“Não evangelizes para viver. Viva para
evangelizar” (Santo Agostinho)
1. Seja gentil! Quando pescarmos homens, temos que ser
especialmente cuidadosos para não espantar a pesca. “O sábio conquista as
pessoas” (Pr 11,30).
2. Seja paciente! O viticultor no EVANGELHO disse ao
proprietário: “SENHOR, deixa-a ainda este ano: eu lhe cavarei em redor e lhe
deitarei adubo. Talvez depois disso dê frutos…” (cf. Lc 13,8b – 9).
3. Cuidado com todos! Mantendo a opção preferencial pelos pobres,
devemos levar JESUS não apenas aquelas que não têm nada, mas também aqueles que
têm tudo exceto a SALVAÇÃO. “Vai e anuncia o Reino de Deus” (Lc 9,60).
4. Comece com os que estão em torno de você! Alguém perguntou ao reitor de um Seminário
sobre um velho jardineiro que trabalhava no jardim: “Ele vai à MISSA?”, “Não
sei” foi à resposta. O questionador então exclamou: “Como é que você pode estar
preparando sacerdotes, se você não mostra interesse nem em evangelizar aqueles
que trabalham à sua volta?”.
5. Coloque toda a sua confiança em DEUS! Davi venceu Golias pondo de lado as armas de
que outros dependiam, colocando CONFIANÇA ABSOLUTA em DEUS. Sem esta espécie de
confiança, não há como vencer o mundo para JESUS DE NAZARÉ.
6. Ore! Para os evangelizadores, a oração não é apenas um detalhe: é o
coração e a alma de toda evangelização. Um bom evangelizador é um bom orante
“ORAI SEM CESSAR” (1 Ts 5,17).
7. Faça um esforço unido! A unidade dos apóstolos no Cenáculo ocasionou
o primeiro PENTECOSTES e, daí fluiu o começo da evangelização. “Manter sempre a
comunhão” (At 2,42). Aqui está o sucesso de tudo!
8. Trabalhe para IGREJA! Se não evangelizarmos pelo crescimento
saudável do CORPO, como estamos – a FAMÍLIA de DEUS – vivendo como IGREJA? O
que estamos fazendo para manter a IGREJA VIVA? Cristo é a Cabeça, a Igreja é
Seu Corpo e nós somos PEDRAS VIVAS (1 Pd 2,5).
9. Prepare! DEUS nos envia a ANUNCIAR ao mundo inteiro a BOA NOVA. Somos
obrigados a estar até mais cuidadosamente preparados do que qualquer
apresentador ou comentarista. “Preparados para responder sobre a nossa fé” (1
Pd 3,15).
10. Use a linguagem certa! Siga o exemplo de como JESUS explicou
delicadamente a SALVAÇÃO aos dois homens, na estrada de Emaús. Comece do
princípio, falando claramente, de forma prática e bíblica, e seja humilde! O
alvo é fazer morada no coração (Lc 24,32).
11. Faça de tudo! Seja ativo quanto contemplativo. Seja orante
quanto apostólico! Encontrar JESUS sem sair para levá-LO aos outros no mundo, é
não dar frutos. “Para irdes e produzirdes fruto” (Jo 15,16).
12. Seja corajoso! Muitas vezes, encontraremos portas fechadas,
porém temos que seguir o EXEMPLO de JESUS, entrando através delas. (Ler Ap
3,20).
13. Espere a Cruz! Temos que seguir o EXEMPLO de MARIA. Ela
tornou-se uma TESTEMUNHA melhor do que a maioria dos apóstolos ficando de pé
com João ao pé da Cruz, vendo e participando de todos os detalhes, de como o
SEU FILHO morreu por nós. Daí São Paulo Apóstolo anuncia: “Pregamos o Cristo
crucificado” (1 Cor 2,2).
14. Comece! Há muitas pessoas do “Amanhã” na IGREJA. JESUS ainda era um menino
quando SEUS PAIS O encontraram ensinamento no Templo. SUA EXPLICAÇÃO foi que
ELE tinha que tomar conta da OBRA de SEU PAI. Temos o MESMO PAI, portanto,
estamos na MESMA OBRA e não vamos esperar até amanhã.
15. Não desista! Se desistirmos, falhamos: “Não nos cansemos
de fazer o bem, porque a seu tempo, colhemos, se não relaxarmos” (Gl 6,9).
“Sede firmes, fazei incessantes progressos na obra do Senhor, cientes de que o
vosso trabalho não é vão no Senhor” (1 Cor 15, 58).
Anunciar o Evangelho
“Alcançais o fim da vossa fé, a
saber, a salvação das vossas almas” (1 Pd 1,9).
O mundo muda a partir da
transformação de ser humano pelo poder do evangelho de Cristo. Quem acredita na
vida eterna tem a missão de evangelizar a maior obra do Planeta: a Obra da
Redenção.
O Reino de Deus é proclamado por
aqueles que têm a vida convertida pela graça e pelo poder do Espírito Santo.
A missão mais importante do
cristão é falar do amor de Deus ao seu semelhante a onde quer que ele esteja.
A paz, a justiça, o amor e a
salvação das almas estão na verdade do evangelho do Senhor Jesus, por isso,
anunciar é uma ordem e uma obrigação dos filhos de Deus. O mundo espera sedento
esse anúncio para libertação da cultura de morte.
O verdadeiro cristão tem essa
consciência e os pés na missão, o falso cristão é omisso e tem os pés na
perdição.
Evangelizar é sair do cerco
pessoal, da preguiça, sair dos laços dos estreitos limites da família, do grupo
fechado, para abrir-se para a família universal.
Sair da cultura do assento, do
teclado e da imagem para falar, cantar e caminhar com o outro na alegria da
maravilhosa Boa Nova de Jesus de Nazaré.
O santo evangelho de Cristo é a
cultura de vida e vida plena. Pregar o evangelho é a prática obediente ao amor
de Deus e ao pecador pela salvação de sua alma. Nós temos a mais poderosa
mensagem para dar sentido completo ao ser humano.
Disse Jesus: “Ide por todo o
mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Pe. Inácio José do Vale Professor de História da Igreja Especialista em Ciência Social da Religião E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com
Nota: Pequenas ideias de como evangelizar é do Pe. Tom
Forrest, (C. Ss.R). Adaptado e atualizado.
A oração do Angelus com o Papa Francisco (Vatican Media)
"Permanecer fiel ao que
conta, custa", afirmou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana
do Angelus deste domingo (25), como também custa "se libertar do
condicionamento do pensamento comum, custa ser deixado de lado por quem 'segue
a onda'". O que importa realmente, segundo Jesus e alertado pelo Papa,
"é não jogar fora o bem maior, ou seja, a vida. Não jogar fora a vida. Só
isso deve nos assustar".
No primeiro
domingo (25) de verão deste ano na Praça São Pedro, um grande número de
peregrinos se reuniu para rezar com o Papa a oração mariana do Angelus.
Francisco fez uma reflexão a partir do Evangelho do dia, quando Jesus
repete aos discípulos por três vezes: "Não tenhais medo" (Mt 10:26,
28, 31). Uma referência às perseguições que teriam de enfrentar por causa do
Evangelho, "uma realidade que é atual ainda hoje", acrescentou
Francisco, e que "parece paradoxal: a proclamação do Reino de Deus é uma
mensagem de paz e justiça, fundada na caridade fraterna e no perdão, e ainda
assim encontra oposição, violência e perseguição". Mesmo assim, a
orientação de Cristo é não deixar que o medo paralise, mas temer por outra
coisa, que o Papa explica a partir da imagem do vale da "Geena" (cf.
v. 28), o grande depósito de lixo de Jerusalém:
“Jesus fala dele para dizer que
o verdadeiro medo que se deve ter é aquele de jogar fora a própria vida. E
sobre isso Jesus diz: 'sim, tenham medo disso'.”
"Como
se dissesse: não se deve ter tanto medo de sofrer mal-entendidos e críticas, de
perder prestígio e vantagens econômicas para permanecer fiel ao Evangelho, mas
de desperdiçar a existência correndo atrás de coisas triviais, que não enchem a
vida de significado. E isso é importante para nós. Também hoje, de fato, alguém
pode ser ridicularizado ou discriminado se não seguir certos modelos da moda
que, no entanto, muitas vezes colocam realidades de segunda categoria no
centro: por exemplo, seguir as coisas em vez das pessoas, o desempenho em vez
das relações."
Permanecer fiel ao que conta, custa
O Papa,
então, deu exemplos: dos pais que precisam se dividir em trabalhar para o
sustendo da família e o tempo para ficar com os filhos; dos sacerdotes e
religiosas que devem estar comprometidos com o serviço, mas dedicando tempo a
Jesus; e dos jovens, com "mil compromissos e paixões: a escola, o esporte,
interesses diversos, os celulares e as redes sociais, mas precisam encontrar as
pessoas e organizar grandes sonhos". Tudo isso implica "alguma
renúncia diante dos ídolos da eficiência e do consumismo", disse
Francisco, mas de suma importância para não se perder nas coisas que depois
acabam sendo "jogadas fora, como se fazia naquela época em Geena":
“E na Geena de hoje, ao
contrário, muitas vezes são as pessoas que acabam ali: pensemos nos últimos,
muitas vezes tratados como material de descarte e objetos indesejados.
Permanecer fiel ao que conta, custa; custa ir contra a maré, custa se libertar
do condicionamento do pensamento comum, custa ser deixado de lado por quem
"segue a onda". Mas não importa. Jesus diz: o que importa é não jogar
fora o bem maior, ou seja, a vida. Não jogar fora a vida. Só isso deve nos
assustar.”
Do que eu tenho medo?
Ao
finalizar a alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo
(25), o Papa convidou os peregrinos presentes na Praça São Pedro a se
questionarem onde realmente vive o medo de cada um:
"Perguntemo-nos então:
eu, do que tenho medo? De não ter o que eu gosto? De não atingir as metas que a
sociedade impõe? Do julgamento dos outros? Ou de não agradar ao Senhor e de não
colocar em primeiro lugar o seu Evangelho? Maria, sempre Virgem, Mãe Sábia,
ajude-nos a sermos sábios e corajosos nas escolhas que fizermos."
O livre-arbítrio é uma das esferas de maior incompreensão porque faz do ser humano autor de sua própria história, mas inserido em um enredo totalmente desconhecido.
Quantas vezes é possível morrer em uma vida? Quantas vezes o corpo carece da alma que parece se esvair diante de mais um erro, de mais um pecado? Quantas vezes as tentativas de melhorar sucumbem-se à dor de falhar novamente?
Nascer não foi nossa escolha, ninguém quis realmente estar aqui. Não houve consulta prévia, e simplesmente viemos ao mundo. Chegamos sem repertório, sem malas, sem bagagens de saberes e gostos. Chegamos crus, a tal da tábula rasa, sem rasuras e emendas, ou ao menos, achávamos e pensávamos assim.
Aos poucos, de bebês incapazes e dependentes, vamos engatinhando e subitamente já ficamos em pé sem ajuda dos nossos pais, prontos para darmos os primeiros passos rumo ao infinito e além. Começa a vontade de escrever naquele papel em branco, inicia o querer em construir a própria história. Com o tempo e criando mais maturidade e vigor, achamo-nos fortes, mergulhados e amparados pelo nosso próprio conhecimento e esperteza. Vamos caminhando com forças próprias, como soldados num combate de uma guerra que nem se entende bem qual é. Mas como jovens fortes e destemidos que somos, enfrentamos cada novo obstáculo. Desafiamos o mundo, e muitas vezes até confrontamos a tudo e a todos para defendermos as nossas certezas e verdades que naquele momento parecem tão corretas. Enfrentamos quem nos magoa, atacamos os nossos ditos rivais, só porque pensam diferente. Lutamos, lutamos e lutamos.
Assinatura do criador
Vez ou outra percebemos as fraquezas já nos envolvendo. Começamos a constatar que todo o poderio que achávamos ter não parece ser totalmente absoluto e aí começamos a entender que talvez a nossa invencibilidade puramente humana não exista. Vamos descobrindo que nossa folha em branco possuía a assinatura do nosso criador, Daquele que desde o ventre de nossa mãe já pensava em como seríamos; cor dos olhos, do cabelo, como seria o nosso corpo, o nosso sorriso. Éramos totalmente Dele, entretanto ainda não sabíamos disso de maneira tão clara.
Mas há um rival, dentre os vários com os quais buscamos guerrear, que parece ser imbatível: o tempo; porque aquele jovem de lutas, batalhas e combates se encontra agora com uma dificuldade imensa em levantar-se da cama. As pernas parecem não respeitar os comandos da mente, e a vida, antes tão fugaz, tão apressada, agora é demorada. Ouve-se e atenta-se ao tic toc do relógio. O cuco agora é o único amigo daquele que possuía tantos ao seu redor em sua mocidade. Aquela folha em branco, hoje rabiscada, amassada e com inúmeras rasuras já se encontra cheia e sem espaço para preenchimentos. Embaixo está uma assinatura que até então não havia percebido. Lá dizia: Faça valer. Assinado: Deus.
Autor de sua própria história
O livre-arbítrio é uma das esferas de maior incompreensão porque faz do ser humano autor de sua própria história, mas inserido em um enredo totalmente desconhecido. Então, se não houver sabedoria, acabada virando um jogo de culpabilidade, ou seja, se der certo foi por mérito próprio; caso dê errado é porque foi a vontade de Deus. Fato é que tentar compreender a mística com a razão humano é uma empreitada sujeita ao fracasso e com consequências desastrosas.
Se nascer não foi nossa escolha, permanecer vivos é uma decisão diária. A escrita feita nesse papel em branco só cabe a cada um, mesmo quando estiver muito penoso, será sempre necessário continuar a escrever. Não há promessas de vida fácil. Olhe para os profetas, para os santos, olhe para Jesus Cristo. Não haverá rosas, mas você poderá sentir seu aroma. Haverá batalhas, mas a paz já estará em você antes mesmo da guerra começar. Mergulhe em águas mais profundas e submeta-se à Graça e ao verdadeiro amor que vem de Deus, porque dessa forma, a inspiração de cada novo dia chegará para que sempre uma nova história possa ser escrita.
“A opinião de que a fé, enquanto tal, não conhece
absolutamente nada dos fatos históricos e deve deixar tudo isso aos
historiadores, é gnosticismo: esta opinião desencarna a fé e a reduz a pura
idéia. Para a fé que se baseia na Bíblia é, ao contrário, exigência
constitutiva precisamente o realismo do acontecimento. Um Deus que não pode
intervir na história nem mostrar-se nela não é o Deus da Bíblia”. O discurso do
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por ocasião do centenário da
constituição da Pontifícia Comissão Bíblica.
de Joseph Ratzinger
A ferida de 1912 nunca desapareceu totalmente, apesar de ele poder agora
ensinar a sua matéria praticamente sem problemas e de ser apoiado pelo
entusiasmo dos seus estudantes, aos quais conseguia transmitir a sua paixão
pelo Novo Testamento e uma correta interpretação deste. De vez em quando, nas
suas lições vinham-lhe em mente recordações do passado. Ainda me recordo
sobretudo de uma expressão que ele pronunciou em 1948 ou em 1949. Disse que já
podia seguir livremente a sua consciência de historiador, mas que ainda não se
tinha chegado à completa liberdade da exegese que ele sonhava. Disse também que
provavelmente não teria chegado a ver isto, mas que pelo menos, como Moisés no
Monte Nebo, desejava poder lançar o olhar sobre a Terra Prometida de uma exegese
livre de qualquer forma de controle e condicionamento do Magistério. Sentimos
que no coração deste homem culto, que levava uma vida sacerdotal exemplar,
fundada na fé da Igreja, pesava não só aquele decreto da Congregação
Consistorial, mas que também os vários decretos da Comissão Bíblica – sobre a
autenticidade moisaica do Pentateuco (1906), sobre o caráter histórico dos
primeiros três capítulos do Gênesis (1909), sobre autores e sobre a época de
composição dos Salmos (1910), sobre Marcos e Lucas (1912), sobre a questão
sinóptica (1912), e assim por diante – impediam o seu trabalho de exegeta com
obstáculos que ele considerava indevidos. Ainda persistia a impressão de que os
exegetas católicos, devido a estas decisões magisteriais, fossem impedidos de
desempenhar um trabalho científico sem restrições, e que desta forma a exegese
católica, em relação à protestante, nunca pudesse estar completamente ao nível
dos tempos e a sua seriedade científica fosse, de certa forma e com razão,
posta em dúvida pelos protestantes. Naturalmente influía também a convicção de
que um trabalho rigorosamente histórico fosse capaz de certificar de maneira
credível os dados de fato objetivos da história, aliás, que este fosse o único
caminho possível para compreender no seu sentido próprio os livros bíblicos, os
quais, precisamente, são livros históricos. Dava por certa a credibilidade e a
inequivocabilidade do método histórico; não lhe vinha minimamente nem sequer a
idéia de que também neste método entrassem em jogo pressupostos filosóficos e
que pudesse ser necessária uma reflexão sobre as implicações filosóficas do
método histórico. Para ele, como para muitos colegas seus, a filosofia parecia
um elemento que incomodava, algo que só podia poluir a objetividade pura do
trabalho histórico. Não se lhe perspectivava a questão hermenêutica, ou seja,
não se interrogava em que medida o horizonte de quem pergunta determine o
acesso ao texto, tornando necessário esclarecer, antes de tudo, qual é o método
justo de perguntar e de que forma é possível purificar o próprio perguntar.
Precisamente por isto, o Monte Nebo teria certamente reservado algumas
surpresas totalmente fora do seu horizonte.
Agora gostaria de tentar subir, por assim dizer, com ele ao Monte Nebo para
observar, a partir da perspectiva de então, a terra que atravessamos nos
últimos cinqüenta anos. A respeito disto, poderia ser útil recordar a
experiência de Moisés. O capítulo 3º do Deuteronômio descreve como no Monte
Nebo é concedido a Moisés lançar um olhar sobre a Terra Prometida, que ele vê
em toda a sua extensão. O olhar que lhe é concedido é, por assim dizer, um
olhar puramente geográfico e não histórico. Contudo, poder-se-ia dizer que o
capítulo 28 do mesmo livro apresenta um olhar não sobre a geografia mas sobre a
história futura, na e com a Terra, e que aquele capítulo oferece uma
perspectiva muito diferente, muito menos confortadora: “O Senhor dispersar-te-á
entre todos os povos de uma extremidade à outra da terra... E, até no meio
dessas nações, não encontrarás repouso nem ponto de apoio para a planta dos
teus pés” (Dt28, 64s). Poder-se-ia resumir o que Moisés via
nesta visão interior da seguinte forma: a liberdade pode destruir-se a si
mesma; quando perde o seu critério intrínseco suprime-se a si mesma.
O discurso do cardeal Ratzinger
foi pronunciado em língua italiana
no Augustinianum em 29 de abril de 2003.
Diz ainda o Senhor que valemos
muito mais que pardais, passarinhos sustentados pelo Pai. Por isso deveremos
estar certos, seguros de seu amor e proteção por cada um de nós.
Padre Cesar
Augusto, SJ – Vatican News
Existe um
ditado que diz “Quem avisa, amigo é!”
O Profeta
Jeremias, na primeira leitura da liturgia deste domingo, vive essa situação e,
em nome de Deus, alerta os israelitas a se precaverem contra a destruição de
Israel e o consequente exílio para a Babilônia. Como seu anúncio é de uma
desgraça, ele é visto como traidor, perturbador da paz pública e é jogado em
uma cisterna com lama no fundo.
Fazendo voz
a esse trecho de Jeremias, temos o Salmo 68 como o canto de resposta. Nele o
salmista pede a Deus que o atenda através de Seu amor imenso.
Jeremias
não se intimidou e viveu sua missão. Também no seu Evangelho, Mateus coloca
Jesus nos alertando que seremos perseguidos por causa dele e que não deveremos
ter medo. Diz ainda o Senhor que valemos muito mais que pardais, passarinhos sustentados
pelo Pai. Por isso deveremos estar certos, seguros de seu amor e proteção por
cada um de nós.
Ao mesmo
tempo o Senhor nos chama à lucidez ao dizer que deveremos temer, isto é
obedecer, quem pode decidir o destino da pessoa. Esse sim deve ser temido.
Jeremias demonstrou temer o Senhor, isto é O obedeceu anunciando a situação
calamitosa que se avizinhava, mesmo sendo coagido e ameaçado com prisão e
morte, pelas autoridades civis e religiosas para que se calasse.
Essa
situação é vivida hoje em muitos países asiáticos e africanos onde os cristãos
são ameaçados, sequestrados, violentados, tendo seus bens confiscados por causa
de sua fé em Jesus Cristo. Também em países europeus e americanos isso sucede,
talvez de modo mais disfarçado, mas não menos perverso. Que diremos do
“bullying”, onde uma pessoa ou um grupo agride uma outra ou outros por questões
religiosas, políticas, ideológicas ou simples motivação fútil?
São Paulo, em sua Carta aos
Romanos, nos fala que através do pecado do primeiro homem, entrou a morte no
mundo. Mas pela obediência de Cristo, entrou a vida. Ora, o homem lúcido deverá
se identificar com Cristo e optar sempre pela vida, mesmo quando sofrer
situações dolorosas, de morte, de destruição. Nisso mostraremos que somos
obedientes seguidores da vida, de Jesus. Mostraremos qual nossa opção quando
procedermos de acordo com a Vida e não quando espicaçados, retribuirmos com a
mesma ação. A vida é mais forte que a morte!
A
audiência no Vaticano com a delegação do Prêmio Biagio Agnes (Vatican Media)
Francisco recebeu neste sábado
(24), no Vaticano, os vencedores do Prêmio Internacional de Jornalismo Biagio
Agnes e promoveu o uso dos tradicionais instrumentos de um comunicador: o bloco
de anotações, a caneta e "um olhar real, não apenas virtual". Um olhar,
disse o Papa, que pode combater quem produz fake news ou manipula a verdade;
que pode "dissipar as sombras de um mundo fechado e dividido e construir
uma civilização melhor do que a que recebemos".
Andressa
Collet - Vatican News
Os
vencedores da décima quinta edição do Prêmio
Internacional de Jornalismo Biagio Agnes - junto à uma
delegação italiana que promove a iniciativa - foram recebidos pelo Papa na
manhã deste sábado (24) no Vaticano, após a cerimônia de entrega da homenagem
realizada na sexta-feira (23) à noite, na Praça do Campidoglio, em Roma. Na
audiência, Francisco felicitou os premiados e encorajou "à difusão de uma
informação correta, educando e formando as jovens gerações", inspirando-se
no famoso jornalista italiano que dá nome à distinção: Biagio Agnes
(1928-2011), protagonista da empresa pública de rádio e TV da Itália, foi um
"defensor do seu serviço público, capaz de intervir com sabedoria e
decisão para garantir uma informação autêntica e correta".
Em discurso
que foi entregue aos presentes, o Pontífice falou das grandes mudanças atuais
que também desafiam o dia a dia do jornalista, "chamado a 'gastar as solas
dos sapatos' ou a caminhar pelas ruas digitais sempre ouvindo as pessoas que
encontra", inclusive lá onde ninguém vai, para contar sobre a realidade.
Como aquela da guerra, já que relatando a tragédia e o absurdo dos conflitos,
"faz com que todos se sintam parte do mesmo sofrimento". Para isso, o
Papa destacou a importância de três "elementos" do trabalho
jornalístico, cada vez menos utilizados, mas que ainda têm muito a ensinar:
bloco de anotações, caneta e o olhar.
O bloco de anotações com compaixão
Francisco
começou dando ênfase à ação de anotar, o que "envolve muito trabalho
interno" como testemunhas diretas ou através de uma fonte
confiável: "o bloco de anotações nos lembra da importância de ouvir,
mas, acima de tudo, de nos deixarmos fascinar pelo que acontece. O jornalista
nunca é um contador da história, mas uma pessoa que decidiu vivenciar suas
implicações com participação, com compaixão".
A caneta e seu ato criativo
Ao
descrever o uso da caneta no trabalho jornalístico, apesar de estar cada vez
menos sendo usada, recordou o Papa, por estar sendo substituída por
instrumentos mais modernos, ela "ajuda a elaborar o pensamento, conectando
a cabeça e as mãos, promovendo lembranças e ligando a memória ao
presente": "a caneta, portanto, lembra o 'ato criativo' dos
jornalistas e dos profissionais da mídia, ato que exige unir a busca da verdade
com a retidão e o respeito pelas pessoas, em particular, com o respeito pela
ética profissional, assim como Biagio Agnes fez".
O olhar real, não apenas virtual
"O bloco
de anotações e a caneta são meros acessórios se faltar um olhar para a
realidade", ponderou o pontífice sobre a necessidade do jornalista ter
"um olhar real, não apenas virtual":
"Pensemos, por
exemplo, no triste fenômeno das fake news, na retórica belicista ou em qualquer
coisa que manipule a verdade. É necessário um olhar cuidadoso sobre o que está
acontecendo para desarmar a linguagem e promover o diálogo. O olhar deve ser
direcionado a partir do coração: dali 'brotam as palavras certas para dissipar
as sombras de um mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do
que a que recebemos. É um esforço exigido a cada um de nós, mas que requer, em
particular, um senso de responsabilidade por parte dos profissionais da
comunicação, para que possam exercer a própria profissão como uma missão"
(Mensagem para o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de janeiro de
2023)."
Uma inspiradora entrevista com Lurdes Funari sobre uma grande família criada à luz dos valores cristãos.
Maria de Lurdes Saraiva Hime Funari, ou apenas Lurdes, como é chamada pela família e pelos amigos, é mãe de nove filhos – e criou a todos à luz dos valores cristãos e da fé católica, juntamente com o esposo Ricardo Funari.
A entrevista que reproduzimos a seguir foi concedida por Lurdes ao boletim do Comitê de Desenvolvimento Humano da empresa Synchro, da qual Ricardo é um dos sócios fundadores.
Aleteia já publicou um artigo sobre como a Synchro incorporou formalmente à sua identidade empresarial valores inspirados no testemunho de vida de Nossa Senhora. De fato, o propósito explicitamente declarado da Synchro é “ser, como Maria, um sinal de Deus na sociedade”. Na estrutura da empresa, o Comitê de Desenvolvimento Humano é formado por colaboradores que ajudam a promover iniciativas voltadas ao aprimoramento integral das pessoas que compõem a família corporativa, levando em consideração a sua unidade de corpo, mente e espírito.
Feita esta contextualização, Aleteia compartilha a entrevista de Lurdes ao boletim da Synchro e agradece a ela e a Ricardo pela gentil autorização para esta reprodução.
“Gravidezes imensamente festejadas”
Synchro – Ter e criar nove filhos deve ter sido um grande desafio, certamente entremeado de muitas preocupações, noites sem dormir e dificuldades. Hoje, muitas mulheres desistem ou têm medo de ter um segundo filho, depois da experiência, às vezes traumática, com o primeiro filho. Fale-nos um pouco destas dificuldades. A senhora teve algum receio de ter o segundo, o terceiro, o quarto…, enfim o próximo filho?
LURDES – Certamente, as dificuldades existem. Aliás, as dificuldades fazem parte da vida, tenhamos ou não tenhamos filhos. O que posso dizer é que a Providência e graças divinas, para as famílias abertas às vidas que Deus possa lhes confiar, aumentam e superam, em muito, as dificuldades. Eu e Ricardo podemos testemunhar isto. Jamais poderia imaginar a priori o que seria ter nove filhos, mas nos foi uma surpresa, ainda maior, a força e ajuda dadas por Deus para sustentá-los e educá-los.
Poderia citar inúmeros exemplos. A própria Synchro foi um presente da Providência para nós. Tivemos cinco filhos antes da Synchro (1985 a 1990) e cinco filhos, contando aquele que Deus levou para Si antes de nascer, depois da Synchro (1992 a 1998). A Synchro foi nossa principal fonte de sustento todos estes anos, desde sua fundação, quando nosso filho mais velho, o Francisco, tinha 6 anos e estava no primeiro ano da escola. E quantas outras famílias a Synchro sustentou e continua sustentando? Outro exemplo de ajuda foi o fato de termos tido bolsa integral, durante muitos anos, para todos os filhos, num dos melhores colégios católicos de São Paulo. O Ricardo pode dar mais detalhes sobre como isto literalmente “caiu do Céu”.
Sobre o receio de ter o próximo filho, tive a graça de NUNCA ter tido. Deus deu-me a graça da fertilidade (foram 3 gravidezes gemelares) e deu-me também, desde nova, o desejo de ser mãe. Vibrei muito com a vinda do meu irmão caçula, para vocês “Hime”, para mim “Zé”. Com somente cinco anos, talvez tenha tido, com a chegada dele, um despertar para a maternidade. Já Ricardo era mais preocupado mas não posso dizer que teve medo. Todas as gravidezes foram imensamente festejadas por nós dois.
Reportagem da revista Família Cristã, em 1997, sobre a família de Maria de Lurdes e Ricardo Funari
Família Cristã | via acervo pessoal da família Funari
Synchro – Tivemos a oportunidade de ler uma entrevista sua concedida à revista Família Cristã em abril de 1997, quando tinham “somente” 8 filhos. Os dois últimos ainda não haviam sido gerados. Nesta entrevista a senhora afirmou “o que nos difere de outras famílias da nossa classe social é o padrão de consumo: roupa de grife não entra em casa, os mcdonalds da vida de vez em quando, televisão é uma só, vídeo game não temos, nossos filhos não conhecem a Disneyworld, mas crescem saudáveis e felizes sem estas coisas”. Depois de passados mais de 25 anos, já os tendo criado, a senhora continua pensando que a ausência destes “mimos” não fizeram falta aos seus filhos?
LURDES – Não tenho dúvida, não fazem a mínima falta. Ao contrário, podem atrapalhar. O que de mais importante podemos e devemos dar a nossos filhos é a fé em Deus. Depois da fé, eu citaria os irmãos. Que enorme presente para um filho é um irmão e, melhor ainda, vários irmãos! E que alegria para os pais vê-los crescidos e unidos, ajudando-se mutuamente.
Nossos filhos são muito unidos e generosos. Tenho certeza de que esta graça foi fruto da nossa escolha em ter uma grande família. Mas o mais importante não é ter 2, 3, 4 ou mais filhos (até porque é Deus quem nos confia, ou não, uma vida). O mais importante é estar aberto à vontade divina. Maria teve um só Filho porque assim foi da vontade de Deus. Seu mérito e exemplo estão no cumprimento, de forma perfeita, da vontade de Deus e não no número de seus filhos.
Graças extraordinárias
Uma infância feliz em família
Família de Lurdes e Ricardo Funari | Cortesia
Synchro – Deus age, na imensa maioria das vezes, nos acontecimentos ordinários de nossas vidas. A Sra. já citou alguns e, tenho certeza, poderia citar vários outros destes acontecimentos. Mas pergunto se, nestes quase 40 anos de casados, foram alvo de alguma graça extraordinária, mais explicitamente de algum milagre?
LURDES – Penso que mais de uma vez. Vou relatar 3 curas que, para não chamar de milagrosas, chamaria de inexplicáveis, por nós e pelos médicos:
Minha filha Elisa, atualmente grávida do meu quinto neto, foi alvo, aos 4 anos, de nódulos extremamente agressivos. Embora benignos, estes nódulos cresciam rapidamente, ligados às cartilagens dos dedos das mãos, comprometendo seus movimentos. Foram três cirurgias seguidas para a extração dos nódulos porque cresciam muito rapidamente nas duas mãos. Era de cortar o coração ver suas mãozinhas retalhadas e enfaixadas. Depois muita oração nossa, e principalmente das avós, e quando estávamos próximos da quarta cirurgia, os tumores começaram a diminuir e misteriosamente desapareceram para não mais voltar. Glória a Deus!
Meu filho Lucas, gêmeo do Paulo, desenvolveu artrite reumatóide que, segundo o diagnóstico médico, teria que carregar pelo resto da vida. Também era de cortar o coração vê-lo chorando, quase sem andar de dor, e sem conseguir jogar futebol, esporte que, tanto ele, quanto o gêmeo Paulo, muito gostavam. Mais uma doença que desapareceu misteriosamente. Pôde jogar muito futebol com o irmão durante toda sua vida e ainda pode, agora com os sobrinhos, e espero, muito em breve, também com os filhos (hoje está casado com minha nora Tici).
Meu terceiro filho, o Marcos, fez uma viagem à Bolivia, aos 20 anos, com alguns amigos. Andando de moto no deserto do Atacama, sofreu uma queda e rompeu o baço. Levado a um hospital da cidade de Sucre, um exame de ultrassom apontou a necessidade urgente de uma cirurgia para tirar-lhe o baço, já sangrando internamente (hemorragia). Foi colocado num quarto de hospital à espera do transporte ao centro cirúrgico. Diante de uma demora que lhe parecia eterna, e morrendo de dores, seu amigo resolveu fugir do hospital e correr para o aeroporto. Chegaram ao aeroporto de noite, quando não havia mais vôo para o Brasil. E não tinham dinheiro para comprar uma passagem no primeiro vôo do dia seguinte. Por graça de Deus, consegui comprar uma passagem para o Marcos, com cartão de crédito aqui do Brasil, no primeiro vôo com destino a São Paulo, na manhã do dia seguinte. Ele e o amigo passaram a noite em frente ao guichê do checkin, num aeroporto deserto, e eu passei a mesma noite acordada, rezando o rosário. Marcos conta que, com uma dor insuportável e aos vômitos, durante a madrugada, uma mulher aproximou-se dele e ofereceu-lhe um comprimido. Tomou o comprimido e apagou, ao lado do colega, acordando somente no dia seguinte, quando já começava o checkin para o vôo. Ter embarcado no vôo sozinho (o colega ficou), e naquele estado (não estava somente com dor intensa mas sujo e todo esfolado pela queda), sem que ninguém o barrasse, foi outro milagre. Ricardo pegou-o em Guarulhos depois de quatro horas de vôo (havia escalas). De lá foi levado diretamente ao hospital Oswaldo Cruz. O médico do hospital confirmou a necessidade de intervenção cirúrgica. Resolvemos pedir a opinião de um médico externo, recomendado por meu cunhado, também médico, que trocou a cirurgia por repouso e observação, esperando que a hemorragia estancasse. Depois de quase duas semanas de repouso e espera, na iminência de alta, o baço voltou a sangrar, fato que exigiu mais uma semana de internação e repouso. Para resumir a história, Marcos tem, até hoje, o baço e, absolutamente, nenhuma sequela.
Tem a história do Paulo que caiu de uma altura de 4 metros sem sofrer qualquer arranhão, da queda do cavalo da Elisa, do atropelamento do André correndo atrás de uma bola, mas estas ficam para uma próxima entrevista.
Maria como modelo
Synchro – Se Maria é um modelo para a Synchro, que é uma empresa, deve ser ainda mais modelo para as mães, cujo dia (segundo domingo do mês) está bem próximo. É difícil imitar Maria? O que a Sra. acha difícil imitar em Maria?
LURDES – Penso que nós mulheres temos o chamado universal da maternidade, ainda que não tenhamos filhos biológicos. Quantas mulheres são verdadeiras mães de filhos adotivos, sobrinhos, afilhados e até dos próprios pais? Muitas, não é? Imitar Maria neste caso é mais natural.
Mas acho que não conseguiria ver um filho sofrer e morrer como aconteceu com Maria. Talvez não tivesse força para aceitar a vontade de Deus. Precisaria de muita ajuda, da própria Maria, em aceitar a entrega de um de meus filhos. Deus levou um de nossos filhos ao Céu muito delicadamente. Morreu no meu ventre e foi absorvido por meu organismo, sem dor e sem sangue. E, mesmo assim, senti muito esta perda.
Boletim do Comitê de Desenvolvimento Humano da Synchro
Synchro (Comitê de Desenvolvimento Humano) | Cortesia
“Não tenham medo de ter filhos”
Synchro – E, para terminar este delicioso bate-papo, que conselho a Sra. daria às mães da Synchro. Saiba que, a cada ano, nascem na Synchro cerca de 30 crianças. Temos recém-casadas pensando em ser mãe, mães de primeira viagem e mães de até quatro filhos, trabalhando conosco. O que diria a elas?
LURDES – O primeiro conselho é “não tenham medo de ter filhos”, o mais cedo possível (e claro, depois de casar). Deus sabe o melhor momento pra enviar-nos uma nova vida e sempre dará as condições necessárias à família que acolhe uma vida e recorre a Ele. O segundo conselho é “eduquem seus filhos para Deus”, principalmente através do exemplo. Até Jesus, que é Deus, foi educado na fé por seus pais, Maria e José. Que cada lar seja uma pequena igreja doméstica. Todo o resto vem por consequência. Uma das maiores dores de uma mãe que crê é ver seus filhos distantes de Deus. Maria não teve esta dor com Jesus (Dele vieram outras cruzes) mas tem com inúmeros de seus filhos, dentre os milhões e milhões de filhos de Deus que estão ou que passaram por este mundo.
“Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste Maria da tua boca, não se afaste do teu coração; e, para conseguires a sua ajuda intercessora, não te afastes tu dos exemplos da sua virtude. Não te extraviarás se a segues, não desesperarás se a invocas, não te perderás se nela pensas. Se Ela te sustiver entre as suas mãos, não cairás; se te proteger, nada terás a recear; não te fatigarás se Ela for o teu guia. Chegarás felizmente ao porto, se Ela te amparar.” (São Bernardo)
COMISSÃO
PARA A JUVENTUDE OFERECE SUBSÍDIO PARA VIVENCIAR A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
MESMO A DISTÂNCIA
No próximo mês de agosto,
milhares de jovens de todo o mundo estarão em Lisboa, Portugal, para a 37ª
Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Papa Francisco. Mas nem todos
os jovens vão conseguir participar presencialmente do evento, seja por conta dos
custos e de outros fatores que impedem o deslocamento. Consciente dessa
realidade, a Comissão Episcopal para a Juventude da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) oferece o subsídio “Juntos na JMJ”.
O material visa contribuir para
que os jovens brasileiros que não estarão em Portugal possam estar unidos em
oração e missão. “Seja como discípulo missionário, ou no coração dos amigos.
Somos Todos peregrinos!”, ressalta a equipe de comunicação da Pastoral Juvenil.
O subsídio traz dicas e
orientações para se preparar para a JMJ, que neste ano tem como tema “Maria
levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39). Já para a semana da jornada,
além de convidar os jovens a assistirem as transmissões ao vivo de Portugal, o
subsídio traz um percurso de três dias com encontros que podem ser realizados
em grupos paroquiais ou diocesanos. Os dias propostos abrangem: sexta-feira –
Dia da Misericórdia, sábado – Dia de Oração e domingo – Dia de Missão.
Para a jovem Erika Teles dos
Santos, membro da coordenação nacional da Pastoral Juvenil representando as
novas comunidades e colaboradora na autoria do material, o subsídio é uma forma
de deixar o coração ser abrasado por esse encontro de fé e pelos ensinamentos
do Papa Francisco, independentemente de estar ou não em Portugal.
“Acreditando firmemente na
comunhão que existe em nossa Igreja, cada um dos jovens do Brasil estará
presente, participando, vivendo e se alimentando dessa jornada pela ação do
Espirito Santo. Que Nossa Senhora da Visitação ajude todos os jovens a ser cada
vez mais disponíveis e que tenham sempre pressa em servir o outro. A JMJ é para
todos, porque juntos viveremos essa grande graça do Senhor para nós”, conta.
Na apresentação do material, o
bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão para a Juventude da CNBB, dom
Vilsom Basso, manifestou o desejo de “a celebração da Jornada Mundial da
Juventude nos una, nos desperte, nos faça levantar com pressa para evangelizar
e fazer o bem”.
“A opinião de que a fé, enquanto tal, não conhece
absolutamente nada dos fatos históricos e deve deixar tudo isso aos
historiadores, é gnosticismo: esta opinião desencarna a fé e a reduz a pura
idéia. Para a fé que se baseia na Bíblia é, ao contrário, exigência
constitutiva precisamente o realismo do acontecimento. Um Deus que não pode
intervir na história nem mostrar-se nela não é o Deus da Bíblia”. O discurso do
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por ocasião do centenário da
constituição da Pontifícia Comissão Bíblica.
de Joseph Ratzinger
Não escolhi o tema da minha reflexão apenas porque
ele faz parte das questões que, de direito, inserem-se numa retrospectiva sobre
os cem anos da Pontifícia Comissão Bíblica, mas porque se insere, por assim
dizer, também nos problemas da minha biografia: há mais de meio século o meu
percurso teológico pessoal move-se no âmbito determinado deste tema.
No decreto da Congregação Consistorial de 29 de junho de 1912 De
quibusdam commentariis non admittendis encontram-se dois nomes, que
cruzaram a minha vida. Nele, com efeito, é condenada a Introdução ao
Antigo Testamento do professor de Frisinga, Karl Holzhey; ele já tinha
falecido quando, em janeiro de 1946, comecei os meus estudos de teologia nas
proximidades da Catedral de Frisinga, mas a seu respeito ainda circulavam
anedotas eloquentes. Devia ser um homem bastante orgulhoso e fechado. Conheço
melhor o segundo nome citado, o de Fritz Tillmann, que organizou um Comentário
do Novo Testamento definido inaceitável. Nessa obra, o autor do
comentário aos sinópticos era Friedrich Wilhelm Maier, um amigo de Tillmann,
então professor em Estrasburgo. O decreto da Congregação Consistorial
estabelecia que estes comentários expungenda omnino esse ab
institutione clericorum. O Comentário, do qual encontrei
um exemplar esquecido quando era estudante no Seminário Menor de Traunstein,
devia ser banido e retirado do comércio porque Maier afirmava nele, em relação
à questão sinóptica, a chamada teoria das duas fontes, que hoje é aceita quase
por todos. Isto, naquela época, determinou também o fim da carreira científica
de Tillmann e de Maier. Contudo, aos dois era permitido mudar de disciplina
teológica. Tillmann aproveitou esta possibilidade tornando-se depois um grande
teólogo moral alemão. Juntamente com Th. Steinbüchel e Th. Müncker fizeram um
manual de teologia moral de vanguarda, que tratava de maneira nova esta
importante disciplina e a apresentava segundo a idéia básica da imitação de
Cristo. Maier não quis aproveitar da possibilidade de mudar de disciplina; de
fato, dedicou-se de alma e corpo ao trabalho sobre o Novo Testamento. Desta
forma, tornou-se capelão militar e com este cargo participou na Primeira Guerra
Mundial; em seguida, trabalhou como capelão nos cárceres até 1924, quando, com
o consentimento do arcebispo de Breslau (hoje Wroclaw), Cardeal Bertram, num
clima já mais tranqüilo, foi chamado para a cátedra de Novo Testamento na
Faculdade teológica dessa cidade. Em 1945, quando aquela Faculdade foi
suprimida, juntamente com outros colegas, foi para Munique, onde o tive como
professor.
O discurso do cardeal Ratzinger
foi pronunciado em língua italiana
no Augustinianum em 29 de abril de 2003.
Filho de um casal idoso, de
Isabel estéril e Zacarias sem fé, João Batista, que a Igreja recorda neste
sábado, 24 de junho, "foi um presente que Deus ofereceu para a humanidade
aprender olhar para frente!". O Padre Maicon André Malacarne assina artigo
em que traça as principais características do homem que vivia próximo ao rio
Jordão e batizou Jesus.
Pe. Maicon
André Malacarne*
Os quatro
evangelistas e também o historiador Flávio Josefo, contemporâneo a São Paulo,
traçaram as características principais de João Batista, cujo nascimento
celebramos hoje: era um homem piedoso e de oração, vivia próximo ao rio Jordão
onde batizava e, mais tarde, foi preso e morto decapitado pelo rei Herodes.
Jesus ficou impressionado pelo projeto do Batista e foi até ele para ser
batizado.
Da
solenidade de hoje, alguns pontos que podem ajudar a meditar:
1. João
Batista foi filho de um casal idoso. Isabel era estéril e Zacarias havia
perdido a fé. Da esterilidade e da incredulidade nasceu uma esperança, uma
promessa! O nascimento de João foi motivo de alegria, de festa, um milagre! O
Batista foi um presente que Deus ofereceu para a humanidade aprender olhar para
frente!
2. João foi
um projeto de vida! Ao batizar Jesus, ele fechava o Antigo Testamento e abria o
Novo Testamento. Não era mais necessário profetas para falar em nome de Deus,
mas Deus mesmo se fez humano, em Jesus Cristo! João foi capaz de perceber e
anunciar o verbo encarnado!
3. João
aprendeu a descentralizar! Mesmo com as pessoas que o procuravam e queriam
viver como ele, percebeu que o centro deveria ser Jesus: «Ele deve crescer e eu
diminuir» (Jo 3,30). João não buscava prestígio, mas acreditava em um tempo
novo, com mais justiça, solidariedade e verdade e percebia que só Jesus Cristo
seria o caminho. Foi também nessa fidelidade que denunciou as corrupções de
Herodes, o que lhe custou a vida.
Santo Efrém
(306-373), um dos maiores representantes do cristianismo da Síria, teólogo,
compositor e poeta, sistematizou a relação de João Batista e Jesus Cristo de
uma maneira bonita: «Aquele que batiza na água anuncia aquele que batizará no
fogo e no Espírito Santo (cf. Mt 3, 11). A luz brilhante anuncia o sol da
justiça, aquele que é cheio do Espírito anuncia aquele que dá o Espírito,
aquele que viu a pomba e aquele sobre o qual a pomba pousou. João Batista é a
voz que anuncia a Palavra».