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terça-feira, 16 de setembro de 2025

Para um feminismo cristão: reflexões sobre a Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem” (Parte 1/3)

Para um feminismo cristão (Crédito: Opus Dei)

Para um feminismo cristão: reflexões sobre a Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem”

Estudo de Jutta Burggraf, Doutora em Sagrada Teologia e em Pedagogia, publicado em “Romana”, nº 7 (1988).

14/08/2020

A Carta Apostólica Mulieris dignitatem foi publicada numa época em que se pode observar uma mudança no movimento feminista. Já não estava tão na moda o feminismo radical, de matiz ecologista, com seus cultos rituais de bruxaria e a proclamação do poder mágico-materno da mulher; havia-se estendido, antes, um feminismo “moderado” social (corporate feminism) das assim chamadas “mulheres de carreira”. N’Ele, o casamento é tolerado, contanto que não ameace a autonomia da mulher e não limite as suas possibilidades profissionais com a “armadilha da maternidade”. Na atualidade, os partidos políticos mais contrapostos, do ponto de vista ideológico, convergem para o compromisso de ampliar a quota de acesso das mulheres às diversas profissões, incluída a militar. Por outro lado, apesar de todas as tentativas de emancipação, avança de modo alarmante a comercialização da mulher na publicidade, no cinema, no turismo e até nas belas artes.

Faz tempo que a insegurança sobre a questão feminina penetrou inclusive em alguns setores da teologia e da vida eclesial. Cresce na medida em que as confissões cristãs, que surgiram da Reforma protestante, permitem, cada vez mais, o acesso de mulheres às funções pastorais.

Talvez nunca se tenha discutido e polemizado tanto sobre os direitos femininos. E as frentes que se formaram a partir destes debates, talvez nunca tenham sido tão compactas: uma é acusada de encaixotar a mulher entre a cozinha e o jardim da frente da casa, limitando-a ao campo das funções domésticas; outra é admoestada por alimentar reivindicações egocêntricas e individualistas. O caráter esquemático dessas reduções é evidente, mas de qualquer forma é inegável que o diálogo entre as duas posições acima indicadas chega a ser cada vez mais difícil. Precisamente por isto, as reflexões desenvolvidas por João Paulo II na Mulieris dignitatem são tão reconfortantes. Com extraordinária sensibilidade o Santo Padre supera as barreiras já consolidadas e, mantendo-se aberto às verdades presentes em cada uma das duas concepções, une-as – sob a luz da fé viva – em um nível superior.

A meditação do Papa não tem como ponto de partida os dados empíricos sobre a situação da mulher, já que são aparentemente insuficientes, não só por sua intrínseca variabilidade, mas também pelas diferenças existentes, por exemplo, entre países industrializados e os de terceiro mundo. Considera, no entanto, a concepção cristã da mulher e tira dela os pressupostos para uma avaliação de fundo da realidade presente e das exigências que derivam dela para a mulher e para o homem.

Tal avaliação de fundo não é constituída pelas vicissitudes do movimento para a emancipação feminina e sim pela história da salvação. João Paulo II propõe como tema da própria reflexão tudo o que o Evangelho de Cristo diz “à Igreja e à humanidade” a respeito da dignidade e da vocação da mulher (MD, 2). Enquadra, por conseguinte, o problema num contexto bíblico muito atraente e profundo. Sobre o fundamento da revelação desenvolve um feminismo cristão que, na mesma medida em que se propõe promover todas as possibilidades de crescimento da mulher, afasta-se das tendências que a separam do plano da criação e da salvação.

Mulieris dignitatem responde a uma petição dos participantes da VII Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, que teve lugar em Roma no ano de 1987, sobre o tema: “A vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, vinte anos depois do Concílio Vaticano II”. No princípio não parecia que a questão feminina devesse ser incluída entre os problemas do Sínodo. Efetivamente, os Lineamenta preparatórios de 1/02/1985, enviados às diversas Igrejas particulares não faziam alusões explícitas à mulher. No entanto, o Instrumentum laboris do ano de 1987, quer dizer, o documento de trabalho do Sínodo, já fazia alusão ao tema em três passagens diferentes. Por fim, encontravam-se realmente vinte e oito mulheres entre os sessenta representantes dos leigos que estavam presentes na Assembleia. E o Card. Hyacinthe Thiandoum, Arcebispo de Dakar, enfrentou diretamente a questão no discurso de abertura; quando falou nada menos que da necessidade de eliminar as discriminações “não objetivas” do sexo feminino.

A relação de todas as propostas surgidas durante as discussões, elaborada ao termo dos trabalhos, contém dois longos parágrafos dedicados à mulher (proposições 46 e 47)[1]. Nela se expressa o desejo de estudar atentamente os fundamentos antropológicos e teológicos da feminilidade, de aprofundar na teologia do matrimônio e de revalorizar tanto a maternidade como a virgindade. A Mulieris dignitatem constitui precisamente o cumprimento de tais desejos. O fato de que o Santo Padre tenha querido dedicar uma Carta Apostólica a esta única questão, em vez de limitar-se a incluí-la entre outros temas no documento conclusivo do Sínodo, demonstra a sua importância.

Antes de passar ao exame do conteúdo do documento, não é demais recordar que esta Carta se dirige tanto às mulheres como aos homens, já que a aproximação de João Paulo II do feminismo cristão se baseia precisamente no fato de envolver toda a humanidade na superação dos problemas velhos e novos.

1. Maria, modelo para a mulher e para o homem

Mulieris dignitatem foi publicada no fim de um Ano Mariano e representa de certa forma o seu fruto e o seu legado. João Paulo II mostra-o amplamente quando precisa que o modelo para a mulher não pode estar na base só de definições conceituais de caráter filosófico ou teológico e sim dirigindo o olhar sobretudo para a “Mulher” da Escritura, para Maria que, graças à sua união excepcional com Deus, constitui a expressão mais perfeita da dignidade e da vocação humanas. O acontecimento central da história da salvação, está inseparavelmente unido a uma extraordinária elevação da mulher (cfr. MD, 3). Deus, com efeito, escolheu uma mulher para estreitar a aliança definitiva com a humanidade e, por isso mesmo, faz dela a representante e o modelo da Igreja e da humanidade inteira, homens e mulheres. A partir desta perspectiva, qualquer argumentação que diminua o papel da mulher, perde inclusive o último pingo de razão.

Maria participa da redenção precisamente como mulher. Como tal, é a primeira a receber, conservar e transmitir a Boa Nova; é em sua feminilidade que o amor de Deus se interioriza e aprofunda em medida sem igual. “Aquela plenitude de graça, concedida à Virgem de Nazaré para chegar a ser Theotókos, significa ao mesmo tempo, a plenitude da perfeição do que é característico da mulher, daquilo que é feminino” (MD, 5).

Em Maria, encontram-se completas, na forma mais sublime, todas as possibilidades da mulher. Por isso, vivendo unida à Mãe de Deus, imitando-a e procurando imitá-la, a mulher desenvolve em grau máximo a própria personalidade. Esta é uma ideia que João Paulo II já havia claramente formulado na Encíclica Redemptoris Mater (25/03/1987): “Com efeito, a feminilidade acha-se em uma relação singular com a Mãe do Redentor (...). Pode-se, portanto, afirmar que a mulher, olhando a Maria, encontra nela o segredo para viver dignamente sua feminilidade e realizar sua verdadeira promoção” (n. 46).

É bem sabido que certas correntes do feminismo rejeitam veementemente a imagem de Maria como ponto de referência da realização da mulher, acusando-a de haver oferecido no passado um pretexto teológico à tendência católica de colocar a mulher em posições subordinadas[2]. Contra esta atitude, João Paulo II sublinha a liberdade de Maria que entrou com uma “participação plena” de seu “eu pessoal e feminino” naquela relação única com Deus (MD, 49). Doou consciente e voluntariamente todo seu ser físico e espiritual a Deus, quando se definiu a si mesma como a escrava do Senhor (Lc 1, 38).

Reconhecer que uma interpretação errônea dessa expressão pode induzir à manutenção da mulher em situações de subordinação, ao ponto de fazer passar, como qualidades femininas, a timidez e o ânimo encolhido, não significa que a virtude da caridade e da disponibilidade para servir, tenham que ser simplesmente liquidadas como um fragmento de escravidão. A rejeição do “serviço” coincide com efeito com a exaltação prática do egoísmo, quer dizer, com a atitude espiritual que constitui a maior ameaça à realização pessoal, tanto da mulher como do homem. É necessário, no entanto, sondar as palavras em que Maria declara ser a “serva” do Senhor em toda a sua incomparável profundidade.

O Santo Padre sublinha, sobretudo, que também Cristo se define a si mesmo como “servo” (cfr. MD, 5). Justamente no momento mais intenso da declaração de sua missão messiânica, afirma com desconcertante simplicidade: “O Filho do homem, com efeito, não veio para ser servido e sim para servir” (Mc 10, 45). Palavras que, além de manifestar a intensa união espiritual entre o Filho e a Mãe, revelam como é excelsa a dignidade de servir do homem[3].

Quem é capaz de dar-se livremente aos outros, reflete em si a imagem de Deus e realiza, portanto, a própria humanidade com singular plenitude. Isto é amplamente desenvolvido no capítulo seguinte da Mulieris dignitatem que trata da relação entre ser pessoa e o serviço.

Jutta Burggraf


[1] Cfr. Elenchus definitivus propositionum, em “La Documentation Catholique”, 21 (1987) 1088-1100.

[2] Cfr. C. HALKES, Gott hat nicht nur starke Söhne, Güttersloh 1980, p. 117.

[3] O argumento está também desenvolvido na Encíclica Redemptor hominis, 4-III-1975, n. 21.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/para-um-feminismo-cristao-reflexoes-sobre-a-carta-apostolica-mulieris-dignitatem/

"Leo from Chicago": documentário do Vaticano sobre as raízes do Papa Leão

As raízes do Papa Leão XIV (Vatican News)

Uma viagem aos Estados Unidos, terra natal do Pontífice agostiniano, para aprofundar, através de vozes, imagens e testemunhos, começando pelos de seus dois irmãos Louis e John, a vida e a figura de Leão XIV que desde 8 de maio de 2025 guia a Igreja Católica universal. Em breve estará disponível nos canais oficiais da mídia vaticana.

https://youtu.be/RX5zgamx1Es

Vatican News

A infância, os laços familiares, as amizades, os estudos, a formação, a vocação, os primeiros passos na Vida Consagrada, o engajamento social, as paixões esportivas, os gostos alimentares. É um retrato aprofundado e, de certa forma, inédito do Papa Leão XIV, traçado no documentário “Leo from Chicago”. Uma produção da direção editorial do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, em colaboração com a Arquidiocese de Chicago, que leva a reviver a história, até as raízes, do atual Pontífice em sua terra natal: os Estados Unidos.

A viagem, realizada pelos jornalistas Deborah Castellano Lubov, Salvatore Cernuzio e Felipe Herrera-Espaliat desenrola-se nos bairros de Chicago, começando pela casa da família no Dolton, com as memórias e relatos dos dois irmãos Louis Martin e John. Depois, as sedes, escolas e paróquias administradas pelos agostinianos; a União Teológica Católica; os lugares frequentados pelo então Pe. Prevost, como o restaurante Aurelio's Pizza ou o Rate Field, o estádio do time White Sox. Mas o itinerário se amplia até a Universidade de Villanova, a poucos quilômetros de Filadélfia, e a Port Charlotte (Flórida), residência do irmão mais velho.

São cerca de 30 testemunhas ligadas ao atual Pontífice que, através de histórias, recordações, fotografias e filmes, contribuem a aprofundar no documentário a figura daquele que, desde 8 de maio, foi chamado a guiar a Igreja universal. Um homem que já desde criança mostrava uma propensão para a vida religiosa, brincando de celebrar a missa e rezando orações em latim; que ainda muito jovem abraçou o caminho do discernimento para entrar na Ordem de Santo Agostinho; que empreendeu estudos matemáticos e teológicos, estabelecendo laços autênticos com os colegas de curso e se engajando em iniciativas em favor da vida. Um homem que deixou sua terra natal para ir ao Peru e que, com uma atitude serena e uma liderança decidida, conduziu uma das Ordens religiosas mais difundidas no mundo. Um homem que ouvia música dos anos 60-70, adorava dirigir, assistia à TV e acompanhava beisebol.

“Leo from Chicago” segue o documentário “León de Perú”, apresentado em junho deste ano sobre os anos de missão de Prevost no país sul-americano. Em breve estará disponível nos canais oficiais da mídia vaticana.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ARTE: Masaccio...e a pintura tocou as coisas

São Pedro Entronizado, Capela Brancacci, Santa Maria del Carmine, Florença. Abaixo, detalhe do autorretrato de Masaccio | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 11 - 2001

Masaccio...e a ​​pintura tocou as coisas

Antes dele, a pintura, no máximo, os havia tocado de raspão, mas agora os tocava com força. Assim Vasari descreveu a revolução operada pelo pintor toscano, cuja arte procede da simplificação: tudo deve ser claro, visível, inequívoco, desprovido de retórica. Em suma, deve ser fácil.

por Giuseppe Frangi

Masaccio nos observa da parede esquerda da Capela Brancacci. Ele é alto, com o rosto imponente de um homem de 25 anos, cabelos cacheados; seus olhos são escuros, profundos e parecem velados pela melancolia. Ele se pintou ao fundo da cena, representando São Pedro na Cátedra, acompanhado por seus três grandes amigos, Masolino, Brunelleschi e Leon Battista Alberti. No entanto, há um detalhe causado por uma medida de censura imposta a Filippino Lippi, que foi contratado pelos novos patronos para concluir a Capela Brancacci: na verdade, originalmente, Masaccio tocou o joelho de São Pedro com a mão, repetindo o gesto dos peregrinos diante da estátua de Arnolfo di Cambio sob as abóbadas da Basílica do Vaticano. Os censores provavelmente consideraram esse gesto indecoroso, uma preocupação mesquinha e moralista que nos privou de um detalhe revelador. Um detalhe, de certa forma, escrito no nome: Masaccio nasceu em 21 de dezembro de 1401, então festa de São Tomás, em San Giovanni Valdarno. Seus pais — o pai, tabelião, a mãe, uma jovem de dezesseis anos — lhe deram esse nome em homenagem ao apóstolo que colocou o dedo no lado de Cristo ressuscitado. Tomás mais tarde se tornou Masaccio, conta Giorgio Vasari, não por causa de seus maus modos, mas pela desleixo com que levava a vida: malvestido, sempre com a mente voltada para a pintura e perpetuamente sem dinheiro, pois geralmente se esquecia de receber o dinheiro depois de terminar suas obras.

No entanto, este rapaz da zona rural de Valdarno atingiu como um verdadeiro terremoto o meio artístico culto e refinado da cidade. Com ele, a pintura deixou de ser um farfalhar gracioso e esvoaçante, tornando-se um precipitado da realidade. Para continuar com a metáfora censurada do autorretrato, a pintura, que até então, na melhor das hipóteses, deslizava sobre as coisas, agora as tocava com força. Giorgio Vasari tem uma imagem impressionante para ilustrar o que a chegada de Masaccio implicou: até então, as figuras pintadas, mesmo pelos maiores mestres, não haviam tocado o chão. No máximo, escreve Vasari, "estavam na ponta dos pés". Com Masaccio, as figuras têm "os pés no plano". Então, Vasari usa uma palavra com poder onomatopeico: "lo scorto". Masaccio "fez o scortos", isto é, deu às figuras uma profundidade real; Não mais silhuetas elegantemente recortadas no espaço, mas corpos fortemente sustentados pela força da gravidade na Terra e possuindo uma espessura fisicamente perceptível.

Quatro séculos depois de Vasari, outro crítico, o mais importante do século XX, continuou na linha dessas intuições críticas iniciais. Roberto Longhi, em 1940, escreveu um ensaio tão envolvente quanto um romance, " Fatos de Masolino e Masaccio ". Nele, ele imagina as conversas dos dois homens nos andaimes da Capela Brancacci. Longhi "reimagina" Masolino, vinte anos mais velho, mais famoso e provavelmente também o proprietário original daquela encomenda, encolhido diante do avanço daquela nova e avassaladora forma de pintar. "Um colaborador independente quando conseguia um emprego", escreve Longhi, "um mentor insistente quando trabalhava com o mais velho: é assim que se deve imaginar a presença de Masaccio na fase inicial das obras de Carmine. Sugestões infindáveis, declarações peremptórias de princípios e, quem sabe, até repreensões e intimidações. Uma pressão psicológica constante; um protesto contra as casas pintadas por Masolino que, não se conformando aos princípios da perspectiva, pareciam feitas de papel machê; tamanha habilidade, quase arrogância, na composição das figuras, que fazia com que os personagens pintados pelo mestre mais velho parecessem figuras patéticas.

O resultado, de uma perspectiva histórica, foi que Masolino, em determinado momento, abandonou a cena. É fácil imaginá-lo exausto por uma comparação impossível. Ele correu para concluir uma encomenda providencialmente entregue da Hungria. Masaccio, no entanto, seguiu em frente, afrescos as cenas restantes. Nesse ponto, Longhi se apodera de uma categoria crítica rara e eficaz para transmitir a grandeza de Masaccio: situar figuras reais e sólidas no espaço; como consequência natural, ele as pintou com as sombras que projetavam. Essas são as primeiras sombras verdadeiras na história da pintura, que não apenas atestam a substância real dessas figuras, mas também as situam precisamente no tempo. Pois a sombra também testemunha a hora do dia em que o evento está ocorrendo.

Além disso, Masaccio tinha, no programa iconográfico dos Brancacci, um evento particularmente crucial para ele: a cena de Pedro curando os doentes com sua sombra. Poderia ele correr o risco de tal episódio parecer um conto de fadas para aqueles que o assistissem? Poderia um truque milagroso ter retratado a natureza extraordinária da obra? Não. Somente restaurando o verdadeiro poder da sombra, somente evitando qualquer ênfase, a história seria crível e verdadeira.

Se as figuras são reais, o espaço em que se movem também deve ser real. É por isso que Masaccio recorreu a uma revolução na perspectiva. Em suas mãos, a perspectiva perdeu todas as conotações abstratas e intelectuais com as quais ainda é estudada e interpretada hoje. Para Masaccio, a perspectiva é um meio, não um fim. Um meio prodigioso que abre espaços, os aprofunda e, simultaneamente, os circunscreve. Em suma, faz do espaço pictórico uma continuação do espaço real. Ele havia experimentado isso pela primeira vez no jovem Tríptico de San Giovenale, descoberto há quarenta anos e agora preservado na bela Abadia de San Pietro a Cascia, uma pequena vila a poucos quilômetros de Florença. Masaccio pintou os quatro santos nos painéis laterais com um fundo dourado. Mas, graças à perspectiva do piso, esse fundo dourado se torna um ambiente, um espaço dentro do qual as figuras se reúnem. Não é mais o contorno que embeleza e transporta os santos retratados para outro espaço, isto é, para outro mundo.

Mas há mais. A perspectiva permite que as cenas sejam despojadas até o osso. Permite que os babados, os enfeites, as distrações decorativas caiam como folhas secas e inúteis. Masaccio explora essas possibilidades ao máximo, porque sua arte procede da simplificação. Tudo deve ser claro, visível, inequívoco, desprovido de retórica. Em uma palavra, deve ser simples. Fácil de olhar e absorver no coração, assim como ele achava fácil pintar. Até Caravaggio, ao criar A Vocação de São Mateus na Capela Contarelli, em San Luigi de' Francesi, ele teria apreciado essa lição. A parede nua, cortada pela luz, ao fundo, é uma das passagens mais masaccianas da história da arte: algo assim não pode deixar de ser verdade.

Assim como a capela de Caravaggio dois séculos depois, também a capela Brancacci surpreendeu todos os seus contemporâneos. Vasari, em sua biografia de Masaccio, lista uma longa lista de artistas que vieram a Florença para observar e tentar compreender. Michelangelo também viria, copiando e desenhando algumas das figuras; Leonardo também passou por aqui, por natureza tão distante de Masaccio, mas nos deixou um registro de extraordinária perspicácia em seu diário. Ele escreve que a diferença entre aquele pintor "conhecido como Masaccio" e todos os outros, e evidentemente não apenas aqueles que o precederam, era que todos, comparados a ele, pareciam "trabalhar em vão".

Fonte: https://www.30giorni.it/

Quando a única opção que sobrou, foi aprender a confiar

maxim ibragimov | Shutterstock

Cibele Battistini - Talita Rodrigues - publicado em 16/09/25

Existem momentos na vida em que todas as certezas parecem desmoronar. Aquelas bases que nos sustentavam, de repente, já não seguram mais o peso da nossa dor.

É como se a vida nos colocasse diante de um abismo e, ao olhar para frente, só houvesse escuridão. É nesses instantes – quando já não resta mais nada – que a única opção possível é aprender a confiar.

Confiar em Deus não é um exercício imediato nem automático. É um processo que envolve nossas fragilidades mais profundas, nossos medos mais silenciosos e as perguntas sem respostas que carregamos dentro de nós. A psicologia nos lembra que a alma humana busca segurança, previsibilidade, algo que a mente possa controlar. Mas a fé nos ensina que nem tudo pode ser explicado, e que existe uma dimensão da vida onde o controle precisa ser entregue.

Nas noites escuras da alma – aquelas em que as lágrimas parecem não ter fim e o silêncio de Deus pesa como um fardo – a confiança se torna uma escolha. Não porque sentimos que tudo ficará bem, mas porque acreditamos que mesmo no invisível, Ele permanece presente. É um abandono confiante que nasce da vulnerabilidade: quando não conseguimos caminhar sozinhos, deixamos que Deus seja o nosso sustento.

É justamente nesse ponto de rendição que muitas curas começam. Quando cessamos a luta interna de querer respostas imediatas, abrimos espaço para que a graça de Deus nos sustente no mistério. A confiança, então, não é apenas uma virtude espiritual, mas também um processo psicológico de aceitação: de compreender que a dor tem um tempo, que a travessia da noite exige paciência, e que mesmo quando tudo parece perdido, algo em nós ainda pode florescer.

A fé não elimina o sofrimento, mas dá sentido a ele. Confiar em Deus é se permitir ser conduzido no escuro, acreditando que há um amanhecer à frente, mesmo quando ainda não conseguimos enxergar a luz. É aprender que não estamos sozinhos na noite, porque Aquele que nos criou nunca abandona a sua obra.

Se hoje a sua vida se encontra em uma dessas noites escuras, lembre-se: a confiança não é ausência de medo, mas a decisão de caminhar mesmo com o coração tremendo. Talvez tudo o que lhe reste seja confiar. E, paradoxalmente, é justamente aí que a sua força será renovada.

Confiar é a entrega mais difícil e, ao mesmo tempo, o maior gesto de amor que podemos devolver a Deus. Porque, quando já não nos resta mais nada, descobrimos que Ele sempre foi o essencial.

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Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/16/quando-a-unica-opcao-que-sobrou-foi-aprender-a-confiar/

Os surpreendentes alimentos que ajudam a dormir melhor (Parte 2/2)

Crédito:Serenity Strull/ BBC

Os surpreendentes alimentos que ajudam a dormir melhor

Author: Jessica Bradley

De BBC Future

26 agosto 2025

Qual o valor do magnésio?

O magnésio é outro nutriente encontrado em dietas ricas em plantas que pode levar a uma boa noite de sono. O mineral pode ajudar a reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, o que acalma o sistema nervoso.

A recomendação é que a maioria dos adultos com mais de 30 anos consuma cerca de 420 mg de magnésio por dia. Ele pode ser encontrado em muitos alimentos, incluindo verduras como espinafre, além de legumes, nozes, sementes e grãos integrais.

A hora do dia em que você decide comer também desempenha papel importante na qualidade do sono (Crédito: Getty Images)

Mas muitas pessoas apresentam falta desse nutriente.

Especialistas afirmam que isso ocorre, em parte, devido à alimentação ocidental (com baixo teor de plantas e rica em alimentos ultraprocessados) e, por outra parte, porque as práticas de agricultura intensiva reduzem a quantidade de magnésio no solo para o cultivo agrícola.

No seu estudo de 2024, a professora de Ciências do Exercício Heather Hausenblas, da Universidade de Jacksonville, no Estado americano da Flórida, testou os efeitos do aumento da ingestão de magnésio para pessoas que se queixam de má qualidade do sono.

Por duas semanas, elas tomaram suplementos de magnésio uma hora antes de irem para a cama. E, durante outras duas semanas, elas tomaram um comprimido de placebo.

Seu sono foi avaliado por um rastreador usado no corpo e os participantes também relataram sua impressão sobre a qualidade do sono.

Hausenblas concluiu que a sono profundo e REM dos participantes melhorou quando eles tomaram magnésio, em comparação com o placebo. Ela suspeita que o efeito duraria mais do que duas semanas, mas não há como saber ao certo.

A professora afirma que suplementos de magnésio de boa qualidade podem ajudar as pessoas a dormir melhor. Mas Hausenblas ressalta que esta não é uma panaceia.

"Simplesmente tomar isso [suplementos de magnésio] antes de ir dormir não irá curar todos os seus problemas de sono se você não sair e se exercitar, se comer muitos alimentos ultraprocessados e se não tiver um ciclo estável de sono e vigília", afirma ela.

Outro motivo por que o magnésio pode melhorar o sono se deve aos seus possíveis benefícios à saúde mental. Pesquisas indicaram que a má qualidade do sono está intimamente relacionada à depressão, por exemplo.

Um estudo de 2017 concluiu que um suplemento diário de magnésio gerou melhoria significativa da depressão e da ansiedade, independentemente da idade, gênero ou gravidade da depressão de uma pessoa.

De forma mais ampla, pesquisas também indicam que uma alimentação rica em frutas e verduras pode melhorar os sintomas da depressão.

Como a nossa alimentação influencia?

Os pesquisadores concordam que o jantar cuidadosamente selecionado não é suficiente para nos salvar de uma noite de sono de má qualidade, mas podemos alterar o horário das nossas refeições ao longo do dia.

"Um dos pontos mais importantes antes do sono é deixar de comer algumas horas antes de irmos para a cama e, especialmente, não ingerir a maior porção de calorias [do dia] antes de dormir", explica Jansen.

Algumas pesquisas associam fazer as refeições mais cedo durante o dia, a começar pelo café da manhã, à melhor qualidade do sono. E pesquisas indicam que fazer a sua última refeição do dia mais perto da hora de dormir pode aumentar o tempo necessário para que você caia no sono.

Isso pode ocorrer, em parte, porque é mais fácil associar a alimentação com a luz do dia e a noite, com dormir, segundo Jansen.

"Quando você tem uma separação mais clara entre o dia e a noite, o cérebro tem mais facilidade para reconhecer que está na hora de dormir", explica ela. "O cérebro se reinicia toda manhã e a exposição à luz no início do dia é importante para acertar o relógio do nosso corpo."

Estudos indicam que suplementos de melatonina podem melhorar o sono, mas também podemos conseguir melatonina na alimentação (Crédito: Getty Images)

"A hora de comer é outra forma de dizer ao nosso corpo que horas são", segundo Erica Jansen. "O corpo sente que funciona melhor quando estamos fazendo as mesmas coisas no mesmo horário, todos os dias."

E, quando tomar o café da manhã, tenha em mente que um estudo concluiu que o café da manhã rico em laticínios à luz do dia pode ser mais benéfico para o sono do que em um cômodo com pouca iluminação. Os pesquisadores afirmam que comer à luz do dia permite que o nosso corpo produza mais melatonina, o hormônio que nos ajuda a dormir à noite.

Mas St-Onge ressalta que os cientistas ainda não produziram respostas definitivas sobre a influência ou não da melatonina obtida das plantas sobre a melatonina produzida pelo corpo — e como ela pode influenciar o nosso sono.

"Além disso, será que o nosso metabolismo é influenciado pelo que comemos?", questiona ela. "Isso poderá ser relevante para o sono. Precisamos nos aprofundar mais nestes mecanismos."

Jansen concorda que esta é uma área difícil para as pesquisas, com diversas questões ainda sem resposta. Uma delas é qual a quantidade de melatonina de que precisamos na alimentação para que ela tenha efeito sobre o nosso sono.

"É difícil estudar se a luz influencia mais a melatonina do que a alimentação ou se elas trabalham em conjunto", afirma ela.

Como otimizar a dieta para dormir bem

Aparentemente, a alimentação rica em vegetais é a mais benéfica para o nosso sono, por diversas razões. E comer em horários constantes ao longo do dia também pode ajudar, se você tiver condições para isso.

Mas a nossa alimentação não faz tudo sozinha. Os pesquisadores destacam que o sono também é influenciado pela nossa movimentação durante o dia, nossa saúde mental e nossa exposição à luz e ao escuro.

Marie-Pierre St-Onge também ressalta que é importante diferenciar entre o sono de má qualidade e os distúrbios do sono, como a insônia e a apneia do sono.

"Se você tiver um distúrbio do sono, você precisa ser examinado e tratado", orienta St-Onge. "Parte do plano de tratamento pode ser melhorar a alimentação, mas algumas pessoas precisarão de algo mais além disso."

Importante: todo o conteúdo desta reportagem é fornecido apenas como informação geral e não deverá ser tratado como substituto ao aconselhamento de um médico ou outro profissional de saúde. A BBC não é responsável por nenhum diagnóstico feito por um usuário com base no conteúdo deste site. A BBC não é responsável pelo conteúdo de nenhum site externo da internet relacionado, nem endossa nenhum produto ou serviço comercial mencionado ou anunciado em nenhum desses sites. Consulte sempre seu médico sobre qualquer preocupação com a sua saúde.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx29v8pwejjo

A encarnação de Cristo no tempo – esperança da eternidade

(©AFP/Alberto Pizzoli)  (AFP or licensors)

"Peregrinar na esperança, como o lema do Ano Jubilar nos propõe, é descobrir em cada momento do viver, uma perspectiva de eternidade. A eternidade é o impulso para viver com o coração aberto para a criatividade da existência".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

A encarnação de Cristo no tempo revela o amor de Deus que se fez próximo da humanidade. O eterno entrou na história, assumindo a condição humana para redimir aquilo que estava perdido e reconciliar o homem com o Criador. Em Jesus, o Verbo que se fez carne, o infinito se manifesta no finito, e o divino se une ao humano sem confusão. Essa realidade mostra que a salvação não é apenas uma promessa distante, mas já se faz presente na caminhada terrena, dando sentido à existência e iluminando o tempo com a presença de Deus.

Contudo, a encarnação não se limita ao agora; ela abre a perspectiva da eternidade. Em Cristo, a humanidade encontra não só a redenção do presente, mas também a esperança da plenitude futura, quando o tempo dará lugar ao encontro definitivo com Deus. Aquele que entrou na história aponta para além dela, revelando que a vida não termina no limite do corpo, mas se prolonga na comunhão eterna com o Pai. Assim, a encarnação é sinal e garantia de que a eternidade já começou em Cristo, e de que cada instante vivido Nele é um passo em direção à vida plena que não terá fim.

Depois de “Jesus Cristo, a esperança da Igreja”, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão “A encarnação de Cristo no tempo – esperança da eternidade": 

"Com a encarnação de Cristo, a eternidade entrou no tempo e criou-se assim a própria possibilidade da esperança, segundo Kierkegaard. Na “teologia da esperança” não seria a encarnação o fundamento da esperança, mas a ressurreição. Porém, Cristo não se encarna simplesmente para se encarnar, mas com um objetivo próprio e concreto, ou seja, para salvar a humanidade, para morrer e ressuscitar por amor a nós. Esses dois movimentos precisam ser mantidos juntos: a encarnação e a ressurreição. É o que nos aponta Raniero Cantalamessa: “As duas coisas devem ser mantidas juntas. Num ponto da história - a Encarnação - a humanidade entrou no tempo, em outro ponto da história - a ressurreição - o tempo entrou na eternidade! O horizonte cristão da eternidade - como mais genericamente da salvação - é possibilitado, conjuntamente, pela encarnação e ressurreição de Cristo. O Natal não é menos indispensável para a esperança cristã do que é a Páscoa. Outros homens morreram e ressuscitaram, segundo a Bíblia, mas não fundaram nenhuma esperança nova. Se isso aconteceu com Cristo é porque a sua não era a morte e ressurreição de uma pessoa qualquer, mas de um homem-Deus”[1].

Kierkegaard diz assim: “A Esperança do Cristianismo é a eternidade e Cristo é o caminho; o seu abaixamento (kênosis na teologia) é o caminho, mas também quando ascende ao céu, ele é o caminho”. Para o pensamento bíblico, o ser humano não é tanto o que é determinado a ser pelo seu nascimento, mas o que é também chamado a se tornar, mediante o exercício de sua liberdade, na obediência à Palavra de Deus. Uma esperança madura, segundo Kierkegaard, não oferece garantias, mas se mantém independente das circunstâncias e é um ato corajoso de aceitar a vida nas mãos de Deus, sem pedir segurança. A esperança, para Kierkegaard, é o fundamento da existência: a partir da crença na possibilidade do bem, surge um terreno fértil para a descoberta de si e para a afirmação da vida. Em Kierkegaard, o desenvolvimento da esperança autêntica deve deixar de ser marginal para se tornar algo essencial como ponto de partida para todo projeto de vida. O desespero, a falta de esperança, surge quando o indivíduo se recusa a ser uma criatura e busca a autonomia perfeita, ou quando não assume a responsabilidade pela sua própria existência. A esperança é como antídoto de desespero. A esperança, ao contrário, é um modo de pensar sobre a existência que pode superar o desespero, pois oferece uma base para a construção de uma vida autêntica. As pessoas entram em desespero por falta de perspectiva, possibilidade de solução, saída para seus problemas. Precisamos levar ao desesperado a palavra fundamental da esperança, da alegria do Evangelho, da vitória de Cristo sobre qualquer circunstância intransponível.

Deus nunca nos deixa sem uma possibilidade. A possibilidade nos arranca da mesmice, do desespero, da angústia do nada. O ser humano precisa de possibilidades. Elas são para ele como que o oxigênio. Sem elas, morre de asfixia espiritual. Kierkegaard diz assim: “A possibilidade é a única coisa que salva. Alguém desmaia, procura-se água de colônia ou gotas e Hoffmann; quando alguém quer desesperar, deve-se dizer: ‘rápido encontre-lhe uma possibilidade, deem-lhe uma possibilidade. É o único remédio deem-lhe uma possibilidade e o desesperado recupera ânimo, e anima-se porque se o homem fica sem possibilidade é como seguir faltando-lhe o ar”[2].

Cantalamessa, em seu livro, “Fé, esperança e caridade – as três graças do Cristianismo”, editado no Brasil pela Editora Paulus, apresenta um subtítulo “Deem-lhe uma oportunidade”. Pois só a eternidade remove todos os obstáculos que se interpõem à esperança, até o último obstáculo que é a morte. A esperança não se torna simplesmente uma virtude dos mais jovens. A virtude da esperança é uma virtude para toda a vida, sobretudo para o tempo da velhice. Sempre é tempo de esperar, não passivamente, mas de forma criativa e inovadora. Quem não espera mais em nada, já é um morto-vivo. Não terá motivação, não terá alegria, não verá oportunidade diante dos desafios. Estará sempre olhando para a realidade nua e crua, sem descoberta de um porvir. Peregrinar na esperança, como o lema do Ano Jubilar nos propõe, é descobrir em cada momento do viver, uma perspectiva de eternidade. A eternidade é o impulso para viver com o coração aberto para a criatividade da existência".

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
_________________

[1] CANTALAMESSA, RANIERO. “Fé, esperança e caridade – as três graças do Cristianismo”, Ed. Paulus, 2024, p. 104.
[2] Idem, 106.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Do vício das drogas é possível sair?

fazenda da esperança brasil | Divulgação

Paulo Teixeira - publicado em 15/09/25

O trabalho da Fazenda da Esperança, que há anos aposta na recuperação de dependentes químicos.

Um dos objetivos da Fazenda da Esperança, como o nome já intui, é dar a esperança de um novo amanhecer aos que procuram por ela. A organização é uma comunidade terapêutica que atua desde 1983 no processo de recuperação de dependentes químicos. Com mais de 160 unidades em 25 países e em todo território brasileiro, a Fazenda da Esperança nasceu em Guaratinguetá, com Frei Hans e um jovem paroquiano que, comprometido com o próximo, viu a necessidade de realizar um trabalho de espiritualidade e recuperação com pessoas viciadas em álcool e drogas.

Além do acolhimento a dependentes químicos, a Fazenda também presta serviço de caridade, acolhimento para crianças órfãs, pessoas portadoras de HIV, que estão em fase terminal, dos quais a família não consegue cuidar, e pessoas com problemas psiquiátricos, que são rejeitadas pelos familiares. Padre José Luiz de Menezes, presidente geral da Fazenda da Esperança, conta que a Palavra de Deus é a força que move a organização: “Prestamos esses serviços motivados pelo Evangelho e buscamos motivar todos a viverem a Palavra de Deus, que é força motora que nos faz realizar esse trabalho de fraternidade. O propósito do nosso trabalho é acolher pessoas em situação vulnerável, desde a infância, na fase adulta e na velhice também.”

Caminhos de esperança

Trabalho, espiritualidade e convivência são as três ações que norteiam os trabalhos da Fazenda da Esperança. Diariamente são distribuídas as atividades para os assistidos pela organização. A primeira atividade começa pela manhã com a reflexão da Palavra de Deus, seguida do café, e a partir daí são entregues as demais ações do dia como: cuidados da horta, do jardim e padaria; e pela tarde eles descansam, escrevem cartas para os familiares, e após o jantar acontece o momento de partilha, em que é exposta a experiência que cada um viveu naquele dia, como destaca Padre José: “Se houve conflito na convivência, trabalha-se a reconciliação, o perdão. Tudo isso é realizado no dia a dia e a cada experiência são apresentados os traumas e as dificuldades da convivência familiar. Infelizmente o relacionamento com a família está muito fragilizado e muitas vezes é a raiz que leva a pessoa à dependência química.”

O tempo médio de tratamento é de um ano, mas muitos se identificam com o carisma da Fazenda e decidem tornar-se missionários: “Alguns se sentem gratos por terem recebido atendimento e pedem para servir como missionários por quatro ou cinco anos e só depois disso seguem suas vidas”, reforça o sacerdote.

Mudança de vida

A Fazenda também oferece aos assistidos a integração social e o direcionamento profissional ao invés de profissionalizá-los, pois foi a melhor maneira de se inserirem novamente na sociedade: “Fizemos a experiência de profissionalizar no início do projeto da Fazenda, mas isso tirava o foco do tratamento que era essencial, então por experiência deixamos essa proposta de lado. Entendemos que não deveríamos criar expectativa neles, focando apenas na mudança de vida: ser um homem novo, mudando de dentro para fora. Muitos se permitiram essa mudança e hoje trabalham em grandes empresas”, partilhou Padre José Luiz em entrevista à Rede Imaculada de Comunicação.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/15/do-vicio-das-drogas-e-possivel-sair/

A Palavra de Deus alimenta a minha esperança de peregrino!

A Palavra de Deus alimenta a minha esperança de peregrino! (Diocese de Caxias do Sul -RS)

A PALAVRA DE DEUS ALIMENTA A MINHA ESPERANÇA DE PEREGRINO!

09/09/2025

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Em comunhão com a Igreja no Brasil, queremos valorizar cada vez mais a importância da Palavra de Deus na nossa vida espiritual, de povo de Deus a caminho, como “peregrinos de esperança”, tendo presente que ela é fundamental para a nossa vida de fé. E neste Ano Jubilar, no Mês da Bíblia, somos convidados a fortalecer a nossa proximidade com a Palavra de Deus meditando sobre a Carta aos Romanos, onde o apóstolo São Paulo nos recorda que a verdadeira esperança não decepciona (Rm 5,5).

A Sagrada Escritura nos revela como Deus falou aos homens através de outros homens, por Ele escolhidos para esse fim, mas sobretudo por meio de seu Filho Jesus Cristo (Hb 1,1-2). Desse modo, a Palavra de Deus tornou-se linguagem humana, sem deixar de ser palavra divina, assim como o Filho de Deus se fez homem sem deixar de ser Deus; e a Palavra de Deus sujeitou-se, tal como Ele, às limitações e condicionamentos da palavra humana, exceto no erro formal.

A verdade da Bíblia é consequência imediata da Inspiração. Com efeito, se Deus é o autor da Bíblia, se toda ela é obra do Espírito Santo, não pode conter qualquer afirmação que vá contra a verdade e a santidade do mesmo Deus. No entanto, não podemos buscar na Bíblia qualquer verdade, mas só aquela que interessa à salvação do homem, ou seja, a verdade religiosa, e só aquela que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse registrada nas Escrituras.

Trata-se de uma verdade não puramente especulativa, mas concreta, que não se dirige apenas à inteligência, mas ao homem todo; uma verdade que é preciso descobrir, através dos muitos e variados gêneros literários; uma verdade progressiva, revelada por etapas, obedecendo à pedagogia de Deus em relação aos homens; uma verdade que está em toda a Bíblia e não apenas num livro ou num texto isolado. Por isso, a verdade dos textos sagrados só resulta da totalidade da Bíblia.

Mas devemos ter presente que a Bíblia, mais do que um livro ou uma biblioteca, é uma pessoa – a Pessoa de Deus Pai, que, para entrar em comunhão conosco, pelo Espírito Santo, se revelou em Jesus Cristo, “a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15).

Mesmo na realidade do Terceiro Milênio, Deus continua falando ao nosso coração de filhos e filhas, através da sua Palavra, fazendo parte da nossa vida, da nossa peregrinação terrena. Com a Palavra de Deus podemos alimentar a nossa fé de “Peregrinos de Esperança” na eternidade. Mas precisamos também sentir na vida, muitas vezes sofrida e machucada, o amor misericordioso que emana da ternura e da bondade do Pai, revelado através da sua Palavra.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Os surpreendentes alimentos que ajudam a dormir melhor (Parte 1/2)

Mudar a hora em que nos alimentamos com certos alimentos pode nos ajudar a dormir melhor (Crédito: Serenity Strull/ BBC)

Os surpreendentes alimentos que ajudam a dormir melhor

Author: Jessica Bradley

De BBC Future

26 agosto 2025

Quando acordamos pela manhã, depois de uma grande refeição no final da noite, sempre nos sentimos cansados.

O excesso de energia necessário para digerir grandes porções de ricos nutrientes pode perturbar o nosso sono, gerando uma noite agitada.

Felizmente, existem formas de tentar melhorar o nosso sono pela alimentação, evitando certas comidas e bebidas que sabemos que irão nos manter acordados, como as que contêm cafeína.

Mas será que outros alimentos, particularmente se consumirmos antes de irmos para a cama, podem nos ajudar a melhorar a qualidade do sono?

Alimentos específicos ou a dieta como um todo?

Diversos estudos selecionaram certos alimentos no jantar que podem melhorar o nosso sono.

Estudos pequenos concluíram, por exemplo, que o suco de cereja-amarena pode ajudar as pessoas a dormir melhor. Outros descobriram que comer kiwi antes de deitar também é bom .

Existem também pesquisas que demonstram que leite quente pode nos ajudar a dormir. Acredita-se que os altos níveis de triptofano presentes no leite possam ajudar a induzir o início do sono. Ele é usado pelo corpo para sintetizar melatonina, o "hormônio do sono".

A melatonina regula nosso ciclo de sono e vigília. O nosso corpo produz a substância em maior quantidade no final do dia, quando começa a escurecer.

Mas também podemos conseguir melatonina diretamente da alimentação, comendo ovos, peixes, nozes e sementes.

Suco de cereja amarena melhora a qualidade de sono, segundo pesquisas (Crédito: Getty Images)

Diversos estudos concluíram que comer alimentos ricos em melatonina pode melhorar a qualidade do sono e nos ajudar a dormir por mais tempo.

Mas existem também muitas pesquisas que indicam que nenhuma comida ou bebida específica é suficiente para melhorar o sono. O que importa é a nossa alimentação como um todo.

"Você não pode comer mal o dia inteiro e achar que é suficiente tomar um copo de suco de cereja amarena antes da hora de dormir", alerta a professora de Medicina Nutricional Marie-Pierre St-Onge, do Instituto de Nutrição Humana da Universidade Columbia em Nova York, nos Estados Unidos.

Isso ocorre porque o corpo leva pelo menos duas horas para extrair dos alimentos os nutrientes necessários para produzir as substâncias neuroquímicas que promovem o sono, segundo ela.

Por isso, o que comemos ao longo do dia é que pode melhorar a qualidade do sono.

Que tipo de alimentação melhora o sono?

Pesquisas demonstram que a alimentação mais benéfica para o sono aparentemente é uma dieta baseada em plantas, que inclua muitos grãos integrais, além de laticínios e proteínas magras, incluindo peixe, segundo a professora de Ciências da Nutrição Erica Jansen, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

No seu estudo de 2021 para examinar a relação entre o sono e a alimentação, Jansen concluiu que as pessoas que começarem a comer mais frutas e verduras todos os dias por um período de três meses podem melhorar drasticamente o seu sono.

O estudo solicitou a mais de 1 mil participantes que aumentassem sua ingestão diária de frutas e verduras. O aumento se destinava a destacar a relação de duas vias entre o sono e a alimentação, que domina as pesquisas nesta área.

Estudos populacionais demonstraram que as pessoas com dieta mais saudável têm melhor sono, mas sempre existe a possibilidade de que elas tomem melhores decisões alimentares porque estão mais descansadas.

Jansen concluiu que as mulheres apresentaram mais que o dobro da probabilidade de vivenciar melhoria dos sintomas da insônia depois de comer três ou mais porções adicionais de frutas e verduras por dia.

Um dos motivos é que as frutas e verduras (ao lado da carne, laticínios, nozes, sementes, grãos integrais e legumes) geralmente contêm alto teor do aminoácido essencial triptofano.

Um estudo realizado na Espanha em 2024 perguntou a mais de 11 mil estudantes quais eram seus hábitos de sono e alimentação.

A pesquisa descobriu que o quartil que consumia menos triptofano diariamente apresentou qualidade de sono significativamente inferior.

Os pesquisadores concluíram que a baixa ingestão de triptofano está relacionada ao maior risco de curta duração do sono e insônia. E que comer alimentos com maior teor de triptofano pode melhorar a qualidade do sono.

Jansen explica que o triptofano é importante porque é precursor da serotonina, que é transformada em melatonina.

Legumes e grãos integrais contêm muitos dos nutrientes que podem melhorar a qualidade do sono (Crédito: Getty Images)

"Se não houver triptofano no corpo, nem fontes diretas de melatonina na alimentação, os níveis de melatonina produzidos pelo corpo serão reduzidos", afirma a professora.

Mas não é apenas questão de comer alimentos ricos em triptofano, segundo ela.

A ingestão precisa ser feita com um carboidrato com alto teor de fibras, como grãos integrais ou legumes. Isso permite a digestão adequada e o encaminhamento da substância para o cérebro, de onde ela pode melhorar o sono.

A alimentação rica em vegetais também pode melhorar o sono de muitas outras formas.

Sabe-se, por exemplo, que dietas com alto teor de alimentos vegetais reduzem as inflamações do corpo. E pesquisas indicam que o baixo nível de inflamação é associado à melhor qualidade do sono.

Na sua pesquisa, St-Onge concluiu que a melhoria do sono é associada à alimentação com alto teor de fibras, que desempenha papel fundamental na fermentação bacteriana no intestino.

Estudos demonstram que existem possíveis mecanismos benéficos que podem explicar por que o intestino saudável pode melhorar o sono, por meio do eixo intestino-cérebro.

Existem também estudos com animais que mostram a conexão entre a melhoria do sono e a ingestão dos compostos vegetais benéficos chamados polifenóis.

Mas St-Onge afirma que é difícil avaliar este ponto em estudos com seres humanos, pois os bancos de dados que mostram o teor de polifenóis de diferentes alimentos (que poderiam ser empregados para medir a quantidade de consumo por uma pessoa) podem não ser totalmente precisos.

Isso ocorre porque a quantidade de polifenóis nos alimentos varia de uma safra para outra, ano após ano, dependendo do tipo de solo, das condições do tempo e dos processos agrícolas.

O mesmo ocorre com o teor de melatonina em alimentos de origem vegetal, que também pode ser diferente, dependendo do local e da forma de cultivo.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx29v8pwejjo

Papa recorda mártires e cita a "esperança desarmada" de Ir. Dorothy Stang na Amazônia

Leão XIV na celebração em memória aos novos mártires   (@VATICAN MEDIA)

Em memória dos novos mártires, Leão XIV recorda aqueles que testemunharam “a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força fraca e mansa do Evangelho”. Assim como a Irmã Dorothy Stang, "empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: «Esta é a minha única arma».

Andressa Collet - Vatican News

Neste domingo, 14 de setembro, Festa da Exaltação da Santa Cruz para muitos cristãos do Oriente e do Ocidente, o Papa Leão presidiu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, uma celebração em memória dos novos mártires e testemunhas da fé do século XXI com a participação de representantes das Igrejas Ortodoxas, das Antigas Igrejas Orientais, das Comunhões cristãs e das Organizações ecumênicas que aceitaram o convite feito pelo Pontífice. "Aos pés da cruz de Cristo, nossa salvação, descrita como a 'esperança dos cristãos' e a 'glória dos mártires', o Papa recordou dos "audaciosos servos do Evangelho" justamente com "o olhar voltado para o Crucificado", que 'tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores':

"Muitos irmãos e irmãs, ainda hoje, por causa do seu testemunho de fé em situações difíceis e contextos hostis, carregam a mesma cruz do Senhor: como Ele, são perseguidos, condenados, mortos. [...]. São mulheres e homens, religiosos e religiosas, leigos e sacerdotes, que pagam com a vida a fidelidade ao Evangelho, o compromisso com a justiça, a luta pela liberdade religiosa onde ela ainda é violada, a solidariedade com os mais pobres. Segundo os critérios do mundo, eles foram 'derrotados'. Na realidade, como nos diz o Livro da Sabedoria: «Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade»."

A celebração contou com a presença de representantes de outras Igrejas e denominações cristãs   (@Vatican Media)

A esperança desarmada dos mártires da fé

Durante o Ano Jubilar, continuou o Papa às cerca de 4 mil pessoas presentes na basílica, celebramos "a esperança destes corajosos testemunhos de fé":

"É uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu martírio continua a difundir o Evangelho num mundo marcado pelo ódio, pela violência e pela guerra; é uma esperança cheia de imortalidade, porque, apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a sua voz ou apagar o amor que deram; é uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal. Sim, a deles é uma 'esperança desarmada'. Eles testemunharam a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força frágil e mansa do Evangelho."

Leão XIV na celebração em memória aos novos mártires   (@VATICAN MEDIA)

Leão XIV recorda Irmã Dorothy Stang morta no Pará

O Papa Leão, então, procurou dar alguns exemplos dos mártires, porque seriam muitos, já que, "infelizmente, apesar do fim das grandes ditaduras do século XX, ainda hoje não acabou a perseguição aos cristãos; pelo contrário, em algumas partes do mundo, aumentou". Ele citou o Padre Ragheed Ganni, sacerdote caldeu de Mossul, no Iraque, que renunciou à luta para testemunhar como se comporta um verdadeiro cristão; o Irmão Francis Tofi, anglicano e membro da Melanesian Brotherhood, que deu a vida pela paz nas Ilhas Salomão; e também foi ao Brasil para recordar a religiosa americana que lutou durante décadas na região amazônica contra o desmatamento e pelos direitos dos pequenos agricultores e trabalhadores:

“Penso na força evangélica da Irmã Dorothy Stang, empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: «Esta é a minha única arma».”

Dorothy Stang tinha 73 anos quando foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005. A religiosa em missão no Brasil por quase 40 anos, morreu com a Bíblia na mão. E essas mortes, disse o Papa, "não podemos, não queremos esquecer. Queremos recordar". E Leão XIV acrescentou: e "queremos preservar a memória juntamente com os nossos irmãos e irmãs das outras Igrejas e Comunidades cristãs. Desejo, portanto, reiterar o compromisso da Igreja Católica em guardar a memória dos testemunhos da fé de todas as tradições cristãs".

A Comissão para os Novos Mártires no Vaticano

O Pontífice enalteceu, assim, o trabalho desenvolvido pela Comissão para os Novos Mártires instituído pelo Papa Francisco em 2023, junto ao Dicastério para as Causas dos Santos, que colabora com o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Desde então, mais de 1600 mártires do século XXI foram reconhecidos pelo Vaticano, num testemunho que "é mais eloquente do que quaisquer palavras: a unidade vem da Cruz do Senhor".

Queridos irmãos, um pequeno paquistanês, Abish Masih, morto num atentado contra a Igreja Católica, tinha escrito no seu caderno: «Making the world a better place», «tornar o mundo um lugar melhor». Que o sonho desta criança nos incentive a testemunhar com coragem a nossa fé, para sermos juntos fermento de uma humanidade pacífica e fraterna.

A celebração foi realizada na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma   (@VATICAN MEDIA)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF