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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

PAULO VI: O Papa, sua piedade, o carinho dos romanos (Parte 1/2)

Acima, Montini durante a peregrinação à Terra Santa, de 4 a 6 de janeiro de 1964, na margem do Lago de Tiberíades, beijando a rocha onde Jesus confiou o primado a Pedro; abaixo, o abraço afetuoso com Atenágoras I, Patriarca de Constantinopla, Jerusalém, 5 de janeiro de 1964 | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 07 - 2003

O Papa, sua piedade, o carinho dos romanos

"Um testemunho sobre Paulo VI é uma necessidade profunda para mim", explica Monsenhor Macchi no livro "Paolo VI nella sua parola", que continua sendo um dos melhores volumes sobre Montini. Estamos dando destaque a ele no 25º aniversário da morte do Papa. A introdução é do Cardeal Carlo Maria Martini.

por Pina Baglioni

Quarenta anos após sua eleição ao trono de Pedro e vinte e cinco anos após sua morte, a figura de Paulo VI, neste verão repleto de aniversários para a Igreja, está desencadeando uma onda de novos ensaios, biografias e reencenações de alguns dos principais documentos deste imenso, mas ainda pouco conhecido, Papa.

Nesse sentido, um volume não tão recente, mas indispensável para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre Giovanni Battista Montini, é Paolo VI nella sua parola (Morcelliana, Brescia 2001, 400 páginas, € 25,82), escrito pelo homem mais afortunado do que qualquer outro por estar ao seu lado, precisamente de 29 de novembro de 1954 até as 21h40 de domingo, 6 de agosto de 1978, hora e dia de sua morte: Monsenhor Pasquale Macchi, secretário pessoal de Montini desde sua nomeação como Arcebispo de Milão.

"Um testemunho sobre Paulo VI é uma profunda necessidade para mim", afirma Macchi na introdução. "Pretendo valer-me da palavra viva do Papa... para compreender como os seus gestos mais importantes nasceram nele e como ele próprio os repensou e julgou."

O volume, considerado "esplêndido" pelo Cardeal Carlo Maria Martini, autor da introdução, traz à tona uma riqueza de detalhes pouco conhecidos, capazes de suscitar profunda emoção e revelar ao leitor uma personalidade tão austera quanto capaz de doçura e compaixão , especialmente para com os mais pobres: trabalhadores, moradores de favelas e idosos solitários e abandonados. Foram eles, tanto em Milão quanto em Roma, que ocuparam um lugar de destaque no coração de Montini. 

Montini e Milão 

Após dezoito anos na Secretaria de Estado, primeiro como deputado e depois, a partir de 1952, como pró-secretário para Assuntos Ordinários, Giovanni Battista Montini foi eleito Arcebispo de Milão em 1º de novembro de 1954. Dois meses depois, na Festa da Epifania, ele entrou na metrópole lombarda sob uma chuva fria e torrencial. Para não decepcionar os milhares de pessoas que se reuniram para recebê-lo, Montini decidiu viajar da igreja de Sant'Eustorgio até o Duomo em um carro aberto. O sucessor de Ambrósio e Carlos Borromeo chegou ao Duomo completamente encharcado. Foi um gesto que tocou o coração dos milaneses de forma indelével. "Sua figura ajoelhada é uma imagem recorrente", observa Macchi em seu livro. Em Milão, ele frequentemente ia a casas particulares para rezar aos pés de pessoas de diversas classes sociais — amigos, figuras influentes e vítimas de acidentes graves, mesmo aquelas notoriamente ateus. Depois de cumprimentar seus parentes, ajoelhava-se no chão onde quer que estivesse e, com intensa devoção, recitava o Pai Nosso .

Toda Quinta-feira Santa, ele beijava os pés dos "vecchioni della Baggina", os idosos residentes do Pio Istituto Albergo Trivulzio, durante a missa na Catedral para a Ceia do Senhor.

Todas as sextas-feiras à tarde, ele ia em particular visitar os doentes, os pobres ou os deficientes. Ninguém sabia disso. Junto com seu motorista, Pasquale Macchi o acompanhava a lares muito pobres no centro ou nos arredores de Milão, às vezes a verdadeiros casebres ou pequenos barracos. Um encontro recorrente era com um ex-prisioneiro, Edoardo Centini: nascido na prisão — ele mais tarde passaria toda a sua vida lá em constantes detenções alternadas —, ele era apelidado de "faquir".

Para qualquer necessidade, ele estabeleceu o "Porto di mare" no palácio do arcebispo, um escritório de recepção onde as pessoas podiam apresentar suas necessidades urgentes.

Mosteiros contemplativos também se beneficiaram da caridade do arcebispo, em particular as Irmãs Eremitas do Monte Sagrado de Varese, a quem ele forneceu um sistema de aquecimento, visto que seu mosteiro não o possuía. Percorrendo e descobrindo esses episódios, vem à mente um pensamento de Giovanni Battista Montini, extraído de Discorsi e scritti milanesi (org. por GE Manzoni, Istituto Paolo VI, Brescia, vol. I, p. 1681): "A mensagem cristã não é uma profecia de condenação... não é amarga, não é mal-humorada, não é rude, não é irônica, não é pessimista. É generosa. É forte e alegre. É cheia de beleza e poesia. É cheia de vigor e majestade."

E Montini imediatamente quis transmitir esse vigor à cidade com a "Missão de Milão". O arcebispo convocou 1.288 pregadores, incluindo dois cardeais e 24 bispos, 600 padres diocesanos, 597 padres religiosos e 65 seminaristas.

Milão foi inundada com 350.000 cartazes, 25.000 folhetos com horários de orações, catequese, encontros com jovens, idosos e famílias, cursos de teologia para leigos e cursos especializados de pregação para o clero e religiosas; 1.200 horários de bolso foram distribuídos. Montini visitou pessoalmente fábricas e oficinas para convidar trabalhadores a participar.

Enquanto isso, em 9 de outubro de 1958, Pio XII faleceu e, dezenove dias depois, foi sucedido por João XXIII. No primeiro consistório do Papa Roncalli, Giovanni Battista Montini foi criado cardeal.

Mais quatro anos e meio de trabalho febril se passaram: o dia de Montini começava às seis da manhã e terminava à uma ou duas da manhã. Há um documento de 1961 que resume o trabalho de Montini na diocese lombarda: é o relatório entregue ao Santo Padre durante a visita ad limina., uma espécie de raio-x da saúde da Igreja de Milão: "Uma atitude antirreligiosa se espalha: a prosperidade econômica parece validar a crença generalizada de que a religião não é necessária para a prosperidade da vida; na verdade, talvez seja um obstáculo... podemos concluir este resumo observando que a diocese está em um momento de crise, o que parece extraordinário, tanto que o estado da diocese milanesa hoje é, ao mesmo tempo, vivo e sofrido, e parece decisivo para os tempos vindouros."

Mas os tempos vindouros veriam Montini longe de Milão: em 3 de junho de 1963, João XXIII faleceu.

O arcebispo, após saudar seus seminaristas em Venegono, foi a Roma para o conclave, levando consigo seu passaporte, com a intenção de viajar para Dublin imediatamente após a eleição do novo pontífice. A Providência, porém, decidiu o contrário, e no final da manhã de 21 de junho, o Cardeal Ottaviani proferiu a frase histórica: "Temos o Papa, Cardeal Giovanni Battista Montini, que assumiu o nome de Paulo VI." 

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: como Maria, não tenhamos medo de escolher a vida

Solenidade da Assunção de Maria, Santa Missa, 15/08/2025 (Vatican Media)

No dia da Solenidade da Assunção de Maria, Leão XIV celebrou a Missa na comunidade paroquial de Castel Gandolfo. Em sua homilia, recordou que o “sim” de Maria permanece vivo nos que praticam a fé, a justiça e a paz: “As palavras e as escolhas de morte parecem prevalecer, mas a vida de Deus interrompe o desespero através de experiências concretas de fraternidade e solidariedade”.

https://youtu.be/ZJOgJHcv1eY

Thulio Fonseca - Vatican News

Nesta sexta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, festa litúrgica que no Brasil será comemorada no próximo domingo, 17/08. Por esta ocasião, o Papa Leão XIV presidiu a Santa Missa na Paróquia São Tomás de Villanova, em Castel Gandolfo, onde cumpre a segunda etapa do seu período de descanso. Esta foi a segunda vez que o Santo Padre celebrou na comunidade paroquial local.

Na homilia, o Pontífice recordou que “em Maria de Nazaré está a nossa história, está a história da Igreja imersa na humanidade comum. Tendo encarnado nela, o Deus da vida e da liberdade venceu a morte. Sim, hoje contemplamos como Deus vence a morte, sem nunca prescindir de nós”.

A fecundidade de Maria

Leão XIV sublinhou que o “sim” de Maria, unido ao de Cristo na cruz, continua vivo “nos mártires do nosso tempo, nas testemunhas da fé e da justiça, da mansidão e da paz”, e convidou cada fiel a escolher “como e para quem viver”.

Refletindo sobre o Evangelho da Visitação, proposto pela liturgia para esta Solenidade, o Papa destacou que, no encontro de Maria com Isabel, “a surpreendente fecundidade da estéril Isabel confirmou Maria na sua confiança: antecipou a fecundidade do seu ‘sim’, que se prolonga na fecundidade da Igreja e de toda a humanidade, quando a Palavra renovadora de Deus é acolhida”.

Santa Missa em Castel Gandolfo   (@VATICAN MEDIA)

Para o Santo Padre, o cântico do Magnificat da Mãe de Deus fortalece a esperança dos humildes e famintos, lembrando que “parecem impossíveis as promessas de Deus, mas quando nascem os vínculos com os quais opomos o bem ao mal, a vida à morte, então vemos que ‘nada é impossível a Deus’ (Lc 1, 37)”.

O Papa alertou também contra a fé que “envelhece” nas comunidades dominadas pelo bem-estar material e pela acomodação, e afirmou que a Igreja “rejuvenesce graças ao Magnificat” dos pobres, perseguidos e construtores da paz. “Muitos deles são mulheres, como a idosa Isabel e a jovem Maria: mulheres pascais, apóstolas da Ressurreição. Deixemo-nos converter pelo seu testemunho!”, exortou.

Um chamado à confiança

Ao concluir a homilia, Leão XIV convidou os fiéis a verem na Assunção de Maria um sinal do destino que Deus deseja para todos: “Ela é-nos dada como sinal de que a Ressurreição de Jesus não foi um evento isolado, uma exceção", e completou:

"Maria é aquele entrelaçamento de graça e liberdade que impele cada um de nós à confiança, à coragem, ao envolvimento na vida de um povo. [...] Não tenhamos medo de escolher a vida! Pode parecer perigoso, imprudente. Quantas vozes estão sempre lá a sussurrar-nos: ‘Quem te obriga a fazer isso? Pensa nos teus interesses’. São vozes de morte. Em contrapartida, nós somos discípulos de Cristo. É o seu amor que nos impele, corpo e alma, no nosso tempo. Como indivíduos e como Igreja, já não vivemos para nós mesmos. É precisamente isto – e só isto – que difunde a vida e a faz prevalecer. A nossa vitória sobre a morte começa precisamente agora.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Arquidiocese de Brasília é consagrada a são Miguel Arcanjo

Cardeal Paulo Cezar consagrando a arquidiocese de Brasília à são Miguel Arcanjo | Facebook/Arquidiocese de Brasília

Por Monasa Narjara*

13 de ago. de 2025

A arquidiocese de Brasília (DF) foi consagrada a são Miguel Arcanjo ontem (12). A consagração aconteceu em missa celebrada pelo arcebispo cardeal Paulo Cezar Costa na catedral metropolitana Nossa Senhora Aparecida, com a presença da imagem peregrina oficial de são Miguel, vinda de seu santuário no Monte Gargano, Itália, local das aparições do arcanjo desde os primeiros séculos do cristianismo.

“Consagrar-se a são Miguel significa ter a percepção de que aquele que nos protege é Deus”, disse dom Paulo Cezar. “Quando nós consagramos a nossa arquidiocese a são Miguel, nós afirmamos isso, afirmamos que é Deus que nos protege através do seu arcanjo”, acrescentou.

A imagem peregrina de são Miguel Arcanjo feita de pó de mármore entrou na catedral ao som de uma marcha tocada pelos músicos do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Ao iniciar a missa, a irmã Maria Raquel, membro do Instituto Hesed, convidou o arcebispo de Brasília a realizar o rito solene de coroação da imagem de são Miguel Arcanjo. Segundo a religiosa, este é um “gesto” que “carrega um significado profundo”, porque “a coroa” que foi colocada na imagem “é um símbolo espiritual, um ato de reconhecimento e fé que une a Terra e o céu”.

“Esta coroa representa o governo espiritual de são Miguel que combate com poder de Deus”, disse irmã Maria Raquel, enfatizando "a autoridade que lhe foi dada no céu, como príncipe da milícia celeste e o clamor do povo de Deus que hoje, em meio às trevas deste tempo, se une no tempo de reconquista espiritual”.

A religiosa contou que, “desde os tempos antigos, a Igreja reconhece que a luta do povo de Deus é espiritual e que Deus confiou a são Miguel a missão de combater em favor da salvação das almas”, como está escrito no “capítulo 12 do profeta Daniel: ‘Naquele tempo surgirá Miguel, o grande príncipe que protege os filhos do teu povo’. E ainda no livro do Apocalipse capitulo 12, 7: ‘Houve, então, uma batalha no céu: Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão e o dragão foi derrotado’”.

“É por isso que, ao coroar são Miguel, estamos proclamando a vitória do Altíssimo que, por meio dos Seus santos anjos, guarda e defende a Sua Igreja”, disse a religiosa. Segundo ela, “ao depositar esta coroa” na imagem de são Miguel, “o cardeal Paulo Cezar proclama de maneira pública” que a arquidiocese de Brasília, sua “comunidade e este povo estão sob a proteção do príncipe das milícias celestes” e “com este gesto” se faça “ecoar: ‘Quem como Deus?’”.

Cardeal Paulo Cezar coroando a imagem peregrina de são Miguel na catedral de Brasília. Instituto Hesed

Deus é o mais importante

“Estamos aqui vivendo este momento bonito e significativo na nossa catedral olhando para a imagem de são Miguel, olhando para a imagem da Virgem Maria” e “estar aqui, significa que queremos nos colocar debaixo da proteção de Deus por intercessão de são Miguel”, disse o cardeal Paulo Cezar em sua homilia, acrescentando que “significa que o nosso coração está voltado para Deus, que Deus é o tudo na nossa vida, que Deus é a pessoa mais importante da nossa vida, da nossa existência, e significa que estamos afirmando o primado de Deus na nossa vida e afirmar o primado de Deus implica dizer que Deus é o mais importante”.

O arcebispo destacou que estar ali nesse momento “não pode ser” algo movido só “pelas emoções”, mas “significa mais, significa que nós queremos que Deus seja Aquele que é o centro do nosso coração, o centro da nossa vida”.

“Não basta só o invocar exterior, com o coração longe de Deus”, disse o cardeal. “É preciso que o nosso coração esteja cada vez mais unido a Deus, que sejamos verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, gente comprometida com o amor de Jesus Cristo” e “implica também aquilo que Jesus indica a Natanael, chamado a ver sinais maiores” que é “a glória de Deus”, que é “a vocação de todos nós”, porque “o ser humano foi criado para isso”.

“É preciso não perder o olhar voltado para o alto, voltado para a glória de Deus porque assim”, ressaltou o arcebispo, “nos faz caminharmos bem neste mundo”, buscando “fazer à vontade de Deus”, porque “essa é a vocação do ser humano”.

Invocar sempre são Miguel como protetor

Segundo o arcebispo, Miguel é aquele que é invocado no dia a dia, contra o mal, na luta contra os inimigos, na vida do dia a dia, porque a vida também está cheia de dragões que “se manifestam”. Dom Paulo Cezar disse que, quando “invocamos a presença de são Miguel, da sua intercessão, de sua ajuda, de seu socorro”, também “implica que nossa vida esteja diante de Deus, que o nosso coração esteja voltado para Deus”.

“Nós também somos chamados no dia a dia, nas pequenas e grandes coisas a nos colocarmos também no combate por Deus” e “invocando sempre são Miguel como nosso protetor”, disse Costa.

No fim da missa dom Paulo Cezar junto com os fiéis, realizou o ato de consagração a são Miguel pedindo que “ele combata por nós, combata contra os dragões da nossa sociedade, das nossas famílias e de cada um”. Em seguida, as fundadoras do Instituto Hesed, madres Kelly Patrícia e Jane Madeleine, entregaram ao arcebispo a placa do dia da consagração da arquidiocese de Brasília. Depois da missa, os fiéis participaram de uma adoração e oração do rosário com o Instituto Hesed.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64077/arquidiocese-de-brasilia-e-consagrada-a-sao-miguel-arcanjo

A crise da Igreja Católica e a Teologia da Libertação

Foto captura: YouTube | CNBB.

A CRISE DA IGREJA CATÓLICA E A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

14/08/2025

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

(Síntese crítica a partir de Clodovis Boff e Leandro Adorno, org.) 

A obra organizada por Clodovis Boff e Leandro Adorno tem despertado o interesse de muitos leitores. Ao examinar o “declínio atual da Igreja Católica”, não se limita à análise de dados estatísticos, mas apresenta um diagnóstico que integra dimensões espirituais, pastorais e teológicas. A questão central vai além dos números ou índices de frequência religiosa, manifestando-se, sobretudo, na perda de vitalidade espiritual e na inversão de prioridades quanto à missão e à identidade eclesial. 

Segundo os autores, o declínio simultâneo — quantitativo (redução do número de fiéis) e qualitativo (enfraquecimento da fé) — não se deve apenas a transformações socioculturais, mas a um déficit de espiritualidade. A Igreja perde fiéis porque, em muitos contextos, deixou de comunicar de forma viva o mistério de Deus, oferecendo respostas mais sociológicas que espirituais. Não se trata apenas de uma questão numérica ou de dimensão institucional; a gravidade está no deslocamento do centro da Igreja de Cristo para o mundo, priorizando demandas sociais em detrimento da experiência teologal.  

A análise critica a “secularização interna”, processo pelo qual o social passa a ditar os rumos da fé, e não o contrário. Isso produz uma fé funcionalista, instrumentalizada para legitimar causas temporais, ainda que legítimas, relegando a Palavra de Deus a um papel secundário. Assim, para muitos na comunidade eclesial, as questões religiosas e espirituais só despertam interesse quando vinculadas a agendas sociais, sinalizando uma “mundanização” que ameaça a identidade sobrenatural da Igreja. 

Esse deslocamento afasta, em especial, o homem “pós-moderno”, mais sensível à espiritualidade, mas que não encontra na Igreja a profundidade que busca. Desse contexto emerge o fenômeno crescente dos “sem religião”, ou seja, de pessoas que preservam crença ou espiritualidade, mas se distanciam das instituições. Uma pastoral excessivamente sociocentrada não responde à demanda espiritual contemporânea, desperdiçando um kairós favorável à evangelização. 

A crítica se estende também à teologia contemporânea que, sob forte influência antropocêntrica, teria abandonado a “agenda dos mistérios” para privilegiar questões transitórias. Conceitos centrais como “sobrenatural” e “alma” são minimizados, temas escatológicos relegados e a linguagem espiritual tradicional evitada. Esse viés, segundo os autores, acaba por oferecer fundamentos teóricos e justificativas racionais para um esvaziamento espiritual dentro da própria Igreja, ao deslocar a atenção do núcleo da fé para preocupações meramente temporais. 

No plano pastoral, os autores afirmam que reformas estruturais ou posicionamentos ideológicos — sejam “progressistas” ou “conservadores” — têm pouca eficácia sem a renovação da fé viva em Cristo. É ilusão pensar que o simples engajamento social possa revitalizar a Igreja; sem base espiritual sólida, o resultado será um “cristianismo sem mistérios”, talvez útil à sociedade, mas incapaz de cumprir sua missão divina. 

A saída proposta é retomar a centralidade existencial e operativa de Cristo. Tal primazia exige entrega total — “dar o sangue e receber o Espírito” — e se expressa numa espiritualidade de oração profunda, livre de instrumentalizações. A Igreja que reza se salva; a que não reza, se perde. É preciso recuperar uma fé viva, mística e missionária, capaz de gerar novo impulso evangelizador e de unir, de modo inseparável, o serviço ao mundo e o anúncio explícito da salvação. A Igreja só poderá reverter o declínio ao voltar-se para o seu “coração pulsante”: Jesus Cristo, Senhor absoluto e fonte de sua missão. 

Em síntese, para Boff e Adorno, a crise da Igreja não se resolverá com simples reformas estruturais ou com mera atualização sociocultural, mas com o retorno à sua essência: ser mistério de comunhão com Deus, centrada no senhorio de Cristo e movida pelo Espírito, para então, e somente então, transformar o mundo.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cultura da Vida: família, santuário da vida

Promover a cultura da vida na nossa família e na sociedade (Vatican News)

Cultura da Vida é um espaço de aprofundamento de temas relacionados à dignidade da vida humana e à missão da família como guardiã da vida com Marlon Derosa e sua esposa Ana Carolina Derosa, professores de pós-graduação em Bioética e fundadores do Instituto Pius com sede em Joinville, Santa Catarina. Neste segundo encontro, a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida”.

Vatican News

Olá ouvintes da Rádio Vaticano, somos Marlon e Ana Derosa. Este é o “Programa cultura da vida”, onde a cada semana vamos refletir sobre um tema relacionado à família e a vida. Hoje vamos falar sobre a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida” (Carta às famílias, João Paulo II, 1994).

O que significa a expressão “santuário da vida”? Santuário significa lugar sagrado, protegido, reservado ao que é mais precioso. Aplicando essa definição à família, nós temos que ela é o primeiro lugar onde a vida humana é – ou deveria ser – acolhida, cuidada, protegida e valorizada. É a primeira escola de amor, a primeira escola de vida, a primeira escola de fé. Por isso, São João Paulo II escreveu também, na Familiaris Consortio, que “A tarefa fundamental da família é o serviço à vida” (FC, 28), ou seja, colaborando com Deus na transmissão da vida humana, educando os filhos na fé, no amor e na verdade. Nesse mesmo documento, o Papa escreveu que “O amor conjugal fecundo exprime-se num serviço à vida em variadas formas, sendo a geração e a educação as mais imediatas” (FC, 41), e depois, como consequência, no desenvolvimento da sociedade (FC, 42). Por isso, faz tanto sentido aquela frase dele: “o futuro da humanidade passa pela família” (FC, 75).

Na Centesimus annus, ele escreveu que “é necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta” (CA, 39), e aí ele faz um chamado para que trabalhemos no fortalecimento de uma verdadeira cultura da vida, porque, diante de tantos desafios, dificuldades e até mesmo más influências, infelizmente nem sempre as famílias conseguem ser esse santuário da vida. E nós sabemos que isso traz ainda mais problemas e sofrimentos. A primeira coisa que precisamos redescobrir e fortalecer em nós é a compreensão do papel do casal na acolhida à vida. Na missa do Jubileu das Famílias (01 de junho de 2025), o Papa Leão XIV deixou uma linda mensagem que reforça que o matrimônio deve ser a regra de um amor total, fiel e fecundo. Nesse sentido, a fecundidade é um pilar do matrimônio, e deve ser compreendida e vivida em plenitude, sabendo que a geração de uma nova vida é a consequência desse amor, que, segundo São Paulo aos Efésios, deve ser um reflexo do amor de Cristo pela Igreja. Depois, sabendo da dignidade desse amor, que é elevado a sacramento, a família é então a primeira a se responsabilizar pela acolhida e proteção à vida em todas as fases, desde a concepção, até o fim natural, especialmente aquelas mais frágeis, como o embrião, a criança, pessoas com deficiência, idosos, enfermos… A família deve ser uma verdadeira barreira contra aquilo que o Papa Francisco chamou de cultura do descarte. Somos chamados a fortalecer a cultura da vida em meio à sociedade em que vivemos. E como podemos cumprir essa missão? Antes de tudo, tomando consciência da nossa responsabilidade de acolher os filhos com generosidade, como prometemos no altar no dia do nosso matrimônio. Depois, educando nossos filhos na fé, ajudando-os a reconhecer o valor da vida e a importância de cuidar do outro com amor e respeito. E, por fim, oferecendo o testemunho concreto de um amor que se doa no cotidiano: um amor que revela, em gestos simples, a dignidade e o valor de cada membro da família. São esses valores, vividos e transmitidos com clareza dentro do lar, que ecoam na sociedade e ajudam a construir aquilo que São João Paulo II chamou de “civilização do amor” (Carta às famílias, 6). Se esses valores se enfraquecem ou se apagam dentro das famílias, isso vai aos poucos abrindo espaço para muitos males: carências, sofrimentos, egoísmo e, por fim, a terrível cultura do descarte. Apesar dos desafios e dificuldades, não podemos esquecer que Deus dá as graças que precisamos para vivermos o plano de Deus para a família como santuário da vida.

Vamos hoje aproveitar essa reflexão para olhar com carinho para o nosso casamento e a nossa família, e nos perguntarmos de que forma podemos fortalecer ainda mais a cultura da vida dentro do nosso lar? Será que estamos realmente transmitindo, com clareza e verdade, os valores da dignidade humana às novas gerações? Vamos refletir, sempre lembrando daquelas palavras que nunca deixarão de ecoar nos nossos corações: o futuro da humanidade passa pela família.

Um grande abraço a todos e até o próximo programa!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Arquidiocese de Brasília inaugura nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia

Crédito: arqbrasilia.

Arquidiocese de Brasília inaugura nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia

11 ago. 2025

A Arquidiocese de Brasília deu um passo significativo na formação pastoral de seus fiéis com a inauguração da nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia, realizada no último dia 5 de agosto. Voltado para leigos e leigas, o curso oferece aprofundamento teológico e pastoral, capacitando-os para contribuir de forma mais efetiva na vida e na missão da Igreja.

A cerimônia de abertura teve início com a celebração da Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Brasília, Cardeal Paulo Cezar Costa, e concelebrada pelo Cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que participou da fundação da Fateo (Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília). A presença de Dom Raymundo deu um significado histórico especial à ocasião, unindo passado e presente no compromisso com a formação eclesial.

Jerônimo Laurício, diretor acadêmico da FATEO

Após a Missa, Dom Paulo realizou a bênção do prédio e das novas instalações, pedindo a Deus que este espaço seja fecundo na formação e no serviço à comunidade eclesial. O momento foi concluído com a aula magna ministrada pelo Cardeal, destinada aos novos estudantes e também aos candidatos ao diaconato da Arquidiocese. A partir deste semestre, a Escola Diaconal Santo Estêvão passará a utilizar as dependências da nova sede para a formação de seus candidatos.

“Uma Igreja missionária é aquela em que todos são comprometidos com a missão. E a teologia deve conduzir a isso, o amadurecimento da fé. Uma Igreja de discípulos missionários com compromisso com a vida da comunidade, com as pastorais, movimentos. Onde o aprofundar a fé te leva a se doar mais, a amar mais, te leva a ser dom e missionário”, destacou Dom Paulo Cezar Costa.

A nova sede representa mais do que um espaço físico: é um sinal concreto do compromisso da Arquidiocese de Brasília com a formação de agentes de pastoral preparados para responder aos desafios da evangelização e para servir com competência e fidelidade ao Evangelho.

Crédito: arqbrasilia.

A Escola
Capacitar os leigos e leigas para atuarem de maneira mais efetiva e capacitada na pastoral arquidiocesana, contribuindo com seu conhecimento e fé para o fortalecimento da comunidade eclesial católica em que estão inseridos. A capacitação é fundamental para o desenvolvimento da comunidade e estamos empenhados em fornecer as ferramentas necessárias para que isso aconteça.

Destinada a candidatos com escolaridade mínima de ensino médio completo, a Escola visa contribuir com a formação teológica e pastoral dos leigos, para fortalecer a participação ativa na missão evangelizadora da Igreja, em plena comunhão com o Magistério e a vida eclesial.

É importante ressaltar que o diploma conferido ao final do curso não corresponde a uma graduação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), e, portanto, não atribui o título de Bacharel em Teologia. Trata-se de uma formação eclesiástica, reconhecida no âmbito da Arquidiocese de Brasília, Os fiéis que almejam a titulação civil de Bacharel em Teologia deverão participar do processo seletivo da FATEO previsto para outubro de 2025.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Povos indígenas, Santa Sé: as mulheres devem ser protagonistas nos projetos de desenvolvimento

Algumas mulheres da Amazônia  (Aurora Vision)

Em seu discurso feito na quarta-feira, 13 de agosto, em Washington, na Sessão Especial do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a comemoração do Dia Internacional dos Povos Indígenas e da Oitava Semana Interamericana dos Povos Indígenas, monsenhor Cruz Serrano reiterou o apoio da Sé Apostólica às iniciativas que visam dar voz aos povos indígenas e proteger seus direitos.

Vatican News

As mulheres indígenas não devem ser vistas como beneficiárias passivas das políticas externas, mas sim como protagonistas ativas na construção do futuro, no âmbito da promoção das culturas indígenas, com percursos espirituais adequados e atenção aos costumes e línguas dos povos. É o que a Santa Sé pede, por meio de seu observador permanente junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), monsenhor Juan Antonio Cruz Serrano, que discursou na quarta-feira, 13 de agosto, em Washington, na Sessão Especial do Conselho Permanente para a Comemoração do Dia Internacional dos Povos Indígenas e da Oitava Semana Interamericana dos Povos Indígenas sobre o tema "Da voz das mulheres indígenas: visibilidade, liderança, direitos e autonomia econômica".

A grande contribuição das mulheres na Amazônia

O diplomata vaticano assegurou a proximidade da Santa Sé "aos povos indígenas, e especialmente às mulheres", para que seus direitos fundamentais sejam promovidos e tutelados. Ele lembrou, como escreveu o Papa Francisco na Exortação Apostólica Querida Amazônia, que "na Amazônia, existem comunidades que se sustentaram [...] graças à presença de mulheres fortes e generosas". Comunidades que teriam entrado em colapso "se as mulheres não estivessem lá para apoiá-las, alimentá-las e cuidar delas. Isso demonstra seu poder distintivo".

O compromisso da Igreja

A Igreja Católica, com suas instituições e obras, cuida dos povos indígenas em muitas partes do hemisfério, destacou monsenhor Cruz Serrano, “investindo em sua educação e saúde e conscientizando a sociedade” para que esses povos “possam ser protagonistas e líderes de sua própria história”. “Para alcançar esse objetivo”, várias estruturas eclesiais “estão trabalhando intensamente como, as conferências episcopais, dioceses, prelazias, vicariatos, paróquias, missões e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM)”.

O apoio da Santa Sé aos programas para as populações indígenas

Renovando, por fim, o apoio da Santa Sé “às iniciativas que visam amplificar” a voz dos povos indígenas e “proteger seus direitos e garantir sua plena participação na vida da sociedade”, o observador permanente manifestou o agradecimento da Santa Sé pelo trabalho da Organização dos Estados Americanos em prol dos povos indígenas e das pessoas vulneráveis, incluindo mulheres e as meninas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Estudo indica que infarto tem 13% mais chance de acontecer na segunda-feira

Estudo indica que infarto tem 13% mais chance de acontecer na segunda (Foto: feira - Freepik / Viva Saúde)

Pesquisa preliminar realizada na Irlanda revela que o risco de infarto aumenta na segunda-feira; a relação seria o início da semana de trabalho.

Por: Viva Saúde

12 jun. 2023

É comum acharmos o começo da semana mais difícil, devido ao trabalho, mas você sabia que existe uma comprovação de que a saúde pode ser afetada? Um estudo realizado por médicos da Belfast Health and Social Care Trust e do Royal College of Surgeons, na Irlanda, comprovou que o infarto tem mais chance de acontecer na segunda-feira.

Na pesquisa, os profissionais analisaram mais de 10 mil pacientes internados entre 2013 e 2018 na Irlanda com o tipo mais grave de ataque cardíaco.

Estudo indica que infarto tem mais chance de acontecer na segunda-feira

"Este estudo acrescenta evidências sobre o momento de ataques cardíacos particularmente graves, mas agora precisamos desvendar o que há em certos dias da semana que os tornam mais prováveis", foi o que disse o médico da British Heart Foundation, Nilesh Samani.

Pesquisadores perceberam que há a maior chance de infarto nos pacientes nas segundas-feiras. Além disso, os autores também viram um aumento acima do esperado também aos domingos.

"O mecanismo exato para essas variações é desconhecido, mas presumimos que tenha algo a ver com a forma como o ritmo circadiano afeta os hormônios circulantes que podem influenciar ataques cardíacos e derrames. É provável que seja devido ao estresse de voltar ao trabalho. O aumento do estresse leva ao aumento dos níveis do hormônio do estresse cortisol, que está associado a um maior risco de ataque cardíaco".

Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/estudo-indica-que-infarto-tem-13-mais-chance-de-acontecer-na-segunda-feira,efaecf22ccaa0ffb9d6b3a01634a34c1a0e5lh1g.html?utm_source=clipboard

Edith Stein converteu-se ao catolicismo após ler este livro

Edith Stein | Wikipedia

Philip Kosloski - publicado em 13/08/25

Edith Stein, filósofa ateia, leu a autobiografia de Santa Teresa de Ávila e iniciou sua jornada rumo à Igreja Católica.

Criada na fé judaica, Edith Stein se afastou de toda religião na juventude. No entanto, partiu em busca da verdade, principalmente por meio do estudo da filosofia moderna.

Essa jornada intelectual a levou a explorar escritos cristãos, como o Novo Testamento e os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.

Porém, o que realmente cativou sua mente e seu coração foi a autobiografia de Santa Teresa de Ávila.

“Isto é a verdade”

A biografia oficial do Vaticano sobre Edith Stein explica como ela se deparou com este livro.

            No verão de 1921, ela passou várias semanas em Bergzabern (no Palatinado), na                     propriedade rural de Hedwig Conrad-Martius, outra aluna de Husserl. Hedwig havia             se convertido ao protestantismo com o marido.

            Numa noite, Edith pegou a autobiografia de Santa Teresa de Ávila e leu o livro                     durante toda a madrugada.

            “Quando terminei o livro, disse a mim mesma: Isto é a verdade.”

            Mais tarde, olhando para sua vida, ela escreveu: “Meu anseio pela verdade era uma                 única oração.”

Seu coração foi sendo preparado pela vida inteira para acolher a verdade e, ao ler a autobiografia, Edith encontrou aquilo que tanto buscava.

Segundo o Institute of Carmelite Studies, o livro de Santa Teresa de Ávila não é, tecnicamente, uma “autobiografia”, mas sim uma obra que explora questões fundamentais da vida.

            Embora geralmente seja chamada assim, a obra de Teresa não é uma autobiografia                 nem um diário íntimo. O que ela aborda principalmente são as realidades                             sobrenaturais (infusas ou místicas) da vida interior. Ainda assim, faz uso de                         elementos autobiográficos como pano de fundo para tratar da existência e do valor                 dos favores de Deus.

Havia muito que Edith Stein podia aprender com a vida de Santa Teresa — incluindo suas lutas com a oração e com a vida interior.

            [Santa Teresa de Ávila] começa contando como, desde muito jovem, começou a                     receber abundantes graças de Deus. Foi introduzida no caminho da oração e, por                 volta dos 20 anos, chegou a ter experiências iniciais de oração mística.

            Embora repetidamente tenha frustrado a ação de Deus, a ponto de abandonar a                     oração e a vida interior, Sua misericórdia foi finalmente vitoriosa sobre sua                             condição miserável. Quando, ao final, entregou-se mais plenamente à graça divina,             Deus começou Sua admirável e mais imediata obra em sua alma.

Alguns meses depois de ler o livro, em 1º de janeiro de 1922, Edith Stein foi batizada na Igreja Católica. Mais tarde, tornou-se carmelita, escolhendo o nome Teresa em honra a Santa Teresa de Ávila.

Preso junto com outros judeus batizados na Holanda, o grupo foi enviado para Auschwitz, onde Edith foi morta na câmara de gás.

Hoje, Edith Stein é conhecida como Santa Teresa Benedita da Cruz.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/13/edith-stein-converteu-se-ao-catolicismo-apos-ler-este-livro/

Leão XIV na Audiência Geral: mesmo falhando, para Deus, seremos filhos sempre amados

Audiência Geral, 13/08/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na catequese desta quarta-feira (13/08), de calor forte em Roma e com a Audiência Geral sendo dividida entre fiéis reunidos entre Sala Paulo VI, Piazza Petriano e Basílica de São Pedro, o Papa refletiu sobre a revelação da traição de Judas, feita não para condenar, mas para ensinar que o amor, quando sincero, não pode ocultar a verdade. A esperança é esta, disse o Papa: "saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar".

https://youtu.be/WPu5BHjvGHs

Andressa Collet - Vatican News

Com temperaturas durante a semana que estão superando os 30 graus em Roma, a Audiência Geral desta quarta-feira (13/08) foi transferida da Praça São Pedro para a Sala Paulo VI, no Vaticano, com capacidade para cerca de 6 mil pessoas. Devido ao grande número de fiéis, eles também foram divididos entre a Basílica de São Pedro e a Praça Petriano, que dá entrada à Sala Paulo VI, e onde o Papa Leão XIV fez uma primeira saudação multilíngue - inclusive em português - aos peregrinos reunidos, de onde também acompanharam a catequese por telões: 

“Buongiorno a tutti! Bom dia! Buenos días!”

Antes e após a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Papa saudou os fiéis que seguiam a catequese por telões na Piazza Petriano   (@Vatican Media)

Em seguida, antes de iniciar a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Pontífice voltou a saudar em várias línguas - inglês, espanhol e italiano - os milhares de fiéis, agradecendo pela paciência e pela decisão de mudar de local para se proteger do sol:

"Buongiorno! Good morning everyone! Buenos días! Nesta manhã, teremos a audiência em vários locais, em momentos diferentes para ficarmos um pouco longe do sol e do calor extremo. Agradecemos a paciência de vocês e agradecemos a Deus pelo maravilhoso dom da vida, do bom tempo e de todas as suas bênçãos [em inglês]. Vamos realizar a audiência desta manhã em dois momentos, porque tem pessoas aqui ao lado, pessoas na basílica e também na praça. Sejam todos bem-vindos. E, aos poucos, vamos cumprimentando todos os grupos, na medida do possível. [em espanhol]. Hoje celebramos esta audiência nestes momentos diferentes, um pouco para nos protegermos do sol, do calor extremo. Obrigado por terem vindo. Sejam todos bem-vindos [em italiano]."

Os fiéis reunidos na entrada da Sala Paulo VI   (@Vatican Media)

Deus nunca deixa de nos amar

Em seguida, o Papa Leão XIV deu sequência ao novo ciclo de catequeses iniciado na semana passada sobre o mistério pascal e "seguindo os passos de Jesus nos últimos dias de sua vida", em particular, sobre a "cena íntima, dramática, mas também profundamente verdadeira" do momento em que, durante a ceia pascal, Jesus revelou que um dos Doze estava prestes a traí-lo. Mas ele não o fez para condenar ou humilhar, comentou o Pontífice, porque não apontou o culpado e nem sequer disse o nome de Judas: mas o fez para "salvar", ensinando que o amor, quando é sincero, não pode ocultar a verdade. "O Evangelho não nos ensina a negar o mal, mas a reconhecê-lo como uma oportunidade dolorosa para renascer", continuou Leão XIV.

Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o mistério pascal   (@Vatican Media)

A reação dos discípulos não foi de raiva, mas de tristeza, "de uma dor silenciosa, feita de perguntas, de suspeitas, de vulnerabilidade. É uma dor que também nós conhecemos bem, quando a sombra da traição se insinua nos relacionamentos mais queridos". E na possibilidade real de serem envolvidos, todos começaram a se interrogar se “acaso serei eu?”, reconhecendo a fragilidade do seu próprio amor.

“Caros amigos, esta pergunta — "Acaso serei eu?" — está talvez entre as mais sinceras que podemos fazer a nós mesmos. Não é a pergunta do inocente, mas do discípulo que se descobre frágil. Não é o grito do culpado, mas o sussurro de quem, mesmo querendo amar, sabe que pode ferir. É nessa consciência que começa o caminho da salvação.”

Deus, refletiu o Papa, "quando vê o mal, não se vinga, mas se entristece". As duras palavras de Jesus “Melhor seria que nunca tivesse nascido!”, referindo-se ao traidor, não são uma maldição ou condenação, mas um grito de dor. Com efeito, se renegamos o Amor que nos gerou, "perdemos o sentido da nossa vinda ao mundo e nos autoexcluímos da salvação". Jesus não se escandaliza diante da nossa fragilidade e continua a confiar, ponderou Leão XIV, "Ele sabe bem que nenhuma amizade está imune ao risco da traição", tanto que sentou à mesa com os seus: "esta é a força silenciosa de Deus: não abandona nunca a mesa do amor, nem mesmo quando sabe que será deixado sozinho".

“No fundo, esta é a esperança: saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar. E se nos deixarmos alcançar por esse amor — humilde, ferido, mas sempre fiel — então podemos verdadeiramente renascer. E começar a viver não mais como traidores, mas como filhos sempre amados.”

Leão XIV também saudou os peregrinos presentes na Basílica de São Pedro   (@Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF