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terça-feira, 5 de agosto de 2025

EDITORIAL: Do anoitecer ao amanhecer. A amizade pode mudar o mundo

Acompanhado pelos Jovens em Tor Vergatam Papa Leão XIV carrega a Cruz do Jubileu  (ANSA)

"A religião é, antes de tudo, relação. Este foi um dos temas centrais do diálogo durante a vigília do sábado à noite, uma conversa ao pôr do sol, um pouco como a da noite de Emaús, quando o dia já estava chegando ao fim".

Andrea Monda - L'Osservatore Romano

Mais de um milhão de jovens lotaram a área de Tor Vergata para estar juntos com o Papa Leão XIV durante toda a Vigília do Jubileu dos Jovens e para participar da Missa celebrada pelo Pontífice na manhã de domingo. Vem à mente a pergunta seca e direta de Jesus no Evangelho de Mateus quando, referindo-se a João Batista e seus discípulos, pergunta: "Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver, então?" (Mt 11,7).

Os jovens responderam de muitas maneiras, por exemplo, enchendo com sua energia festiva as ruas, praças, espaços públicos e meios transportes da Cidade Eterna, uma alegria e uma "barulho" (para usar as palavras de João Paulo II e Francisco) que permanecerão por muito tempo impressos na memória dos romanos. E eles responderam também lá, durante a vigília, fazendo perguntas, de certa forma dirigindo a pergunta de Jesus ao seu Vigário, dirigindo-se a ele com suas próprias perguntas, perguntas de significado. E o Papa respondeu, abraçando-os e acompanhando-os; ele não os abandonou. Lembrando-lhe o que Bento XVI gostava de repetir: quem crê nunca está sozinho.

A religião é, antes de tudo, relação. Este foi um dos temas centrais do diálogo durante a vigília do sábado à noite, uma conversa ao pôr do sol, um pouco como a da noite de Emaús, quando o dia já estava chegando ao fim. Nessa perspectiva, o "comentário" mais eficaz sobre este momento intenso da vida da Igreja nas periferias de Roma está contido nos versos do poema "Emaús", de David Maria Turoldo:

Enquanto o sol já se põe,
tu ainda és o viajante que explica
as Escrituras e nos dás o conforto
com o pão partido em silêncio.
Ilumina ainda os corações e as mentes
para que possam sempre ver o teu rosto
e compreender como o teu amor
nos alcança e nos impulsiona para mais longe.

Tor Vergata como Emaús. Do pôr do sol ao amanhecer, das trevas que descem para uma nova luz cheia de esperança. O Papa Leão também destacou isso em sua homilia na Missa da manhã de domingo, enfatizando a transição dos dois discípulos do medo e da desilusão para a alegria diante da surpresa de um encontro inesperado, um encontro face a face.

Aquela imensa multidão de jovens foi a Tor Vergata para ver um rosto. E assim ser tocados pelo amor. Não para "fazer" algo, mas para "ser". Não fazer. Ficar também em silêncio. Não falar. Quando muito, cantar. Estar em silêncio e cantar, juntos. Não sozinhos. Ser protagonistas nas relações, reconhecendo que tudo é um relacionamento. 

O Papa Leão disse isso claramente em resposta às perguntas que os jovens lhe fizeram: «...todos os homens e mulheres do mundo nascem filhos de alguém. A nossa vida começa com um vínculo e é através de vínculos que crescemos (...). Buscando apaixonadamente a verdade, não apenas recebemos uma cultura, mas transformamo-la através das escolhas de vida. A verdade, com efeito, é um vínculo que une as palavras às coisas, os nomes aos rostos. A mentira, pelo contrário, separa estes aspectos, gerando confusão e mal-entendidos».

A verdade também é, portanto, um vínculo, uma relação, que hoje vive uma grande crise nesta era do niilismo (de nihil, isto é, de ne-hilum: sem fio, sem vínculo). Verdade que jamais pode ser separada do amor, que é a relação por excelência. Quando uma pessoa diz que está "em um relacionamento", está dizendo que ama alguém. Mais uma vez, quando se trata de amor, não se trata de "fazer" algo, mas de "ser", estar com alguém. Não há nada mais belo, especialmente os jovens sabem disso, do que "estar com", com a pessoa amada, com amigos. Quando se está junto, o tempo desaparece, sua corrente se rompe, o krònos se torna kairòs, um tempo rico em promessas e significados, em alegria plena, e o significado recupera o terreno perdido pelo excesso de fazer e ter que fazer que ocupa a vida cotidiana.

A experiência gratuita de estar em companhia já é uma antecipação do paraíso. Eis porque que Leão, citando seu amado Agostinho, concentrou suas palavras no tema da amizade, essa dimensão que está no coração da existência dos jovens e a eles recordou que o grande santo africano «Também ele passou por uma juventude tempestuosa, porém não se conformou, não silenciou o clamor do seu coração. Agostinho procurava a verdade, a verdade que não decepciona, a beleza que não passa. E como a encontrou? Como encontrou uma amizade sincera, um amor capaz de dar esperança? Encontrando Aquele que já o procurava: Jesus Cristo. Como construiu o seu futuro? Seguindo a Ele, seu amigo desde sempre». E concluiu com estas vibrantes palavras repletas de esperança: «A amizade pode realmente mudar o mundo. A amizade é um caminho para a paz». Eis o amor que alcança e impulsiona para mais além.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Semana Nacional da Família

Semana Nacional da Família 2025 (CNBB)

SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA

05/08/2025

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

Semana Nacional da Família: É tempo de júbilo em nossa vida 

A Semana Nacional da Família, celebrada anualmente em agosto, representa um momento privilegiado para refletirmos sobre a importância fundamental da família como núcleo vital da sociedade e da Igreja. Em tempos marcados por tantas transformações sociais e culturais, esta celebração nos convida a reafirmar a beleza e o valor do amor familiar, fonte da vida, do crescimento humano integral e, neste ano de 2025, também como fonte das vocações. Iniciando com o segundo domingo de agosto, dia dos Pais viveremos toda uma semana essa experiência evangelizadora da Semana Nacional da Família 

Inspirados pelo tema “É tempo de Júbilo em nossa vida” com o lema “Ora a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5), ligados ao ano jubilar, a Igreja no Brasil se une, durante esta semana, a todas as famílias para recordar que é no ambiente familiar que nascem e amadurecem os primeiros chamados de Deus. Antes de qualquer vocação específica — seja ao matrimônio, à vida consagrada, ao sacerdócio ou ao laicato engajado — há o dom da vida, gerado e nutrido no calor do lar. A família é o solo fecundo onde a fé é plantada, cuidada e floresce em forma de serviço, entrega e missão. 

O Concílio Vaticano II já nos recordava que a família é a “Igreja doméstica” (Lumen Gentium, 11), lugar onde o Evangelho é vivido no cotidiano, onde os valores cristãos são transmitidos de geração em geração. É na família que experimentamos o primeiro amor, aprendemos a conviver, a perdoar, a respeitar e a servir ao próximo. Por isso, é também o primeiro lugar de escuta vocacional, que celebramos e rezamos neste mês de agosto. É ali que, muitas vezes, a voz do Senhor ressoa de maneira sutil, mas profunda, tocando corações ainda jovens para grandes missões. 

Neste contexto jubilar em que a Igreja celebra neste ano de 2025, o Jubileu Ordinário da Esperança, somos convidados a reconhecer que a família é também sinal de esperança que anuncia Cristo nossa esperança. Famílias que rezam juntas, que vivem com generosidade e que testemunham a alegria da fé, tornam-se verdadeiros semeadores de esperança e paz. Quando os filhos veem nos pais o testemunho coerente da fé, do amor e do serviço, despertam-se para uma escuta mais sincera da voz de Deus. 

O Papa Francisco, em sua exortação apostólica Amoris Laetitia, nos exorta a olhar para a família com esperança e realismo, valorizando suas riquezas e reconhecendo suas fragilidades. Ele nos lembra que toda família, mesmo marcada por limites, pode ser sinal vivo da ternura de Deus e ambiente propício para o despertar vocacional. É ali que se aprende a amar sem medida, a doar-se por inteiro e a confiar na Providência divina. 

Neste ano de 2025, a Semana Nacional da Família deve ser vivida com especial ardor e criatividade pastoral. Mais do que nunca, é tempo de valorizar as vocações que nascem no coração da vida familiar e viver com alegria e júbilo neste tempo em nossa vida cristã, unidos ao Papa Leão XIV neste ano especial do jubileu. Devemos criar espaços de escuta nas comunidades, promover momentos de oração pelas vocações e ajudar os jovens a discernirem com clareza o caminho que o Senhor lhes propõe. 

A família é dom e tarefa: dom porque é presente de Deus, e tarefa porque exige compromisso diário, diálogo, sacrifício e alegria. E dentro dessa dinâmica de dom e tarefa, a escuta do chamado de Deus encontra terreno fértil para amadurecer. Quantos sacerdotes, religiosas, missionários e leigos engajados reconhecem que sua vocação foi despertada e sustentada no testemunho de seus pais e avós! 

Não podemos esquecer também das famílias que sofrem, das que se encontram em situação de fragilidade, violência ou desestruturação. A Semana Nacional da Família deve ser também ocasião para acolher, acompanhar, discernir e integrar. A Igreja é mãe e mestra: não impõe, mas propõe; não exclui, mas acolhe; não julga, mas oferece caminho.  A Pastoral família com todas as suas seções, o grupos de encontro de casais, de famílias e outros são chamados a anunciar ao mundo a nossa convicção de fé sobre a vida de família.  

Queremos, ainda, renovar nosso compromisso com as políticas públicas que assegurem o direito à vida, à educação, à moradia, ao trabalho digno e à saúde das famílias brasileiras. A promoção da família é também tarefa social, que deve mobilizar as instituições e inspirar a atuação de todos aqueles que têm responsabilidades públicas. 

Como Igreja, renovemos o nosso empenho em ser comunidade evangelizadora de famílias e com famílias. Que esta semana inspire em nossas paróquias momentos de celebração, catequese, escuta, visita às casas, bênçãos aos lares e incentivo à oração em família.  

Peçamos à Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de fé e entrega, que interceda por todas as famílias do Brasil. Que ela, que disse seu “sim” ao chamado de Deus em sua casa de Nazaré, nos inspire a sermos fiéis ao nosso chamado e a cultivarmos com amor as vocações que nascem entre nós. 

Que esta Semana Nacional da Família de 2025 seja tempo fecundo de renovação, discernimento e esperança. Que o Espírito Santo nos ajude a tornar cada lar um verdadeiro santuário da vida, da fé e da vocação. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Neocatecumenais, Kiko: não viver para si mesmos, mas para amar como Cristo

Encontro vocacional do Caminho Neocatecumenal   (@Vatican Media)

Na esplanada de Tor Vergata, em Roma, 120 mil jovens se reuniram esta segunda-feira, 4 de agosto, para um encontro vocacional com a equipe internacional do Caminho Neocatecumenal. Aproximadamente 5 mil jovens, rapazes e moças, responderam ao "chamado", expressando sua disposição de realizar um discernimento para o sacerdócio e para a vida consagrada. O cardeal Reina presidiu o encontro: "Sede jovens santos"

Debora Donnini – Tor Vergata, Roma

Maravilha e gratidão são as primeiras emoções que se sentem ao ver um "rio" de jovens, primeiro rapazes, e depois moças, caminhando a passos largos, alguns correndo em direção ao palco, atravessando o corredor central da esplanada de Tor Vergata, em Roma, para receber uma bênção dos cardeais e bispos presentes, demonstrando assim sua disposição de averiguar sua vocação ao sacerdócio ou à vida consagrada. Foi o que ocorreu esta segunda-feira, 4 de agosto, durante o chamado vocacional ao final da Liturgia da Palavra, no encontro que o Caminho Neocatecumenal costuma organizar no dia seguinte à Missa do Papa por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude. Os jovens do Caminho retornaram na tarde desta segunda-feira à mesma esplanada de Tor Vergata onde haviam participado no domingo da Celebração Eucarística presidida por Leão XIV, desta feita pelo Jubileu dos jovens.

Encontro vocacional do Caminho Neocatecumenal   (@Vatican Media)

Cem mil pessoas dos cinco continentes compareceram, mais uma vez enfrentando o calor e o cansaço e demonstrando, ao contrário, uma alegria contagiante. Eles vieram acompanhados por seus catequistas após uma peregrinação proclamando o Evangelho até chegarem a Roma. Os maiores grupos eram de italianos, 22.000, espanhóis, 17.000, e estadunidenses, 11.000. Foi emocionante ver o grupo da Ucrânia: cerca de 500 jovens estavam reunidos em um setor central de Tor Vergata, agitando bandeiras amarelas e azuis. Havia também jovens da Rússia, Estônia, Geórgia e Cazaquistão: cerca de 350; depois, 120 da Terra Santa e até 600 da Oceania. Da África, 630 chegaram, mas muitos jovens não puderam chegar devido a problemas de visto. Os números dão uma imagem da presença verdadeiramente internacional desses eventos, onde se vivencia uma profunda comunhão. O agitar das bandeiras de 109 países ao redor do mundo proporcionou um espetáculo impressionante, tornando visíveis as palavras do profeta Isaías, lembradas na canção tocada no palco: "Eu venho para reunir todas as nações".

Encontro vocacional do Caminho Neocatecumenal   (@Vatican Media)

No início, cem sacerdotes carregaram em procissão o ícone da Virgem Maria até o palco, onde se ergueram uma grande Cruz e uma imagem da Serva de Deus, Carmen Hernández, que, juntamente com Kiko, fundou o Caminho Neocatecumenal.

A Liturgia da Palavra

O cardeal Baldassare Reina, vigário da Diocese de Roma, presidiu a Liturgia da Palavra. Outros cinco purpurados estavam presentes: Fernando Filoni, Grzegorz Ryś, Jean-Claude Hollerich, Marc Ouellet e Andrew Yeom Soo-jung. Trinta arcebispos e bispos, incluindo o bispo auxiliar de Roma, Michele Di Tolve, também estavam presentes.

Após a proclamação do Evangelho, o cardeal Reina transmitiu a saudação e o abraço do Papa aos presentes. "Este encontro é a resposta ao convite do Papa Leão: aspirai à santidade", disse ele. Recordando que vivemos numa sociedade onde Deus parece colocado de lado, um tempo marcado pela solidão, o purpurado exortou a acolher o chamado de Deus, que não busca nada que nos tire a felicidade; pelo contrário, "engrandece os nossos projetos". "Sede jovens felizes, sede jovens santos", concluiu. "Vimos colher os frutos do vosso encontro com o Papa", disse o fundador do Caminho Neocatecumenal, Kiko Argüello, ao apresentar o evento, acompanhado de efusivos aplausos a Leão XIV. "É muito importante", recordou, "que a fé do vosso Batismo, que estais reavivando no Caminho Neocatecumenal, seja alicerçada em Pedro". Em Roma, "os pilares da Igreja foram martirizados: São Pedro, São Paulo e também tantos cristãos!"

Desde o início, Kiko quis recordar o jovem peregrino espanhol Ignazio Gonzálvez, internado no Hospital Bambino Gesù estes dias. A Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou que o Papa Leão XIV o visitou esta segunda-feira.

A proclamação do kerygma

A catequese de Kiko parte da passagem bíblica sobre o pecado de Adão e Eva: o engano do diabo é fazer o homem acreditar que é autônomo, que pode decidir o que é bom e o que é mau, que não precisa "obedecer a ninguém". "Vivemos em uma sociedade que busca abolir a obediência, a obediência aos mestres, a obediência ao Pai", lembra ele. "Pecado significa ter aceitado esta catequese do diabo, de que você deve ser seu próprio deus. Este pecado, que habita o eu ontológico do meu ser, me obriga primeiro a oferecer tudo a mim mesmo." Desse engano, de ter cortado as raízes do próprio ser de Deus, surge uma profunda solidão, uma incapacidade de amar. Por que, afinal, tantos jovens se matam? "Porque não são para ninguém", enfatiza Kiko.

A proclamação do kerygma por Kiko ressoa fortemente na esplanada de Tor Vergata. Deus precisa da sua liberdade, porque, como nos lembra Santo Agostinho: "Deus, que vos criou sem vós, não vos pode salvar sem vós". O convite, portanto, é para nos convertermos a Cristo, que deu a sua vida por nós, morreu por nós, ressuscitou e ascendeu ao Céu para interceder por nós, para que possamos receber uma nova vida. Cristo, de fato, mostrou outra forma de amor na Cruz. E nós também somos chamados a participar deste amor, pelo qual nos reconhecerão como seus discípulos. A santidade se expressa precisamente neste amor pelos outros. Antes dos chamados vocacionais, Kiko também quis dizer algumas palavras precisamente sobre a virgindade que a escatologia enfatiza: ela abre o Céu porque não é deste mundo.

Encontro vocacional do Caminho Neocatecumenal   (@Vatican Media)

Os "chamados"

Encorajando os jovens, o padre Mario Pezzi, membro da equipe internacional do Caminho Neocatecumenal, falou sobre a vida deles de fé, ciente dos problemas dos jovens e de suas dinâmicas existenciais: "Às vezes, o diabo os tenta a não ir à comunidade", disse ele, "mas quando vocês experimentarem seu veneno mortal, tenham a coragem de retornar à comunidade, porque sempre serão acolhidos e não julgados". No mundo de hoje, quantos jovens têm dinheiro, conforto e culto do corpo, mas internamente muitos padecem enormes sofrimentos, observou ele, exortando os jovens a se converterem e a verem como é maravilhoso se o Senhor os chama a se tornarem sacerdotes e, para as jovens, à vida consagrada.

Ascensión Romero também lembrou a importância da virgindade na Igreja primitiva: "Um carisma muito importante, na clausura, na vida ativa". Em uma sociedade onde tudo está conectado, também há muita solidão; as redes sociais não criam comunidade, enfatizou, destacando como é um dom ter uma comunidade de irmãos.

O chamado vocacional e os cânticos selaram então o encontro que permanecerá no coração e na vida desses jovens, assim como ficou gravado na alma de seus pais muitos anos antes, que desde as primeiras JMJ partiram para ouvir a voz de Cristo e descobrir sua vocação.

Encontro vocacional do Caminho Neocatecumenal   (@Vatican Media)

Repercussão do evento

Ao final do encontro, o cardeal Baldassarre Reina concedeu uma breve entrevista à mídia vaticana, enfatizando, a respeito dos chamados vocacionais, que "foi um belo sinal da parte deles. Verdadeiramente, quando falamos de esperança hoje, nós a vimos em primeira mão. Agora começa um caminho porque, como sabemos, responder ao chamado não coincide com a adesão a um projeto de consagração. Começa um caminho de discernimento, que esperamos que seja bem apoiado por catequistas, pais e formadores. E lentamente, porque a vocação é uma aventura, uma grande aventura; não é uma fórmula matemática. Por isso, devemos sempre ouvir Deus e tentar entender não por que decidimos nos tornar sacerdotes ou religiosas, mas para quem. E esta é a resposta crucial, mas, verdadeiramente, hoje foi um belo presente da verdadeira providência."

Entre os cardeais presentes estava o cardeal Marc Ouellet, prefeito emérito do Dicastério para os Bispos, que, em declaração à mídia vaticana, disse estar muito impressionado. "Parece-me", disse ele, "que é também um exemplo de pastoral vocacional para o nosso tempo, para um mundo secularizado. Não basta esperar que uma vocação surja espontaneamente no coração dos jovens se eles não forem catequizados, desafiados, ajudados e encorajados por um povo, e não apenas por alguns indivíduos, mas por um povo. Por isso, estou muito impressionado e acredito que isso deve inspirar outros em seu trabalho de promoção vocacional."

Assista ao vídeo completo do encontro do Caminho Neocatecumenal em Tor Vergata:

https://youtu.be/UHuHCI_kl-g

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Dante o secular, isto é, o cristão (Parte 1/2)

Dante descreve na alegoria da carruagem a presença do Anticristo na Igreja (Purgatório XXXII), manuscrito XIII conservado na Biblioteca Nacional de Nápoles contendo toda a Divina Comédia (final do século XIV, início do século XV) | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 04 - 2000

Dante o secular, isto é, o cristão

Entrevista com Alberto Asor Rosa sobre Alighieri: "Sua crença era absoluta nos fundamentos da fé, mas altamente crítica em relação a todo o resto. Além disso, ele tinha consciência de que todo homem é pecador. A consciência cristã das limitações humanas é precisamente o fundamento do pensamento secular."

Entrevista com Alberto Asor Rosa por Paolo Mattei

A literatura italiana das últimas duas décadas é "uma paisagem caótica", carente de fóruns para debate literário, as editoras parecem restringir excessivamente a liberdade criativa dos escritores e não existe uma língua literária italiana contemporânea. Aqui está um resumo do que Alberto Asor Rosa, professor da Universidade La Sapienza de Roma, pensa sobre a produção literária recente em nosso país. Esses comentários foram feitos ao jornal La Repubblica , por ocasião da recente publicação do segundo volume do Dizionario delle opere (Einaudi), que representa a conclusão de um projeto que Asor Rosa (que estuda toda a história da literatura italiana, desde suas origens até os dias atuais, há anos) e seus muitos colaboradores iniciaram há dezoito anos: a Letteratura italiana de Einaudi . Além desse olhar crítico e realista sobre o estado atual da produção literária italiana, a preferência de Asor Rosa por Dante entre os autores que leu na última década desperta curiosidade. Autor cristão que viveu há sete séculos, ele o considera o fundador da literatura secular moderna. Encontramo-nos com o professor e fizemos-lhe algumas perguntas. 

Numa entrevista publicada recentemente no La Repubblica, o senhor afirmou que, há cerca de dez anos, a sua leitura preferida tem sido Dante… 

ALBERTO ASOR ROSA: Estudo Dante há muito tempo, e isso é, em parte, bem conhecido. Há alguns anos, escrevi um ensaio sobre um aspeto da obra do poeta florentino, intitulado "A Fundação da Laia" (no volume "Questioni della Letteratura italiana" , publicado pela Einaudi). Nele, expliquei como Dante está intimamente envolvido — e, de fato, lança alguns dos fundamentos essenciais — no processo a partir do qual surge e se desenvolve a consciência secular da cultura moderna. Para justificar esta abordagem a Dante, naturalmente recorri a várias obras, em particular "La vita nuova", " Il convívio" e " De vulgari eloquentia".

A tese poderia ser resumida brevemente da seguinte forma: em Dante, e portanto dentro de um quadro ideológico distintamente medieval, uma série de temas começa a emergir, especificamente relativos aos dois temas da linguagem e do amor. Dante é o fundador da grande tradição secular da literatura italiana moderna. Esses dois temas — linguagem e amor — são, a meu ver, fundamentais para a compreensão desse universo não teológico e não medieval, embora não seja difícil identificar uma origem medieval na matriz original de ambos. Nessa perspectiva, Dante poderia ser considerado o arquiteto de uma grande e memorável transição. Com base nesse interesse, continuei a estudar Dante. Estudei-o por muito tempo, embora não continuamente, fascinado pelo tipo de experiência poética que, embora enraizada em uma matriz religiosa, indicava uma visão completamente secular da realidade.

Não é Monarchia a obra em que a "visão secular" da história de Dante se expressa mais claramente? 

ASOR ROSA: Sim. Mas Monarchia , de todas as suas obras, é, em certo sentido, a mais "medieval". A análise de Dante sobre os fundamentos divinos da existência humana e as instituições que expressam esses fundamentos torna esta obra única em relação às outras, situando-a histórica e ideologicamente, radicalmente, na era medieval. 

Em um ensaio de 1984 sobre Umberto Eco ( A Idade Média no Pós-moderno , republicado em Un altro Novecento , La Nuova Italia, Florença 1999), você cita uma carta de Petrarca a Boccaccio na qual o poeta de Arezzo reclama dos abusos a que foi submetido por tintureiros e estalajadeiros, que, por outro lado, amavam Dante. Por que uma lacuna tão grande na difusão popular entre as obras de dois autores cronologicamente próximos? 

ASOR ROSA: Naturalmente, a referência de Dante a Eco naquele ensaio é intencionalmente irônica, embora eu deva dizer que a influência da educação medieval de Eco é, em minha opinião, evidente. Sua influência na Escolástica está muito presente em seu pensamento e, em minha opinião, também em sua semiótica.

Voltando a Dante, acredito que (mesmo que isso possa soar vago e impreciso) ele foi além de Petrarca. Em Petrarca, vejo, em certo sentido, um retrocesso em relação às conquistas de Dante. Esse retrocesso consiste essencialmente em abandonar a ideia de uma poesia completamente realista — que Dante havia perseguido — para, em vez disso, escolher o caminho, que dominaria a Itália por séculos, da poesia cultivada para poucos. Assim, o fato de Dante ser apreciado por operários de lã, tintureiros, estalajadeiros e lutadores — algo que Petrarca, em certo sentido, invejava, mas também desprezava — é, na minha opinião, o produto de uma escolha de Dante: a escolha "popular". Petrarca abandonou o caminho de uma poesia voltada para o "baixo" e mudou, por meios poderosos, a direção de nossa literatura para uma estrutura poética intencionalmente aristocrática.

Fonte: https://www.30giorni.it/

“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Lc 12,34)

Palavra de Vida Agosto (Revista Cidade Nova)

“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Lc 12,34) | Palavra de Vida Agosto 2025

por Organizado por Augusto Parody Reyes, com a comissão da Palavra de Vida.   publicado em 17/07/2025, modificado em 28/07/2025.

Este ensinamento de Jesus é relatado pelo evangelista Lucas, que mostra o Mestre com seus discípulos a caminho de Jerusalém, rumo à sua Páscoa de morte e ressurreição. No caminho, dirige-se a eles chamando-os de “pequeno rebanho”1, confiando-lhes aquilo que Ele mesmo traz no coração, os sentimentos profundos do seu ser. Entre esses estão o desapego dos bens terrenos, a confiança na providência do Pai, a vigilância interior, a operosidade em vista da chegada do Reino de Deus.

Nos versículos anteriores, Jesus os encoraja a desapegarem-se de tudo, até mesmo da própria vida, e a não ficarem angustiados devido às necessidades materiais, porque o Pai sabe do que eles precisam. Ele os convida a buscar, isso sim, o Reino de Deus, encorajando-os a acumular “um tesouro no Céu, que nunca se acaba”2. Evidentemente Jesus não convida à passividade diante das coisas terrenas, nem a uma conduta irresponsável no trabalho. Sua intenção é tirar de nós a ansiedade, a inquietação, o medo.

“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” 

O “coração” nesse caso significa o centro unificador da pessoa, que dá um sentido a tudo o que ela vivencia. É o lugar da sinceridade, onde não há espaço para engano nem para dissimulação. Geralmente indica as verdadeiras intenções, aquilo que realmente se pensa, se acredita e se deseja. O “tesouro” é o que existe de mais valioso para nós e, portanto, nossa prioridade, aquilo que achamos que dá segurança ao presente e ao futuro.

“Hoje – dizia o Papa Francisco – tudo se compra e se paga, e parece que o próprio sentido da dignidade depende das coisas que se podem obter com o poder do dinheiro. Somos instigados a acumular, a consumir e a distrairmo-nos, aprisionados por um sistema degradante que não nos permite olhar para além das nossas necessidades imediatas.”3 Mas, no mais profundo de cada ser humano, existe uma busca premente pela felicidade verdadeira que não engana, que não pode ser dada por nenhum bem material.

Chiara Lubich escrevia: “Sim, existe aquilo que você procura: há em seu coração um anseio infinito e imortal; uma esperança que não morre; uma fé que rompe as trevas da morte e é luz para quem crê: não é por acaso que você espera, que você acredita! Não é por acaso! Você espera, você acredita para Amar.”4

“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” 

Esta Palavra de Vida nos convida a fazer um exame de consciência: qual é o meu tesouro, qual a realidade que mais me importa? Ela pode assumir várias conotações, como o padrão econômico, mas também a fama, o sucesso, o poder. A experiência nos diz que é preciso retornar continuamente à vida verdadeira, aquela que não passa, a vida radical e exigente do amor proposto pelo Evangelho:

“Para o cristão não basta ser bom, misericordioso, humilde, manso, paciente… Ele deve ter para com os irmãos a caridade que Jesus nos ensinou. […] Com efeito, a caridade não é uma simples disposição para dar a vida. É dar a vida.”5

Devemos amar cada próximo que encontramos em nosso dia a dia (na família, no trabalho, em todos os lugares) com esta medida. Dessa forma vivemos não pensando em nós mesmos, mas pensando nos outros, vivendo os outros, experimentando uma verdadeira liberdade.

Organizado por Augusto Parody Reyes, com a comissão da Palavra de Vida.

1) Lc 12,32.

2) Lc 12,33.

3) Cf. PAPA FRANCISCO, Carta encíclica DILEXIT NOS, n° 218.

4) Cf. LUBICH, Chiara. Cartas dos primeiros temposjunho de 1944. São Paulo: Cidade Nova, 2020, p. 67.

5) Cf. LUBICH, Chiara. Companheiro de Viagem. São Paulo: Cidade Nova, 1988, p. 52-53.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/editorial/inspira/4063-onde_estiver_o_vosso_tesouro_ai_estara_t

A JMJ de Seul será de 3 a 8 de agosto de 2027

Jovens na JMJ de Lisboa em 2023  (JOAOLC \ GMG Lisboa 2023 / João Lopes Cardoso)

O Papa Leão XIV anunciou as datas da próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude.

Vatican News

No final do Angelus do último domingo (03/08), logo após a missa por ocasião do Jubileu dos Jovens, o Papa Leão XIV anunciou as datas da próxima Jornada Mundial da Juventude em Seul, na Coreia do Sul, em 2027:

“Renovo o convite feito pelo Papa Francisco em Lisboa, há dois anos: os jovens de todo o mundo se reunirão com o Sucessor de Pedro para celebrar a Jornada Mundial da Juventude em Seul, na Coreia, de 3 a 8 de agosto de 2027.”

A nossa peregrinação de esperança continua, unindo jovens de todo o mundo numa viagem simbólica da JMJ de Lisboa 2023 à JMJ de Seul 2027, atravessando as etapas intermediárias das celebrações locais das JMJ e o recém-concluído Jubileu dos Jovens.

Cardeal Farrell, cabe aos jovens se tornarem testemunhas da paz

"Agradecemos ao Santo Padre por anunciar as datas da próxima edição internacional da Jornada", comentou o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Farrell, "e convidamos todos os formadores, os departamentos da pastoral juvenil e os bispos a caminharem juntos rumo a Seul, guiados pelo tema da JMJ Seul 2027: 'Coragem! Eu venci o mundo!' (Jo 16,33). É precisamente a alegria da esperança, vivida neste Ano Jubilar, que nos dá a coragem de proclamar a vitória do Ressuscitado ao mundo inteiro. Cabe aos jovens tornarem-se peregrinos da esperança para curar a solidão e a pobreza, e testemunhar a paz neste mundo dilacerado por divisões, conflitos e guerras."

“A organização da JMJ Seul 2027 começou e prossegue a passos largos rumo às datas escolhidas pelo Santo Padre”, afirma o secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gleison de Paula Souza. “Junto com o Comitê organizador local em Seul, estamos trabalhando para garantir que bispos e jovens de todo o mundo, acolhidos pela Igreja coreana, se reúnam para testemunhar que o encontro com Cristo transforma a vida e dá a coragem para vencer os desafios aos quais são chamados.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A ilusão da acumulação

Vaidade das vaidades (Fundação Nazaré)

A ILUSÃO DA ACUMULAÇÃO

01/08/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecl 1,2)! Estas palavras, repetidas pelo Qohelet, soam como uma denúncia universal de que o esforço humano encerrado em si mesmo é, no fim, um sopro vazio. O autor de Eclesiastes, com um olhar existencialista, constata a angústia de quem trabalha, planeja, acumula e morre. O texto de Ecl 2,21-23 aprofunda esse desconcerto ao dizer que, “quem trabalha com sabedoria, competência e diligência, deverá entregar a sua parte a outro que em nada colaborou”. A injustiça, portanto, não está em deixar para os outros o que se fez, mas em colocar a confiança última em obras finitas. O que se colhe, afinal, senão fadiga, preocupação e insônia? 

É nesse espírito que o Evangelho de Lucas 12,13-21 deve ser lido. Jesus, interpelado por um homem que deseja resolver uma questão de herança, recusa-se a ser juiz de disputas materiais. Em vez disso, conta a parábola de um rico cuja terra produziu tanto que ele decidiu construir celeiros maiores, viver folgadamente e dizer a si mesmo: “Tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, goza a vida!” Deus porém lhe disse: “Insensato! Ainda nesta noite tua vida te será exigida. E o que acumulaste, para quem será?” (Lc 12,20). A pergunta final de Deus ecoa Eclesiastes:para quem será? 

A convergência entre os dois textos está na crítica da falsa segurança proporcionada pela riqueza, pelo trabalho autossuficiente e pela lógica da posse. Em ambos, há uma denúncia da idolatria da acumulação: a crença de que o sentido da vida está no “ter” e no “produzir”. Tanto a sabedoria do Antigo Testamento quanto o Cristo, Senhor, desafiam a lógica dominante da produtividade e da propriedade, que ainda hoje governa as estruturas econômicas e existenciais do nosso mundo. Somos treinados para investir, garantir, acumular, mas quase nunca para viver a gratuidade do presente. 

A trama dos dois textos gira em torno da busca humana por controle e segurança, especialmente por meio da posse de bens, e colocam um espelho diante do ser humano, onde resplandece que o controle é uma ilusão, a morte é certa, e a herança pode ir parar nas mãos de quem não trabalhou — ou, como diz Jesus, pode ser perdida no instante em que se tenta usufruí-la. Em linguagem dos nossos dias, trata-se de uma crítica ao capitalismo emocional: onde o eu se consome na ansiedade de garantir o que não pode possuir pela eternidade. 

Jesus denuncia essa pretensão ao dizer: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus” (Lc 12,21). A alternativa à vaidade é a relação, a comunhão, o desapego que permite ser verdadeiramente livre. O Reino de Deus não é acúmulo, mas partilha. Não é segurança garantida, mas confiança no Pai. A riqueza, então, não está em quantos celeiros tenho, mas em quanta vida sou capaz de doar. O Evangelho rompe com a lógica da escassez e nos insere na lógica da abundância da graça. 

Hoje, quando o mundo vive sob o domínio da produtividade, do consumo e da acumulação desmedida, esta Palavra é uma alerta e um convite à liberdade. O ser humano contemporâneo se vê refletido no rico insensato, cercado de tecnologia, garantias financeiras, projeções de futuro, mas sem saber se viverá o dia seguinte. É preciso, portanto, recuperar a sabedoria do Qohelet e a profecia de Jesus: tudo é vaidade se não estiver fundado no amor que transcende o tempo e resiste à morte. 

O Evangelho não nos convida ao desprezo do trabalho, mas à sabedoria da fé. Trabalhar, sim, mas com o coração livre, desapegado, orientado ao outro. Orientado ao Reino de Deus, que é presença e não posse. O que permanece é o que se doa. O que salva é o que se partilha. Só quem se desapega da vaidade se torna rico diante de Deus

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa aos jovens: contagiem com o seu entusiasmo e fé todos aqueles que encontrarem

Jubileu dos Jovens - Santa Missa e Angelus, 03/08/2025 (Vatican News)

Em sua homilia na missa do Jubileu dos Jovens, em Tor Vergata, Leão XIV os convidou a permanecerem unidos a Jesus, a permanecerem "sempre na sua amizade, cultivando-a com a oração, a adoração, a Comunhão eucarística, a Confissão frequente, a caridade generosa, como nos ensinaram os beatos Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis, que em breve serão proclamados Santos".

https://youtu.be/fTvC3wen98g

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Na manhã deste domingo (03/08), o Papa Leão XIV presidiu a missa do Jubileu dos Jovens na esplanada de Tor Vergata, em Roma, que contou com a participação de mais de um milhão de pessoas. Antes do início da missa, o Santo Padre proferiu algumas palavras espontâneas:

"Espero que todos tenham descansado um pouco. Em breve, iniciaremos a maior celebração que Cristo nos deixou, a Sua própria presença na Eucaristia. Deus os abençoe a todos. Que esta seja uma ocasião verdadeiramente memorável para todos e cada um de nós, quando juntos, como Igreja de Cristo, seguimos, caminhamos juntos e vivemos com Jesus Cristo", disse ele.

No início de sua homilia, o Pontífice frisou que nesta experiência de encontro, "podemos imaginar que estamos percorrendo o caminho feito pelos discípulos de Emaús na tarde do dia de Páscoa". A liturgia deste domingo, não nos fala diretamente sobre este episódio, "mas nos ajuda a refletir sobre o que nele se narra: o encontro com o Cristo Ressuscitado que muda a nossa existência e que ilumina os nossos afetos, desejos e pensamentos".

Não enganemos o nosso coração

A seguir, o Papa comentou a primeira leitura, extraída do Livro de Eclesiastes, que nos convida a entrar em contato, como os dois discípulos de Emaús, "com a experiência dos nossos limites, da finitude das coisas que passam". Comentou também o Salmo responsorial, que ecoando a mesma mensagem, "propõe-nos a imagem da «erva que de manhã brota vicejante, mas à tarde está murcha e seca»". "São duas advertências fortes, talvez um pouco chocantes, mas que não devem assustar-nos, como se fossem temas “tabu” a evitar. Na verdade, a fragilidade de que nos falam faz parte da maravilha que somos", sublinhou.

"Pensemos no símbolo da erva: não é lindo um campo florido?" Perguntou Leão XIV. "Claro, é delicado, feito de caules finos, vulneráveis, sujeitos a secar, dobrar-se, partir-se, mas, ao mesmo tempo, imediatamente substituídos por outros que brotam depois deles e dos quais os primeiros se tornam generosamente alimento e adubo, ao desfazerem-se no solo. É assim que vive o campo, renovando-se continuamente e, mesmo durante os meses gelados do inverno, quando tudo parece silencioso, a sua energia vibra sob a terra e prepara-se para, na primavera, explodir em milhares de cores", sublinhou.

“Queridos amigos, nós também somos assim: fomos feitos para isto. Não para uma vida onde tudo é óbvio e parado, mas para uma existência que se renova constantemente no dom, no amor. E assim aspiramos continuamente a um “algo mais” que nenhuma realidade criada nos pode dar. Sentimos uma sede tão grande e ardente que nenhuma bebida deste mundo pode saciar.”

Diante dessa sede, "não enganemos o nosso coração, tentando extingui-la com subterfúgios ineficazes! Antes, devemos ouvi-la"! Mesmo aos vinte anos, é bom abrir o coração a Deus, "deixá-lo entrar, para depois nos aventurarmos com Ele rumo aos espaços eternos do infinito".

Leão XIV citou Santo Agostinho, que a propósito de sua intensa busca por Deus, perguntava-se: «Qual é, então, o objeto da nossa esperança […]? É a terra? Não». Pensando no caminho que tinha percorrido, Agostinho rezava, dizendo: «Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! […] Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz».

Unidos a Deus e aos irmãos na caridade

A seguir, o Papa Leão XIV recordou as palavras do Papa Francisco aos jovens, em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude, em que o Pontífice falecido disse a eles que não devemos nos alarmar «se nos encontramos intimamente sedentos, inquietos, incompletos, desejosos de sentido e de futuro […] Não estamos doentes, estamos vivos!»

"Há uma solicitação importante no nosso coração, uma necessidade de verdade que não podemos ignorar, que nos leva a perguntar: o que é realmente a felicidade? Qual é o verdadeiro sabor da vida? O que nos liberta dos pântanos do absurdo, do tédio, da mediocridade?" Perguntou Leão XIV.

“Nos últimos dias, vocês viveram muitas experiências bonitas. Encontraram-se com jovens da sua idade, vindos de várias partes do mundo, pertencentes a diferentes culturas. Trocaram conhecimentos, partilharam expectativas, dialogaram com a cidade através da arte, da música, da informática, do esporte. No Circo Máximo, aproximando do Sacramento da Penitência, vocês receberam o perdão de Deus e pediram sua ajuda para uma vida boa.”

Segundo o Papa, em tudo isto, podemos "encontrar uma resposta importante: a plenitude da nossa existência não depende do que acumulamos nem do que possuímos, como ouvimos no Evangelho. Está ligada ao que sabemos acolher e partilhar com alegria".

“Comprar, acumular, consumir não basta. Precisamos levantar os olhos, olhar para cima, para as «coisas do alto», para perceber que, entre as realidades do mundo, tudo tem sentido apenas na medida em que serve para nos unir a Deus e aos irmãos na caridade, fazendo crescer em nós «sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência», de perdão, de paz, como os de Cristo.”

Neste horizonte compreenderemos cada vez melhor o que significa «a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado».

Permanecer na amizade com o Senhor

"Queridos jovens, a nossa esperança é Jesus", disse ainda Leão XIV, recordando as palavras de São João Paulo II, que dizia que o Senhor é quem suscita nos jovens «o desejo de fazer de suas vidas algo de grande […], no aperfeiçoamento» deles e «da sociedade, tornando-a mais humana e fraterna».

"Mantenhamo-nos unidos a Ele, permaneçamos sempre na sua amizade, cultivando-a com a oração, a adoração, a Comunhão eucarística, a Confissão frequente, a caridade generosa, como nos ensinaram os beatos Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis, que em breve serão proclamados Santos", disse ainda o Papa, convidando os jovens onde quer que estejam, a aspirar "a coisas grandes, à santidade. Não se contentem com menos. Então, vocês verão crescer todos os dias, em vocês e ao seu redor, a luz do Evangelho".

O Santo Padre confiou os jovens "a Maria, Virgem da Esperança. Com a sua ajuda, ao regressarem nos próximos dias aos seus países, em todas as partes do mundo, continuem caminhando com alegria seguindo as pegadas do Salvador e contagiem com o seu entusiasmo e o testemunho da sua fé todos aqueles que encontrarem".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 3 de agosto de 2025

Fechamento do Jubileu dos Jovens: Uma Celebração de Fé e Esperança em Tor Vergata

Stefano Costantino / POOL

Gilberto Vanderlei - publicado em 03/08/25

A esplanada de Tor Vergata, nos arredores de Roma, foi palco da missa de encerramento do Jubileu dos Jovens, que presidida pelo Papa Leão XIV, proporcionou a todos um momento de profunda espiritualidade, renovação da fé e um chamado à esperança em um mundo marcado por desafios.

Na noite anterior, sábado, 2 de agosto, cerca de um milhão de jovens participaram de uma vigília de oração em Tor Vergata, evento que contou com animação musical de artistas como o trio italiano Il Volo, Matt Maher, Thiago Brado e o coro Hakuna Group Music, fundado durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013, no Rio de Janeiro. Durante a vigília, três jovens fizeram perguntas ao Papa sobre amizade, coragem e espiritualidade, reforçando o diálogo intergeracional e a conexão espiritual do evento.

A Missa de "até breve"

Na manhã de domingo, o Papa Leão XIV chegou de helicóptero a Tor Vergata para presidir a missa em um altar de 1.400 metros quadrados, especialmente construído para a ocasião. Em sua homilia, o Papa incentivou os jovens a "aspirarem a grandes coisas" e a rejeitarem o conformismo e o materialismo, destacando que a verdadeira plenitude da vida está em acolher e compartilhar com alegria. Ele citou seu antecessor, Papa Francisco, e o jovem beato Carlo Acutis, reforçando a mensagem de esperança e santidade.

O Papa também enfatizou a importância de olhar para além do consumo e do acúmulo, exortando os jovens a praticarem a humildade, o perdão e a paz. "Comprar, acumular, consumir não é suficiente. Precisamos levantar os olhos, olhar para cima, para as coisas celestiais", declarou, em uma mensagem lida em italiano, inglês e espanhol.

Solidariedade aos Jovens em Zonas de Conflito

Antes da recitação do Angelus, o Papa Leão XIV dirigiu uma mensagem especial aos jovens que sofrem em regiões devastadas por conflitos.

"Estamos mais próximos do que nunca dos jovens que sofrem os males mais graves, causados por outros seres humanos. Estamos com os jovens de Gaza, da Ucrânia e com os de todas as terras ensanguentadas pela guerra".

Depois, reforçando a comunhão com Cristo como fonte de paz e esperança. Ele destacou que os jovens presentes são "um sinal de que é possível um mundo diferente, um mundo de fraternidade e amizade, onde os conflitos não se resolvem com armas, mas com diálogo".

A Jornada continua

No encerramento da missa, o Papa Leão XIV confirmou que a próxima Jornada Mundial da Juventude será realizada em Seul, Coreia do Sul, de 3 a 8 de agosto de 2027, com o tema "Tende coragem, Eu venci o mundo" (Jo 16,33). O anúncio foi recebido com entusiasmo pelos jovens, que entoaram cânticos como "Esta é a juventude do Papa" e "Papa Leão". A escolha de Seul marca o retorno da JMJ à Ásia após mais de 30 anos, desde a edição de 1995 em Manila, que reuniu um recorde de 4 milhões de participantes.

O Papa também pediu aos jovens que levassem a mensagem de esperança aos seus países, especialmente àqueles que não puderam participar do evento devido a conflitos ou outras dificuldades. "Levem essa alegria, esse entusiasmo, para o mundo inteiro. Vós sois o sal da terra, a luz do mundo", exortou, em um apelo emocionado.

Com o olhar voltado para Seul 2027, a juventude católica segue sua peregrinação de esperança, inspirada pelas palavras do Papa: "Continuemos a sonhar juntos, a esperar juntos".

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/03/fechamento-do-jubileu-dos-jovens-uma-celebracao-de-fe-e-esperanca-em-tor-vergata/

Os três sorrisos do cristão

@opusdei

Os três sorrisos do cristão

Como ser capazes de sorrir quando as preocupações, o trabalho, os pequenos contratempos e as grandes dores são tão frequentes na vida?

18/09/2015

“Um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral" [1]. A provocação do Papa Francisco não é uma brincadeira casual, e a ideia de que os cristãos não devem mostrar-se tristes não é nova: "Seria preciso entoarem melhores cânticos para eu crer no seu Salvador; seria preciso que os seus discípulos tivessem mais aparência de redimidos", dizia Nietzsche.

Mas como ser capazes de sorrir quando as preocupações, o trabalho, os pequenos contratempos e as grandes dores são tão frequentes na vida?

O primeiro sorriso é o fundamental: “Aquele, porém, que mora nos céus, se ri” [2] diz a Bíblia. E ainda: “a alegria do Senhor será a vossa força” [3]. É o sorriso de Deus. A alegria com a qual o Criador contempla cada uma de suas criaturas deve ser o fundamento sólido da serenidade e da paz de cada um de nós.

Mas não pode ser irreverente pensar que Deus, o Senhor do Universo, sorria? “Deus deve nos amar ainda mais porque despertamos seu humor.”, disse um personagem criado por Ray Bradbury. “Eu nunca pensei em Deus como um cômico”, lhe responde alguém. A resposta é imediata: “O Criador do ornitorrinco, do camelo, da avestruz e do homem? Ora, deixe disso”[4].

O segundo sorriso é aquele com o qual olho para mim mesmo. Sem perder de vista minha humanidade, meus limites, que não são necessariamente defeitos e não devem ser tomados demasiado a sério. Meu Criador me ama assim, como sou, porque se me quisesse diferente, teria me criado diferente.

"Saber ver o aspecto divertido da vida e a sua dimensão alegre e não viver tudo tão tragicamente – disse Bento XVI –, e diria que isto é necessário também no meu ministério. Um escritor disse que os anjos conseguem voar porque não se consideram a si mesmos com demasiada seriedade. E também nós talvez pudéssemos voar um pouco mais, se não déssemos tanta importância a nós mesmos” [5].

@opusdei

Sorrir é um ato de humildade, quer dizer que me aceito a mim mesmo e ao meu modo de ser, permanecendo ali onde estou com santa paz. Sem levar-me muito a sério, porque “A seriedade não é uma virtude. Seria uma heresia, mas uma heresia muito mais sensata, dizer que a seriedade é um vício. É na verdade um lapso ou tendência natural a levar-se muito a sério, porque é a coisa mais fácil de fazer. Pois a solenidade flui dos homens naturalmente; mas o riso é um salto. É fácil ser pesado, é difícil ser leve. Satanás caiu devido à força da gravidade” [6].

O terceiro sorriso é consequência dos dois anteriores. É o sorriso com o qual acolho as pessoas, especialmente aquelas com as quais convivo e trabalho. Mostrando-lhes afeto e sem dar muita importância a possíveis erros ou atritos. Com rosto alegre, Madre Teresa de Calcutá, ao receber o Prêmio Nobel surpreendeu o público ao fazer-lhes esta sugestão: “Sorriam uns aos outros, dediquem tempo para estar juntos com as suas famílias. Sorriam mutuamente” [7].

"As vestes do corpo, o riso dos dentes, e o modo de andar de um homem fazem-no revelar-se” [8], diz o livro da Sabedoria.

O sorriso pode ser verdadeiramente o sinal que permite aos demais reconhecer um cristão.

Artigo de Carlo de Marchi, Vigário do Opus Dei para o Centro-Sul da Itália.


[1] Papa Francisco. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n. 10.

[2] Salmo II, 4.

[3] Ne, 8,10.

[4] Ray Bradbury, As crônicas marcianas. Editora Globo, 2005.

[5] Bento XVI. Entrevista a representantes de canais televisivos alemães e da rádio vaticano em preparação para a viagem à Alemanha. 5-VIII-2006.

[6] G. K. Chesterton, Ortodoxia. Mundo Cristão, 2008.

[7] Madre Teresa de Calcutá. Discurso para o Prêmio Nobel da Paz, 1979.

[8] Sir 19, 27

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/os-tres-sorrisos-do-cristao/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF