pteixera - publicado
em 10/08/25
Padre Mario Lanciotti soube compreender a visão dos povos
da Amazônia.
Nascido em 1901, em Ascoli na Itália, Padre Mario Lanciotti
se tornou missionário Xaveriano. A missão animava sua juventude e passou 17
anos na China, atravessando estepes com sua bicicleta e anunciando o Evangelho
para os novos filhos da Igreja. Depois retornou à sua terra natal para
colaborar na formação de novos missionários.
O destino seguinte foi o Japão. Mas lá não conseguiu se
integrar com a cultura e a língua, mesmo depois de quatro anos de insistência.
Assim, a vida missionária o lançou em um distante, improvável e imenso desafio.
Aos 56 anos chegou na Amazônia. Em seus cadernos, deixou
esta preciosa anotação:
“Deixei a China chorando, escolhi o Japão com entusiasmo,
aceitei o homem da Amazônia com o coração que transbordava de alegria, porque
pude sempre viver a minha vocação missionária. Procurei sempre ver a mão de
Deus que dirigia a minha vida e a minha atividade. Também procurei entender
sempre melhor o povo que Deus me confiou, amando-o e aceitando-o, segundo a sua
natureza... Agora estou velho e desejo somente poder continuar a viver a minha
vida missionária, como vivi até hoje, para ser ainda um instrumento nas mãos de
Deus, em benefício do próximo”.
Escuta do missionário
Padre Mario já escrevia crônicas relatando sua ação
missionária na China. Mais do que histórias, seus textos se tornaram uma
referência para conhecer os métodos missionários e a espiritualidade que
animava o serviço.
Tem destaque ao que hoje se chama de escuta ativa e estava
muito presente na missão de Padre Mario. Ele ouvia as histórias dos
nativos e dos ribeirinhos com o intuito de compreender o pensamento deles.
Procurava descobrir as referências que as pessoas tinham e saber como elas
pensavam para, assim, poder anunciar o Evangelho de uma forma compreensível.
Mais do que contar a história de Jesus, Padre Mario buscava evangelizar as
histórias que ouvia e apresentar o pensamento de Jesus para as
pessoas.
Missionário idoso
Depois de percorrer longas distâncias no Pará e no Amazonas,
organizando comunidades e pregando, Padre Mario se dirigiu para um último
desafio. Aos 72 anos foi para o sul do Pará, na região do Xingu, porque não
havia padres no local. Mesmo idoso, ofereceu sua contribuição.
“Minha saúde declina. Sinto uma fraqueza nunca
experimentada. A vista diminui sempre mais. Quanto tempo poderei ainda
resistir? Seja feita a vontade de Deus! Sinto-me feliz e agradecido por estar
perto dos meus 52 anos de Sacerdócio missionário. Deus foi muito bom comigo,
especialmente nestes últimos sete anos que passei no Xingu. Quero sempre
corresponder à graça de Deus...”
Faleceu em 23 de janeiro de 1983. Os últimos dias de sua
vida se deram em Belém, em um asilo com idosos pobres, vivendo realizado pela
plenitude que abrangeu os dias de sua vida missionária.

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