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terça-feira, 30 de setembro de 2025

História de São Jerônimo

São Jerônimo (Cruz Terra Santa)

30 de setembro

São Jerônimo

São Jerônimo foi um homem de grande cultura, era doutor nas Sagradas Escrituras, teólogo, escritor, filósofo, historiador. Foi ele quem traduziu a Bíblia pela primeira vez, do hebraico e grego para o latim, a língua falada pelo povo. Sua tradução foi chamada de Vulgata, ou seja, popular...

História de São Jerônimo

São Jerônimo nasceu na Dalmácia, hoje Croácia, no ano de 340. Sua família era rica, culta e de raiz cristã. Ele era filho único e herdou uma pequena fortuna de seus pais. Após a morte deles, Jerônimo foi morar em Roma. Lá, estudou retórica, que é a arte de falar bem, oratória, com os melhores mestres da época. Com isso, adquiriu mais cultura ainda.

Batismo

Apesar de vir de uma família cristã, São Jerônimo ainda não tinha sido batizado. Só aos vinte e cinco anos ele tomou uma decisão madura e pediu o batismo. Então, foi batizado pelo Papa Libério. Depois disso, em oração, sentiu o chamado para a vida monástica. Mas não simplesmente vida monástica. Seu chamado era para a vida monástica dedicada à oração e ao recolhimento e ao estudo. Então, ele descobriu monges que viviam na Gália, atual França, e foi morar com eles. Lá, Jerônimo formou uma comunidade com seus amigos e discípulos. Estes dedicavam-se ao estudo da Bíblia e das obras de teologia.

A vida radical de São Jerônimo

São Jerônimo tinha um temperamento forte e radical. Por isso, foi procurar o deserto. No deserto, entrava num ritmo de orações e jejuns tão rigorosos que quase chegou a falecer. Tempos depois de se fortalecer no deserto, ele foi para Constantinopla, segunda capital do império romano. Lá, onde encontrou-se com São Gregório. Este lhe mostrou o caminho do amor pelo estudo das Sagradas Escrituras.

Por isso, São Jerônimo decidiu dedicar sua vida ao estudo da Palavra de Deus, para transmitir o cristianismo em sua máxima fidelidade, ao maior número de pessoas passível. Por causa desse objetivo, e usando sua grande aptidão para aprender línguas, estudou hebraico e grego. Seu objetivo era compreender as escrituras nas suas línguas originais para transmitir um ensinamento seguro aos fiéis..

A Vulgata, primeira tradução da bíblia

A fama da cultura e sabedoria de São Jerônimo se espalhou e chegou até Roma. Por isso, o Papa Damaso o chamou e lhe deu a grandiosa missão de traduzir a Bíblia para o Latim, a língua do povo. Por isso, sua tradução foi chamada de Vulgata, ou seja, popular. O Papa queria uma tradução mais fiel possível do hebraico e do grego para o latim e que, ao mesmo tempo, o povo pudesse compreender.

São Jerônimo reunia todas as condições para fazer este trabalho. Ele se tornou, então, o secretário do Papa. Por causa disso é que temos hoje a Bíblia traduzida para o português e várias línguas. Essas traduções vieram da Tradução Popular de São Jerônimo.

São Jerônimo e os anos de trabalho árduo

Este trabalho de São Jerônimo durou muitos anos, pois ele procurava, em cada versículo, a tradução mais fiel possível, para que o povo conhecesse em profundidade as riquezas da Palavra de Deus. Por isso, a tradução de São Jerônimo se tornou a base da tradução bíblica da igreja, aprovada no Concilio de Trento. Em sua tradução, além da extrema fidelidade aos textos originais, São Jerônimo mostrou uma grande riqueza de informações sobre a história da salvação.

Mudança para Belém

Terminado esse imenso trabalho, São Jerônimo foi morar em Belém, a terra onde Jesus nasceu. Lá, viveu como monge num mosteiro fundado por Santa Paula, sua grande amiga e auxiliadora nos trabalhos de estudo e tradução da Bíblia.

Morte de São Jerônimo

São Jerônimo morreu com quase 80 anos no dia 30 de setembro do ano 420. Ele é o Padroeiro dos estudos bíblicos, dos estudiosos da Bíblia. O dia da Bíblia foi colocado no dia de sua morte. Ele escreveu: Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras, ignora o poder e a sabedoria de Deus; portanto, ignorar as Escrituras Sagradas é ignorar a Cristo.

Devoção a São Jerônimo

São Jerônimo é representado sempre escrevendo, com muitos livros à sua volta. Esta imagem, claro, faz referência ao inestimável trabalho de tradução da Bíblia que ele fez. Além disso, ele veste roupas de um monge, em referência a seus últimos anos no mosteiro de Belém. A devoção a ele chegou ao Brasil com os colonizadores. No Rio Grande do Sul há uma cidade com o seu nome.

Oração

Ó Deus, criador do universo, que vos revelastes aos homens através dos séculos pelas  Sagradas Escrituras, e levastes o vosso servo São Jerônimo a dedicar sua vida ao estudo e à meditação da Bíblia, dai-me a graça de compreender com clareza a vossa palavra quando leio a Bíblia. São Jerônimo, iluminai e esclarecei a todos os adeptos das seitas evangélicas para que eles compreendam as escrituras e se deem conta de que contradizem a religião católica e a própria Bíblia, porque eles se baseiam em princípios pagãos e supersticiosos.

São Jerônimo, ajudai-nos a considerar os ensinamentos que nos vem da Bíblia, acima de qualquer outra doutrina, já que é a palavra e o ensinamento do próprio Deus.

Fazei que todos os homens aceitem e sigam a orientação do vosso Pai expressa  nas Sagradas escrituras. Amém. São Jerônimo, rogai por nós.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-sao-jeronimo/144/102/

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

As 'florestas verticais' que estão transformando cidades

Dez anos depois da criação da primeira floresta vertical, ela continua inspirando outras construções – e promovendo a saúde e a felicidade de moradores (Crédito,Eindhoven, Holanda/Stefano Boeri Architetti)

As 'florestas verticais' que estão transformando cidades

Author: Deborah Nicholls-Lee

De BBC Culture

19 junho 2025

Em 2007, o arquiteto italiano Stefano Boeri presenciou a frenética construção de uma cidade no deserto de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O local era dominado por arranha-céus cobertos de vidro, cerâmica e metal, desperdiçando energia.

Estes materiais "refletiam a luz solar, gerando calor no ar e, principalmente, no solo urbano, onde andam os pedestres", conta ele à BBC.

A 4,8 mil km de distância, Boeri havia recém começado a trabalhar no seu novo projeto de dois edifícios muito altos, em uma área degradada no norte de Milão, na Itália.

Seu projeto convidaria a fauna e a flora a ocupar aquele deserto industrial e resfriar o ar interno e externo. Surgia um novo e radical protótipo arquitetônico, que "integra a natureza viva como parte constituinte do projeto", segundo ele.

O surpreendente resultado foi a primeira "floresta vertical" do mundo.

Inaugurado há 10 anos, o complexo Bosco Verticale de Milão, na Itália, foi a primeira floresta vertical do mundo (Crédito,Boeri Studio/ Dimitar Harizanov)

O projeto completou 10 anos e ganhou inúmeros prêmios.

Suas plantas mantidas por "jardineiros voadores" dominaram a lateral dos edifícios. Elas resfriam a temperatura em até 3ºC, já que a folhagem libera vapor d'água e filtra a luz solar.

Para comemorar o aniversário, o escritório Stefano Boeri Architetti publicou um novo livro, chamado Bosco Verticale: Morphology of a Vertical Forest ("Bosco Verticale: morfologia de uma floresta vertical", em tradução livre).

A obra inclui ensaios de especialistas examinando a intersecção entre a natureza e a arquitetura, além das imagens do fotógrafo arquitetônico Iwan Baan.

O livro acompanha a evolução do projeto e os princípios a ele incorporados.

Para a editora Rizzoli, responsável pela publicação, a obra "celebra um trabalho arquitetônico que se tornou símbolo de uma sensibilidade coletiva renovada em relação aos cuidados com o meio ambiente e o mundo vegetal".

Moradia para pessoas e pássaros

Revertendo a hierarquia arquitetônica habitual, o livro descreve a floresta vertical como "um lar para árvores e aves, que também abriga seres humanos".

A obra se baseia em textos e filosofias que a influenciaram, como o livro The Secret Life of Trees ("A vida secreta das árvores", em tradução livre), de 2006.

Escrito pelo biólogo britânico Colin Tudge, o texto explica o papel fundamental desempenhado pelas árvores nas nossas vidas, sequestrando carbono, produzindo glicose e oferecendo sombra.

Bosco Verticale também menciona a etologista britânica Jane Goodall. Ela alerta que, à medida que a população humana aumenta, "é extremamente importante que este crescimento seja acompanhado por novos incentivos para trazer o mundo natural para as cidades já existentes e para o planejamento de novos municípios".

A Floresta Vertical de Nanjing, na China, adotou os princípios do Bosco Verticale de Milão (Crédito,Stefano Boeri Architetti)

Desde a inauguração da Floresta Vertical de Milão, uma onda verde de construções ricas em plantas começou a reintroduzir a natureza nas nossas cidades – de Dubai (EAU) até Denver, nos Estados Unidos; e de Antuérpia, na Bélgica, até Arlington, no Estado americano da Virgínia.

E a primeira floresta vertical da África está programada para ser inaugurada no Cairo (Egito), ainda este ano.

Em resposta aos críticos que duvidavam da viabilidade econômica do conceito, foi inaugurada em 2021 a Floresta Vertical Trudo em Eindhoven, na Holanda – um projeto de moradias sociais com aluguel máximo orçado em 600 euros (cerca de R$ 3.830) por mês.

Senso de conexão

Em Montpellier, no sul da França, um terço dos Jardins Secretos será reservado para moradias acessíveis.

Trata-se de uma empreitada comercial reflorestada, com projeto da Vincent Callebaut Architectures, sediada na capital francesa, Paris. A inauguração deve ocorrer ainda este ano.

Integrando práticas como telhados verdes e reciclagem de água, os Jardins Secretos também "combatem a crise climática restaurando a conexão entre o ser humano e a natureza", conta Vincent Callebaut à BBC.

"Transformando os moradores em jardineiros urbanos e as fachadas em sifões de carbono, esta construção demonstra que a ecologia não é uma restrição, mas uma filosofia de estilo de vida", explica ele.

O edifício Tao Zhu Yin Yuan em Taipei (Taiwan), com 21 andares, foi inaugurado em 2024 (Crédito,BES Engineering)

O poder que estas extraordinárias estruturas têm de alterar a vida e o sentimento das pessoas é fundamental para o seu projeto.

Um dos planos mais recentes da Vincent Callebaut Architectures é a Árvore do Arco-Íris, em Cebu, nas Filipinas. O projeto é inspirado nas cores psicodélicas da casca do eucalipto-arco-íris, nativo da região.

A "árvore" exige a colaboração dos moradores de cada um dos seus 300 apartamentos, para manter sua flora exuberante. Tudo isso, aliado às estufas compartilhadas e colmeias urbanas, ajuda a "incentivar os laços sociais", segundo Callebaut, criando um senso de comunidade e conexão.

Esta noção de que os projetos biofílicos (baseados na conexão inata entre os seres humanos e a natureza) podem afetar positivamente o nosso bem-estar é confirmada por recentes pesquisas.

Um estudo realizado pela Universidade de Wageningen, na Holanda, concluiu que as plantas em um ambiente de trabalho não só o tornam mais atraente, mas também aumentam a satisfação dos funcionários.

Os profissionais também observaram que as plantas melhoram a qualidade do ar e que eles relatam menos problemas de saúde.

No País de Gales, um estudo que durou 10 anos observou a incidência de ansiedade e depressão em 2,3 milhões de registros médicos.

O estudo associou o maior índice de verde na vizinhança a 40% menos ansiedade e depressão do que entre as pessoas que moravam nas áreas com menos vegetação.

As pessoas das áreas mais pobres apresentaram maiores benefícios e o acesso a espaços verdes e água reduziu o risco de ansiedade e depressão em 10%, contra 6% nas áreas mais ricas.

O Tao Zhu Yin Yuan, em Taiwan, possui varandas giratórias, que otimizam o uso da luz solar (Crédito,BES Engineering)

Por isso, não é surpresa que novos hospitais estejam adotando os conceitos biofílicos.

O Hospiwood 21 em La Louvière, na Bélgica, é outro projeto de Callebaut.

A construção, segundo o arquiteto, "incorpora florestas verticais terapêuticas, usando plantas para reduzir o estresse do paciente e promover a recuperação". Ela inclui um interior biofílico relaxante, repleto de plantas em cascata.

Na Itália, o novo Hospital Policlínico de Milão, projetado por Stefano Boeri, incluirá um telhado verde com mais de 7 mil metros quadrados.

Para Boeri, a biofilia faz parte do remodelamento das instalações de saúde.

Ela "abre uma nova perspectiva sobre a reabilitação, indo além do conceito tradicional de construção destinada ao simples cuidado dos pacientes a longo prazo, passando a ser um verdadeiro espaço de interação e bem-estar, em contato próximo com a natureza".

De fato, os ramos verdes do projeto biofílico estão se espalhando por uma imensa variedade de construções.

O Aeroporto Jewel Changi, em Cingapura, é um complexo de lazer e varejo com 10 andares.

Aberto para passageiros e visitantes desde 2019, ele abriga verdejantes florestas internas que incluem 1,4 mil árvores, além da cascata interna mais alta do mundo, com 40 metros.

Na capital holandesa, Amsterdã, o interior de bambu sustentável do Hotel Jakarta, fundado em 2018, inclui um jardim tropical no seu átrio central.

Regado pela água da chuva que vem do telhado, ele avança rapidamente em direção ao seu teto de 30 metros de altura.

A uma hora de distância, em Roterdã, também na Holanda, um telhado verde, quase 40 metros acima do nível do solo, coroa o The Depot, um armazém acessível ao público que abriga a vasta coleção de arte do Museu Boijmans van Beuningen, na forma de um caldeirão gigante espelhado.

Além de levantar o nosso ânimo, as florestas em arranha-céus podem desempenhar papel importante no combate às mudanças climáticas.

O edifício Tao Zhu Yin Yuan, em Taipei (Taiwan), é outro projeto de Vincent Callebaut – uma torre de 21 andares em formato de hélice dupla de DNA, inaugurada em 2024.

Suas 23 mil plantas absorvem cerca de 130 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. E seu efeito de resfriamento da fachada reduz a necessidade de ar-condicionado em 30%.

O edifício possui sacadas giratórias para maximizar a exposição à luz solar e suas chaminés de ventilação centrais refletem o interesse de Callebaut pelo biomimetismo, a emulação dos sistemas da natureza para fornecer soluções para os problemas humanos.

As chaminés funcionam como pulmões. Elas retiram o ar na sua base e o purificam, para expelir no topo.

O Bosco Verticale mantém o ambiente dos seus moradores refrigerado e serve de moradia para os pássaros, além dos seres humanos (Crédito,Boeri Studio/ Giovanni Nardi)

Muito mais altas do que largas, as florestas verticais também minimizam a vedação do solo, liberando espaço para a natureza e reduzindo o risco de enchentes.

"Meus projetos incorporam a visão de que as cidades não são mais problemas para o clima, mas sim soluções vivas", afirma Callebaut.

Longe de ser "um obstáculo ou complemento ornamental", a natureza é o princípio orientador do projeto.

Os edifícios, agora, servem de "árvores habitadas", segundo ele, "que absorvem dióxido de carbono, produzem energia e abrigam biodiversidade".

Os edifícios biofílicos ajudam a combater duas graves crises dos nossos tempos – o aquecimento global e o declínio da saúde mental – e já são considerados parte de cidades totalmente reflorestadas.

Em Liuzhou, na província chinesa de Guangxi (uma das regiões mais atingidas pelo smog — nevoeiro contaminado por fumaça — do mundo), a Cidade da Floresta é um projeto futurista de Stefano Boeri.

Ela irá abrigar cerca de 30 mil moradores e gerar toda a sua energia. O projeto foi aprovado e aguarda construção.

Já a Cidade da Floresta Inteligente de Cancún, no México, pretende proibir veículos movidos a combustão. Ela é outro projeto do mesmo arquiteto, que aguarda licença para iniciar a construção.

De volta a Milão, o edifício que começou tudo, com seus painéis solares no telhado, sem dúvida é como uma árvore, que recebe a energia solar e retira a água do solo.

"A natureza não é algo que existe em um passado imemorial", segundo o escritor e filósofo Emanuele Coccia, no livro. "Ela é e sempre será o nosso futuro tecnológico."

Para Boeri, as florestas verticais gêmeas criadas por ele em Milão não são apenas edifícios, mas "um manifesto político" com "uma mensagem simples e popular: a natureza viva precisa voltar a habitar os espaços concebidos para os seres humanos. Nem mais, nem menos."

O livro Bosco Verticale: Morphology of a Vertical Forest foi editado pela Stefano Boeri Architetti e publicado pela editora Rizzoli.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cql2pd1reqro

Celebrar os Arcanjos é celebrar o amor de Deus por toda criação

Steve estvanik | Shutterstock

Padre Reginaldo Manzotti - publicado em 27/09/22 - atualizado em 29/09/25

O amor de Deus é maior do que pensamos, e Ele não nos deixa sozinhos nesta batalha contra o inimigo.

O mês de setembro, que é rico na espiritualidade, ainda nos reserva o dia dos Arcanjos de Deus, em 29 de setembro. Celebrar os Arcanjos é como uma festa no Céu e na Terra, celebrar o amor de Deus por toda criação.

Na passagem do Evangelho quando Jesus vê Natanael e diz “eu te vi debaixo da figueira”, Ele está querendo dizer Natanael, (e diz para mim e para você Maria, João, Reginaldo...) você está maravilhado porque eu te vi, eu te vejo sempre, eu te vejo na hora que você deita, quando você fuxica, fala mal dos outros, rouba. Eu vejo tudo, nada escapa do meu olhar. Você pode se esconder dentro de um cofre de aço que eu te vejo. Você está maravilhado com isto, mais maravilhado ficará quando vir o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre filho do homem (cf. Jo 1,47-51).

Menciono ainda outro texto, Êxodo 23, 20-21: “Eu vou enviar um Anjo diante de ti, para que te proteja no caminho e te conduza até o lugar que te preparei. Respeita-o e escuta sua voz”. Então, quer dizer que anjos realmente existem? Sim, todos nós temos nosso Anjo da Guarda. Existem Arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel, as potestades celestes, do bem e do mal (cf. Ef 6,10-12), porque é a batalha a que somos chamados a travar.

São Miguel

São Miguel é o grande chefe da milícia celeste. Seu nome em forma de pergunta: quem é igual a Deus? Seria porque quando o anjo decaído Lúcifer, inflamado pelo orgulho, quis ser igual a Deus, o Arcanjo perguntou com voz forte: "Quem é igual a Deus?"

Quem dera tivéssemos a coragem de dizer: “São Miguel põe teu pé de Arcanjo sobre o homem velho que há dentro de mim, o homem mesquinho; põe teu pé nas minhas intenções erradas, no meu pensar equivocado; coloque o pé sobre os inimigos da minha família; coloque o pé e amasse a cabeça do Diabo que tenta a minha vida”.

São Rafael

São Rafael, cujo nome deste Arcanjo vem do hebraico Rafa, sinônimo de cura, e El, que significa Deus. "Cura de Deus" ou "Curador divino" “Medicina de Deus”. Citado no Livro de Tobias, como seu companheiro de viagem (cf. Tb 5,16). Enviado por Deus para curar Tobit, pai de Tobias e livrar Sara do demônio, Rafael se revela como um dos sete espíritos que assistem ao Trono de Deus (cf. Tb 12,11-15). É considerado o Anjo da Providência, que nos conduz pelos caminhos certos e cura os males do corpo e da alma.

São Gabriel

São Gabriel é o “emissário do Senhor”, seu nome significa Força de Deus. É um dos Anjos que está sempre na presença de Deus (Lc 1,19). Foi ele quem disse a Zacarias que sua oração fora ouvida, que Isabel, sua mulher, lhe daria um filho, e deveria se chamar João (cf. Lc 1,8-20). Porém, sua mais nobre missão foi a de anunciar à Virgem Maria, o maior acontecimento da história da humanidade: a encarnação em seu seio, do Verbo de Deus. (Lc 1,26-38). Por sua missão estar relacionada tanto no Antigo como no Novo Testamento com a vinda do Salvador, São Gabriel é conhecido como Arcanjo da Redenção.

Queridos filhos e filhas, o amor de Deus é maior do que pensamos e Ele não nos deixa sozinhos nesta batalha. Não tenham medo, tomem as armas da luz. Não tenham medo do que o Inimigo de Deus pode fazer em nós, na humanidade. Deus nos deu tudo para que nos levantemos. Arcanjos do Senhor venham em nosso auxílio. Amém.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2022/09/27/celebrar-os-arcanjos-e-celebrar-o-amor-de-deus-por-toda-criacao/

A parábola do homem rico e do pobre Lázaro em Santo Ambrósio

O rico e Lázaro (YouTube)

A PARÁBOLA DO HOMEM RICO E DO POBRE LÁZARO EM SANTO AMBRÓSIO

27/09/2025

por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá

 Jesus contou para os seus discípulos a parábola do homem que tinha muitas riquezas, e de uma pessoa muito pobre, Lázaro (cfr. Lc, 16,19-31). Os dois estavam próximos e ao mesmo tempo distantes. O Senhor quis dizer que a vida eterna ou a condenação eterna iniciam neste mundo e no julgamento após a morte as coisas se darão conforme a vida vivida neste mundo. A seguir veremos nós a interpretação dada por Santo Ambrósio, Bispo de Milão no final do século IV.

A vestimenta de púrpura

A parábola colocou a realidade de uma pessoa com muitas riquezas e outra com a pobreza. A pessoa rica se vestia de púrpura, de modo a ter mundanas delícias. A pessoa se aproveitava destas situações não se importando com a vida das pessoas, sobretudo das pessoas mais necessitadas. Ela estava no deleite das realidades presentes, parecendo que tudo andasse bem[1]. Mas nesse caso ele só vivia para ele, não se importando com a vida das outras pessoas.

A figura do pobre

Lázaro era pobre, buscando sempre ajudas mas estas foram negadas pela pessoa rica. A pessoa que tinha mais condições para ajudar a pessoa pobre ficou indiferente às suas solicitações. Segundo Santo Ambrósio era ele pobre neste mundo, mas era rico diante de Deus[2]. Ele era pobre em palavra, mas era rico na fé (cfr. Tg 2,5), no amor.

A fé de Lázaro

Santo Ambrósio afirmou que a passagem da Sagrada Escritura aludiria a fé de Lázaro e que foi rejeitada da mesa do rico. Suas feridas sem dúvida horrorizaram o desgostoso rico porque em meio aos seus suntuosos banquetes, na companhia de perfumados convivas certamente não tolerava o mau cheiro daquelas feridas, enquanto os cães as lambiam, porque para o rico o odor do ar da própria natureza proporcionava repugnância[3].

Alheios à condição humana

A parábola colocou insolência e a altivez da pessoa rica traduzida em sinais apropriados, pois ela era de maneira alheia à condição humana, indiferente ao sofrimento do pobre, como se estivesse situado acima da natureza humana, encontrando nas misérias dos pobres, incentivos a seus prazeres, chegando a rir do miserável, insultar o faminto e despojar-se daqueles de quem conviria apiedar-se com amor[4].

A comida do pão e a evangelização dos pagãos

Certamente Lázaro não teve a graça da comida do pão material. Ele a terá do pão espiritual, a vida eterna com o Senhor Jesus. Santo Ambrósio colocou um ponto importante da evangelização dos povos pagãos, a sua vocação, sendo como que as feridas lambidas pelos cães: “Voltarão ao entardecer, e terão fome como cães”(Sl 58,15). Ou mesmo como o reconhecimento do mistério da cananeia quando o Senhor disse para ela que “Ninguém toma o pão dos filhos e o lança aos cães”(Mt 15,26). A mulher cananeia afirmou que os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos (cfr. Mt 15,27). Estas migalhas são do pão que é o Verbo, e a fé no Verbo, as migalhas como pontos fundamentais da doutrina da fé em Jesus. Por isso Jesus disse para ela que grande era a sua fé (cfr. Mt 15,28)[5].

Louvor às coisas

Santo Ambrósio louvou as situações de vida do pobre Lázaro, no sentido que aquelas feridas impediram uma dor perpétua como a pessoa que estava na riqueza. As migalhas seriam especiais, pois elas repeliram um sempiterno jejum que seriam após a morte cumulados de eternos alimentos. As migalhas eram as palavras das Escrituras, que dão vida e salvação às pessoas[6]. Santo Ambrósio colocou a pobreza como sinal de confiança dos pobres em Deus, de libertação para uma vida digna, como as bem-aventuranças tem presentes (cfr. Lc 6, 20).

O grande abismo

Entre o rico e o pobre, houve um grande abismo, porque após a morte os méritos ou os sofrimentos não puderam mudar-se de modo que o pobre estava no seio de Abraão, na felicidade e o rico foi colocado no inferno, desejoso de haurir, buscar no patriarca e nele uma brisa refrescante (cfr. Lc 16,22-24)[7]. O valor da água é importante porque ela é também o refrigério da alma posta entre dores, na qual o profeta Isaias afirmou que brotará água com deleite das fontes da salvação (cfr. Is 12,3). Existe segundo o Bispo de Milão a tortura antes do julgamento porque para o luxurioso carecer de delícias seria uma pena tendo presentes as palavras do Senhor que haverá choro e ranger de dentes, quando as pessoas virem Abraão, Isaac e Jacó e todos os profetas no Reino de Deus (cfr. Lc 16,9)[8].

Ser mestre

A parábola quer ensinar às pessoas, o valor da partilha, a busca pelo bem, pela paz e o amor entre as pessoas com Deus, para ser mestre em Deus. A situação foi contrária à pessoa rica, quando tinha um tempo para aprender, para viver o amor, mas ela se fechou aos sofrimentos das pessoas. A passagem da Escritura quis colocar pelo ensinamento do Mestre Jesus que o Antigo Testamento era o fundamento da fé, da esperança e do amor, até a sua vinda, sendo desta forma, o cumpridor das Escrituras. O ensinamento fundamental da parábola é a doação das coisas para as pessoas mais necessitadas em vida, doar aos pobres[9], os prediletos do Reino dos céus (cfr. Lc 6,20).

 ________________

[1] Cfr. Comentário ao Evangelho de São Lucas, Livro 8 (Lc 16,14-19,27), 13. In: Santo Ambrósio. São Paulo: Paulus, 2022, pg. 513.

[2] Cfr. Idem, pg. 514.

[3] Cfr. Ibidem, 14.

[4] Cfr. Ibidem, pgs. 514-515.

[5] Cfr. Ibidem, 15, pg. 515.

[6] Cfr. Ibidem.

[7] Cfr. Ibidem, 18, pg. 517.

[8] Cfr. Ibidem.

[9] Cfr. Ibidem, 19-20, pg. 517.

Fonte: https://cnbbn2.com.br/

“Esta é a tua mãe”: Maria em nosso caminho para a santidade

Combate, proximidade e missão (Opus Dei)

“Esta é a tua mãe”: Maria em nosso caminho para a santidade

Como as mães costumam fazer, Maria passa à nossa frente no caminho. Ela advinha aquilo de que necessitamos, e o prepara para nós, muitas vezes de modo tão discreto que nem sequer percebemos.

26/09/2025

“Esta é a tua mãe” (Jo 19, 27). Quando Jesus, agonizante na cruz, dizia isso a São João e a Santa Maria, estava revelando a eles algo muito profundo, real: uma dessas “coisas que estavam ocultas desde a criação do mundo” (Mt 13, 35). Jesus não lhes estava dando títulos honoríficos: Maria é realmente nossa Mãe, e nós somos seus filhos.

“A maternidade de Maria, através do mistério da Cruz, deu um salto impensável: a mãe de Jesus tornou-se a nova Eva, porque o Filho a associou à sua morte redentora, fonte de vida nova e eterna para cada homem que vem a este mundo”[1]. Naquele momento solene e doloroso, Jesus mostra até onde chega o dom infinito que nos concedeu ao encarnar. Deus não faz as coisas pela metade: onde entra, vai até o fim. Entrou em nossa humanidade e a preencheu com suas bênçãos; e dentre elas uma das maiores é a de sermos, com Ele, filhos daquela que é bendita entre todas as mulheres (cf. Lc 1, 42).

Assim como seria um equívoco ver na Ascensão um Jesus que se afasta, e reduzir os sacramentos a um consolo para essa distância, seria também equivocado pensar que, depois da Assunção de Maria aos céus, sua presença maternal não fosse a mesma de quando vivia nesta terra. “Maria é elevada em corpo e alma à glória do céu e com Deus e em Deus é rainha do céu e da terra. Porventura, está tão distante de nós? É verdadeiro o contrário. Precisamente porque está com Deus e em Deus, está pertíssimo de cada um de nós. Quando estava na terra podia somente estar perto de algumas pessoas. Estando em Deus, que está próximo de nós, que está no ‘interior’ de todos nós, Maria participa nesta aproximação de Deus. Estando em Deus e com Deus, está perto de cada um de nós, conhece o nosso coração, pode ouvir as nossas orações, pode ajudar-nos com a sua bondade materna”[2].

O Evangelho nos conta poucos detalhes da vida de nossa Mãe, mas cada um deles está carregado de sentido para seus filhos: cada um é uma janela pela qual podemos ver a sua vida e a sua pessoa, para amá-la mais e para saber-nos cada vez mais seus filhos. Ao meditar nestas passagens, podemos descobrir em Nossa Senhora três atitudes fundamentais: Maria acolhe Cristo, contempla-o e o entrega. E, nessa proximidade de Deus, ela exerce agora sua maternidade levando-nos por esse mesmo caminho: com Maria vamos, e voltamos a Jesus[3]. E, com ela também, nós o levamos a todos.

Assim é, e assim seja

Naquele dia aparentemente igual aos outros, em Nazaré, Santa Maria não podia imaginar até que ponto o seu fiat iria se converter no maior ato de fé e de obediência da história. O verbo com que Maria responde ao anjo, e que se traduz como fiat ou “faça-se”, aparece no original grego de São Lucas (génoito) em um modo verbal que expressa a urgência do coração para que algo aconteça (cf. Lc 1, 38). De fato, porém, nossa Mãe não disse nem fiat nem génoito. A palavra que, nos lábios de Maria, corresponderia mais exatamente a essa expressão é “amém”. Um judeu dizia isso quando queria dizer a Deus “sim, assim seja”. A raiz desta palavra hebraica significa solidez, convicção interior: confirma o que foi dito como palavra firme, estável, vinculante. Sua tradução exata é: “Assim é e assim seja”[4].

A acolhida de Maria não se reduz a um instante isolado em sua vida: trata-se de uma disposição constante. Desde a visita do anjo até a cruz, seu coração permanece atento à vontade de Deus. “Toda sua vida foi uma peregrinação de esperança junto ao Filho de Deus e seu; uma peregrinação que, através da cruz e da ressurreição, fê-la alcançar a pátria, o abraço de Deus”[5]. Quantas vezes o Senhor nos pede, também a nós, coisas que necessitam de nosso pessoal “Amém, faça-se em mim segundo tua palavra”. Quantas vezes Ele está nos esperando com os braços abertos, como um pai que se agacha e chama seu filho pequeno. Deixamos que Ele entre sem reservas em nossos pensamentos, em nossas decisões e em nossas ações? Deixamo-nos abraçar por Ele?

Não é por acaso que, ao receber o corpo eucarístico de Cristo respondamos “Amém”: assim como Maria acolheu o Verbo para que se fizesse carne em seu seio, nós também o acolhemos para que cresça e viva em nós. “Há, pois, uma analogia profunda entre o fiat pronunciado por Maria às palavras do Anjo e o amém que cada fiel diz quando recebe o corpo do Senhor”[6]. Vamos recebê-lo com ela, com a “pureza, humildade e devoção” com que nossa mãe o recebeu naquela primeira vez, e sempre.

Unir tudo no coração

A contemplação é outra das atitudes fundamentais na vida de Maria, e nossa Mãe também quer nos levar por esse caminho. “Ser contemplativo não depende dos olhos, mas do coração. E nisto entra em jogo a oração, como um ato de fé e amor, como “respiração” da nossa relação com Deus”[7] Nos Evangelhos, Maria pronuncia muito poucas palavras em comparação com o papel que tem nos diferentes episódios. Desde a visita dos pastores em Belém até a cruz, Maria guarda e medita em seu coração os mistérios de seu Filho (Lc 2, 19).

No silêncio de Nazaré, na oração em Caná, durante a vida pública, vemos uma Mãe que medita, que observa e que se deixa transformar pela presença de Jesus. No caminho rumo ao Calvário é fácil imaginar o encontro entre a Mãe e o Filho, quando “com imenso amor, Maria olha para Jesus, e Jesus olha para sua Mãe; os olhos de ambos se encontram, e cada coração derrama no outro a sua própria dor”[8]. E na manhã luminosa da Ressurreição, inundada pela glória do Ressuscitado, ela antecipa o resplendor da Igreja[9], que vive também em “seus membros frágeis (...). Muitos deles são mulheres, como a idosa Isabel e a jovem Maria; mulheres pascais, apóstolas da ressurreição”[10].

O olhar contemplativo, essa “respiração” da alma, permite-nos ir compreendendo pouco a pouco o sentido do que acontece em nossa vida, e o que Deus espera de nós. “É isso que o Evangelho exprime no olhar de Maria, que olhava com o coração.(...) No Evangelho, a melhor expressão do que pensa o coração é oferecida por duas passagens de São Lucas que nos dizem que Maria ‘guardava (synetérei) todas estas coisas, ponderando-as (symbállousa) no seu coração’ (cf. Lc 2, 19.51). (...) e o que ela guardava não era apenas ‘a cena’ que via, mas também o que ainda não compreendia, conservando-o presente e vivo, na esperança de unir tudo no seu coração”[11].

Como filhos pequenos que, às vezes, não conseguem realizar uma tarefa difícil, podemos contar sempre com nossa Mãe para que nos guie neste caminho da contemplação. “Maria fala conosco, fala a nós, convida-nos a conhecer a palavra de Deus, a amar a palavra de Deus, a viver com a palavra de Deus, a pensar com a palavra de Deus”[12]. Se deixarmos que nos tome pela mão, ela nos dará paciência com as coisas que não entendemos, e irá nos ajudar a ir unindo os pontos aparentemente desconexos, como nesses desenhos em que a figura só aparece no final de um paciente traçado.

Sempre entregando a Jesus

Desde o princípio de sua vocação materna, Maria entende que Jesus é um tesouro para compartilhar com todos: o Senhor fez “grandes coisas” nela (Lc 1, 49). Não para sua glória pessoal, mas para o bem da humanidade inteira. A alegria do Magnificat reflete uma profunda experiência de filiação divina: Maria percebe o imenso amor do Pai, que se inclina sobre ela, confiando-lhe o que tem de maior, o Filho amado. Ela se descobre cheia de Deus, do amor de Deus, mais do que nenhum outro ser humano antes e depois dela. E essa abundância a impele a levar todos a Jesus.

Maria está sempre entregando o seu Filho: oferece-o, criança, aos pastores e aos Magos (cf. Lc 2, 16-20; Mt 2, 10-11); coloca-o nos braços de Simeão e Ana (cfr. Lc 2, 25-38); deixa-o tão “solto” que até o perde em Jerusalém; “provoca” o milagre em Caná, e coloca cada um à escuta do que Ele nos diga (cf. Jo 2, 3-5); deixa que Jesus se ocupe de sua missão, embora os parentes reclamem (cf. Mt 12, 46-50); aceita a vontade do Pai e, ao pé da cruz, entrega-se com Jesus à humanidade inteira (cf. Jo 19, 25). E é fácil imaginar as conversas, repletas de Jesus, que ela teria com os discípulos depois da Ascensão... As mesmas que deseja ter conosco, e com todos os que, como o discípulo amado, a acolhem em sua casa e em suas coisas (cf. Jo 19, 27).

Cada um é filho a seu modo

Certa vez, São Josemaria recordava uma visita que fez a Sevilha em uma Semana Santa: “Saí para a rua quando as confrarias já se encontravam lá... E quando vi toda aquela gente, aqueles homens piedosos na procissão que iam acompanhando a Virgem, pensei: isto é penitência, isto é amor. Era muito bonito. Depois, quando vi...não sei qual altar era, não recordo qual imagem da Virgem... As joias, as luzes, eram o de menos... O importante era o amor, os cantos típicos, os galanteios: tudo! Eu estava lá, olhando-a, e comecei a fazer oração.... Fui à lua. Vendo aquela imagem da Virgem tão linda, nem percebi que estava em Sevilha, nem na rua. E alguém me tocou no ombro. Voltei-me e vi um homem do povo, que me disse: ‘Senhor cura, esta não vale ná: a nossa é a que vale!’ De início quase me pareceu uma blasfêmia. Depois pensei: ele tem razão; quando eu mostro fotografias de minha mãe, embora goste de todas, também digo: esta, esta é boa”[13].

Cada um de nós pode ter uma foto “boa” de sua Mãe celestial: não se trata necessariamente de uma imagem, mas sim de um modo muito pessoal de falar-lhe, de amá-la, de confiar a ela o que nos enche o coração. “Cada cristão pode, olhando para trás, reconstruir a história de suas relações com a Mãe do Céu. Uma história na qual há datas, pessoas e lugares concretos, favores que reconhecemos como vindos de Nossa Senhora, e encontros carregados de um sabor especial. Percebemos que o amor que Deus nos manifesta através de Maria tem toda a profundidade do divino, e ao mesmo tempo, a familiaridade e o calor próprios do que é humano”[14].

Como as mães costumam fazer, mas de um modo ainda mais sutil, Maria se adianta a nós no caminho. Ela adivinha do que necessitamos, e o prepara, muitas vezes de modo tão discreto que nem sequer percebemos. E embora fique muito feliz que lhe agradeçamos esses cuidados de mãe, não deixa de cuidar de nós, mesmo que não o façamos. Santa Maria, sabemos que você o fará, mas nos faz tanto bem pedir outra vez: iter para tutum, prepare-nos um caminho seguro.


[1] Leão XIV, Homilia, 9/06/2025.

[2] Bento XVI, Homilia, 15/08/2005.

[3] Cfr. São Josemaría, Caminho, n. 495

[4] Cfr. R. Cantalamessa, L’anima di ogni sacerdozio, Ancora, Milão 2014, p 53.

[5] Leão XIV, Ângelus, 15/08/2025.

[6] São João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, n. 55

[7] Francisco, Audiência, 5/05/2021.

[8] São Josemaria, Via Sacra, 4ª estação

[9] Cfr. Sedulio, Carmen paschale, 5, 358-364

[10] Leão XIV, Homilia, 15/08/2025

[11] Francisco,Dilexit nos, n. 19

[12] Bento XVI, Homilia, 15/08/2005

[13] Palavras de São Josemaria que constam em A.Sastre, Tempo de Caminhar, Quadrante.

[14] São Josemaria, “Recuerdos del Pilar, em Escritos Vários: Edicción crítico-histórica, Rialp, Madri 2018, p 275.

https://opusdei.org/pt-br/article/esta-e-a-tua-mae-maria-em-nosso-caminho-para-a-santidade/

O Papa: diálogo entre culturas e religiões, objetivo para um político de inspiração cristã

O Papa com os membros do Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso  (@Vatican Media)

Ao receber o Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso, no Vaticano, Leão XIV destacou que "ser homens e mulheres de diálogo significa permanecer firmemente arraigados no Evangelho e nos valores que vem dele e, ao mesmo tempo, cultivar a abertura, a escuta e o envolvimento com aqueles que vêm de outras inspirações, colocando sempre no centro a pessoa humana, sua dignidade e sua constituição relacional e comunitária".

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta segunda-feira (29/09), no Vaticano, os membros do Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso.

Este grupo foi criado dentro do Parlamento Europeu, uma iniciativa que Leão XIV espera que dê frutos. Trata-se de pessoas que deram um bom testemunho na promoção desse diálogo.

Promover o diálogo entre culturas e religiões é um objetivo fundamental para um político de inspiração cristã, e graças a Deus não faltam pessoas que deram bom testemunho neste sentido.

Segundo o Papa, "ser homens e mulheres de diálogo significa permanecer firmemente arraigados no Evangelho e nos valores que vem dele e, ao mesmo tempo, cultivar a abertura, a escuta e o envolvimento com aqueles que vêm de outras inspirações, colocando sempre no centro a pessoa humana, sua dignidade e sua constituição relacional e comunitária".

Trabalhar para o diálogo inter-religioso exige reconhecer que a religião é um valor tanto pessoal quanto social. A própria palavra "religião" contém uma referência ao vínculo como elemento fundamental do ser humano. Portanto, a dimensão religiosa, quando autêntica e bem cultivada, dá qualidade às relações interpessoais e ajuda muito a formar as pessoas para viverem em comunidade e na sociedade. Como é importante hoje dar valor e significado às relações humanas!

De acordo com o Papa, "as instituições europeias precisam de pessoas que saibam viver uma laicidade saudável, isto é, um estilo de pensamento e ação que afirme o valor da religião, preservando a sua distinção – e não a separação ou confusão – em relação à esfera política". "Neste sentido, os exemplos de Robert Schuman, Konrad Adenauer e Alcide De Gasperi valem mais do que as palavras", concluiu Leão XIV, agradecendo aos membros do Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso pela visita.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 28 de setembro de 2025

Papa Leão deve publicar em breve sua primeira Exortação Apostólica

FILIPPO MONTEFORTE | AFP

Paulo Teixeira - publicado em 26/09/25

Primeiro texto magisterial do pontífice dá continuidade ao pensamento do Papa Francisco.

O Papa Leão XIV, que assumiu o pontificado após a morte de Francisco, prepara seu primeiro grande documento, fontes indicam que ainda em setembro a carta deve ser publicada.  Sob o formato de uma exortação apostólica,  que é uma orientação do pontífice aos católicos, deverá estar focada nas necessidades dos pobres, dando continuidade ao trabalho iniciado por seu antecessor. 

O texto pode ser intitulado "Dilexit Te", em homenagem à encíclica "Dilexit Nos", de Francisco. A última encíclica do Papa Francisco tinha o título traduzido como “amou-nos” e falava sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. Já a do Papa Leão, pode ter o nome no singular, “amou-te”. 

O novo pontífice fala frequentemente sobre o cuidado com os pobres, tendo mencionado o tema durante as canonizações de Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis. Recentemente, Leão XIV almoçou em Castel Gandolfo com mais de 100 pessoas assistidas pela Cáritas. Na ocasião, ele declarou: “Encorajo-vos a não distinguir entre aqueles que assistem e aqueles que são assistidos, entre aqueles que parecem dar e aqueles que parecem receber [...] Somos a Igreja do Senhor, uma Igreja dos pobres, todos preciosos”. 

Além do documento sobre os pobres, o Papa também planeja uma encíclica social para 2026, com foco na inteligência artificial. Inspirado em Leão XIII, autor da encíclica social histórica Rerum Novarum, o texto buscará refletir sobre a dignidade humana, a justiça e o trabalho diante dos desafios da nova tecnologia. Novo pontífice se inspira em Leão XIII, conforme ele mesmo explicou para abordar o mundo digital e a defesa da dignidade humana no trabalho. 

A publicação dos documentos sugere que o pontificado de Leão XIV terá um olhar tanto para a tradição da doutrina social da Igreja quanto para os desafios do século 21, unindo a atenção aos marginalizados com as questões tecnológicas do futuro.  

"Coisas novas" - A Igreja que se renova - uma releitura do documento de 1891

Passados 134 anos da publicação da encíclica "Rerum Novarum", o Papa Prevost dá os primeiros passos para uma releitura do documento, adaptada aos tempos atuais. Ao assumir o nome de Leão, o pontífice sinalizou a intenção de seguir o caminho traçado por Leão XIII e de usar o patrimônio da Doutrina Social da Igreja para responder a uma nova revolução industrial: o desenvolvimento da inteligência artificial

Em um encontro com cardeais no dia 10 de maio, Leão XIV explicou sua escolha de nome, destacando a necessidade de a Igreja responder aos novos desafios que o mundo digital traz para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho. 

A “Rerum Novarum”, documento promulgado por Leão XIII em 15 de maio de 1891, abordou a "questão social" no contexto da primeira grande revolução industrial. Ao reler a encíclica, que se focava nas condições das massas operárias, a Igreja pode projetar o que está sendo chamado de  

A nova encíclica, seguindo os passos de Leão XIII, considerará a questão do trabalho e dos direitos dos trabalhadores à luz das profundas mudanças trazidas pelas novas tecnologias. 

Apesar de ter sido escrita no final do século XIX, a mensagem da "Rerum Novarum" transcende o tempo. Leão XIII argumentou que a verdadeira vida do ser humano é a vida do "mundo vindouro" e que o uso correto ou incorreto dos bens materiais é o que importa para a felicidade eterna. Essa mensagem, segundo o Vaticano, continua a ressoar na era digital. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/26/papa-leao-deve-publicar-em-breve-sua-primeira-exortacao-apostolica/

Leão XIV: o catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida

Santa Missa e Angelus, 28/09/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Em sua homilia na missa do Jubileu dos Catequistas, Leão XIV recordou que os "catequistas são aqueles discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas". Destacou que "os primeiros catequistas são os pais, aqueles que primeiro nos falaram e nos ensinaram a falar". O Papa recordou que "às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração".

https://youtu.be/yxfWgayX2lg

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Leão XIV presidiu a missa do Jubileu dos Catequistas, neste domingo, 28 de setembro, XXVI do Tempo Comum, na Praça de São Pedro, em que instituiu 39 ministros da catequese. A celebração contou com a presença de cinquenta mil pessoas que estavam na Praça São Pedro e adjacências.

O Pontífice iniciou sua homilia, recordando que "as palavras de Jesus nos falam de como Deus olha para o mundo, em todos os tempos e lugares". No Evangelho deste domingo, os olhos do Senhor observam "um pobre e um rico, quem morre de fome e quem se banqueteia diante dele, as vestes elegantes de um e, do outro, as chagas que os cães lambiam". "Mas não só", disse ainda o Papa Leão: "O Senhor vê o coração dos homens e, através dos seus olhos, nós reconhecemos um indigente e um indiferente".

O Papa incensa a imagem brasileira de Nossa Senhora de Montserrat na missa do Jubileu dos Catequistas   (@Vatican Media)

Segundo o Papa, "Lázaro é esquecido por quem está à sua frente, mesmo à porta de casa, no entanto Deus está perto dele e lembra-se do seu nome. Não tem nome, porém, o homem que vive na abundância, porque se perde a si mesmo, esquecendo-se do próximo. Está perdido nos pensamentos do seu coração, cheio de coisas, mas vazio de amor. Os seus bens não o tornam bom".

“A história que Cristo nos conta infelizmente é muito atual. Às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração. Com o passar dos séculos, parece que nada mudou: quantos Lázaros morrem diante da ganância que esquece a justiça, do lucro que espezinha a caridade, da riqueza cega diante da dor dos pobres!”

"No entanto, o Evangelho assegura que os sofrimentos de Lázaro têm um fim. As suas dores terminam, tal como terminam os festins do rico, e Deus faz justiça a ambos: «O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado». Sem se cansar, a Igreja anuncia esta palavra do Senhor, para que converta os nossos corações", sublinhou.

O diálogo entre o homem rico e Abraão

A seguir, Leão XIV recordou que "por uma singular coincidência, este mesmo trecho evangélico foi proclamado precisamente durante o Jubileu dos Catequistas no Ano Santo da Misericórdia. Dirigindo-se aos peregrinos que vieram a Roma por essa ocasião, o Papa Francisco destacou que Deus redime o mundo de todo o mal, dando a sua vida pela nossa salvação. A sua ação é o início da nossa missão, porque nos convida a nos doar pelo bem de todos".

Os trinta e nove leigos que foram instituídos no ministério de catequistas   (@VATICAN MEDIA)

O Evangelho deste domingo, "nos faz refletir sobre o diálogo entre o homem rico e Abraão". "Trata-se de uma súplica que o rico faz para salvar os seus irmãos e que para nós constitui um desafio", sublinhou o Papa. Ao falar com Abraão, ele afirma: «Se algum dos mortos for ter com eles, hão de arrepender-se». Abraão responde: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos».

Os catequistas são testemunhas de Jesus

"Com efeito, houve um que ressuscitou dos mortos: Jesus Cristo. As palavras da Escritura, então, não querem desiludir ou desanimar-nos, mas despertam a nossa consciência. Escutar Moisés e os Profetas significa recordar os mandamentos e as promessas de Deus, cuja providência nunca abandona ninguém", disse ainda Leão XIV, sublinhando que "Evangelho nos anuncia que a vida de todos pode mudar, porque Cristo ressuscitou dos mortos. Este acontecimento é a verdade que nos salva: por isso, deve ser conhecida e anunciada. Mas não basta. Deve ser amada: é este amor que nos leva a compreender o Evangelho, porque nos transforma, abrindo o coração à palavra de Deus e ao rosto do próximo".

“A este respeito, vocês, catequistas, são aqueles discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas: o nome do ministério que exercem vem do verbo grego katēchein, que significa instruir de viva voz, fazer ressoar. Isto quer dizer que o catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a própria vida.”

O Papa destacou que "os primeiros catequistas são os pais, aqueles que primeiro nos falaram e nos ensinaram a falar. Assim como aprendemos a nossa língua materna, também o anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece no lugar onde vivemos. Em primeiro lugar, nas nossas casas, ao redor da mesa: quando há uma voz, um gesto, um rosto que conduz a Cristo, a família experimenta a beleza do Evangelho".

Os leigos que foram instituídos no ministério de catequistas   (@Vatican Media)

Leão XIV recordou que "todos nós fomos educados na fé através do testemunho daqueles que acreditaram antes de nós. Enquanto crianças, adolescentes, jovens, depois como adultos e também como idosos, os catequistas acompanham-nos na fé, partilhando um caminho constante, como vocês fizeram hoje, na peregrinação jubilar".

“Nesta comunhão, o Catecismo é o «instrumento de viagem» que nos protege do individualismo e das discórdias, porque atesta a fé de toda a Igreja católica. Cada fiel colabora na sua obra pastoral, ouvindo questões, partilhando provações, servindo o desejo de justiça e verdade que habita a consciência humana.”

Compromisso com a justiça e a paz

"É assim que os catequistas ensinam, ou seja, deixam um sinal interior: quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa. Ao diácono Deogratias, que lhe perguntou como ser um bom catequista, Santo Agostinho respondeu: «Expõe tudo de modo que quem te ouça, ouvindo, acredite; acreditando, espere; e esperando, ame»", frisou o Papa.

Praça São Pedro durante a missa do Jubileu dos Catequistas   (@Vatican Media)

Leão XIV convidou a fazer nosso este convite. "Lembremo-nos de que ninguém dá o que não tem. Se o rico do Evangelho tivesse caridade para com Lázaro, teria feito o bem, não só ao pobre, mas também a si mesmo. Se aquele homem sem nome tivesse fé, Deus o teria salvado de todo o tormento: foi o apego às riquezas mundanas que lhe tirou a esperança do bem verdadeiro e eterno".

“Quando também nós somos tentados pela ganância e pela indiferença, os muitos Lázaros de hoje recordam-nos a palavra de Jesus, tornando-se para nós uma ainda mais eficaz catequese durante este Jubileu, que é para todos tempo de conversão e perdão, de compromisso com a justiça e a busca sincera da paz.”

Photogallery:

O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
As cruzes que foram entregues aos trinta e nove catequistas
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)

Missa do Jubileu dos Catequistas

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF