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terça-feira, 27 de junho de 2023

Os pensamentos sociais e eucarísticos em Tertuliano e em Orígenes

Tertuliano (diocesedemaraba)

OS PENSAMENTOS SOCIAIS E EUCARÍSTICOS EM TERTULIANO E EM ORÍGENES

26 de junho de 2023   .   

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

            Tertuliano e Orígenes, Padres da Igreja dos séculos II e III, viveram no mesmo período da Igreja antiga, o primeiro no Ocidente e o segundo no Oriente, tendo pontos conjuntos, importantes em relação aos pensamentos sociais e também eucarísticos. Tertuliano era do Norte da África. Em Roma formou-se no Direito romano, e depois de convertido defendeu o cristianismo na sua terra, Cartago colocando na comunidade pontos sociais, evangélicos e eucarísticos. Orígenes era também da África, No Egito, de Alexandria. Ele teve mais presente a Sagrada Escritura sendo também um Educador em Alexandria, levou as pessoas ao conhecimento da Palavra de Deus, a parte social e a eucaristia. Os dois padres colocaram a fé em Cristo Jesus pela eucaristia visava à realidade social, de bem, de amor para com todas as pessoas sobretudos as necessitadas. Em seguida ver-se-á estes pontos.

            Os bens recebidos.

            Na questão social disse Tertuliano, seguindo a Sagrada Escritura, que os bens materiais passam de modo que é preciso ater-se aos bens espirituais (Mt 6,20). Esta ensina a todas as pessoas para que em cada passo da vida não se dê tanto valor aos bens materiais, devido a sua transitoriedade. O próprio Senhor não possuiu nada para a sua sobrevivência. Ele sempre defendeu os pobres e condenou aos que possuíam riquezas(Lc 12,20)[1].

            O valor da comunidade.

            Tertuliano disse ainda na questão social a importância da comunidade para toda a pessoa que segue Cristo e a Igreja. A comunidade era formada por muitas pessoas, que rezavam pelos Imperadores, por seus ministérios e por seus poderes, pelo estado presente do mundo, pela paz e pelo adiamento do fim. A comunidade reunia-se também para ler as Sagradas Escrituras, e a nutrir-se por elas, pela fé, pela esperança, reafirmando a confiança, a disciplina, a caridade[2].

            Tudo vem de Deus.

            Tertuliano disse que tudo vem de Deus, do qual também as pessoas provieram neste mundo. Desta forma é fundamental para a pessoa que segue a Jesus deixar-se levar pelas coisas celestes para assim não agarrar-se demais as coisas terrenas. A Palavra de Deus diz que é preciso dar alguma roupa para quem não a tem (Lc 3,11), ou mesmo o manto e a própria túnica para a pessoa necessitada (Mt 5,40). É preciso doar para não perecer com as coisas. Diferentemente das pessoas gananciosas, Tertuliano diz que é preciso sacrificar o dinheiro pela alma, seja doando de uma forma espontânea, seja suportando pacientemente as perdas[3].

            A ceia do Senhor e a fé na Igreja.

            Seguindo também a Palavra de Deus Tertuliano dizia que a comunidade cristã não comia das coisas sacrificadas aos ídolos, também em honra dos mortos, porque ela era convidada a comer a ceia do Senhor para alimentar-se bem em sua vida[4]. Ele dizia também que a Igreja de Roma ensinou muitas coisas em relação à eucaristia das quais as Igrejas Africanas estavam unidas a ela. Ele tinha presente o Credo apostólico, na qual as pessoas acreditavam em um só Deus e Senhor, Criador do Universo e em Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, Filho de Deus Criador e Aquele que o ressuscitou dos mortos. A Igreja uniu a Lei e os Profetas tendo presentes também os escritos evangélicos e apostólicos para que as pessoas bebam desta fé, amparada pelo Espírito Santo que nutre com a eucaristia a Igreja e também exorta ao martírio, pela doação da vida da pessoa ao Senhor[5].

            Cristo é o pão da vida e o cotidiano.

            Tertuliano disse que na oração do Pai nosso as pessoas pedem ao Pai o pão cotidiano. Cristo é vida e o pão da vida de modo que é pão a sua palavra que desce do céu (Jo 6,35), sendo o seu corpo, pão (Mt 26,26). As pessoas pedem o pão cotidiano, também o pão espiritual para assim não estarem separados do seu corpo[6].

            A carne nutre-se do corpo e do sangue de Cristo.

            Tertuliano colocou a realidade da natureza humana, a carne, que se nutre do corpo e do sangue de Cristo. Esta realidade insignificante recebe junto de Deus uma dignidade grande, em vista da salvação da mesma, a sua ressurreição. Quando a carne é ligada Deus, também a alma vai junto nesta unidade. É sobre a carne que é dada o sinal da cruz para que a alma seja defendida; é sobre a carne que é dada a imposição das mãos, para que a alma seja iluminada pelo Espírito Santo; é a carne que se nutre do corpo e do sangue de Cristo, para que também a alma seja saciada de Deus. Desta forma será também a recompensa final onde as duas substâncias unidas viverão a vida eterna pela sua unidade neste mundo[7].

            Uma moral comum.

            Na questão social disse Orígenes que Deus semeou no coração, nas almas de todos os seres humanos o que ele ensinou pelos profetas, pelo Salvador para que ninguém encontre desculpa no juízo divino, pois todo ser humano tem a exigência da lei inscrita no seu coração[8], o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Todos são chamados a viver o respeito, o amor de verdade para que Deus seja amado sobre todas as coisas e as pessoas o respeitem, sobretudo nas humildes, simples e pobres.

            O Senhor foi enviado às pessoas pecadoras.

            Ainda no contexto social disse Orígenes que o Senhor foi enviado às pessoas pecadoras e por isso foi criticado pelos fariseus e doutores da lei, as pessoas consideradas puras, mas na realidade eram também pecadoras. O Deus Logos foi enviado como médicos aos pecadores, aos doentes (Mt 9, 12-13) como Mestre dos divinos mistérios às pessoas necessitadas de vida e de evangelização[9].

            A eucaristia, sendo bem recebida e a realidade do Senhor.

            Orígenes afirmou a importância da recepção da eucaristia, o corpo do Senhor. Nada se perdesse, uma vez que a eucaristia era dada nas mãos de modo que nenhuma migalha caísse no chão ao receber o corpo de Cristo[10]. O padre alexandrino também disse a respeito da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas. Tendo presente a multiplicação dos pães em Mateus que Jesus após ter curado doentes, os deu para eles, para que recuperada a saúde, tomassem participantes dos pães da benção espiritual (Mt 14,14-21)[11].

            O pão e o vinho, a Palavra do Verbo de Deus.

            Orígenes também dizia que o pão que o Verbo de Deus na carne confessou de ser seu corpo é a palavra que alimenta as almas, palavra que procede dele e pão proveniente do pão celestial que foi posto sobre a mesa. O vinho que o Verbo de Deus confessa de ser seu sangue, é a Palavra que apaga a sede e sacia os corações das pessoas que o tomam, bebida de salvação[12].

            Tertuliano e Orígenes foram importantes na Igreja antiga e dão luzes à atualidade por serem pessoas de comunidades vivas que atuaram como protagonistas da Palavra de Deus, seguindo o Evangelho de Jesus Cristo, dando valor aos pensamentos sociais e eucarísticos, porque um não estava desligado do outro. A fé em Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados, na pessoa que os recebia impulsionava-a às obras de caridade com as pessoas necessitadas e pobres na família, na comunidade e na sociedade.

[1] Cfr. Tertulliano. Liber de Patientia, PL 1,1260ss. In: Giordano Frosini. Il pensiero sociale dei Padri. Brescia, Queriniana, 1996, pg. 58.

[2] Cfr. Tertuliano. Apologético, 39-2-3. São Paulo, Paulus, 2021, pg. 150.

[3] Cfr. Tertulliano. Liber de Patientia,..  In:: Idem, pg. 59.

[4] Cfr. Tertulliano. Gli Spettacoli, cap. 13, PL 1, 646B. In: Gerardo di Nola. Monumenta Eucharistica. La Testimonianza dei Padri della Chiesa. Vol. 1, Sec. I-IV. Roma, Edizioni Dehoniane, 1994, pg. 119.

[5] Cfr. Idem, La prescrizione degli eretici, cap. 36, 4-5; A. Kroymann, CSEL 70, 46 70; PL 1,4B. In: Idem, pgs. 120-121.

[6] Cfr. Idem, La Preghiera, cap. 6; PL 1, 1160 A -1161 A. In: Idem, pg. 121.

[7] Cfr. Idem. La risurrezione deei morti, cap. 8, 1-3; Kroymann, CSEL, 47,3p. 36ss; PL 2, 806°-B. In: Idem, pgs. 130-131.

[8] Orígenes. Contra Celso, Livro Primeiro, 4. São Paulo, Paulus, 2004, pgs. 43-44.

[9] Cfr. Idem, Livro Terceiro, 62, pg. 259.

[10] Cfr. Origene. Omelie sull´Esodo, Omelia 13,3, Baehrens, GCS 29, Origenes Werke 6, 274; PG 12, 391 A-B. In: Idem, pg. 163.

[11] Cfr. Idem. Commento a Matteo, X,25; Klostermann, GCS 40. Origenes Werke 10,34, 13-20; PG 13, 901D-904 A. In: Idem, pg. 170.

[12] Cfr. Idem, Commento a Matteo, X, 85, Mt 26, 26ss: Klostermann, 196ss: PG 13, 1734 A-1735A. In: Idem, pg. 173.

Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/

S. CIRILO DE ALEXANDRIA, BISPO E DOUTOR DA IGREJA

S. Cirilo de Alexandria, século XVIII  (© Musei Vaticani)

27 junho 

São Cirilo de Alexandria

Testemunha "incansável e convicto" de Jesus Cristo, "Verbo de Deus encarnado": foi o que Bento XVI, disse sobre São Cirilo de Alexandria, dedicando toda uma audiência, em 3 de outubro de 2007, a esta "grande figura" e um dos Padres da Igreja.

Bispo da Igreja de Alexandria

Cirilo, sobrinho de Teófilo, que, desde 385, governou a diocese de Alexandria no Egito, nasceu, provavelmente, naquela mesma cidade, entre 370 e 380.
Desde cedo, foi encaminhado à vida eclesiástica. Por isso, Cirilo recebeu uma boa educação, tanto cultural quanto teológica.
Em 403, estando em Constantinopla com seu tio, Teófilo, participou com ele do Sínodo, chamado Sínodo do Carvalho, que teve como êxito a deposição do bispo da cidade, João (chamado, mais tarde, Crisóstomo), assinalando assim o triunfo da sede de Alexandria sobre a sua tradicional rival de Constantinopla, onde residia o imperador.
Com a morte do seu tio Teófilo, o ainda jovem Cirilo foi eleito bispo, em 412, da influente Igreja de Alexandria, que governou com grande energia, durante 32 anos, seguindo sempre o objetivo de confirmar a sua primazia em todo o Oriente, ciente também dos laços tradicionais com a Igreja de Roma.

Fé cristológica

Alguns anos depois, em 417 ou 418, Cirilo restabeleceu a comunhão com Constantinopla. No entanto, os contrastes se reacenderam quando, em 428, Nestor foi eleito como novo bispo de Constantinopla. Em uma sua pregação, preferiu dar a Maria o título de "Mãe de Cristo" (Christotókos), ao invés daquele – tão querido pela devoção popular - de "Mãe de Deus" (Theotókos).
Antes e durante o Concílio de Éfeso, a reação de Cirilo - então o maior expoente da Cristologia alexandrina, que queria dar maior ênfase à unidade da pessoa de Cristo - foi quase imediata ao repropor, novamente, o dever dos Pastores de preservar a fé do Povo de Deus. Seu critério era que “a fé do Povo de Deus devia ser expressão da tradição e garantia da boa doutrina cristã”.
Em uma carta a Nestor, Cirilo descreveu, claramente, o seu credo cristológico: "Afirmamos, assim, que as naturezas, unidas em uma verdadeira unidade, são diferentes; delas resultam apenas um só Cristo e um só Filho", porque "divindade e humanidade, unidas em um elo indizível e inexprimível, produziram para nós um único Senhor, um único Cristo e um único Filho”. Enfim, o Bispo de Alexandria frisou: "Professamos um só Cristo e Senhor". Desta forma, conseguiu que Nestor fosse repetidamente condenado; por outro lado, conseguiu também, em 433, chegar a uma fórmula teológica de reconciliação com os fiéis de Antioquia.
São Cirilo de Alexandria faleceu em 27 de junho de 444.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Sacrifício: a chave dos relacionamentos verdadeiros e duradouros

Bacho | Shutterstock (Modified by Aleteia) / #image_title

Por Michael Rennier

Desistir até das pequenas coisas pelos amigos e pela família não é fácil, mas os Protomártires da Igreja de Roma nos ajudam a entender por que o sacrifício vale a pena.

No fim de junho, celebramos a festa Protomártires da Igreja Romana, aqueles homens e mulheres que perderam a vida por sua fé durante a perseguição cristã. E dois pensamentos vêm à minha mente todos os anos quando celebramos esta festa.

Primeiro, esses mártires são anônimos. Seus nomes estão perdidos na história. Mesmo em seus próprios dias, eles não ganharam fama por seu sacrifício. Eles não foram considerados heróis por seus contemporâneos fora da Igreja. Os romanos os prenderam e eles simplesmente desapareceram.

Em segundo lugar, aqueles primeiros mártires fizeram seu sacrifício livremente. Se tivessem negado sua fé, mesmo que temporariamente, poderiam facilmente ter evitado a morte. Eles fizeram uma escolha consciente e deliberada de se posicionar.

Por que eles estavam dispostos a passar por um sofrimento tão ingrato?

Se eu tivesse que apostar, diria que foi porque eles não pensaram em seus sacrifícios como sendo em nome de uma ideia, conjunto de regras ou compromisso moral. Eles se sacrificaram porque consideravam Jesus um amigo. E a amizade não é um objeto que pode ser recolhido ou colocado de acordo com nossa conveniência.

Evitando o sacrifício

Quando se trata de fazer um sacrifício por uma amizade, é fácil nos convencermos de que isso seria um desperdício. Esta ou aquela amizade não é valiosa o suficiente, digo a mim mesmo. Estou muito ocupado e não vale a pena. Não estou nem falando aqui de grandes sacrifícios. Estou falando dos pequenos – reservar um tempo para fazer uma ligação e manter contato. Já ouvi pessoas alegarem que não vão entrar em contato com um amigo porque esse amigo não prestou atenção suficiente a elas no passado, ou não vão convidar um amigo para jantar porque essa pessoa nunca retribui o convite.

Eu admito: eu costumava pensar assim. Se um amigo tivesse problemas para manter contato comigo, eu o descartava. Se eu sentisse que ele não me reconhecia o suficiente, eu o ignorava. Eu vim a entender, no entanto, que a vida tem um jeito de se tornar opressiva para as pessoas. Se eu tiver que fazer um pequeno sacrifício de ser o primeiro a estender a mão e sugerir que tomemos um café e coloquemos o papo em dia, por que não?

Casamento e sacrifícios

No casamento, os pequenos sacrifícios são ainda mais essenciais – limpar a cozinha, tirar o lixo, lavar a roupa, escolher o que comer no jantar, como pagar as contas. 

Eu preparo casais de noivos para o matrimônio. A maior bandeira vermelha que vejo é quando os casais se recusam a fazer esses pequenos sacrifícios um pelo outro. Eles fazem planilhas de quem pagará quais contas porque não querem misturar suas finanças, têm uma tabela de tarefas para que todas sejam divididas igualmente e organizam cuidadosamente quem obtém o controle de várias áreas de suas vidas. Se uma pessoa se beneficia em uma área, uma compensação equivalente é exigida em outra.

Na minha opinião, esses casais não estão prontos para o casamento. Eles não podem, nem mesmo, ser amigos ainda. Eles ainda estão contando o custo. O relacionamento, tal como é, não se baseia no sacrifício mútuo, mas sim no quanto cada pessoa está ganhando com isso, organizando cuidadosamente as coisas para que nenhuma das pessoas se sinta prejudicada.

Eu me pergunto se, de um modo geral, perdemos nosso compromisso com o que realmente é necessário para tornar um relacionamento frutífero. O mundo moderno nos encoraja a sermos egocêntricos e somos ensinados desde cedo a pensar primeiro em nosso próprio bem-estar. Descartamos facilmente amizades e casamentos ao primeiro sinal de que algum sacrifício poderá ser necessário.

O que os Protomártires podem nos ensinar

Esse pensamento é o que me traz de volta aos Protomártires romanos. Eles formam um forte contraste com a visão moderna dos relacionamentos. Deram tudo o que tinham pela amizade. 

Recentemente, tivemos ordenações de novos sacerdotes em St. Louis, e um amigo meu, padre Gerber, destacou, na homilia, que o sacerdócio não é apenas mais um trabalho. Rezar a missa não é um exemplo de homem que está simplesmente trabalhando. Em vez disso, um padre deve mostrar aos fiéis que está “apaixonado por nosso amigo”. Cristo, como sacerdote, faz o último sacrifício por nós porque essa é a base para estabelecer a amizade. É o mesmo com todas as nossas amizades. O sacrifício deve ser a base, caso contrário, não são relacionamentos verdadeiros.

Posso não ser perfeito, mas posso pelo menos prometer que, com o melhor de minha capacidade, tentarei formar a base de nossa amizade com sacrifício. Esses sacrifícios não serão usados ​​como moeda de troca para algum benefício futuro que reivindicarei. Com o melhor de minha capacidade, eles permanecerão sem nome. Eu nem vou me importar se eles permanecerem não reconhecidos. Digo isso não porque sou um cara incrível que tem uma amizade toda planejada. Digo isso como alguém que luta muito com a amizade autêntica e vê naqueles primeiros mártires romanos um belo exemplo a seguir.

Não é tudo sobre nós. É sobre os outros. Esta é a graça da amizade. É por isso que nos dedicamos, de corpo e alma, a relacionamentos duradouros. Fazemos sacrifícios por aqueles que amamos – e eles fazem seus sacrifícios por nós. Os mártires deram tudo por seu amigo Jesus, e ele deu tudo por eles. Quem deu mais?

Acho que ninguém estava contando…

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa a Festival de Ecologia Integral: garantir todos os esforços para uma Terra sustentável

Promover o cuidado da casa comum deve ser prioridade de todos, disse Francisco  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco enviou uma mensagem a dom Fabio Fabene, arcebispo local e organizador do evento realizado na cidade italiana de Montefiascone, a pouco mais de 100 Km de Roma. Na Lectio do bispo de Viterbo, dom Piazza: "a água, dom que mata a sede e dá vida".

Vatican News

A terceira edição do Festival da Ecologia Integral terminou neste domingo (25) na cidade italiana de Montefiascone, pouco mais de 100 Km distante de Roma. Entre os compromissos mais significativos da última sexta-feira (23), estava o encontro com o bispo de Viterbo, dom Orazio Francesco Piazza, que encantou o grande público presente no espaço teatral em frente à cripta de Santa Lúcia Filippini. A "lectio brevis" de dom Piazza foi precedida pela leitura da mensagem do Papa Francisco, cheia de significado e afeto, enviada a dom Fabio Fabene, arcebispo de Montefiascone e idealizador do evento. As palavras do Pontífice foram dedicadas a todos que dedicam energia à proteção e ao cuidado da criação. 

A mensagem do Papa Francisco

"Envio cordiais saudações a todos vocês que estão participando do terceiro Festival de Ecologia Integral em Montefiascone", escreveu o Papa Francisco. "Agradeço-lhes por se reunirem para refletir e promover o cuidado da casa comum, que deve ser uma prioridade para todos nós que a habitamos, mas especialmente para os cristãos". E o Pontífice continua: "Deus nos abençoou com o dom da terra, por isso devemos garantir todos os nossos esforços para torná-la sustentável e, a esse respeito, na encíclica Laudato si', escrevi: o desafio urgente de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, porque sabemos que as coisas podem mudar".  

"O Criador não nos abandona", acrescenta Francisco na mensagem, "ele nunca recua em seu projeto de amor, não se arrepende de ter nos criado, a humanidade ainda tem a capacidade de trabalhar em conjunto para construir a nossa casa comum. Desejo expressar gratidão, encorajamento e agradecimento a todos aqueles que, nos mais diversos campos da atividade humana, estão trabalhando para garantir a proteção da casa que compartilhamos". Confiando todos os participantes à intercessão da Santíssima Virgem Maria, o Papa desejou em sua mensagem "um encontro frutífero" e pediu que rezassem por ele.

Bispo Piazza: "proteger a Terra é o mesmo que proteger a humanidade"

No final da leitura da mensagem do Papa por dom Fabene, inspirador e criador do festival, o bispo de Viterbo, dom Piazza, elaborou com habilidade e brevidade uma reflexão teológica sobre a importância da água como dom material, mas que antes de tudo sacia a sede do espírito. Em termos simbólicos e partindo dos dons que o Criador concedeu à humanidade, a premissa inicial se debruçou sobre o termo custódia, especificando que tudo o que é doado não se torna propriedade e não pode ser uma reivindicação, pelo contrário, sendo um dom, deve ser guardado e valorizado, porque proteger a Criação, portanto a Terra, equivale a proteger a própria humanidade. 

"No simbolismo do Gênesis, é toda a humanidade que é chamada a proteger toda a Terra", explicou dom Piazza, acrescentando que essa custódia requer responsabilidade, diligência e compartilhamento, ações que dizem respeito a todos os seres vivos "porque o mesmo sopro de vida habita neles. Proteger a natureza é também proteger a humanidade, valorizar, cultivar, tornar fecundo o bem confiado". 

Água, o dom que mata a sede e dá vida 

O eixo central da lectio de dom Piazza foi, portanto, a água, essencial à vida e um dom do Criador e em relação a qual não somos apenas aqueles sobre os quais recai o dom, mas, além de usufruir de seus benefícios, devemos apreciar seu valor e respeitar o dom com uma atitude de "responsabilidade compartilhada, capaz de sustentar uma qualidade de vida presente e futura das plantas, dos animais, do ar, da própria água, inseparável da humanidade". 

O tema da água, continuou explicando o bispo de Viterbo, tem três referências cruzadas significativas: o dom que sacia a sede, a necessidade que é representada pela sede, a regeneração, ou seja, a realidade vivificada. O dom mostra que o que é oferecido, confiado, não pode se tornar uma reivindicação exclusiva autorreferencial, mas deve nos levar a um uso compartilhado e responsável para a valorização, porque ninguém pode promover direitos predatórios e exclusivos sobre o que é doado. 

A água doada se torna um instrumento de relação e coesão social 

Dom Piazza lembrou, assim, a centralidade do elemento água nas Sagradas Escrituras, onde é mencionada 580 vezes como o fio condutor da jornada humana e sua interação com o Pai. A água não é apenas uma metáfora, mas um elemento fundamental na vida do homem e da Criação, a água batismal nos torna semelhantes na criança humana", porque "assim como a água inunda uma terra ressequida e a vivifica, o símbolo batismal da água dá vida... Aqueles imersos no batismo que saem da água começam uma nova vida, o dom da água no deserto sacia a sede do povo e se torna um sinal da solicitude de Deus".

Por isso, a água e a necessidade dela para a sobrevivência da humanidade devem ser um motor de caridade, solidariedade e ações comuns para sua preservação e para o bem das gerações futuras, porque ela não é apenas um bem material, mas se torna um caminho da alma para entender o significado do ser humano desejado por Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

“A fé exige o realismo do acontecimento” (3/6)

Joseph Ratzinger (30Giorni)

Arquivo 30Dias - 06/2003

“A fé exige o realismo do acontecimento”

“A opinião de que a fé, enquanto tal, não conhece absolutamente nada dos fatos históricos e deve deixar tudo isso aos historiadores, é gnosticismo: esta opinião desencarna a fé e a reduz a pura idéia. Para a fé que se baseia na Bíblia é, ao contrário, exigência constitutiva precisamente o realismo do acontecimento. Um Deus que não pode intervir na história nem mostrar-se nela não é o Deus da Bíblia”. O discurso do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por ocasião do centenário da constituição da Pontifícia Comissão Bíblica.

de Joseph Ratzinger

O que poderia entrever um olhar histórico lançado do Nebo sobre a terra da exegese dos últimos cinqüenta anos? Antes de tudo, muitas coisas que teriam sido de conforto para Maier, a realização do seu sonho, por assim dizer. Já a encíclica Divino afflante Spiritu de 1943 introduziu uma nova forma de compreender a relação entre o Magistério e as exigências científicas da leitura histórica da Bíblia. Em seguida, os anos sessenta representaram a entrada na Terra Prometida da liberdade da exegese, mantendo esta imagem metafórica. Primeiro, encontramos a instrução da Comissão Bíblica, de 21 de abril de 1964, sobre a verdade histórica dos Evangelhos, mas depois, sobretudo, a Constituição conciliar Dei Verbum de 1965 sobre a Revelação Divina, com a qual se abriu na realidade um novo capítulo na relação entre Magistério e exegese científica. Não é preciso realçar aqui a importância deste texto fundamental. Ele, antes de mais, define o conceito de Revelação, que não se identifica de modo algum com o seu testemunho escrito que é a Bíblia, e abre, desta forma, um amplo horizonte, histórico e ao mesmo tempo teológico, no qual se move a interpretação da Bíblia, uma interpretação que vê nas Escrituras não só livros humanos, mas o testemunho de um falar divino. Assim, torna-se possível determinar o conceito de Tradição, que também supera a Escritura, apesar de ter nela o seu centro, a partir do momento em que a Escritura é, em primeiro lugar e por sua natureza, “tradição”. Isto leva ao terceiro capítulo da Constituição, dedicado à interpretação da Escritura; nele emerge, de maneira convincente, a necessidade absoluta do método histórico como parte indispensável do esforço exegético, mas surge depois também a dimensão propriamente teológica da interpretação, que como já foi dito, é essencial, se aquele livro é mais do que palavra humana.

Prosseguimos a nossa investigação do Monte Nebo: Maier, do seu lugar de observação, teria podido alegrar-se especialmente pelo que aconteceu em junho de 1971. Com o motu próprio Sedula cura, Paulo VI reestruturou completamente a Comissão Bíblica de tal forma que deixou de ser um órgão do Magistério, para ser um lugar de encontro entre o Magistério e exegetas, um lugar de diálogo no qual se pudessem encontrar representantes do Magistério e qualificados exegetas para juntos encontrar, por assim dizer, os critérios intrínsecos da liberdade que a impedem de se autodestruir, elevando-a assim ao nível de uma verdadeira liberdade. Maier teria podido alegrar-se também pelo fato de que um dos seus melhores alunos, Rudolf Schnackenburg, tinha começado a fazer parte não precisamente da Comissão Bíblica, mas da não menos importante Comissão Teológica Internacional, de forma que agora ele mesmo, por assim dizer, estava quase naquela Comissão que lhe tinha causado tantas preocupações.

 Recordamos outra data importante que, do nosso Nebo imaginário, teria podido surgir no horizonte: o documento da Comissão Bíblica A interpretação da Bíblia na Igreja, de 1993, no qual já não é o Magistério que impõe do alto normas aos exegetas, mas são eles mesmos que procuram definir os critérios que devem determinar o caminho para uma interpretação adequada deste livro especial, o qual, visto só do exterior, constitui, no fundo, nada mais do que uma coletânea literária de escritos, cuja composição se alarga por todo um milênio. Só o sujeito do qual esta literatura nasceu – o povo de Deus peregrino – faz desta coletânea literária, com toda a sua variedade e os seus aparentes contrastes, um único livro. Mas este povo sabe que não fala nem age por si, mas é devedor Àquele que faz dele um povo: o próprio Deus vivo que lhe fala através dos autores de cada livro.

A Constituição conciliar Dei Verbum de 1965 sobre a Revelação Divina, abriu na realidade um novo capítulo na relação entre Magistério e exegese científica. Não é preciso realçar aqui a importância deste texto fundamental. Ele, antes de mais, define o conceito de Revelação, que não se identifica de modo algum com o seu testemunho escrito que é a Bíblia, e abre, desta forma, um amplo horizonte, histórico e ao mesmo tempo teológico, no qual se move a interpretação da Bíblia, uma interpretação que vê nas Escrituras não só livros humanos, mas o testemunho de um falar divino.

O discurso do cardeal Ratzinger
foi pronunciado em língua italiana
no Augustinianum em 29 de abril de 2003.

Fonte: http://www.30giorni.it/

A mediação de Maria - Parte V

"Maria é nossa Mãe, é Mãe dos nossos povos, é Mãe de todos nós, é Mãe da Igreja, mas é também imagem da Igreja." (Papa Francisco) / Vatican Media

"Acompanha-nos neste itinerário a Virgem Santa, que seguiu em silêncio o Filho Jesus até o Calvário, participando com grande dor no seu sacrifício, cooperando assim no mistério da Redenção e tornando-se Mãe de todos os crentes". (Bento XVI)

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Consideram com razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens. Como diz S. Ireneu, «obedecendo, ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano» (Lumen Gentium n. 56)”

O Papa Francisco observou em sua homilia na celebração da Festa de Nossa Senhora de Guadalupeem 12 de dezembro de 2017,  que Maria "nunca roubou para si mesma nada do seu Filho; serviu-o porque é mãe". "Fiel ao seu Mestre, que é o seu Filho, o único Redentor, jamais quis reter para si algo do seu Filho. Nunca se apresentou como corredentora. Não, discípula!"

Padre Gerson Schmidt*, inspirando-se nos escritos dos Santos Padres, no magistério dos Papas e documentos conciliares, continua nos propondo neste nosso espaço reflexões sobre a mediação de Maria, destacando seu papel de colaboradora na obra de salvação realizada por seu Filho Jesus:

"Estamos refletindo vários programas sobre a mediação de Maria na obra salvífica da humanidade, sempre subordinada a Cristo. Maria é colaboradora na obra da redenção enquanto conduz ao único Salvador Jesus Cristo. Em nenhum outro nome nós seremos salvos.

São João Paulo II, na sua grande encíclica Redemptoris Mater, declarou assim: “Maria tornou-Se não só a ‘mãe-nutriz’ do Filho do Homem, mas também a ‘cooperadora generosa, de modo absolutamente singular’, do Messias e Redentor. Ela avançava na peregrinação da Fé e, nessa sua peregrinação até aos pés da Cruz, foi-se realizando, ao mesmo tempo, com as suas ações e os seus sofrimentos, a sua cooperação materna e esponsal em toda a missão do Salvador. […] A cooperação de Maria participa, com o seu carácter subordinado, na universalidade da mediação do Redentor, único Mediador”[1].

Portanto, São João Paulo II destaca aqui o caráter subordinado de Maria sempre ao divino Redentor dos homens. Bento XVI, por sua vez, afirmou assim: “Acompanha-nos neste itinerário a Virgem Santa, que seguiu em silêncio o Filho Jesus até o Calvário, participando com grande dor no seu sacrifício, cooperando assim no mistério da Redenção e tornando-se Mãe de todos os crentes (cf. Jo 19, 25-27)”.

Não se pode dizer ingenuamente que a "mediação universal" de Maria e o seu papel na obra salvífica sejam mera opinião. Embora a Igreja ainda não tenha se manifestado solenemente a esse respeito, por meio de uma declaração “ex cathedra”, a sua notável presença nos documentos comuns dos Santos Padres leva-nos àquela obediência da fé, que também se aplica ao que propõe o Magistério ordinário e universal, isto é, "o ensino comum e universal de uma determinada doutrina pelo papa e por todos os bispos espalhados pelo mundo".

Em nosso espaço Memória Histórica 60 anos do Concilio, lembramos que o próprio Concílio Vaticano II referendou tudo isso que dissemos até agora. Tendo embora, por sua constante preocupação ecumênica, evitado a palavra Corredentora – para não ferir os ouvidos dos irmãos cristãos que não veneram a Virgem Santíssima – o Concílio Vaticano II expôs de modo claro e sem equívoco a doutrina da mediação de Maria tal como a entende a Igreja Católica. Eis alguns textos da Constituição Dogmática Lumen gentium especialmente significativos: […]

Diz assim a Constituição Dogmática Lumen gentium, no número 56:  “Ao aceitar a mensagem divina, Maria, filha de Adão, tornou-Se Mãe de Jesus e, abraçando de todo coração e sem qualquer torpor de pecado a vontade salvífica de Deus, consagrou-Se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, servindo com diligência ao mistério da Redenção com Ele e subordinada a Ele, pela graça de Deus onipotente. Com razão, pois, julgam os Santos Padres que Maria não foi mero instrumento passivo nas mãos de Deus, mas cooperou com livre fé e obediência para a salvação dos homens. Como disse Santo Irineu, ‘obedecendo, tornou-Se causa de salvação para Si mesma e para todo o gênero humano’”

“Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no Templo, padecendo com Ele quando morria na Cruz, cooperou de modo inteiramente singular, com a sua Fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador para restaurar nas almas a vida sobrenatural. Por isso é nossa Mãe na ordem da graça” (Lumen gentium, n.61)."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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[1] SÃO JOÃO PAULO II. Redemptoris Mater, n.39-40.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A devoção de são Josemaria Escrivá por “Relojoeirinho”, seu anjo da guarda

Josemaria Escrivá e Álvaro del Portillo rezando / Buscar Deus no trabalho e na vida cotidiana (ACI Digital)

REDAÇÃO CENTRAL, 26 Jun. 23 / 06:00 am (ACI).- São Josemaria Escrivá aprendeu de seus pais a devoção ao anjo da guarda, que o ajudava tanto, que um dia começou a chamá-lo de “Relojoeirinho”, por alguns problemas que teve com seu relógio.

São Josemaria, já como sacerdote, contou que um dia seu relógio de bolso parou e, como estava passando por uma situação econômica muito difícil, falou com o Senhor. “Sugeri-lhe que o meu anjo da guarda, a quem deu mais talento que a todos os relojoeiros, consertasse o meu relógio”.

“Pareceu não me ouvir, porque voltei a mexer e a tocar e retocar no relógio avariado, em vão. Então […], ajoelhei-me e comecei um Pai Nosso e uma Ave Maria, que acho que não cheguei a terminar, porque peguei novamente no relógio, toquei nos ponteiros… e começou a andar! Dei graças ao meu bom Pai”, destacou o santo.

Assim também com o despertador descomposto. Era tanta sua confiança em seu anjo da guarda que recorria a ele para que o despertasse na hora prevista pela manhã e seu companheiro celestial nunca falhou. Por esta razão, chamava-o com carinho de “Relojoeirinho”.

São Josemaria Escrivá sempre ensinou aos seus filhos que a relação e devoção aos santos anjos da guarda estava na entranha de seu trabalho e que era uma manifestação concreta da missão sobrenatural da Obra de Deus.

Cabe ressaltar que foi justamente em 2 de outubro de 1928, festa dos anjos da guarda, que são Josemaria Escrivá viu o que Deus queria dele e fundou a Opus Dei.

Em uma ocasião, o beato Álvaro del Portillo relatou que, quando o santo saudava o Senhor no Sacrário, sempre agradecia aos anjos ali presentes.

“Quando vou a um dos nossos oratórios em que há um tabernáculo, digo a Jesus que o amo e invoco a Trindade. Depois agradeço aos Anjos que guardam o Sacrário e adoram Cristo na Eucaristia”, costumava repetir são Josemaria Escrivá.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São Josemaría Escrivá de Balaguer

São Josemaría Escrivá de Balaguer (arquisp)

26 de junho

São Josemaría Escrivá de Balaguer

Josemaría Escrivá de Balaguer nasceu em Barbastro, Huesca, na Espanha, no dia 9 de janeiro de 1902. Os pais, José e Dolores, tiveram seis filhos, sendo que as três meninas mais novas morreram ainda criança. O casal deu aos filhos uma profunda educação cristã.

Em 1915, a indústria de tecido do pai faliu e a família mudou-se para Logronho, onde havia mais trabalho. Nessa cidade, Josemaría reconheceu sua vocação religiosa. Intuiu que Deus desejava algo dele, depois de observar na neve algumas pegadas dos pés descalços de um frade. Em vez de ficar tentando descobrir o que ele lhe pedia, decidiu primeiro tornar-se sacerdote. Ingressou no seminário de Saragoça, onde também cursou direito como aluno voluntário. Seu pai morreu em 1924, e ele se viu como chefe de família. No ano seguinte, recebeu a ordenação sacerdotal e foi exercer o seu ministério numa paróquia rural e, depois, em Saragoça também.

Com autorização do seu bispo, em 1927 foi para Madri, com o objetivo de formar-se em direito. Um ano depois, durante um retiro espiritual, pediu a Deus para mostrar-lhe com clareza o que precisava ser feito e, assim, funda a Opus Dei, um caminho moderno de evangelização para a Igreja. Desde então, trabalhava na instituição, ao mesmo tempo que continuava exercendo o seu ministério, especialmente entre os pobres e doentes. Além disso, estudava na Universidade de Madrid e dava aulas para manter a família.

A missão da Opus Dei é a de promover entre os fiéis cristãos de qualquer condição social uma vida plenamente coerente com a fé no meio do mundo e contribuir, assim, para a evangelização de todos os ambientes da sociedade. Ou seja, difundir a mensagem de que todos os batizados estão chamados a procurar a santidade e a dar a conhecer o Evangelho, tal como recordou o Concílio Vaticano II.

Quando rebentou a Guerra Civil espanhola, e com ela a perseguição religiosa, ele exercitou o ministério na clandestinidade, até conseguir sair de Madri e fixar residência em Burgos. Acabada a guerra, em 1939, regressou a Madri e obteve o doutorado em direito. Nos anos que se seguiram, dirigiu numerosos retiros para leigos, sacerdotes e religiosos.

Em 1946, fixou residência em Roma, fazendo o doutorado em teologia pela Universidade Lateranense. É nomeado consultor de duas congregações da Cúria Romana, membro honorário da Academia Pontifícia de Teologia e prelado honorário do papa. De Roma desloca-se, em numerosas ocasiões, a diversos países da Europa, América Central e do Sul, a fim de impulsionar o estabelecimento e a consolidação da Opus Dei nessas regiões.

Josemaría morreu em conseqüência de uma parada cardíaca, no dia 26 de junho de 1975, em seu quarto de trabalho e aos pés de um quadro de Nossa Senhora, a quem lançou o seu último olhar. Todavia a Opus Dei já estava presente nos cinco continentes, contando com mais de sessenta mil membros de oitenta nacionalidades.

Foi Beatificado no dia 17 de maio de 1992 e foi canonizado em 6 de outurbro de 2002 pelo papa João Paulo II na praça de São Pedro em Roma. A festa litúrgica de São Josemaría Escrivá de Balaguer é celebrada no dia 26 de junho. O seu corpo repousa na igreja prelatícia de Santa Maria da Paz, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Fonte: https://arquisp.org.br/

domingo, 25 de junho de 2023

A maior dor dos jovens

A maior dor dos jovens (Comunhão e Libertação)

A MAIOR DOR DOS JOVENS

O mal-estar dos jovens, sua inquietude, as dificuldades que vivem quando entram no mundo “adulto”. Costumamos achar que são frágeis, incapazes de sacrifício e esforço. E se o problema fosse todo o bem que carregam no coração?

Silvio Cattarina* 22.06.2023

Cada vez com mais frequência, fico refletindo sobre o mal-estar dos jovens. Não tanto sobre a sua vastidão e dramaticidade ou sobre as inúmeras formas de manifestação que ele assume, mas sim sobre sua possível origem e seu significado.

Fomos levados a pensar – e boa parte da psicologia leva para isso – que o mal-estar e o medo de viver aparecem no jovem por causa de suas muitas fragilidades e das inumeráveis dificuldades que ele encontra ao entrar no mundo “adulto”, na realidade. Enfim, a causa do problema dos jovens é sua própria pessoa e os obstáculos espalhados em seu caminho. Ou seja, o mal, o negativo, a fadiga, o sacrifício.

Cada vez mais penso que, pelo contrário, a causa do problema são o bem e o belo que há nele, dos quais seu coração é feito, e também a grandeza, a imensidão que ele enxerga na realidade. Desde que o mundo é mundo, o jovem nunca pensa demais em seus limites, nem tampouco nos obstáculos que se interpõem a ele. O jovem – em certo sentido – é o poderoso e também o todo-poderoso por excelência.

Por essa razão, pode ser sensato pensar que a verdadeira questão com a qual ele se enfrenta é realmente o bem. Ou seja, o mar de expectativa, desejo e amor que ele sente e gostaria de ter para si. Benedetta – uma das nossas garotas de “O imprevisto” – exclamou um dia: «Como fui tola até agora, sempre pensei e disse que era uma garota vazia, que dentro de mim havia um grande vazio. Mas sempre estive cheia de mil e uma coisas, desejos, projetos, sonhos… No entanto, o vazio existe, mas não está dentro de mim, está fora de mim!»

Apenas – e este é o grande drama da situação atual – inúmeros jovens pensam e acreditam que não merecem o desejo de vida que existe dentro deles, que não são dignos dele, que nunca poderão realizar o que anseiam.

Além do grande bem que ele sente e vê dentro de si, o jovem descobre e vê que também na realidade existe a possibilidade de uma grandeza infinita, mas ele acha e acredita que isso nunca será, nunca poderá ser para ele… no fundo, acha que não existe, que não é verdade… Que não dura, que não cabe a ele e não o aguarda.

O jovem pensa de si mesmo e da realidade de forma tão limitada, desanimadora e decepcionante porque ele não sabe – não foi educado, não lhe foi ensinado – esperar, admitir, imaginar, conceber algo mais, algo além, uma surpresa, um imprevisto, um presente, um chamado. O drama mais agudo, mais intenso da juventude atual – e também de muitos “adultos” – é que eles não são capazes de esperar por uma novidade.

O coração dos jovens não está aberto, não está disposto a olhar, a deixar entrar tudo o que vive na realidade, a profundidade, a altura da vida. Não sabem ver, não sabem olhar. Não estão disponíveis para uma grande surpresa. É um coração fechado e surdo.

Então, é necessário pensar que o caminho a seguir é aquele que pode levar a uma abertura. É uma questão de conhecimento se a vida do jovem é tão miserável, pequena, mesquinha, pobre, inútil, como ele pensa de si mesmo.

Compreende-se então que a maior dor não é o mal, mas sim o bem, é o amor. Se não há amor, se não o conhecem, se não o encontram, se ele não os chama, certamente ocorrem grandes problemas e, por fim, o jovem fica irritado, torna-se agressivo e violento. Eles são assim, duros, maus… Porque têm medo.

De quê? Do seu coração e da vida, da imensidão da vida, da realidade. Estão cheios de dúvidas… Não sobre as suas capacidades, mas em relação à positividade da vida, do Ser.

Em última análise, têm medo de não serem dignos de Deus, de não merecerem a Deus. A maior dor é não saber amar.

*Educador e fundador da comunidade “O imprevisto”, de Pésaro

Fonte: https://portugues.clonline.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF