suas atividades (a evangelização, catequese, liturgia, ação social…) tem o compromisso de fidelidade à sua origem sagrada, vocação, identidade (criatura, sujeito, filho de Deus, irmão), dinâmica de vida, meta definitiva. “O mistério do homem só se esclarece no mistério do Verbo encarnado” (GS, 22).

Cristo nos oferece os critérios fundamentais para se obter uma visão integral do homem que, por sua vez, ilumina e completa a imagem concebida pela filosofia e as contribuições das outras ciências humanas, a respeito do ser do homem e de sua realização histórica. Por isso firme no propósito de fidelidade à verdade sobre o homem a Igreja se manifesta contrária a todo humanismo ateu e ideologias que atentam contra a dignidade humana: ideologia determinista, economicista, psicologista, estatista, técnico-cientificista, biologista etc. (cf. Doc. Puebla,305-317). Todas elas atentam contra a visão holística do ser humano.

  1. Princípio da fidelidade a Jesus Cristo

Filho de Deus, o Senhor, Mestre, Salvador… Autoridade absoluta! “Caminho, Verdade Vida” (Jo 14,6). A Igreja é serva, Jesus é o seu Senhor, a cabeça da Igreja. “Ele é a cabeça do Corpo, que é a Igreja; Ele é o princípio e o primogênito dentre os mortos, a fim de que em absolutamente tudo tenha a supremacia” (Cl 1,17-18).

Recordemos que não existe para a Igreja Católica dicotomia entre a pessoa de Jesus e a Palavra de Deus. Jesus Cristo é a Palavra de Deus: Portanto, Jesus Cristo é o critério de validade de tudo aquilo que se encontra na Bíblia: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (cf. Jo 1,1). “Havendo Deus, desde a antiguidade, falado, em várias ocasiões e de muitas formas, aos nossos pais, por intermédio dos profetas, nestes últimos tempos, nos falou mediante seu Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo o que existe e por meio de quem criou o Universo” (Hb 1,1-2).

O princípio da fidelidade a Jesus Cristo estimula a Igreja a acolher a totalidade da pessoa do Salvador: suas palavras, seus ensinamentos, seus gestos, suas atitudes, suas opções, suas iniciativas, sua sensibilidade, suas virtudes, seus sonhos (inquietudes).

  1. Princípio da Fidelidade ao Magistério da Igreja

“Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles ‘transmitindo seu próprio encargo de Magistério” (CIC,77). O magistério da Igreja tem como função interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida; esse sério serviço de preservar o autêntico tesouro da fé é exercido em nome de Jesus Cristo, em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma e o colégio apostólico. Disse Jesus: “Quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16).

“Todavia, tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado” (CIC,86).

  1. Princípio da fidelidade ao Reino de Deus

Vejamos o que nos diz o papa Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi: “Como evangelizador, Cristo anuncia em primeiro lugar um reino, o Reino de Deus, de tal maneira importante que, em comparação com ele, tudo o mais passa a ser “o resto”, que é “dado por acréscimo” (EN,8).

Para a Igreja a dinâmica do Reino de Deus é absoluta, e faz com que se torne relativo tudo o que não se identifica com Ele. O Reino de Deus é a manifestação evidente da presença de Jesus agindo através da Igreja em todas as áreas da vida humana. A presença de Jesus gerava impacto na sociedade e assim os cegos enxergavam, os coxos andavam, os leprosos eram curados, os surdos ouviam, os mortos ressuscitavam e a devida atenção cheia de esperança era anunciada aos pobres (cf. Mt 11,5). A promoção do Reino de Deus e a meta de toda atividade pastoral da Igreja.

  1. Princípio da fidelidade aos valores éticos universais

O Concílio Ecumênico Vaticano II, afirmou a íntima união da Igreja com toda a família humana declarando: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (GS,1). Mais ainda: tem um compromisso de fidelidade para com a sociedade (cf. CT,67); há uma interdependência dos valores éticos, tudo está interligado. “Amor e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam” (Sl 85,11).

A Igreja tem o compromisso de contribuir com a promoção da justiça, paz, solidariedade, diálogo em todo o mundo. Tudo o que fere a dignidade humana, atinge a vida da Igreja.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL:

  1. Quais são os diversos horizontes de compromissos de fidelidade da Igreja?
  2. Quais são as consequências de uma educação infiel ao ser humano?
  3. É possível a promoção da educação católica sem a fé em Jesus Cristo

Os remédios (reais) de Santo Tomás de Aquino contra a dor e a tristeza

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Por Daniel R. Esparza

Você já ouviu a frase segundo a qual Santo Tomás de Aquino recomendaria um bom sono, um banho e uma taça de vinho para espantar a tristeza? Saiba o que realmente está por trás dessa afirmação.

A navegar pela internet, você já deve ter-se deparado com uma frase bastante reconfortante atribuída a Santo Tomás de Aquino. Ela diz o seguinte: “a tristeza pode ser aliviada por um bom sono, um banho e uma taça de vinho”.

Isso sim é uma bela combinação! Uma taça de vinho antes ou depois de um bom banho pode ajudar a maioria de nós a dormir melhor — pergunte a qualquer um de seus amigos mediterrâneos em caso de dúvida. No entanto (e desculpe decepcionar) não é isso que Aquino disse.  

Tomás de Aquino discute as curas para a dor na Segunda Parte da Summa Theologica, mais especificamente na questão 38 (Dos remédios da dor ou tristeza). Porém, enquanto o sono e os banhos são de fato recomendados, o vinho não aparece na lista.

De maneira tipicamente escolástica, Tomás de Aquino procede fazendo perguntas e levantando objeções a algumas respostas possíveis. Na maioria das vezes, essas objeções vêm de textos aristotélicos ou agostinianos. Para facilitar a leitura (e, portanto, o processo de pensamento), a questão é subdividida em cinco artigos concisos, porém abrangentes, que abordam os aspectos mais relevantes do problema em questão. Tomás de Aquino divide a Questão 38 da seguinte forma:

1.- se o prazer mitiga a dor ou a tristeza;

2.- se o pranto mitiga tristeza;

3.- se o amigo que se compadece conosco mitiga a tristeza;

4.- se a contemplação da verdade mitiga a dor;

5.- se o sono e o banho mitigam a tristeza.

Enquanto Tomás de Aquino escreveu de forma clara, concisa e diretamente ao ponto, a filosofia escolástica não é necessariamente sempre citável. Estes são processos de pensamento silogísticos minuciosos, muitas vezes meticulosos, que exigem paciência, conhecimento e atenção. Você pode ler a pergunta inteira aqui, mas se você não quiser filosofar, aqui está um resumo (bastante incompleto).  

1.- Todo prazer traz um certo tipo de alívio dos tempos difíceis. Nem todo prazer será necessariamente o melhor remédio, mas alivia a tristeza. 

2.- O choro é remédio para a dor por duas razões. Primeiramente porque “uma coisa dolorosa dói ainda mais se a mantivermos calada, pois a alma está mais atenta a ela”. Segundo, porque “uma ação que convém a um homem de acordo com sua disposição real é sempre agradável para ele”. Lágrimas e gemidos são ações condizentes com qualquer pessoa que esteja com tristeza ou dor.

3.- Os amigos são um remédio. Aqui, Aquino se refere a Aristóteles, que explica que:

– 1.: “quando um homem vê os outros entristecidos por sua própria tristeza, parece que outros carregavam o fardo com ele, esforçando-se, por assim dizer, para diminuir seu peso; portanto, o fardo da tristeza torna-se mais leve para ele”. e

– 2.: “quando os amigos de um homem se condoem com ele, ele vê que é amado por eles, e isso lhe dá prazer”. E “todo prazer traz alívio”.

4.- A contemplação da verdade é o melhor remédio para a dor por uma razão muito simples. Novamente, o prazer traz alívio, e “o maior de todos os prazeres consiste na contemplação da verdade”.

5.- Sim, o sono e os banhos são um remédio. Aquino diz que, “pela sua natureza específica, a dor é repugnante ao movimento vital do corpo” (ou seja, enfraquece-o, arrasta nossa energia e força). Consequentemente, “tudo o que restabelece a natureza corpórea ao seu devido estado de movimento vital, opõe-se à dor e a acalma ”. Banhos e sono “trazem a natureza de volta ao seu estado normal”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF