Mathilde de Robien - Paulo Teixeira - publicado
em 17/11/25
O Padre Paul Préaux, moderador geral da comunidade de Saint-Martin, identifica três perigos que ameaçam um casal: o desgaste, a decepção e a indiferença. Três armadilhas que impedem a comunhão entre os cônjuges.
"O casamento não é uma vocação de segunda
categoria!", afirma o Padre Paul Préaux, que acompanha regularmente casais
ao matrimônio e acaba de publicar um livro intitulado “Em um relacionamento,
doar-se ao amor... sem se esquecer de si mesmo!”. Pelo contrário, o sacramento
do matrimônio é uma "graça imensa", mas também inclui, por parte do
homem e da mulher, uma "colaboração saudável". "Os cônjuges são
chamados a viver a partir da graça
do Espírito Santo, "não nas condições da vida monástica, mas
nas condições de um casal", explicou o padre a Aleteia. Como demonstraram
o santo casal Matrin, pais de Santa Teresinha, canonizado há dez anos, o
matrimônio é um caminho para a santificação e contém todos os ingredientes
"para se tornar um grande santo". Esse caminho depende da qualidade
da doação que cada cônjuge faz de si mesmo. Mas, nesse caminho para a
santificação, os cônjuges enfrentam certos perigos, independentemente da
maturidade do casal: desgaste, decepção e indiferença.
Desgaste
Na espiritualidade cristã, o desgaste leva à acédia, essa
aflição da alma que se expressa através do tédio, da amargura e do desgosto.
Alguns também a chamam de "crise da meia-idade", mas para o Padre
Paul Préaux, não se trata apenas de uma questão de idade. Pode ocorrer mais
cedo ou mais tarde. "O desgaste, esse vazio em que a alma está mergulhada,
muitas vezes leva à tristeza e ao desgosto." Em um casal, isso se traduz
em irritação, fadiga e impaciência com o parceiro, ou até mesmo ativismo. O
problema reside em assumir múltiplas atividades e compromissos fora do
relacionamento. A solução? "Respire fundo, descanse. Descanse um no outro,
entre no descanso de Deus."
A decepção
Após alguns anos de casamento, a decepção também pode
surgir, ligada à constatação de que "a outra pessoa não é simplesmente a
soma das qualidades que te atraíram". A outra pessoa tem defeitos! E é
fácil focar neles. O melhor antídoto para a decepção é, então, olhar "para
a trave no nosso próprio olho e não para o cisco no olho do outro" (cf. Mt 7,5). "Quando um
relacionamento fica tenso, sempre será mais fácil listar os defeitos do
parceiro por meio de uma suposta observação objetiva do que questionar a si
mesmo", observa o Padre Paul Préaux. De tempos em tempos, é bom pensar:
"Ei, vou tentar avaliar meus próprios defeitos". A autorreflexão é a
primeira lição a ser cultivada em um relacionamento.
Indiferença
Para o Padre Paul Préaux, a indiferença é talvez o maior
dos pecados e alimenta a mais profunda tristeza. "Enquanto houver raiva,
nem tudo está perdido!", enfatiza ele. A indiferença surge quando os
cônjuges "caminham em duas estradas paralelas", quando lutam para se
ver e se ouvir. "Viver na indiferença é deixar de tentar compreender e
satisfazer os desejos do outro, é não mais buscar atender aos desejos do outro,
porque estender a mão ao outro se torna muito custoso, muito doloroso",
afirma o sacerdote da comunidade de Saint-Martin. "Ir além de si mesmo se
torna muito difícil", disse o Papa Francisco.
Portanto, é apropriado tomarmos Deus como nosso exemplo,
sempre indo ao encontro de cada pessoa. "Deus se encarnou, tomou a
iniciativa, desceu à Terra. O Senhor sempre encontra um jeito de promover um
encontro, um diálogo, um encontro face a face com a pessoa amada ou com quem se
deseja amar", enfatiza o Padre Paul Préaux, cheio de esperança: "Se o
Senhor permitiu que vocês se encontrassem, Ele saberá como ajudá-los a se
reencontrarem. Busquem a Sua vontade e tenham fé nele."

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