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terça-feira, 4 de julho de 2023

Santa Isabel de Portugal: A rainha da bondade e da paz

Santa Isabel de PortugalFoto: Gustavo Krajl

04 de julho

Santa Isabel de Portugal

A Igreja celebra, no dia 4 de julho, Santa Isabel de Portugal, cuja memória rapidamente ultrapassou as fronteiras do reino, e em todo o orbe cristão era conhecida aquela soberana que foi o mais belo ornato do glorioso Portugal.

Redação (04/07/2023 08:23, Gaudium PressQuem alguma vez teve a aprazível oportunidade de visitar Coimbra, certamente terá admirado suas numerosas maravilhas: desde o precioso jazigo de Dom Afonso Henriques, fundador do Reino de Portugal, até os variados e belos parques que adornam a cidade. Brilha ainda a histórica Universidade que, através de suas sólidas raízes e requintados frutos, é a instituição que representa a maior expressão da Língua Portuguesa.

Contudo, quem vem de longe não deixa de notar o sincero carinho dos habitantes por sua insigne padroeira, a Rainha Santa Isabel: o anjo de bondade e de paz que o Senhor mandou para Portugal.

Curiosamente, Santa Isabel não é portuguesa de nascença. Quis a mão da Providência colhê-la no solo aragonês, onde veio ao mundo no longínquo ano de 1271. Precedeu-a em nobreza e santidade sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria, de quem herdou, além do nome, os mais excelentes predicados. A pequena filha de Pedro III de Aragão e de Constança da Sicília foi, a exemplo de sua tia, grande seguidora de São Francisco de Assis e uma alma toda voltada para os pobres e necessitados.

Pacificou ânimos e guerras desde o berço até a hora da morte, e não houve, entre o primeiro nobre e o último, doente quem se furtasse à sua tão benéfica influência. Todos saíam de sua presença dispostos a reconciliar-se com Deus e a perdoar o próximo.

Uma menina que dulcificava os corações

Quando nasceu Santa Isabel, havia uma briga entre seu pai e seu avô, Jaime I, o Conquistador. Há tempo não se falavam, porque esse rei de Aragão não aprovava o casamento de seu filho Pedro com Dona Constança. Apenas nasceu a santa menina, foram-se apagando as desavenças domésticas e houve grande harmonia naquela casa real.

O destemido avô não ocultava sua grande predileção por essa criança e fez questão de que ela fosse educada em seu palácio, para poder gozar de sua companhia. A razão mais profunda pela qual não queria separar-se dela era o sensível influxo de bênçãos e a suavidade que emanavam de sua pessoa. Num ambiente carregado de tensões e pesados encargos, aquele precioso tesouro dulcificava os corações. Após o falecimento de Jaime I, a infanta permaneceu ainda alguns anos com seus pais. Muito em breve ela se tornaria rainha de Portugal.

Na corte de Portugal

Em 1282 partiu para as terras lusas, a fim de contrair matrimônio com Dom Dinis, que acabava de subir ao trono. Nunca se tinha visto ali uma soberana de tamanha modéstia e amabilidade. Seu recolhimento e união com Deus não tardaram a cativar o povo, o qual logo retribuiu o amor de que estava sendo objeto. Para aumentar a confiança de todos na jovem soberana, concorreu a paz que ela obteve, logo ao chegar, entre Dom Dinis e seu irmão que lhe disputava a coroa.

Sua vida na corte foi uma constante busca do sobrenatural. Sem omitir nenhuma das obrigações impostas pela sua condição de rainha, o seu coração não se prendeu a esta terra. Estava presente em todas as festividades do reino e sinceramente se regozijava com o povo; cingia a coroa e trajava os mais ricos vestidos para, ao lado do rei, receber as autoridades ilustres que vinham honrá-la e colocar-se a seu serviço. Entretanto, nem por isso envaideceu-se e desejou aquelas glórias para si. Julgava-se pecadora e teria preferido mil vezes ser pobre a possuir todos os tesouros reais.

Precursora da devoção à Imaculada

A oração e a vida de piedade exerceram papel primordial em sua existência, e foram a causa de todas as conquistas pelo bem do reino e das almas que ela obteve. Toda manhã assistia à Santa Missa em seu oratório com o espírito absorto em santas considerações. Desde os oito anos de idade recitava o Ofício Divino, e acrescentou depois a recitação diária dos salmos penitenciais e outras devoções em honra dos Santos e de Nossa Senhora.

Sua devoção a Maria Santíssima foi terna e fecunda, legando à posteridade um traço indelével para a espiritualidade luso-brasileira: o patrocínio da Imaculada Conceição. De fato, foi Santa Isabel quem A escolheu como padroeira de Portugal e fez com que se celebrasse por primeira vez a sua festa, em 8 de dezembro de 1320, quando os raios das disputas teológicas em favor da Conceição Imaculada de Maria espargiam seus primeiros fulgores.

Sofrimentos de esposa e rainha

Santa Isabel de Portugal (Guadium Press)

Assim amparada pelas forças divinas, ela preparou-se para as grandes cruzes e dissabores que a aguardavam. Após o nascimento de seus dois filhos, Constança e Afonso, a Rainha Santa suportou heroicamente a vida dissoluta que Dom Dinis passou a levar. Sem murmurar ou impacientar-se, ela muito rezou e fez penitência pela conversão do soberano.

Assistiu ainda com maior sofrimento às inimizades entre governantes cristãos seus parentes, que por ambição disputavam entre si terras e honrarias e, em consequência de suas pretensões, causavam derramamento de sangue.

Corajosamente, Santa Isabel ergueu-se em toda a sua estatura e impediu uma grande quantidade de combates que estavam a ponto de estalar. Dom Dinis e Dom Afonso – irmão do rei – estavam em pé de guerra pela coroa de Portugal. O mesmo rei seu esposo tinha com o monarca de Castela, Sancho IX, sérias contendas em torno das fronteiras entre os reinos. Anos mais tarde, Dom Fernando IV de Castela – seu genro – e Dom Jaime II de Aragão – seu irmão – nutriam mutuamente uma feroz inimizade que caminhava para um terrível enfrentamento. Seu irmão, Frederico da Sicília, e Roberto de Nápoles guerreavam violentamente por razões políticas…

Quantas lágrimas este quadro desolador custou a seu reto coração! Erguendo constantes preces a Deus e implorando a cada um desses soberanos que ouvisse a voz da justiça, ela saiu vitoriosa em todas as desavenças nas quais interveio. A Rainha Santa provou que a paz não se deve tanto a tratados e a considerações de caráter econômico, quanto a almas santas que aplaquem a ira e o ódio por meio da mansidão e da clemência.

Coragem e intrepidez de mãe

A mais pungente atuação de Santa Isabel, a que lhe custou mais sofrimentos e angústias, foi a de enfrentar a rebeldia de seu filho contra o rei. Desejoso de mandar logo no reino e julgando que a coroa tardava muito, o invejoso herdeiro quis proclamar-se rei e declarou guerra a Dom Dinis. Desprezando todos os bons exemplos que sua mãe sempre lhe dera, organizou um exército e defrontou-se contra o autor de seus dias.

De um lado, o rei marcha diante de seus homens, disposto a tudo para manter o cargo que lhe cabe por direito. De outro, o filho insolente o enfrenta e despreza o mandato divino que obriga a honrar pai e mãe. No momento em que o silêncio nos dois campos inimigos indica o início da batalha, surge a figura intrépida da rainha: em sua veloz montaria, ela rasga a arena da discórdia e se interpõe entre as criaturas que mais ama neste mundo, para implorar o perdão e a paz.

Seu olhar, sempre carregado de doçura, volta-se desta vez severo e penetrante para o filho ambicioso: “Como te atreves a proceder deste modo? Pesa-te tanto assim a obediência que deves a teu pai e senhor? Que podes tu esperar do povo no dia em que te caiba governar o reino, se estás a legitimar a traição com este mau exemplo? Enfim… se de nada te servem os meus conselhos e carinho de mãe, teme ao menos a ira de Deus, que justamente castiga os escândalos!”

Seria possível resistir a este apelo materno, feito diante de milhares de súditos? Arrependido e cheio de confusão, o filho ajoelha-se sem replicar, pede perdão ao rei e jura-lhe fidelidade. Mais uma vez a Rainha Santa afasta as negras nuvens do horizonte e faz brilhar, para gáudio de todos, o arco-íris da bonança.

A caridade e o amor aos pobres

A par de seu espírito pacificador, foi na prática da caridade e no amor aos pobres que o seu amor a Deus se projetou inteiramente. Tanto se dedicou aos fracos, cuidou dos enfermos, fundou hospitais e protegeu toda categoria de desvalidos, que não é possível encontrar explicação humana para a fecundidade assombrosa de suas iniciativas.

Quando a querida rainha saía no paço, uma multidão de infelizes a seguia, pedindo socorro, e nunca algum deles se retirava sem ser generosamente atendido. Gostava de cuidar pessoalmente dos leprosos mais repugnantes, tratar-lhes as chagas e lavar-lhes as roupas; encaminhava para uma vida digna os órfãos e as viúvas e até na hora da morte não abandonava os infelizes, para os quais providenciava uma sepultura digna e mandava celebrar Missas em sufrágio de suas almas. Como corolário de sua fé inabalável, não poucos eram os doentes que saíam de sua presença inteiramente curados.

Morre como terciária franciscana

Santa Isabel de Portugal (Guadium Press)

Ao morrer Dom Dinis, em 1325, Santa Isabel contava 54 anos de idade, e ainda viveu mais onze. Nesse período abraçou a Ordem Terceira de São Francisco e abandonou as pompas da corte, a fim de viver exclusivamente para a oração e a caridade. Sua virtude heroica e a doação de si mesma atingiram o máximo esplendor; ela estava pronta para reinar no Céu.

No dia 4 de julho de 1336, enquanto intermediava uma ação de paz em Estremoz, veio Maria Santíssima buscá-la para a pátria definitiva, onde gozaria da glória eterna. Enquanto todos choravam a perda insuperável, ela se rejubilava por estar na iminência da posse definitiva do Deus a quem tão bem servira. Suas últimas palavras foram: “Maria, Mãe da graça, Mãe de misericórdia, protege-nos do inimigo e recebe-nos à hora da morte”. Era desejo seu ser enterrada em Coimbra, no convento de Santa Clara, fundado por ela.

Sua memória rapidamente ultrapassou as fronteiras do reino, e em todo o orbe cristão era conhecida aquela soberana que foi o mais belo ornato do glorioso Portugal.

Uma canonização singular

O modo singular como Santa Isabel foi canonizada bem serve para mostrar o quanto, sendo a vontade Deus glorificar algum de seus filhos ilustres, nenhum obstáculo humano é capaz de impedi-Lo.

Inumeráveis foram os milagres obtidos junto a seu corpo, que permanecia surpreendentemente incorrupto e exalava um bálsamo odorífico. Em Portugal e na Espanha os devotos ansiavam por vê-la nos altares e dedicar igrejas em sua honra. Os soberanos que dela descendiam insistiam junto às autoridades eclesiásticas para acelerarem o processo.

Nos primórdios do séc. XVII, a canonização era o termo final de uma série de autorizações concedidas pela Santa Sé para a veneração dos santos. Sendo assim, era comum que apenas em algumas dioceses ou regiões se pudesse celebrar um bem-aventurado, mas saindo daquela jurisprudência o culto já não fosse oficial. Esse sistema, somado a uma série de numerosas canonizações naquele período, acabou levando o Papa Urbano VIII a instituir um sistema minucioso e cauto para a admissão de novos bem-aventurados no rol dos santos.

Neste intuito reformador, apenas subiu ao sólio pontifício e logo declarou que não haveria de canonizar nenhum santo! E justo agora que tudo propiciava a glorificação definitiva da querida Rainha Isabel… Que fizeram os devotos agradecidos? Encomendaram aos céus o filial intento, e obtiveram pela oração o que pelos meios humanos não conseguiram.

Após ter enviado várias cartas reforçando o pedido, e também um representante que muito insistiu junto a Urbano VIII, tudo o que o soberano então reinante, Filipe IV, conseguiu foi que o Papa, por educação e cortesia, aceitasse uma imagem da veneranda rainha.

Entretanto, pairava um desígnio superior sobre o intrincado caso. Tendo o Papa caído gravemente enfermo, com febres malignas e já quase sem esperança de vida, lembrou-se da rainha de Portugal. Tanto se falava de seu amor pelos doentes, de seu incansável zelo por curar-lhes o corpo e a alma… Encomendou-se a ela o Papa também, esquecendo-se de sua prudente reserva para com os justos de Deus.

Eis que no dia seguinte amanheceu bom, sem nenhum risco de vida! Tão comovido ficou por ver a bondade de sua protetora que mudou seu parecer. Canonizaria, por uma especial exceção, a rainha de Portugal; e o faria com o “coração grande”, alistando-se ele também nas fileiras de seus devotos. Assim se explica a magnífica cerimônia que teve lugar na Basílica de São Pedro, em 25 de maio de 1625. Nem antes nem depois, nos 21 anos de seu pontificado, Urbano VIII canonizou qualquer outro santo!

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho, julho/2007, n. 67.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Última Ceia de Leonardo da Vinci

A Última Ceia, Leonardo da Vinci, Igreja de Santa Maria das Graças, Milão

Arquivo 30Dias - 06/07 - 2006

A Última Ceia de Leonardo da Vinci

Anos de interpretações fantasiosas e confusas contaminaram o nosso olhar diante desta pintura, a qual, na realidade, o autor se atém com fidelidade ao Evangelho de João. É como um fotograma do momento mais dramático, quando Jesus diz aos apóstolos: “Um de vós me trairá”

de Giuseppe Frangi

Com que olhos vemos a mais famosa Última Ceia pintada em toda a história? É uma pergunta legítima, depois de anos de interpretações fantasiosas e confusas terem contaminado o nosso olhar diante da obra-prima de Leonardo da Vinci. O sucesso do romance de Dan Brown, com suas chaves de leitura esotéricas, passou como uma espécie de verniz deformador sobre essa obra. Reduziu-a a receptáculo de símbolos indecifráveis, ou a conteúdo de um teorema absolutamente improvável e, de qualquer forma, decididamente anticristão.

Na realidade, nessa grande pintura Leonardo se atém, como nunca lhe aconteceu outra vez na vida, a uma fidelidade profunda ao texto evangélico. Sua Última Ceia é como um fotograma, que se prende com exatidão a João, capítulo 13, versículo 24.

Como todos sabem, estamos no refeitório de um convento; e, como pedia a tradição, sobretudo em Florença, os refeitórios muitas vezes eram adornados por grandes representações da Última Ceia: basta lembrar as maravilhosas pinturas de Andrea del Castagno, do Ghirlandaio ou de Andrea del Sarto.

Chamado a Milão por Ludovico, o Mouro, Leonardo exporta essa tradição para o refeitório da igreja dos dominicanos de Santa Maria das Graças, que era também a igreja que o duque havia escolhido como “templo” de sua família e na qual desejava ser sepultado com a esposa, Beatrice d’Este. Os andaimes foram montados em 1495 e Leonardo trabalhou com prazos e estilos próprios, fugindo do afresco que o obrigaria a um ritmo bem diferente e usando, em vez disso, a têmpera, com os resultados catastróficos que todos conhecem bem.

A Última Ceia, Leonardo da Vinci, Igreja de Santa Maria das Graças, Milão

Leonardo cria um ambiente grande e espaçoso, que prolonga e dá respiro àquele local que ainda se ressente de um aperto tardogótico. Mas nesse ambiente, que parece temperado por um admirável equilíbrio, Leonardo insere uma das representações mais tensas e dramáticas de que a história da arte se recorda.

De fato, o grande artista se atém, com a tenacidade de um cronista, aos elementos do relato do evangelho de João. E, no fluxo desse relato, escolhe um instante, o instante mais embaraçoso e angustiante. Jesus, sentado à mesa, acabou de fazer o anúncio que vai gelar o sangue dos comensais: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me trairá”. São palavras que caem como uma pedra sobre a mesa e explicam a confusão que transtorna os apóstolos. Muitos deles, como molas, saltam de suas cadeiras. Olhares incrédulos e também cobertos de suspeita percorrem a mesa. “Os discípulos entreolharam-se, sem saber de quem falava”, escreve João. Leonardo ecoa essas palavras, quase como se estivesse presente e agisse como cronista daquele instante de embaraço, para ampliar o relato do evangelista com uma panorâmica da mesa inteira. O artista anota no famoso códice Forster II, conservado no Victoria and Albert Museum de Londres: “Um, que estava bebendo, deixa a caneca em seu lugar e volta a cabeça para o que acabara de falar. Outro junta os dedos e, com o olhar fixo, dirige-se ao companheiro a seu lado. [...] Outro fala ao ouvido do companheiro, e o que ouve se inclina para ele e lhe é todo ouvidos, segurando uma faca numa das mãos. [...] Outro, ao voltar-se, [...] derrama com a mão uma caneca sobre a toalha. Outro pousa as mãos sobre a mesa e olha. Outro cospe a comida. Outro se inclina para ver o que acabara de falar. [...] Outro puxa para trás aquele que se inclina e vê o que acabara de falar entre a parede e o inclinado”.

Leonardo então aproxima ainda mais o seu zoom, para se concentrar num momento ainda mais preciso. Aquele que o evangelista narra no versículo 24. “Estava à mesa, ao lado de Jesus, um dos seus discípulos, aquele que Jesus amava”: João se lembrava bem desse detalhe, pois, na realidade, estava falando de si mesmo. Entre os apóstolos, ninguém sabe como se dirigir a Jesus, ninguém sabe como arrancar dele o segredo daquelas palavras terríveis. Tomé não sabe, ele, que com o dedo estendido (o que depois da Ressurreição usará para “tocar” o corpo do Senhor) parece implorar um pouco de clareza. Tiago de Zebedeu não sabe, e com os braços abertos parece fincado em seu espanto. Filipe não sabe, e um pouco covardemente põe as mãos sobre o peito, como que para tornar claro que não tem nada a ver com isso.

A Última Ceia, Leonardo da Vinci, Igreja de Santa Maria das Graças, Milão

Só Pedro, o mais prático e mais esperto, sabe qual é a única coisa a ser feita para sair daquela situação angustiante. Assim, chama João para perto de si e pede-lhe que se informe: tem consciência de que era ele o apóstolo mais amado por Jesus. Pois Leonardo toma exatamente esse instante, respeitando de modo surpreendente as psicologias dos personagens: Pedro chama João a si e sussurra alguma coisa ao seu ouvido. E, se a pintura fosse um filme, na seqüência seguinte veríamos a famosa cena de João inclinando sua cabeça para o peito de Jesus...

O mesmo Pedro, na outra mão, que aparece atrás da figura de Judas, já aperta uma faca. É um Pedro lúcido e impetuoso, pronto a tudo para defender Jesus, como demonstraria algumas horas depois, no Horto das Oliveiras, quando aquela faca arrancaria a orelha de Malco, um dos soldados enviados para capturar o Senhor.

O terremoto que Jesus desencadeou com seu anúncio, porém, já produziu uma ordem precisa: na corrente dos apóstolos, Judas aparece excluído, implacavelmente sozinho, com o punhado maldito de moedas apertado na mão. Está presente, mas é como se já estivesse longe, irremediavelmente estranho, inimigo.

Dessa forma, revivida fragmento por fragmento, essa imagem de Leonardo que já vimos tantas e tantas vezes torna-se de novo o que realmente é: uma reconstrução extremamente fiel de um dos momentos mais dramáticos da história humana. Uma reconstrução precisa, como a de um cronista; mas, sobretudo, uma reconstrução exata dos dinamismos humanos, como só a consciência intuitiva de um gênio poderia realizar. E, depois de tê-la enxergado com olhos finalmente desembaraçados, é difícil pensar que tudo não tenha acontecido verdadeira e simplesmente assim...

Fonte: http://www.30giorni.it/

Qual é a história da formação do cânon bíblico?

Nastyaofly | Shutterstock | #image_title

Por Vanderlei de Lima

Quantos livros tem a Bíblia: 73 (Católica) ou 66 (Protestante)?

“O Cânon Bíblico”. Eis o título do oportuno livro do Professor Alessandro Lima, casado e pai, que, deixando, em 2000, o protestantismo, se tornou católico e pôs-se a estudar a fé da Igreja. Na obra ora apresentada, estuda, à luz de farta documentação, a história da formação do cânon (ou catálogo) bíblico.

A base do debate está, a nosso ver, na seguinte questão: Quantos livros tem a Bíblia: 73 (Católica) ou 66 (Protestante)? – Respondemos que razão de a Bíblia católica ter 73 livros e a “crente” possuir só 66 se dá pelos seguintes fatos históricos: entre os anos de 250 e 100 antes de Cristo, os judeus de Alexandria, no Egito, traduziram a Bíblia do hebraico, língua usual entre os hebreus, para a sua língua local, o grego, idioma comum na época. 

Ao escreverem os livros do Novo Testamento, os Apóstolos tiveram por base essa tradução de Alexandria, também chamada dos “Setenta” (LXX), pois, segundo uma piedosa tradição, teria sido traduzida por setenta sábios. Ora, no século I depois de Cristo, começaram a aparecer os livros cristãos, em especial as Cartas de São Paulo e os Evangelhos, como uma continuação dos livros sagrados dos judeus. Eles, que não aceitaram (nem aceitam) a Cristo, trataram de pôr um fim a essa fusão de escritos judaicos e cristãos. De que modo?

Reuniram-se esses judeus, em Jamnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, e com alguns critérios próprios, decidiram não aceitar os livros de Tobias (1), de Judite (2), da Sabedoria (3), de Baruque (4), do Eclesiástico (5), o primeiro (6) e o segundo (7) livro de Macabeus, além de recusarem alguns trechos de outros livros, como Ester 10,4-16.24, Daniel 3,24-90 e 13-14 – estes dados vêm da Vulgata, de São Jerônimo, ou de traduções a partir dela (cf. p. 33-44).

Igreja Católica

Pois bem, a Igreja Católica, perenemente assistida pelo Senhor Jesus, seu divino fundador (cf. Mt 16,18; 28,20), ficou com o catálogo de livros dos “Setenta”, usado, como dissemos, pelos Apóstolos, e definido oficialmente, pela primeira vez, no Concílio regional de Hipona, em 393. No século IV, portanto (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 120). Lima assevera, aliás, que “das 350 citações do Antigo Testamento existentes no Novo, 300 são tiradas da versão dos LXX” (p. 11; cf. o Apêndice nas p. 123-131). 

Todavia, querendo contestar a autoridade da Igreja, no século XVI, Lutero, o reformador protestante, retirou os sete livros inteiros e os demais trechos citados, que estavam na Bíblia por ele mesmo traduzida, pouco antes, para o alemão. Sem saber disso, ou sabendo, mas usando de má-fé, alguns desses “irmãos separados” dizem que foi a Igreja Católica que acrescentou livros à Sagrada Escritura quando, na verdade, foi Lutero quem dela os retirou. O reformador foi, infelizmente, seguido, no que diz respeito ao cânon bíblico, por alguns outros grupos cristãos já separados de Roma (cf. p. 12).

Depois de analisar, de modo minucioso, competente e original, os testemunhos da Tradição (cf. p. 45-100), Alessandro Lima deixa claro ser a Igreja quem nos deu a Bíblia e não o contrário. Quem, de Bíblia na mão, se põe a julgar a Igreja Católica, age sem bem saber o que está fazendo. Afinal, importa lembrar a seguinte verdade: “a Igreja, na formação da Bíblia, não colaborou somente no discernimento do Cânon Bíblico, mas também deu a esta ‘biblioteca’ de livros sagrados o nome ‘Bíblia’; criou a divisão em capítulos e versículos, os primeiros dicionários bíblicos, as primeiras traduções para as línguas nacionais, as primeiras obras críticas e etc.” (p. 109). 

Concluamos, pois, este modesto artigo com esta sábia constatação de Alessandro Lima: “Embora os vários testemunhos acerca do Cânon Bíblico colhidos do séc. I ao XII, sejam das opiniões mais variadas, podemos identificar neles algo em comum no critério utilizado para avaliar a canonicidade de um livro: a Tradição da Igreja. Neste importante trabalho, sempre foram consideradas as informações conservadas e transmitidas pelos antigos presbíteros” (p. 119).

Ainda que mereça melhor revisão de português e possa ter uma diagramação apta a deixar mais espaço entre o texto e a margem interna, a obra é ímpar. Parabéns ao autor!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A Conversão

A Conversão (carmelitas)

A Conversão

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa[1]

I. Introdução. Nossa intenção é apresentar uma reflexão à luz da fé sobre a conversão cristã. Nessa busca meditativa, a terceira parte ocupará um espaço mais amplo porque nela se deseja uma sistematização que abarque o que podemos chamar teologia da conversão.

Não é infrequente no Brasil e em outras partes do mundo ouvir que fulano ou ciclano se converteu ao catolicismo ou ao protestantismo. Graças a Deus, acontecem inúmeras conversões no mundo inteiro. Todo discípulo do Senhor, no qual arde o fogo do seu amor, deseja levar o maior número possível de pessoas ao encontro com ele, Cristo. Conta-se que quando um determinado casal participava de uma audiência com João Paulo II em Roma aconteceu o seguinte: o Papa passou por diante deles e a mulher disse-lhe em voz alta: “Santo Padre, diga alguma palavra ao meu marido que há dez anos está longe de Deus”. João Paulo II continuou a caminhar um pouco, depois se deteve, pôs a mão sobre o ombro do esposo daquela mulher suplicante e disse-lhe em voz baixa e profunda: “como se está mal longe de Deus!” Aquele homem ficou tão impressionado que naquele mesmo dia confessou-se e voltou à prática cristã.

Como se está mal longe de Deus! A vida não tem sentido real se não nos encontramos com Deus. Dizer isto pode causar admiração, mas é verdade. O ser humano ha sido projetado por Deus. Toda pessoa leva em seu coração um desejo tal de felicidade que não pode ser satisfeito a não ser na união com seu Criador e Redentor.

II. Sagrada Escritura. Na Biblia está claro: para que alguém se converta o mais importante é a ação de Deus, mas, ao mesmo tempo, ninguém se converte se não quer. No Antigo Testamento, Israel, o Povo da Aliança, é também o Povo da conversão. É um povo que volta a Deus que, por sua vez, acolhe o povo arrependido. No Novo Testamento, conversão e Reino são realidades intimamente relacionadas.

Nas línguas bíblicas, o hebreu utiliza sub – que significa voltar, regressar – e naham (arrepender-se, lamentar-se). O grego, utilizou epistréphein y metanoéîn para traduzir sub no sentido de conversão moral ou religiosa. No latim bíblico, convertere traduz sub e correspondentes gregos; poenitere é utilizado para traduzir metanoéîn com a consequente perda do significado mais pleno do vocábulo grego, já que poenitere significa uma das dimensões da conversão e enfatiza mais as obras de penitência.

Todos os términos mencionados são bastante significativos para que entendamos a noção bíblica de conversão já que todos eles, entrelaçados e em mútua compenetração, dão essa idéia de retorno, arrependimento, mudança de rumo; todos eles chamam à volta, à fidelidade e às exigências da própria pertença a Deus.

Na Sagrada Escritura, existem vários exemplos de conversão: Naaman (cf. 2 Re 5,15), Manassés (cf. 2 Cro 33,12-13), Zaqueu (cf. Lc 19,8-9), a Samaritana (cf. Jo 4,4-29), os três mil batizados no dia de Pentecostes (cf. At 2,38-41), o eunuco (cf. At 8, 30ss), Cornélio (cf. At 10,44ss), Paulo (cf. At 9,5ss), Lídia (cf. At 16,14-15). É certo: conversão, fé e arrependimento são inseparáveis. A verdadeira conversão – diz G. Piccolo – nasce de uma dor verdadeira pelo pecado cometido e se manifesta numa vida de devoção a Deus, surge daí um novo estilo de vida (cf. 2 Cor 5,17).

No Novo Testamento, a palavra epistrépho é utilizada uma única vez para indicar o regresso de um discípulo que caiu em pecado, Pedro (cf. Lc 22,32). Os cristãos que pecavam eram exortados à conversão e ao arrependimento, bem como às obras iniciais queridas por Cristo (cf. 2 Cor 12,21; Hb 6,1.6; Ap 2,5). Epistréfo e Metanoéîn referem-se à decisão de voltar a Deus mediante a qual um judeu ou um pagão se une a Deus em Cristo e recebe a benção escatológica e a remissão dos pecados (cf. Mt 18,3; At 3,19). Para os escritores do Novo Testamento a conversão representa uma experiência para ser vivida, a resposta afirmativa do convertido ao Evangelho e a disponibilidade do homem para  a união com Cristo no batismo. A conversão, segundo a Biblia, é, em primeiro lugar, obra de Dios.

Nessa perspectiva, a missão dos Apóstolos, anunciar a Palavra de Deus, acompanha a chamada à conversão já que ao anunciar Jesus cristo proclamam também a necessidade de converter-se e de crer. O batismo é o sacramento que faz com que o ser humano experimente essa nova realidade (cf. At 2,38). Conversão também é abandonar o fermento velho para celebrar a Páscoa  com os ázimos da sinceridade (Cf. 1 Cor 5,7s). De fato, na vida do cristão, que sempre está em processo de conversão, a escuta à Palavra e a recepção dos Sacramentos têm um papel insubstituível no caminho rumo à santidade. A esta conversão contínua chamamos “conversões segundas”.

III. Reflexão teológica. Na vida da Igreja é uma alegria receber novos conversos en seu seio, os novos filhos da Igreja. Quando a ela os introduz no Mistério de Cristo pelo Batismo se dá o que a teologia clássica chamou de “justificação”, conceito este muito próximo ao vocábulo “conversão”.

Para Lutero a justificação era algo que atingiria o homem de uma maneira externa enquanto que Deus não olharia mais os pecados do ser humano redimido graças à justiça de Cristo que os encobre; é como se Cristo estivesse entre o Pai Santo e o homem pecador, mas sem penetrar na interioridade do ser humano. A teologia católica, ao contrário, apresenta a justificação – de acordo com o Concilio de Trento – como uma realidade que toca o mais profundo do ser humano, já que o limpa interiormente do pecado e dá-lhe uma verdadeira renovação e santificação interior. A chamada “justificação primeira” seria a que acontece no batismo. Neste sentido, o Catecismo da Igreja Católica distingue a “conversão primeira”, que se dá no batismo, e a “segunda conversão”, ou seja, a continua mudança de vida com vistas à santificação que culmina na escatologia (cf. CEC 1426-1428).

Depois desse encontro inicial, poderíamos dizer que a vida cristã é uma conversão continuada. O cristão, chamado à santidade, busca a plenitude de vida, a santificação crescente. Mongillo chamaria esta conversão permanente de “docilidade ao Espírito que guia no caminho das bem-aventuranças”. Neste segundo momento, ainda que também naquele inicial (de pecador a justo), tem uma grande importância a Igreja como lugar donde se consegue a novidade de vida pela força da Palavra de Deus e dos Sacramentos.

Na mesma línea, Santo Tomás de Aquino fala de uma “tríplice conversão” ampliando desta maneira o significado do vocábulo em questão. A conversão inicial é aquela que não pede ainda a existência da graça santificante, mas somente uma operação de Deus que atrai o pecador a si. A segunda conversão é a que exige a graça santificante (ou habitual), princípio do mérito, com vistas à bem-aventurança. A terceira conversão é a do amor perfeito, a da criatura que já se encontra no céu, para esta terceira é necessária a graça consumada, ou seja, a glória. Santo Tomás vai ao núcleo da questão e às fases principais da conversão, mas poderíamos enumerar muitas outras fases se considerarmos, por exemplo, uma pessoa que passa do paganismo à glória do céu com diversas etapas religiosas: do paganismo ao monoteísmo, do monoteísmo ao cristianismo de tipo não católico, de um cristianismo não-católico ao catolicismo[2], de católico medíocre (e há tantos!) a católico fervoroso, de católico fervoroso – que busca a santidade – até a conversão ao céu.

Poder-se-ia afirmar que o homem se salva quando se converte, considerando a questão desde a liberdade do homem que aceita livremente o convite de Deus, ou quando é convertido. Conversão é graça de Deus e ele tem a iniciativa. Conversão e salvação vão juntas (cf. Mc 16,15; At 2,38-40). No que se refere à relação graça-liberdade na conversão, há a iniciativa de Deus e, ao mesmo tempo, ninguém se converse contra a sua vontade.

Na vida real, na da pessoa que se converte, devemos considerar tudo isso em diversas perspectivas entrelaçadas. Considerando a atuação da graça de Deus, podemos falar da conversão desde uma perspectiva dogmática; considerando as disposições da pessoa, será desde um perspectiva moral e psicológica; ao considerar a nova vida que se produz no homem podemos tratar a mesma realidade desde uma perspectiva dogmático-espiritual. Conversão e fé vão unidas, e contemporaneamente se enfatizou que no processo de conversão encontra-se a totalidade das dimensões da pessoa. Sendo assim, é preciso integrar em nossa consideração a dimensão intelectual, volitiva, espiritual, moral etc.

Não é necessário dizer muito mais para intuir uma possível classificação das conversões, segundo o elemento que mais esteja presente no processo que leva uma pessoa a decidir-se por responder afirmativamente ao chamado de Deus. Existem conversões intelectuais, enquanto que o elemento que mais se destaca é a busca da verdade por meio do estudo, principalmente; nas conversões morais, o que mais fica patente é o desejo de um ideal mais elevado na própria conduta; nas conversões emocionais, há uma forte sacudida emocional e eficaz ao mesmo tempo.

Há também os chamados itinerários de conversão ou caminhos de conversão, que considerados teologicamente levam-nos a sistematizar certos elementos presentes, de uma maneira ou outra, em todo itinerário rumo à fé. Para que a decisão de crer esteja arraigada na realidade, estão os preâmbulos da fé, que são verdades religiosas ou morais conhecidas pela razão natural: existência de Deus, imortalidade da alma etc. Já que ninguém pode crer sem um prévio conhecimento do que “deve” crer, está a pregação do Evangelho, à qual uma pessoa pode responder afirmativamente (fé) ou negativamente. Dado que o ser humano encontra-se aberto à transcendência e é um ser contingente (não necessário), dá-se o que podemos chamar pergunta pelo sentido da vida, que exige o interrogar-se sobre a questão “Deus”. Um momento fundamental do processo de conversão se dá na busca das razões para crer. Finalmente, a percepção pessoal da bondade e do dever de crer culmina este processo teológico da conversão já que aqui se da uma relação essencial entre fé e fim último do homem. Al falar do dever de crer não se pense, no entanto, em assentimento obrigatório, a pessoa sempre é livre para crer ou não, referimo-nos à percepção da necessidade de crer “para mim”.

Ao concluir, gostaria de ressaltar que, ainda que falemos de tantos processos, a conversão é, em definitiva, obra da graça de Deus e resposta livre do homem. Estas duas coordenadas nos dão os elementos para que façamos nossa reflexão, que foi que o que buscamos nas presentes considerações. Um elemento importantíssimo: cada conversão é uma história pessoal; daí a dificuldade para sistematizar os elementos da conversão.

IV. Conclusão. Como se está mal longe de Deus! As vezes as pessoas vão por aí como “Joãozinho feliz”, assim se expressava Joseph Ratzinger em sua “Introdução ao Cristianismo”. Joãozinho feliz, “como ele achasse por demais pesada e incômoda a barra de ouro que ganhara, trocou-a primeiro por um cavalo, depois trocou o cavalo por uma vaca, a vaca por um ganso e o ganso por uma pedra de amolar e mesmo esta ele acabou lançando na água, pois não se dava tento do prejuízo, pelo contrário: achava que tinha ganho, finalmente, o dom precioso da liberdade completa”[3]. Quantas pessoas trocam a barra de ouro do encontro com Deus e da vida nova em Cristo por uma suposta liberdade mal entendida! Essa historinha dá para pensar mais, deixo-a nas mãos do leitor.


[1] Para o presente estudo foram utilizados os seguintes artigos e dicionários (bibliografia resumida): D. MONGILLO, Dizionario di Omiletica 1998, 332-335; J. ALONSO, Diccionario de Teología 2006, 181-187; A. WENIN, Diccionario Akal Crítico de Teología 2007, 309-311; G. PICCOLO, Dizionario di teologia evangélica 2007, 147-148; L. M. FERNÁNDEZ, Diccionario Teológico del Catecismo de la Iglesia Católica 2004, 70-71; X. PIKAZA, Diccionario de la Biblia, Historia y Palabra 2007, 233.

[2] Neste caso se adverte que a palavra “conversão” não é a mais correta, já que é o batismo que introduz na Igreja de Cristo que subsite na Igreja Católica (cf. Constituição Dogmática Lumen Gentium, nº 8); quando um cristão não-católico quer fazer-se católico a Igreja fala de “entrar em plena comunhão com a Igreja Católica”. Isso é muito importante para o ecumenismo e sem dúvida poderia ser matéria para uma futura reflexão.

[3] Joseph RATZINGER, Introdução ao Cristianismo, São Paulo: Loyola, 2005, p. 25.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Documento Sinodal: Instrumentum Laboris

Instrumentum Laboris (Vatican News)

DOCUMENTO SINODAL: INSTRUMENTUM LABORIS

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Documento Sinodal: Instrumentum Laboris  

(Primeira sessão da Assembleia Sinodal) – outubro de 2023 

A Igreja vive o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade na Igreja que terá a sua primeira sessão em outubro desse ano, em Roma. A palavra sínodo significa caminhar juntos, ou seja, todo o povo é chamado a caminhar junto com a Igreja, em vista de uma renovação. De tempos em tempos, a renovação é necessária, em todos os sentidos, seja na maneira de evangelizar, na formação dos novos padres, na catequese e até mesmo na celebração da missa.  

Assim, é necessário mudar a linguagem e de que maneira abordaremos certos assuntos a grupos de pessoas específicos. É preciso sair de nossas sacristias e ir ao encontro das pessoas. O Papa Francisco sempre insiste, desde o início de seu pontificado, que o pastor tem que sentir o cheio das ovelhas e é preciso estar junto delas. Mostrar aquilo que está no DNA da Igreja, que é ser misericordiosa, do mesmo modo que Deus é misericórdia. Isso também é uma forma da Igreja se renovar, é nessa tecla que o Papa insiste desde que assumiu o pontificado.  

Este sínodo teve seu início em 2021, quando o Papa o convoca em outubro daquele ano, iniciando nas Igrejas locais. A primeira pergunta que suscitou ao povo de Deus naquele momento era o que eles entendiam por Sínodo e se sabiam o que significa o termo “caminhar juntos”. O Espírito Santo é sempre o protagonista da missão, desde quando Jesus enviou os discípulos e deu início à Igreja primitiva. O Espírito Santo ilumina a vida de fé do cristão, desde o seu batismo até a vida adulta. Esse mesmo Espírito guia e conduz a Igreja e conduz os trabalhos do Sínodo dos Bispos.  

Os bispos e os demais membros sinodais, lembrando que o Papa Francisco abriu a possibilidade da participação de presbíteros, leigos, leigas, consagrados e até bispos eméritos, revisarão tudo aquilo que o povo de Deus escreveu na etapa diocesana e, na medida do possível, colocarão em prática. Por isso, o sínodo significa caminhar juntos. O cristão é aquele que traz consigo a alegria e deve irradiar essa alegria aos demais. A Igreja deve se encher dessa alegria para evangelizar e ser sal na terra e luz no mundo.  

Ainda na assembleia que acontecerá em Roma, em outubro, os bispos escutarão com atenção aquilo que foi trabalhado na fase diocesana. Volto a dizer, como já insistiu por diversas vezes o Papa Francisco que é preciso retomar a cultura do encontro, ou seja, ir ao encontro daqueles que foram batizados e que por algum motivo abandonaram a fé.  

Desde o Concílio Ecumênico Vaticano II, a participação dos leigos é de extrema importância na vida da Igreja e é preciso escutá-los para que a haja uma renovação. É claro que sempre na devida proporção e para que não percamos o mistério central na Eucaristia.  

O documento “Instrumentum Laboris” diz ainda que uma Igreja sinodal é aquela em que todos se reconhecem irmãos a partir do batismo, pois nos tornamos membros do Corpo de Cristo que é a Igreja. Ele é a cabeça e nós somos os membros, e ainda somos convidados a cuidar uns dos outros. Se um membro se desliga da cabeça e abandona o corpo, temos que ir atrás desse membro para que se junte ao corpo novamente e se reconecte à cabeça.  

Uma Igreja sinodal só pode existir se haver comunhão entre os membros, sejam eles clérigos ou leigos. No início da missa, aquele que preside diz: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” E todo o povo responde: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”. A Santíssima Trindade deve ser exemplo de comunhão para todos nós, e é em nome dela que nos reunimos não somente para celebrar a Missa, mas em vários outros momentos de oração e de reflexão. É em nome da Santíssima Trindade e em perfeita comunhão de amor com ela que a Igreja se reúne para realizar o Sínodo. É importante que a Igreja seja sempre sinodal, ou seja, que tenha sempre o desejo de caminhar junto, leigos e clérigos, e em suas estruturas e instituições.  

O documento ainda diz que uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta, por isso, teve a fase diocesana, para poder ouvir o povo de Deus e a partir dos documentos que as dioceses enviaram para a Santa Sé, o Papa com os demais membros do Sínodo, estudarão para que na medida do possível, o que foi enviado seja colocado em prática. É preciso que a Igreja esteja próxima do povo e caminhem juntos para anunciar o Reino de Deus.  

Uma Igreja sinodal é uma Igreja do encontro e do diálogo, ou seja, uma Igreja que caminha junto com o povo. Quem suscita no coração de todos aquilo que de fato deve ser o Sínodo é o Espírito Santo, que é o protagonista da missão e aquele pelo qual acontecem os sacramentos.  

Uma Igreja sinodal é uma Igreja aberta e que acolhe a todos. Jesus não condenou ninguém, pelo contrário, perdoava e amava a todos, até os próprios inimigos. Jesus nos ensinou o mandamento do amor e a Igreja como testemunha de Cristo nos dias de hoje deve viver o amor e não condenar ninguém.  

Sejamos uma Igreja samaritana que acolhe a todos com amor e misericórdia, sejamos comunhão e não façamos nada da nossa cabeça, mas usemos aquilo que a Igreja nos ensina. Rezemos pelo Sínodo e caminhemos juntos com a Igreja para que o Evangelho continue a ser anunciado nos dias de hoje.  

Sejamos uma Igreja em saída, conforme nos pede o Papa Francisco, sejamos uma Igreja renovada e que cada um possa trazer de volta um fiel que tenha se afastado da Igreja. Peçamos ao Espírito Santo que suscite sempre “ventos novos” para a Igreja e que saibamos usar a linguagem adequada para nos comunicar com a sociedade de hoje.  

Segue abaixo a oração que podemos fazer pedindo a luz do Espírito Santo para o Sínodo:  

Espírito Santo! 

Eis-nos aqui, diante de Vós, reunidos em vosso Nome.
Nosso defensor,
Vinde,
ficai conosco;
tomai posse do nosso coração.
Mostrai-nos o destino,
caminhai conosco,
conservando-nos em comunhão.
Ai de nós, pecadores, se cairmos na confusão!
Não o permitais.
Iluminai a nossa ignorância,
libertai-nos da parcialidade.
Senhor que dais a vida,
em Vós, a unidade,
convosco, a verdade e a justiça;
em marcha até à vida sem ocaso: nós vos suplicamos.
Vós que soprais onde e como desejais,
a todos dando a possibilidade de passar, com Jesus, ao Pai: nós vos adoramos,
agora e sempre. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Amazônia, mulheres que fazem a Igreja

Uma mulher indígena da Amazônia (Tiago Miotto Cimi)   (@Cimi

Na edição de julho da revista mensal "Donne Chiesa Mondo" do jornal L'Osservatore Romano, que saiu no dia 1º de julho, o artigo sobre a contribuição das mulheres para a vida da Igreja católica na imensa região da América Latina. Com mais de 5.500 fiéis por sacerdote, são os leigos e leigas na Amazônia que impulsionam as comunidades e são muitas as ministras que presidem a liturgia, conduzem orações e cantos em funerais e vigílias, proferem homilias.

De Lucia Capuzzi

"Tão invisíveis quanto imprescindíveis". Esses são os dois adjetivos com os quais a Assembleia Eclesial da América Latina, experiência inédita realizada em Cidade do México, em novembro de 2021, sintetizou a condição da mulher na Igreja nesta região. Os números confirmam o papel importante do componente feminino: as catequistas são mais de 600 mil, as agentes pastorais engajadas apenas no campo educativo chegam quase a um milhão. A vida cotidiana, porém, evidencia o quanto as mulheres leigas e religiosas ainda são relegadas à periferia eclesial. Por isso, a Assembleia pediu fortemente para "incluir as mulheres de uma vez por todas na liturgia, nas decisões e na teologia".

Apesar da riqueza da reflexão teológica feminista e feminina, a esfera litúrgica é provavelmente aquela em que a presença das mulheres se tornou mais significativa. Na liturgia, o processo de encarnação do Concílio se revela na imensa região entre o Rio Bravo e a Terra do Fogo percorrida por seus bispos desde a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Medellín em 1968.

Dois pilares de renovação: a inculturação dos ritos e práticas e o dinamismo feminino. Em ambos os casos, mais que um projeto codificado, foi uma resposta à realidade latino-americana. Na região, os indígenas são 8% dos habitantes, os afro-americanos 20% e praticamente todos são resultado da mestiçagem, da mistura de etnias, povos e culturas após o Descobrimento-Conquista. Com, em média, mais de 5.500 fiéis por sacerdote, quase o triplo da Europa, os leigos e, sobretudo, as leigas sustentam as comunidades cristãs para as quais a Eucaristia dominical tem uma importância crucial. Como os padres são escassos, a Missa é frequentemente substituída pela celebração da Palavra.

"Nas aldeias de Belém do Alto Solimões, há muitas ministras. Elas presidem a liturgia, desde o sinal da cruz inicial até a despedida final. Mesmo quando consigo ir celebrar, deixo que elas guiem e também façam a homilia, enquanto me limito à consagração eucarística", disse o frei Paolo Maria Braghini, missionário capuchinho italiano há quase vinte anos na Amazônia brasileira. Lugar onde o peso laical na transmissão e cuidado da fé católica é decisivo. "É bom que os fiéis sejam protagonistas. De fato, as fiéis aqui como agentes pastorais são fundamentais. Não só pelo grande número. São dinâmicas, fortes, criativas, resistentes. É justo que tenham reconhecimento", sublinhou o religioso. Finalmente, estão tendo agora."

O divisor de águas foi o Sínodo da Amazônia realizado em outubro de 2019 e culminando com a Querida Amazônia. Já o documento final, assumido pela exortação, pedia a revisão do Motu proprio Ministeria quaedam para que as mulheres pudessem ter acesso aos ministérios de leitora e acólita. Um convite que o pontífice aceitou em janeiro de 2021. Duas amazonenses – as equatorianas Aurea Imerda Santi e Susana Martina Santi, do povo quéchua – foram as primeiras leitoras e acólitas oficiais da Igreja católica. "Foi um bonito presente. Entre nós Ticuna sempre foram a mulheres que mantiveram a fé católica. Agora, porém, sentimos que a Igreja nos reconhece e valoriza", disse Magnólia Parente Arambula, indígena e missionária de Nazaré, na Amazônia colombiana. Uma aldeia de 1.017 habitantes sobre a qual gravita uma galáxia de comunidades satélites de algumas dezenas de pessoas que, há dez anos, Magnólia evangeliza. "E sou evangelizada", disse ela.

A liturgia Ticuna tem traços marcadamente femininos. “Sobretudo nos funerais e na vigília que os precede, as mulheres dirigem as orações e os cantos. Quanto à Eucaristia, as fiéis são encarregadas do ofertório, no qual levam o seu trabalho como oferenda ao Senhor, representado por pequenos artefatos artesanais ou produtos agrícolas. Por fim, nos 'tempos altos' do ano litúrgico, como o Natal e a Semana Santa, muitos dos ritos são celebrados por mulheres".

Não é fácil falar de 'liturgia amazônica'. A floresta é a casa de 400 culturas e línguas diferentes na concepção da vida e da fé. Portanto, com diferentes modos de “entrar no olhar que Deus tem sobre nós”, como Romano Guardini definiu a liturgia. Por isso, a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), fruto do caminho pós-sinodal, lançou desde 2020 um processo de estudo para encontrar um significativo denominador comum para todos os povos originários da região. A base, real e não meramente teórica, para a elaboração de um rito amazônico que se somasse aos outros 23 que compõem a catolicidade.

"Rito não significa apenas celebrações. Ele reúne hábitos, costumes, visões cosmológicas e antropológicas. Por isso, não podemos ter pressa. O primeiro passo foi formar uma comissão de bispos, antropólogos, pastoralistas e iniciar os trabalhos no campo. A análise partiu de Manaus, no Brasil, no coração da Amazônia. Depois, vai se repetir nas dioceses antes de chegar a algo a ser proposto ad experimentum", explica Eugenio Coter, italiano que se mudou para Pando, na Bolívia, onde é vigário apostólico e representante dos bispos amazônicos na presidência da Ceama. O modelo é o do rito zairense. O mesmo que inspirou também o episcopado mexicano que, na última assembleia geral, decidiu apresentar à Santa Sé a proposta de incluir na missa alguns rituais típicos da cultura maia.

Foi formulado pela Diocese de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, onde mais de 70% da população é indígena. Três, em particular, as adaptações sugeridas: uma oração inicial conduzida pelo diretor, um indígena leigo de fé madura e cuja autoridade é reconhecida pela comunidade, uma dança típica após a comunhão e o serviço das 'incensadoras' para marcar o ritmo da celebração. “É principalmente um papel feminino. Incluí-lo de forma oficial – conclui o cardeal Felipe Arizmendi, um dos promotores da Missa maia – é um pequeno reconhecimento da ação de evangelização que dá vida às nossas comunidades”. Quase sessenta anos depois, a inculturação e a valorização da mulher são os dois caminhos pelos quais o Concílio continua caminhando pelo Continente.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tomé e a relíquia do cinto de Nossa Senhora

O Santo cinto de Nossa Senhora (Guadium Press)

Depois de ser elevada aos céus de corpo e alma, reza uma piedosa e antiga tradição que a Virgem Maria teria deixado um presente ao apóstolo São Tomé.

Redação (03/07/2023 08:09, Gaudium Press) Quem, saindo de Florença, percorre vin­te quilômetros em direção ao noroeste, encontra às margens do rio Bisenzio uma cidade industrial cu­jas fábricas lhe valeram a alcunha de “Manchester da Itá­lia”. Trata-se de Prato. Essa cida­de, apesar da feiúra de suas indústrias e da simplicidade de seu nome, além de ter sido um pólo ar­tístico mui­to afamado da his­tó­ria da Tos­ca­na, abriga, em seu cen­tro velho, uma das relíquias mais tocantes da Mãe de Deus.

O ceticismo de São Tomé

É bem conhecida a história de São Tomé, um dos doze Apóstolos, que por estar ausente quando da aparição do Senhor após a Res­surreição, não quis nela acreditar, apesar do testemunho de seus com­panheiros. Só oito dias mais tarde, quando Jesus lhes apa­receu novamente, Tomé pôde constatar a verdade, colocando seus dedos na chaga do Salvador. Aí, sim, acreditou.

Passaram-se os anos e Tomé tor­nou-se um dos Apóstolos mais intrépidos, levando o Evangelho até os confins da Pérsia e da Índia. Segundo a bela tradição que chegou até nós, encontrava-se ele numa dessas longínquas regiões quando recebeu um recado de São Pedro, de que retornasse sem demora a Jerusalém, pois Maria, a Mãe do Senhor, iria deixá-los e desejava antes despedir-se de todos. Empreendeu Tomé a sua volta e mais uma vez chegou atrasado. A Mãe de Deus já havia su­bi­do aos céus.

São Tomé, mais uma vez levado pelo ceticismo, relutou em acreditar na Assunção da Santíssima Vir­gem e pediu a São Pedro que abris­se o sepulcro, para poder comprovar com os seus próprios olhos o ocorrido. Atendido o seu pedido, constatou que no túmulo vazio en­contravam-se apenas muitos lírios e rosas. Nesse mesmo momento, ao levantar suas vistas aos céus, Tomé viu Nossa Senhora na Glória, que, sorridente, desatou o cinto e lançou-o em suas mãos, co­mo símbolo de maternal bênção e proteção.

O cinto de Nossa Senhora
Relíquia do cinto de Nossa Senhora (Guadium Press)

O cinto de Nossa Senhora

Este cinto é a relíquia que se ve­nera na Catedral de Prato. Chegou de Jerusalém no ano de 1141, trazido por Michele Dagomari, ha­bitante da cidade que estivera na Terra Santa. No começo, nin­guém deu muita importância àque­la re­lí­quia de autenticidade não comprovada. Mas em 1173 a Providência valeu-se de um fato extraor­di­nário para que todos a reconhe­ces­sem como verdadeira.

No dia de Santo Estêvão, o pa­droeiro da cidade, era costume co­locarem-se todas as relíquias em ci­ma do altar para com elas aben­çoar os doentes e endemoniados. Na ocasião, foi exposta também a caixa contendo o cinto de Nossa Senhora. Aproximaram então uma possessa que, no momento em que tocou a caixa começou a afirmar com insistência que esse cinto era da Santíssima Virgem, e no mesmo instante viu-se liberada de seu mal.

Iniciou-se então o culto público à sagrada relíquia. O próprio São Francisco de Assis, em 1212, este­ve com seus primeiros frades em Prato para venerá-la. Porém, se esse culto já conta com mais de oito séculos de história, a devoção ao santo cinto de Nossa Senhora é ainda muito mais antiga: foi instituída por Santo Agostinho, que de­terminou a constituição de uma Confraria do Santo Cinto, até hoje existente entre os agostinianos.

A relíquia é exposta à venera­ção pública cinco vezes ao ano: na Páscoa, nos dias 1.º de maio, 15 de agosto, 8 de dezembro e no Natal. Nessas ocasiões, ela é colocada no púlpito externo, à direita da Catedral, defronte à bonita pra­ça medieval da cidade.

Um dos lugares de peregrinação mariana mais frequentados da Itália

Essa devoção faz com que Prato seja até hoje um dos lugares de peregrinação mariana mais frequentados da Itália. São Tomé tor­nou-se um dos Apóstolos mais intrépidos, levando o Evangelho até os confins da Pérsia e da Índia.

Se você, leitor, algum dia passar por Prato, não deixe de entrar na Catedral — aliás, uma linda rea­lização do estilo gótico toscano — e procure do lado esquerdo a Capella del Sacro Cingolo, onde poderá venerar tão extraordinária relíquia. Peça à Santíssima Vir­gem as graças de que necessita e não deixe de admirar os maravi­lhosos afrescos onde estão retra­tados, além da entrega do cinto a São Tomé, outros episódios da vida de Nossa Senhora.

Maria, mãe das misericórdias ini­magináveis, quis mostrar a São Tomé e a todos nós que, mesmo sendo teimosos em acreditar, e ainda que estejamos imersos em nossas misérias, Ela sempre esta­rá dis­posta a fazer milagres portentosos para nos confirmar na Fé e atar-nos a Ela com seu Cinto, protegendo-nos com sua maternal ter­nura.

Por Irmã Mariana Arráiz de Morazzani, EP.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF