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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

O iniciador do Caminho Neocatecumenal recebeu o Prêmio Especial do Ano de 2025

Kiko Argüello recebeu o prêmio das mãos de Juan Cadarso, editor de ReligiónEnLibertad.  Pablo Quadrado/CEU

Kiko Argüello, premiado pela ReligiónEnLibertad: leigo, artista e, acima de tudo, “tremendo evangelista”.

Religião em Liberdade

30/10/2025 | 13:51

Atualizado: 30/10/2025 | 19:58

Pouco depois das 19h30 da quarta-feira, 29 de outubro, teve início a oitava edição do prêmio Religião na Liberdade, no Auditório Magna da Universidade San Pablo-CEU, em Madri . 

Este ano, o Reconhecimento Especial do Ano foi para Kiko Argüello , iniciador do Caminho Neocatecumenal – juntamente com a Serva de Deus Carmen Hernández – e uma das grandes referências da chamada Nova Evangelização . 

Diante de uma grande plateia, com a presença de Alfonso Bullón de Mendoza , presidente da Associação Católica de Propagandistas, e do bispo emérito de Callao (Peru), o espanhol José Luis del Palacio , entre outras personalidades – além de centenas de pessoas conectadas online em todo o mundo – os apresentadores do evento, Álex Navajas e Leticia Ponce, elogiaram a figura de Kiko Argüello .

Sua grande contribuição: o Caminho

"Leigo, artista e, acima de tudo, um tremendo evangelizador, a grande contribuição de Kiko Argüello é o Caminho Neocatecumenal , uma das realidades eclesiais mais difundidas e frutíferas do mundo", disse Álex Navajas do palco. 

Kiko Argüello esteve acompanhado no evento pelo padre italiano Mario Pezzi e pela espanhola María Ascensión Romero , que fazem parte da Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal. 

A Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal (ao centro), durante a entrega do prêmio Religião em Liberdade. Pablo Cuadrado/CEU

"Nascido em Madrid na década de 1960, com milhares de irmãos e centenas de comunidades em cinco continentes, este itinerário de iniciação cristã foi aprovado pela Igreja e rapidamente encontrou o apoio dos Papas  como um caminho válido para redescobrir o sacramento do batismo e viver a fé em comunidade como faziam os primeiros cristãos ", acrescentou o apresentador sobre esta importante realidade eclesial, fruto do Concílio Vaticano II.

Navajas também comentou que "o Caminho iniciado por Kiko Argüello e Carmen Hernández gerou milhares de conversões em todo o mundo, bem como inúmeras vocações , seja para a vida sacerdotal, a vida religiosa ou para proclamar o Evangelho, como as famílias missionárias".

Em seguida, Juan Cadarso , editor da ReligiónEnLibertad , ficou encarregado de entregar o prêmio a Kiko Argüello, que se mostrou muito agradecido , enquanto o público presente – entre os quais numerosos membros do Caminho vindos da Espanha e de outros países – aplaudia com entusiasmo.

Exemplo de comunhão eclesial

Kiko Argüello expressou sua gratidão pelo reconhecimento da seguinte forma: 

"Kiko Argüello agradece à ReligiónEnLibertad pelo prêmio, que destaca a comunhão na Igreja , já que tanto este veículo de comunicação quanto o Caminho Neocatecumenal estão a serviço da Nova Evangelização que São João Paulo II surpreendentemente propôs para o homem do século XXI", comentou.

"O Caminho Neocatecumenal, seguindo os passos do Concílio Vaticano II, forma comunidades cristãs nas paróquias que dão os sinais da fé: amor e unidade; para que a pessoa secularizada da nossa sociedade possa ver a verdade do amor de Deus . Rogai por mim", concluiu.

Kiko Argüello expressou sua profunda gratidão pelo prêmio. Pablo Quadrado/CEU
 Pablo Cuadrado/CEU
Da esquerda para a direita: Álex Rosal, diretor da ReL; Carmen Fernández de la Cigoña, Secretária Geral da ACdP; Alfonso Bullón de Mendoza, Presidente da ACdP; Padre Mario Argüello e Ascensión Romero.  Pablo Quadrado/CEU
 Pablo Cuadrado/CEU
Muitos membros do Caminho de Santiago quiseram acompanhar Kiko Argüello. Pablo Quadrado/CEU

Fonte: https://www.religionenlibertad.com/nueva-evangelizacion/251030/kiko-arguello-premiado-religion-libertad_114714.html#utm_source=rrss-comp

Santa Sé recupera manuscrito de Gregório XVI do século XIX roubado

Basílica de São Pedro, no Vaticano. | Xosema (CC BY-SA 4.0)

Por Almudena Martínez-Bordiú*

4 de nov de 2025 às 14:54

A Santa Sé recuperou um manuscrito do pontificado do papa Gregório XVI que havia sido roubado do Arquivo das Cerimônias Cerimoniais Pontifícias, no qual se conserva a documentação relacionada às cerimônias litúrgicas papais.

O documento, que data de 1864 e foi usado pelo papa para a atribuição de títulos cardinalícios no consistório, será devolvido à Santa Sé na próxima terça-feira, 11 de novembro, segundo o Vatican News, serviço de informações da Santa Sé.

O manuscrito recuperado tem em sua encadernação o número de catálogo F.71 impresso em ouro, uma marca identificativa que confirmou que era o volume original roubado do Arquivo Histórico do Escritório das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.

Marco Grilli, secretário da Prefeitura dos Arquivos do Vaticano, disse à CNA, agência em inglês da EWTN, que não foi possível determinar a data exata em que o documento foi roubado.

"Pelo que foi reconstruído, parece que o volume pertence a um catálogo de 1864 e que em algum momento posterior apareceu uma nota que dizia que não foi mais encontrado, então não há data exata de quando foi roubado ou quando a posse desse volume foi perdida. Não é possível especificá-lo, infelizmente", disse Grilli.

O documento foi recuperado graças à intervenção do Comando Carabinieri para a Proteção do Patrimônio Cultural, que notificou o Escritório de Exportação da Superintendência Especial de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem de Roma.

Grilli falou à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, sobre o valor histórico – mais do que econômico – do manuscrito, e disse que a Santa Sé foi notificada do roubo "pela Superintendência que encontrou este volume, que apresentava inscrições e marcas que enviou à Santa Sé".

Ele disse que os policiais costumam fazer controles regulares no caso de leilões, apreensões ou exportações. "Há um escritório de exportação dentro da Superintendência, e quando eles veem que há selos ou inscrições que podem pertencer à Santa Sé, eles nos contatam”, disse Grilli. “Nesse caso, foi feita uma verificação e o arquivo percebeu que esse volume poderia pertencer às suas coleções".

Sobre a segurança do Arquivo, Grilli destacou que, atualmente, "nos gabinetes onde os documentos são colocados à disposição, tentam tomar todas as precauções possíveis, ainda mais tendo em conta que agora já não são feitas muitas consultas sobre os originais, já que os documentos são digitalizados e só as reproduções são mostradas".

"Esse roubo pode ter ocorrido no fim do século XIX, então não se sabe quem roubou nem quando se roubou”, disse ele. “Hoje todas as medidas possíveis são aplicadas para evitar que eventos semelhantes ocorram, embora também confiemos na boa fé dos estudiosos que vêm investigar".

Grilli disse também que o volume não é dos fundos do Arquivo Apostólico, "mas será devolvido ao Arquivo das Celebrações Litúrgicas", que é outro organismo da Santa Sé.

Para a devolução do manuscrito, foi organizado um evento na Sala Meridiana da Torre dos Ventos do Arquivo Apostólico Vaticano, que terá a presença do coronel Paolo Befera, comandante do departamento operacional do núcleo de carabinieri, que entregará o manuscrito ao padre Rocco Ronzani, prefeito do Arquivo Apostólico.

O evento terá várias palestras, como a de Giovanni Cesare Pagazzi, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana; Gian Franco Saba, ordinário militar para a Itália; e Giovanni Tanca, seu secretário particular.

Também estarão presentes Daniela Porro, chefe da Superintendência Especial de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem de Roma; Antonella Bonini, diretora do Escritório de Exportação; e Alessandro Mascherucci, funcionário da superintendência.

*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65309/santa-se-recupera-manuscrito-de-gregorio-xvi-do-seculo-xix-roubado

Não quero falar!

Kiefer Pix | Shutterstock

Reportagem local - publicado em 15/01/19 - atualizado em 05/11/25

O silêncio pode ser um estado de "deoversão": um movimento interior em direção a Deus, de profunda comunhão com Ele.

O silêncio é muito importante em nossas vidas. Mais do que a simples ausência de palavras, entendemos o silêncio como uma capacidade para estar atento e guardar os fatos no coração, tal como fazia Maria, Mãe de Jesus e nossa.

O homem e a mulher silentes discernem quando é conveniente falar e quando é conveniente calar. O critério fundamental para este discernimento é a caridade.

Pergunte-se, então, a si mesmo ou a si mesma: qual é a razão desse meu desejo de calar, neste momento particular da minha vida? Às vezes, este desejo pode responder a uma necessidade que tenho de estar a sós com Deus, de ouvir com mais clareza a sua voz, de deixar que a sua Palavra acaricie e renove meu coração, depois de um momento muito intenso de atividade. Se este for o caso, o 'não querer falar' parece plenamente justificado e, inclusive, pode ser uma manifestação de um chamado especial que Deus me faz neste momento particular da minha vida.

No seu livro sobre o Cardeal Newman, o Padre Penido traça a personalidade do santo inglês e, entre um dos aspectos que descobre, figura a “deoversão” que, sob um olhar superficial, pode passar por uma simples “introversão”. Qual é a diferença entre estes dois conceitos? Enquanto a introversão refere-se ao estar ensimesmado, ou “voltado para dentro de si mesmo”, a “deoversão” significa um movimento interior em direção a Deus, uma espécie de subida que a pessoa faz, na sua experiência de comunhão com Ele.

Esta “deoversão”, que Penido descobre em Newman, deveria ser, em realidade, uma experiência muito comum entre nós cristãos, já que desde o nosso Batismo, a Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo - habitam em nossos corações. Neste sentido, ao fazer um movimento de “introspecção”, de entrar em nós mesmos, a nossa experiência não deveria ser de solidão, mas de uma profunda comunhão com Deus, que "é mais íntimo a mim mesmo do que eu mesmo", como dizia Santo Agostinho.

Esta constatação de que a solidão não é o mais profundo em nós, já que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e feitos partícipes, pelo nosso Batismo, do amor trinitário, está também presente numa das obras literárias de Karol Wojtyla (depois Papa João Paulo II). Referimo-nos à sua obra teatral “Raio de paternidade”:

“Não me fizestes como um ser fechado, não me fechastes totalmente.
A solidão não está de fato no mais profundo do meu ser, senão que emerge em um ponto bem preciso”.

Rezar e pedir

Muitas vezes em nossas vidas, a resposta mais adequada às situações e pessoas com as quais lidamos é realmente a de calar, a de rezar e pedir a Deus alguma luz, antes de dizer ou fazer alguma coisa concreta. Isto não significa isolamento, mas, pelo contrário, reverência e constatação de que precisamos da ajuda de Deus para nós mesmos sermos de alguma ajuda aos outros. Pode ser que, em algumas situações, realmente Deus nos peça a nossa intervenção, inclusive através de uma correção fraterna. Os mestres espirituais dizem que isto nunca deve ser feito em momentos de ira ou exaltação, mas quando estivermos tranquilos.

A outra pessoa deve perceber que a nossa intenção é realmente a de ajudar. Mesmo assim, em ocasiões a nossa correção pode não ser bem aceita num primeiro momento. Isso foi previsto por Nosso Senhor, quando explicou aos seus discípulos como devia ser feita a correção numa comunidade cristã (Cf. Mt 18,15-18).

O máximo exemplo de silêncio, o encontramos no Senhor Jesus. Basta uma leitura atenta da sua Paixão para percebermos como o Senhor escolhe os momentos para calar e falar, sempre visando a salvação de todos, inclusive daqueles que O crucificaram.

Depois Dele, a Nossa Mãe Santa Maria nos oferece um belo exemplo de silêncio. São pouquíssimas as suas palavras nos Evangelhos, sempre reverentes e em sintonia com a vontade de Deus. Quiçá um dos momentos mais emblemáticos é o das Bodas de Caná, passagem que é uma verdadeira escola de silêncio e de intimidade com seu Filho, expressa em gestos e palavras. O que a leva a intervir, a pedir o milagre é a preocupação pelos noivos, próprias da mãe e da intercessora que é de todos os homens e mulheres.

Peçamos a Ela que nos ajude a viver o silêncio, a saber quando falar e quando calar, para que ambos sejam em nós uma concretização do amor, tal como o foram na vida Dela.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2019/01/15/nao-quero-falar/

Papa na Audiência Geral: o mistério da Ressureição é remédio para as fragilidades humanas

Audiência Geral, 05/11/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Ao retomar o tema do mistério pascal na catequese desta quarta-feira (05/11), Leão XIV encorajou a "saborear e meditar sobre a alegria que vem depois da dor, de revisitar sob uma nova luz todas as etapas que precederam a Ressurreição". O Papa também enalteceu que "crer na Páscoa através da nossa caminhada diária significa revolucionar as nossas vidas", porque a esperança cristã é um remédio para a nossa fragilidade humana que nos ajuda a sair vitoriosos dos grandes desafios da vida.

https://youtu.be/h1Ew1ENYHGs

Andressa Collet - Vatican News

Mais um dia de Praça São Pedro repleta de peregrinos para ouvir a catequese do Papa Leão XIV na Audiência Geral desta quarta-feira (05/11). Retomando o tema sobre a Ressureição de Cristo para cerca de 40 mil pessoas, o Pontífice afirmou que a Páscoa de Jesus não é um evento passado. "A Igreja nos ensina a comemorar a Ressurreição todos os anos no Domingo de Páscoa e todos os dias na celebração eucarística", reforçou ele.

“O Mistério Pascal é a pedra angular da vida do cristão, em torno da qual giram todos os outros acontecimentos. Podemos dizer, então, sem qualquer pacifismo ou sentimentalismo, que todos os dias são Páscoa.”

E de que forma se vive a Ressurreição de Cristo diariamente, questionou o próprio Pontífice, ao responder com a ajuda de uma "grande filósofa do século XX, Santa Teresa Benedita da Cruz, nascida Edith Stein, que se aprofundou no mistério da pessoa humana": diante da "busca dinâmica e constante da realização", vivida através das mais variadas experiências de dores e alegrias, "a mensagem da Páscoa é a notícia mais bela" capaz de responder à busca de sentido que inquieta o nosso coração e a nossa mente, de saciar a nossa sede de eternidade, explicou o Papa, ao acrescentar:

"Os seres humanos são movidos por um movimento interior, procurando um além que os atrai constantemente. Nenhuma realidade contingente os satisfaz. Almejamos o infinito e o eterno. Isto contrasta com a experiência da morte, antecipada pelo sofrimento, pela perda e pelo fracasso."

LEIA A ÍNTEGRA DA CATEQUESE DO PAPA LEÃO XIV

Cerca de 40 mil peregrinos participaram da Audiência Geral na Praça São Pedro   (@Vatican Media)

A mensagem da Páscoa é de cuidado e cura

O anúncio pascal, ao atestar a vitória do amor sobre o pecado e da vida sobre a morte, é remédio para a nossa fragilidade humana, disse o Papa, alimentando a esperança de sair vitoriosos dos grandes desafios que a vida nos apresenta. O nosso tempo, continuou Leão XIV, "marcado por tantas cruzes, clama pelo alvorecer da esperança pascal" que "não desilude. Crer verdadeiramente na Páscoa através da nossa caminhada diária significa revolucionar as nossas vidas, sermos transformados para transformar o mundo com a força mansa e corajosa da esperança cristã":

"E n’Ele, temos a certeza de poder encontrar sempre a estrela polar para a qual dirigir as nossas vidas aparentemente caóticas, marcadas por acontecimentos que muitas vezes parecem confusos, inaceitáveis ​​e incompreensíveis: o mal, nas suas muitas facetas, o sofrimento, a morte, acontecimentos que afetam todos e cada um de nós. Meditando sobre o mistério da Ressurreição, encontramos a resposta para a nossa sede de sentido. Perante a nossa fragilidade humana, a mensagem da Páscoa torna-se cuidado e cura, alimenta a esperança no meio dos desafios assustadores que a vida nos apresenta diariamente, tanto em nível pessoal como global."

“Na perspectiva da Páscoa, a Via Crucis transfigura-se na Via Lucis. Precisamos saborear e meditar sobre a alegria que vem depois da dor, de revisitar sob uma nova luz todas as etapas que precederam a Ressurreição. A Páscoa não elimina a cruz, mas vence-a no prodigioso duelo que mudou a história da humanidade.”

"Todos os dias são Páscoa" disse o Papa na catequese desta quarta-feira (05/11)   (@Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Como evitar comer microplásticos presentes na nossa comida (Parte 2/2)

O silicone é um tipo diferente de polímero encontrado na cozinha, que também pode se decompor em altas temperaturas (Crédito: Getty Images)

Como evitar comer microplásticos presentes na nossa comida

Autor: Ally Hirschlag e Martha Henriques

De BBC Future

29 setembro 2025

Utensílios de cozinha

Nós já tiramos nossos alimentos da embalagem ou recipiente. Agora, vem a preparação. E o ponto de partida de muitos pratos é a tábua de corte.

Um estudo examinou fatias de alimentos individuais preparadas em uma tábua de corte e estimou que 100 a 300 partículas de micro ou nanoplástico podem ser geradas por milímetro de corte.

Um estudo de 2023 calculou que um tipo específico de tábua, feito de polietileno, libera 7,4 a 50,7 g de microplásticos por ano. Outro tipo, de polipropileno, liberaria cerca de 49,5 g por ano.

Para se ter uma ideia, o peso aproximado de uma porção generosa de cereal matinal é de 50 gramas.

É preciso observar que este foi um estudo pequeno e que a liberação de microplásticos variou entre os tipos de tábuas e estilos de corte de diferentes pessoas. Afinal, a liberação dessa quantidade de plástico deixaria a sua tábua de corte em frangalhos após poucos anos de uso.

"Você começa a observar e, claro, pode ver [os entalhes] ali", explica Snekkevik, que publicou uma análise das fontes de microplásticos na cozinha em 2024.

"Mas, para onde foi o plástico? Ele tem que ter ido para algum lugar." E, às vezes, ele vai diretamente para o alimento que foi cortado sobre a tábua.

Pesquisadores dos Emirados Árabes Unidos relataram, em 2022, que a carne vendida em um açougue e em um supermercado continha microplásticos originários das tábuas de corte de plástico. Esses microplásticos derretem quando a carne é cozida e se solidificam novamente quando a refeição esfria.

Lavar completamente a carne por três minutos reduziu, mas não eliminou os microplásticos no seu interior, segundo os pesquisadores. E a análise de uma tábua de corte usada pelo açougue estimou que 875 g de plástico foram perdidos até o final da sua vida útil.

Estima-se que utensílios de cozinha antiaderentes desgastados também podem liberar milhares até milhões de partículas de microplástico, fazendo deles outra fonte subestimada de plástico na cozinha.

Até utensílios antiaderentes novos, usados com um batedor de silicone macio, liberam quantidades significativas de microplásticos.

Da mesma forma, misturadores e tigelas de mistura de plástico liberam partículas a cada uso. Bater gelo por cerca de 30 segundos, por exemplo, libera centenas de milhares de partículas de microplástico.

Tábuas de corte feitas de plástico liberam micropartículas durante o uso, indicam estudos (Crédito: Getty Images)

O silicone costuma ser indicado como alternativa mais segura que os utensílios de plástico. Mas Adrian afirma que não há evidências concretas que indiquem que este material libera menos microplásticos.

"Embora o silicone seja tecnicamente mais estável e suporte temperaturas mais altas que o plástico descartável, ele não elimina totalmente os problemas de lixiviação e microplásticos", explica ela.

Ainda assim, ela segue usando silicone na cozinha, devido à sua estabilidade.

Snekkevik destaca que o silicone, na verdade, se degrada ao calor muito alto.

"Por isso, ele certamente é uma boa alternativa e exigiria um pouco mais [que o plástico] para se fragmentar", segundo ela. "Mas eu não me sentiria confortável a ponto de dizer, sim, use sempre silicone."

Outras alternativas para certos utensílios de cozinha são o vidro e o aço inoxidável, destaca Snekkevik.

Existem também bioplásticos baseados em química verde. Eles são projetados para serem biodegradáveis (ao contrário do plástico tradicional), tanto no meio ambiente quanto no corpo humano.

"Essencialmente, o corpo evoluiu de forma a metabolizar os biomateriais e não para metabolizar materiais sintéticos", explica o professor de química prática para o meio ambiente Paul Anastas, da Universidade Yale de New Haven, nos Estados Unidos.

Anastas afirma que a química verde permite criar materiais plásticos com menos riscos. "Ela é benéfica por definição", segundo ele.

Mas muitos plásticos, como canudos de ácido poliláctico, são apregoados como biodegradáveis, o que não é verdade.

Às vezes, esses plásticos simplesmente se fragmentam em microplásticos com mais rapidez, segundo Snekkevik. "Eles ainda não são a alternativa perfeita."

Calor

Agora que os ingredientes foram preparados, é hora de cozinhar. E, quanto mais quentes ficam os plásticos, mais microplásticos eles tendem a liberar.

Um estudo concluiu que recipientes de plástico aquecidos no micro-ondas por três minutos podem liberar até 4,22 milhões de partículas de microplástico e 2,11 bilhões de pedaços de nanoplástico de um único centímetro quadrado de superfície.

O uso de recipientes similares na geladeira também pode liberar "milhões a bilhões" de microplásticos e nanoplásticos, mas por um período muito mais longo, de seis meses, concluiu o estudo.

Colocar uma bebida quente em um copo de plástico descartável também gera microplásticos.

Um estudo testou diversas variedades e concluiu que copos feitos de polipropileno contendo água quente a 50 °C liberaram a maior quantidade de microplásticos. E, em todos os tipos de copos, houve menos contaminação quando o conteúdo estava frio.

Examinando os copos em seguida, os pesquisadores descobriram que o conteúdo quente havia danificado a superfície de plástico. A equipe estimou que uma pessoa que use copos de plástico descartáveis uma ou duas vezes por semana pode beber entre 18.720 e 73.840 pedaços de microplástico por ano.

Existe uma regra geral que, por acaso, segue o famoso livro de receitas Sal, Gordura, Ácido, Calor: Os Elementos da Boa Cozinha, da chef de cozinha e escritora Samin Nosrat (Ed. Cia. de Mesa, 2019). Adrian afirma que estes quatro componentes podem decompor o plástico em microplásticos com mais rapidez.

Em uma tigela de plástico, a água salgada libera três vezes mais microplásticos que com água sem sal. Isso ocorre porque os cristais de sal entram em atrito com a superfície da tigela.

Além disso, Sathyanarayana descobriu que alimentos com alto teor de gordura também contêm maiores concentrações de certos aditivos de plástico, que podem ser prejudiciais à saúde.

Limpeza

Agora que a refeição acabou, vamos lavar a louça.

Esponjas de cozinha descartáveis são mais uma fonte de micro e nanoplásticos. E, entre as que têm uma face mais mole e outra mais dura, é esta última que traz maior risco de espalhar partículas.

À medida que se desgastam, as esponjas de cozinha podem liberar até 6,5 milhões de partículas de microplástico por grama. E adicionar detergentes e outros produtos de limpeza à esponja pode fazer com que elas liberem ainda mais partículas.

Em relação a outros produtos de limpeza comuns feitos de plástico, existem ainda poucas pesquisas sobre a liberação de microplásticos.

A liberação de microplásticos por tecidos de microfibras durante a limpeza era um tema de pesquisa muito esquecido em 2024, quando Snekkevik e seus colegas publicaram sua análise.

O que se sabe é que os tecidos sintéticos liberam grandes quantidades de microplásticos e são considerados uma importante fonte de poluição plástica nos oceanos.

O que fazer com uma cozinha cheia de plástico

Vilde Snekkevik desaconselha tomar decisões precipitadas. Ela recomenda não jogar fora seus aparelhos e utensílios de cozinha feitos de plástico.

"Mesmo depois de escrever este relatório, ainda tenho alguns itens na minha cozinha que são de plástico", ela conta. "Não vou simplesmente jogar tudo fora e dizer 'chega'."

Uma estratégia é se concentrar em produtos que demonstrem óbvios sinais de lesões, como qualquer utensílio claramente raspado, cortado, descamado ou derretido.

Quando aparentemente chegar a hora de substituir algum produto, Snekkevik afirma que, de forma geral, irá escolher um substituto que não contenha plástico.

"Mas não vou sair pela cozinha imediatamente e jogar tudo fora, pois esta também não é necessariamente a forma mais ecológica de fazer isso."

Em nível global, seria necessária uma redução drástica do lixo plástico para diminuir nossa exposição individual ao microplástico (Crédito: Getty Images)

Além do prato

Os alimentos e bebidas podem ser a via mais direta de entrada dos microplásticos no nosso sistema digestivo, mas ainda não sabemos ao certo qual o seu efeito sobre o nosso corpo.

As pesquisas existentes sobre os efeitos dos microplásticos do intestino ao nosso corpo são inconclusivas e poucos estudos foram realizados em seres humanos.

Alguns cientistas indicaram que eles podem prejudicar os micróbios que vivem no intestino ou que algumas partículas menores podem até chegar à nossa corrente sanguínea. E parte desse material externo pode simplesmente ficar alojado dentro do nosso corpo.

"Plásticos baseados em materiais fósseis, nas suas formas micro e nanoparticuladas, foram encontrados em virtualmente todos os órgãos do corpo que foram estudados, incluindo as artérias, cérebro, sangue, placenta e testículos", segundo Paul Anastas.

É possível que boa parte do plástico que existe dentro de nós não cause problemas de saúde, afirma Sheela Sathyanarayana. Para ela, "talvez se possa defender que as partículas podem se alojar em algum lugar e ser inertes naquela região".

Adrian destaca que também não se sabe ao certo por quanto tempo o plástico permanece no corpo, nem se ele se acumula ao longo do tempo. Por isso, o microplástico que você já ingeriu ou bebeu hoje talvez não permaneça no seu corpo para sempre.

Na verdade, já se observou que pelo menos uma parte dos microplásticos que comemos costuma passar diretamente pelo outro lado.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Earth.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqxzqyq5558o

IGREJA: "A fé, na verdade, ilumina tudo com uma nova luz...(Parte 3/3)

São Pedro Apóstolo em frente a Basílica (Fleepik)

IGREJA

Arquivo 30Dias nº 01 - 1998

"A fé, na verdade, ilumina tudo com uma nova luz... e, portanto, guia a inteligência em direção a soluções plenamente humanas."

Uma conversa com o Cardeal Pio Laghi, Prefeito da Congregação para a Educação Católica.

editado por Giovanni Cubeddu Um diálogo com o Cardeal Pio Laghi

Igreja e Mundo

30GIORNI: O senhor foi representante papal na Terra Santa há vinte e cinco anos. Nessa região, assim como em todo o mundo árabe, a comunidade cristã é minoritária. Qual a importância das instituições teológicas e culturais católicas nesse contexto?

LAGHI: Muita coisa mudou nos últimos vinte e cinco anos. Relações diplomáticas oficiais foram estabelecidas entre a Santa Sé e o Estado de Israel e, recentemente, as autoridades israelenses reconheceram o status legal das instituições católicas presentes nesses territórios. Além disso, porém, acredito que podemos enfatizar a dupla importância da presença de centros culturais católicos na Terra Santa.

Por um lado, há cristãos que vivem e trabalham lá. É verdade que são comunidades pequenas. Isso não significa que possam prescindir de recursos culturais que atendam às suas necessidades de aprofundamento da fé e formação em vários níveis.

Por outro lado, porém, não há dúvida de que esses lugares têm um significado especial para três das principais tradições religiosas do mundo. É, portanto, importante que haja pessoas nesse contexto que reflitam sobre esse fato a partir de uma perspectiva verdadeiramente católica. É uma oportunidade única para promover o entendimento mútuo, partindo do vínculo especial que cada um de nós sente com essa terra abençoada, mas tão conturbada.
Deve-se acrescentar também que as escolas católicas desempenham uma missão muito especial, não apenas na Terra Santa, mas em todo o Oriente Médio e no mundo árabe. Muitas vezes, elas são um dos poucos espaços de diálogo onde estudantes cristãos e muçulmanos podem crescer juntos, em respeito mútuo e num clima de fraternidade. Isso também ocorre no âmbito do corpo docente, que pode contar com homens e mulheres consagrados, católicos, cristãos de outras confissões e não cristãos trabalhando no mesmo projeto educacional, num clima de colaboração e respeito.

Por fim, é preciso lembrar que, em alguns casos, as escolas católicas são a única oportunidade para uma presença significativa da Igreja e para o testemunho evangélico.

30GIORNI: Nestes tempos de mercados globalizados, não acha que até mesmo os círculos acadêmicos católicos estão sendo condescendentes com a defesa de teorias econômicas ultraliberais? Ao lidar com hipóteses culturais, aplica-se o princípio da liberdade. Nos juízos econômicos e políticos, a legítima pluralidade de opções dos fiéis leigos é afirmada, com uma visão verdadeiramente profética, pela carta apostólica Octogesima Adveniens de Paulo VI . Mas, assim como você alertou corretamente contra a exploração do Santo Evangelho para lutas revolucionárias, não acha igualmente apropriado alertar aqueles filósofos e/ou políticos que se declaram abertamente católicos contra a exploração da Santa Igreja para elogiar o capitalismo vigente?

LAGHI: Os princípios para tal advertência no campo econômico me parecem abundantes. Começando com Leão XIII, eles aparecem explicitamente no Magistério. João Paulo II, especialmente na encíclica Centesimus annus , os reafirmou com veemência. Sem prejuízo da legítima pluralidade de opções dentro das hipóteses culturais, a doutrina social da Igreja não pode sustentar nenhum sistema econômico específico. Na constituição apostólica Ex corde Ecclesiae , referente às universidades católicas, encontramos outras palavras do Papa que devem orientar também a pesquisa no campo econômico:

"É essencial que nos convençamos da prioridade do ético sobre o técnico, da primazia da pessoa sobre as coisas, da superioridade do espírito sobre a matéria. A causa do homem só será servida se o conhecimento estiver unido à consciência. Os homens da ciência só ajudarão verdadeiramente a humanidade se conservarem o sentido da transcendência do homem sobre o mundo e de Deus sobre o homem" (n. 18). Isso deve ser suficiente para entender que, quando algum estudioso católico se manifesta a favor de uma ordem econômica específica, ele o faz em nome de uma escolha pessoal, de uma responsabilidade pessoal, que ele não está autorizado a encobrir com qualquer pronunciamento oficial da Igreja.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Igreja Católica na COP30

Igreja Católica na COP30 (Fundação Nazaré)

Igreja Católica na COP30

17 out 2025

Entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, a capital paraense sediará a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP30. O evento reunirá centenas de países para discutir ações de enfrentamento à crise climática.

Em paralelo ao evento, a Igreja Católica prepara sua contribuição pastoral e profética com o programa “Igreja na COP30”. A iniciativa promove eventos e atividades de formação, reflexão e mobilização social sobre o cuidado da Casa Comum, em sintonia com o magistério da Igreja (especialmente as encíclicas Laudato Si’ e Laudate Deum).

PARTICIPAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA NA COP30

Para este período, a Arquidiocese de Belém trabalha em duas frentes: a participação da Santa Sé e a parte pastoral da Igreja. No caso da Santa Sé, a função da Arquidiocese de Belém é conduzir todas as tratativas necessárias para atender às demandas de logística e hospedagem da Santa Sé, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), tendo Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Belém, como presidente da Coordenação Arquidiocesana da Comissão de Preparação e Acompanhamento da COP30.

O Vaticano já confirmou a participação de 10 membros representantes diretos da Santa Sé, cuja chefia da delegação será exercida pelo Cardeal Pietro Parolin (Secretário de Estado da Santa Sé). Ele será a autoridade máxima da Igreja, representando o Santo Padre, Papa Leão. O Chefe Adjunto da Delegação será o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro.

A delegação direta da Santa Sé ainda contará com outros membros, inclusive leigos, atuando em diversas áreas, como conselheiros, membros do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Sala de Imprensa da Santa Sé, do Dicastério para a Cultura e Educação, e da Direção de Infraestruturas e Serviços.

A comissão será ainda complementada pelos bispos da Arquidiocese de Belém: Dom Julio Endi Akamine (Arcebispo Metropolitano de Belém), Dom Alberto Taveira Corrêa (Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Belém e Presidente da Coordenação Arquidiocesana da Comissão de Preparação e Acompanhamento da COP30) e Dom Paulo Andreolli (Coordenador Arquidiocesano da Comissão de Preparação e Acompanhamento da COP30).

Por fim, complementando a Delegação da Igreja Católica, haverá representantes das Presidências da: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM); Conferências Episcopais Asiáticas (FABC) e Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAMA).

A delegação da Igreja terá acesso à Blue Zone da COP30, bem como às demais áreas, como a Green Zone. Além da participação nesses espaços, a delegação poderá integrar as atividades promovidas pela Arquidiocese de Belém.

A Arquidiocese de Belém é responsável por articular todo o apoio logístico e de hospedagem da delegação e já está em contato com as autoridades estaduais e federais para as devidas providências. A hospedagem dos membros da delegação será em uma casa de retiros católica localizada em Belém.

AÇÕES CATÓLICAS DURANTE A COP30

A pastoral promove uma programação com atividades da Igreja que ocorrerão paralelamente à programação oficial da COP30, conduzidas por Dom Paulo Andreolli, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém e Coordenador Arquidiocesano da Comissão de Preparação e Acompanhamento da COP30.

programação pastoral será realizada de 11 a 16 de novembro de 2025, pela Arquidiocese de Belém, em quatro polos na Região Metropolitana (no centro de Belém, no distrito de Icoaraci, em Ananindeua e em Santa Bárbara). O evento contará com painéis temáticos, tendas expositivas, oficinas, celebrações litúrgicas, apresentações culturais e ações de sensibilização.

O objetivo é oferecer espaços de escuta, partilha e compromisso diante dos desafios socioambientais atuais, fortalecendo a Pastoral da Ecologia Integral e incentivando uma verdadeira conversão ecológica nas comunidades.

No dia 12 de novembro, no período da tarde, a atividade terá programação nacional com coletiva de imprensa promovida pela CNBB Nacional, às 14h, seguida de palestra e, às 19h, a Caminhada dos Mártires da Casa Comum, que sairá do Colégio Santa Catarina de Sena em direção à Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré.

A programação organiza-se em quatro polos, cada um com equipe de coordenação e foco de público:

Polo Social (Colégio Santa Catarina de Sena): movimentos sociais, ONGs católicas, congregações, institutos e novas comunidades.

Polo Educação e Saúde (Faculdade Católica de Belém): pastoral universitária, instituições de ensino superior, pastoral da saúde e hospitais.

Polo Juventude (Santuário São João Batista e Nossa Senhora das Graças – Icoaraci): juventude, pastorais da educação, da criança e familiar.

Polo Sustentabilidade (Santa Bárbara): paróquias, grupos e comunidades da Região Episcopal Nossa Senhora do Ó (Benevides, Santa Bárbara, Murinin, Benfica, Mosqueiro).

Fonte: https://arquidiocesedebelem.com.br/igreja-catolica-na-cop30/

Nota doutrinal sobre os títulos marianos: Mãe do povo fiel, não Corredentora

Dicastério para a Doutrina da Fé (Vatican Media)

O documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado por Leão XIV, esclarece os títulos a serem usados para Nossa Senhora. Pede-se também atenção especial para o título de "Medianeira de todas as graças".

Vatican News

"Mater populi fidelis" é o título da Nota doutrinária publicada esta terça-feira, 4 de novembro, pelo Dicastério para a Doutrina da Fé. Assinada pelo Prefeito, cardeal Víctor Manuel Fernández, e pelo secretário da seção doutrinária, monsenhor Armando Matteo, a Nota foi aprovada pelo Papa em 7 de outubro passado. É fruto de um longo e articulado trabalho colegiado. Trata-se de um documento doutrinal sobre a devoção mariana, com foco na figura de Maria, associada à obra de Cristo como Mãe dos fiéis. A Nota fornece um importante fundamento bíblico para a devoção a Maria, além de reunir diversas contribuições dos Padres, dos Doutores da Igreja, dos elementos da tradição oriental e do pensamento dos últimos Pontífices.

Dentro desse quadro positivo, o texto doutrinal analisa diversos títulos marianos, valorizando alguns deles e alertando para o uso de outros. Títulos como Mãe dos fiéisMãe espiritual e Mãe do povo fiel são particularmente apreciados pela Nota. O título de Corredentora, por sua vez, é considerado impróprio e inadequado. O título de Medianeira é considerado inaceitável quando assume um significado que é exclusivo de Jesus Cristo, mas é considerado precioso quando expressa uma mediação inclusiva e participativa que glorifica o poder de Cristo. Os títulos de Mãe da graça e Medianeira de todas as graças são considerados aceitáveis ​​em alguns sentidos muito específicos, mas uma explicação particularmente ampla é oferecida em relação aos significados que podem apresentar riscos.

Essencialmente, a Nota reafirma a doutrina católica, que sempre enfatizou como tudo em Maria é direcionado para a centralidade de Cristo e sua ação salvífica. Portanto, embora alguns títulos marianos possam ser explicados por meio de uma exegese correta, considera-se preferível evitá-los. Em sua apresentação, o cardeal Fernández valoriza a devoção popular, mas adverte contra grupos e publicações que propõem um desenvolvimento dogmático particular e levantam dúvidas entre os fiéis, inclusive por meio das redes sociais. O principal problema, na interpretação desses títulos aplicados à Virgem Maria, diz respeito à forma de compreender a associação de Maria na obra da redenção de Cristo (3).

Corredentora

Em relação ao título “Corredentora”, a Nota recorda que alguns Pontífices “utilizaram este título sem se deterem demasiado em explicá-lo. Geralmente, apresentaram-no de duas maneiras diversas: em relação à maternidade divina e em referência à união de Maria com Cristo junto à Cruz redentora. O Concílio Vaticano II decidiu não usar este título “por razões dogmáticas, pastorais e ecumênicas”. São João Paulo II “utilizou-o, ao menos em sete ocasiões, relacionando-o especialmente com o valor salvífico da nossa dor oferecida junto à de Cristo, ao qual se une Maria sobretudo na Cruz” (18).

O documento cita uma discussão interna na então Congregação para a Doutrina da Fé, que em fevereiro de 1996 discutiu o pedido para proclamar um novo dogma sobre Maria como “Corredentora ou Medianeira de todas as graças”. O parecer de Ratzinger era contrário: “O significado preciso dos títulos não é claro e a doutrina neles contida não está madura… Desta maneira, não se vê em modo claro como a doutrina expressa nos títulos esteja presente na Escritura e na tradição apostólica”. Posteriormente, em 2002, o futuro Bento XVI também se expressou publicamente da mesma forma: “A fórmula ‘Corredentora’ distancia-se em demasia da linguagem da Escritura e da Patrística e, portanto, provoca mal-entendidos… Tudo procede d'Ele, como dizem sobretudo as Cartas aos Efésios e aos Colossenses. Maria é o que é graças a Ele.” A palavra “Corredentora” obscureceria essa origem”. O cardeal Ratzinger, esclarece a Nota, “não negava que houvesse na proposta de uso deste título boas intenções e aspectos válidos, porém sustentava que era um “vocábulo equívoco” (19).

O Papa Francisco expressou sua posição claramente contra o uso do título Corredentora pelo menos três vezes. O documento doutrinal a esse respeito conclui: “É sempre inoportuno o uso o título de Corredentora para definir a cooperação de Maria. Este título corre o risco de obscurecer a mediação salvífica única de Cristo e, portanto, pode gerar confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã… Quando uma expressão requer muitas e constantes explicações, para evitar que se desvie do significado correto, não presta um bom serviço à fé do Povo de Deus e torna-se inconveniente” (22).

Medianeira

A Nota enfatiza que a expressão bíblica referente à mediação exclusiva de Cristo "é peremptória". Cristo é o único Mediador (24). Por outro lado, destaca o "uso muito comum da palavra 'mediação' nos mais âmbitos da vida social, onde é entendido simplesmente como cooperação, ajuda, intercessão. Por consequência, é inevitável que se aplique a Maria no sentido subordinado e de nenhum modo pretende acrescentar alguma eficácia, ou potência, à única mediação de Jesus Cristo" (25). Além disso – reconhece o documento –, "é evidente que houve um modo real de mediação de Maria para tornar possível a verdadeira encarnação do Filho de Deus na nossa humanidade" (26).

Mãe dos fiéis e Medianeira de todas as graças

A função materna de Maria "de modo algum ofusca ou diminui" esta única mediação de Cristo, "manifesta antes a sua eficácia". Assim entendida, "a maternidade de Maria não pretende debilitar a única adoração que se deve somente a Cristo, mas estimulá-la". Por isso, devem-se evitar, afirma a Nota, os “títulos e expressões referidas a Maria que a apresentem como uma espécie de 'para-raios' diante da justiça do Senhor, como se Maria fosse uma alternativa necessária da insuficiente misericórdia de Deus” (37, b). O título de “Mãe dos fiéis” permite falar de “uma ação de Maria também em relação à nossa vida da graça” (45).

Devemos, no entanto, ter cuidado com expressões que possam transmitir “conteúdos menos aceitáveis” (45). O cardeal Ratzinger expressou que o título de Maria medianeira de todas as graças não era claramente fundado na Revelação, e em sintonia com essa convicção – explica o documento – podemos reconhecer as dificuldades que este título implica tanto na reflexão teológica como na espiritualidade” (45). De fato, “Nenhuma pessoa humana, nem sequer os apóstolos ou a Santíssima Virgem, pode atuar como dispensadora universal da graça. Apenas Deus pode conceder a graça e fá-lo por meio da humanidade de Cristo” (53). Títulos como Medianeira de todas as graças têm, portanto, “limites que não facilitam a correta compreensão do lugar único de Maria. Com efeito, ela, a primeira redimida, não pode ter sido a medianeira da graça que ela mesma recebeu” (67). Contudo, reconhece por fim o documento, “a expressão ‘graças’, referida à materna ajuda de Maria, em distintos momentos da vida, pode ter um sentido aceitável”. O plural, de fato, expressa “todos os auxílios, também materiais, que o Senhor pode dar-nos escutando as intercessões da Mãe” (68).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Carlos Borromeu

São Carlos Borromeu (A12)
04 de novembro
São Carlos Borromeu

Carlos nasceu em Arona, próximo de Milão, a 2 de outubro de 1538. O pai era o conde Gilberto Borromeu e a mãe era Margarida de Médicis, a mesma casa da nobreza de grande influência na sociedade e na Igreja.

Carlos era o segundo filho do casal, e aos doze anos a família o entregou para servir a Deus, como era hábito na época. Diplomou-se aos vinte e um anos de idade em Direito Canônico, e aos vinte e quatro anos recebeu as ordens do sacerdócio e do episcopado, levando a partir de então uma conduta acentuadamente piedosa e ascética. Como Bispo de Milão, colocou em prática, de forma admirável e exemplar, os decretos do Concílio de Trento (1545) visando a reforma da Igreja que, naquela época (e também hoje em dia), devia começar pelos próprios bispos e padres, desorientados pelas seduções mundanas.

Assim destacou-se pela sua missão pastoral, assombrosa na sua vastidão e profundidade: promoveu vários sínodos diocesanos e concílios provinciais, visitou as mais de mil paróquias da sua diocese, foi visitador apostólico nas 15 dioceses sufragâneas de Milão, visitou regiões da Suíça ameaçadas por heresias; incentivou o dever da residência dos vigários, foi o primeiro Bispo a fundar, segundo o Concílio, seminários para a formação de sacerdotes; favoreceu a criação de escolas, a boa imprensa e, sobretudo, a formação catequética dos fiéis, bem como a elevação moral dos costumes.

Destacou-se também na extraordinária caridade, especialmente durante a peste de 1576 que duramente assolou Milão. Faleceu aos 46 anos, esgotado pelas fadigas das suas incansáveis atividades pastorais.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A obra de São Borromeu, um dos santos mais importantes e mais queridos da Igreja, poderia ser resumida em duas palavras: dedicação e trabalho. Oriundo da nobreza, Carlos Borromeu utilizou a inteligência notável, a cultura e o acesso às altas elites de Roma para velar pela moralidade e formação verdadeiramente católicas de toda a sua diocese (e cristandade), começando pelo próprio clero e alcançando todas as faixas sociais.

Oração:

Deus, nosso Pai, a exemplo de São Carlos Borromeu, ajuda-nos a abrir a nossa mente e o nosso coração ao Vosso Espírito de Amor. Que nos deixemos converter pela Vossa Palavra de amor e obediência, para podermos experimentar a Vossa ternura e bondade, mediante uma vida dedicada aos irmãos e fundamentada no Vosso Evangelho. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

O que significa ser um doutor da Igreja

Basílica de São Pedro. | cinemavision/Shutterstock

Por Francesca Pollio Fenton* , Jonah McKeown*

3 de nov de 2025 às 11:00

A Santa Sé concedeu a são João Henrique Newman o título de doutor da Igreja no sábado (1). O santo ex-pastor da Igreja da Inglaterra que se converteu ao catolicismo no século XIX juntou-se a outros 37 santos que receberam a mesma honra.

Nascido em Londres e batizado na Igreja da Inglaterra em 1801, Newman era um pastor, teólogo e escritor respeitado entre seus pares antes de sua conversão ao catolicismo em 1845. Ele foi ordenado sacerdote católico em 1847 e posteriormente nomeado cardeal pelo papa Leão XIII em 1879.

Como católico, Newman aprofundou e contribuiu para a doutrina da Igreja, graças ao seu amplo conhecimento de teologia e à sua aguda percepção dos tempos modernos, fundamentada no Evangelho. Ele escreveu 40 livros e cerca de 20 mil cartas.

Ele morreu em Edgbaston, Inglaterra, em 1890. Foi beatificado pelo papa Bento XVI em 19 de setembro de 2010 e canonizado pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2019.

O que é um 'doutor da Igreja'?

O título “doutor da Igreja” reconhece os homens e mulheres canonizados que tinham conhecimento profundo, eram professores excepcionais e contribuíram significativamente para a teologia da Igreja.

Tradicionalmente, o título tem sido concedido com base em três requisitos: a santidade manifesta do candidato, confirmada por sua canonização; a eminência doutrinária da pessoa, demonstrada pelo legado de ensinamentos que contribuíram de modo significativo e duradouro para a vida da Igreja; e uma declaração formal da Igreja, geralmente feita por um papa.

Embora os ensinamentos deles não sejam considerados infalíveis, ser declarado "doutor" significa que eles contribuíram para a formulação da doutrina cristã em pelo menos uma área significativa, e esse ensinamento teve impacto em gerações posteriores.

Cerca de metade dos santos venerados como doutores na Igreja também são honrados na Igreja ortodoxa, visto que viveram antes do Grande Cisma de 1054.

O mais recente doutor da Igreja a ser nomeado foi santo Irineu de Lyon, com o título de doutor unitatis (doutor da unidade), em 2022. O papa Francisco já havia nomeado, em 2015, são Gregório de Narek doutor da Igreja. O sacerdote, monge, místico e poeta do século X era muito querido entre os cristãos armênios.

Outros santos notáveis ​​que são doutores da Igreja são: santo Agostinho, santo Ambrósio, santa Catarina de Sena, santo Tomás de Aquino, santo Antônio de Pádua, santa Teresa de Ávila, são Francisco de Sales, santa Teresa de Lisieux.

*Francesca é gerente de mídia social da Catholic News Agency (CNA) formada em Comunicação com ênfase em Mídia Digital pela Universidade do Colorado em Denver, nos EUA.

*Jonah McKeown é jornalista e produtor de podcasts de Catholic News Agency. Tem um mestrado na Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri e trabalhou como escritor, produtor radial e camarógrafo.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65277/o-que-significa-ser-um-doutor-da-igreja

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF