Translate

sábado, 11 de outubro de 2025

Maria, sinal de esperança

Círio de Nazaré (Arquidiocese de Belém)

MARIA, SINAL DE ESPERANÇA

10/10/2025

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)  

O quadragésimo quinto Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Marabá tem como tema: “Maria, sinal de esperança”. A esperança é bíblica, é dom divino, porque nos une a Deus, a única esperança de vida e de salvação, na realização de seu plano de amor para com toda a humanidade. É também um tema ligado ao ano Jubilar 2025, onde nós lembramos a comemoração da Igreja a cada vinte e cinco anos a Redenção assumida pelo Filho de Deus, cujo lema neste ano 2025 é: “Peregrinos da esperança” (Rm 5,5). Vejamos a seguir o significado do tema do Círio em Marabá. 

O valor do Círio de Nazaré

O Círio é um momento forte de evangelização, um processo que leva as pessoas a viver os compromissos batismais com o Senhor Jesus Cristo, a Igreja, o engrandecimento do Reino de Deus. O povo se emociona ao ver a berlinda passar com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, porque, sente-a bem próxima de sua vida, agradece as graças alcançadas, pede novos dons para a continuidade da existência com fé, esperança e caridade. Os pedidos feitos a Maria são conduzidos ao seu Filho Jesus. Maria é um sinal esperança para todos nós e para a humanidade rumo à casa do Pai.  

A espera pelo Salvador

Maria foi uma pessoa que esperava o Salvador. Ela também aguardava os tempos messiânicos porque o Messias deveria chegar à realidade humana. Ela foi escolhida por Deus para ser mãe do Filho de Deus, Jesus Cristo. O anjo Gabriel disse a ela: “Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu  reino não terá fim”(Lc 1, 31-33). A Palavra de Deus é bem clara no sentido que Maria foi escolhida por Deus para gerar na carne o Filho de Deus.  

Maria disse sim

Maria disse sim ao plano da salvação do Senhor. Após o anjo Gabriel dizer que o Filho que ela geraria, seria obra do Espírito Santo e o poder do Altíssimo lhe cobriria com sua sombra, de modo que aquele que nasceria seria santo sendo chamado Filho de Deus e que Isabel também na sua velhice estava gerando um filho, João Batista, por graça de Deus, ela disse sim ao plano do Senhor para ser a mãe do Filho de Deus na carne colocando-se como sua serva e que tudo se realizasse conforme a vontade divina (cfr. Lc 1, 35-38). O sim de Maria ajuda-nos a viver o serviço, a paz e o amor no Senhor e no mundo. 

Peregrinos da esperança

O Papa Francisco colocou como lema do ano jubilar 2025, por ocasião da Redenção assumida pelo Verbo de Deus na carne; “Peregrinos da esperança” (Rm 5,5). Toda a pessoa que segue a Jesus, ama a Igreja é chamada a ser peregrina da esperança. O fato é que a esperança deve reinar sempre mais em nossa realidade familiar, comunitária, social.  

A realidade universal

A realidade do mundo, universal necessita de esperança para viver melhor. Nós necessitamos do dom da paz. A paz não é o silêncio das armas, mas é a reconciliação, o amor entre as pessoas e povos. Estamos atravessando um período difícil pela existência de muitas guerras, conflitos internos em diversos países. Nós suplicamos ao Senhor por intercessão de Maria, pela paz, para que as autoridades e os povos busquem o diálogo, o entendimento, a reconciliação. Somos pessoas que acreditam na esperança de dias melhores, no diálogo entre as nações.  

Oração

Nós necessitamos rezar para que a paz se realize neste mundo de muitos conflitos e guerras. A esperança nos ajuda a ir para frente e pedir ao dono da messe para que a paz se dê entre as pessoas, bairros, realidade municipal, estadual, nacional e internacional. A esperança alude a rezar sempre mais pela boa convivência entre as pessoas, povos e suas autoridades. 

Maria sinal de esperança 

Maria é sinal de esperança de vida sobre a morte, de alegria sobre a tristeza, de amor sobre o ódio. Ela foi uma mulher ligada ao seu Filho Jesus Cristo na sua missão de anunciar o Evangelho, o Reino de Deus, a cura de muitos doentes, a confortar muitos que sofriam por suas doenças, males e na evangelização dos pobres. Maria é um sinal atual que a realidade presente poderá ser diferente, pela nossa participação à vida comunitária, familiar, e social. Ela é a esperança que vai além de nossa vida atual. O sinal é alguma coisa de visível, de aparente. O sinal nos faz ligar Maria no caminho da vida eterna, junto ao seu Filho Jesus Cristo.  

Ela aponta ao seu Filho

A esperança é uma graça divina, é um dom de Deus. Maria é o dom do Senhor para a realidade que vivemos porque ela carrega o seu Filho Jesus Cristo. Ela é sinal de esperança porque nós necessitamos ser pessoas de esperança em toda a realidade. Ela aponta na sua imagem para o seu Filho Jesus Cristo, de modo que é a Ele que nós devemos recorrer, por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré.  

Uma vida carregada de esperança

Maria por ser a mãe do Salvador teve uma vida carregada de esperança e de amor. Nós também devemos ser pessoas de esperança, a exemplo de Maria, a nossa Mãe. Ela leve os nossos pedidos e súplicas ao seu Filho Jesus Cristo. Nós carregamos a esperança de um mundo novo onde a esperança pela paz, pelo diálogo e pelo amor se difundam sempre mais no meio de nós e no mundo.  

Realidade amazônica

Nós estamos na realidade amazônica com os seus desafios, conflitos. Maria é a rainha da Amazônia. Maria é sinal de esperança na realidade amazônica, pelo respeito entre os povos indígenas, ribeirinhos, povos do campo e das cidades. Nós sabemos que a Amazônia é cobiçada por muitas pessoas, pelas suas florestas, águas e os povos que nela vivem. É preciso o respeito pela Amazônia. Maria é sinal de esperança para vivermos bem neste chão marcado por sangue derramado, mártires, leigos, leigas, ministros ordenados, religiosos, religiosas, lideranças eclesiais e sociais que trabalham em favor da construção do Reino de Deus.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Mais de 16 mil peregrinos são esperados para o Jubileu da Vida Consagrada

Jubileu da Vida Consagrada (Vatican Media)

Religiosos e religiosas, monges e contemplativas estão entre os que participarão do evento jubilar que começa nesta quarta-feira, 8 de outubro. Vigília de oração no primeiro dia na Basílica de São Pedro e, na quinta-feira (09/10) missa com o Papa e encontros pelas praças da capital a cargo do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Vatican News

Mais de 16 mil peregrinos estarão em Roma a partir desta quarta-feira, 8 de outubro, para celebrar o Jubileu da Vida Consagrada. Entre eles, religiosos e religiosas, monges e contemplativas, membros de institutos seculares e da Ordo virginum, eremitas, membros pertencentes aos “novos institutos” de Vida Consagrada. Cerca de uma centena de países estarão representados durante o evento organizado em colaboração com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, incluindo numerosas delegações da própria Itália e do Brasil, além da Polônia, França, Espanha, Alemanha, Portugal, Croácia, Estados Unidos, Canadá, Argentina, México, Colômbia, El Salvador, Filipinas, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Nigéria e Congo.

A missa com o Papa

O evento jubilar terá início nesta quarta-feira, 8 de outubro, com alguns eventos abertos a todos: as peregrinações às Portas Santas, entre as 13h e as 17h do horário local, e, em seguida, às 19h, será realizada uma Vigília de oração presidida pelo cardeal Ángel Fernández Artime, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, na Basílica de São Pedro. Na quinta-feira, 9 de outubro, às 10h30 da hora italiana, será celebrada a missa na Praça São Pedro presidida por Papa Leão XIV. Há também a iniciativa Diálogos com a cidade, na noite de 9 de outubro, em várias praças de Roma: na Piazza dei Mirti, o encontro com o tema Compromisso com os “últimos” – Ouvir o clamor dos pobres, na Piazza Don Bosco o encontro Cuidado e proteção da criação – Tutela do meio ambiente e na Piazza Vittorio Emanuele o encontro Fraternidade universal – Solidariedade.

As iniciativas

A partir da tarde de quinta-feira, 9 de outubro, serão realizadas algumas iniciativas organizadas pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica para os 4 mil peregrinos credenciados para os eventos. Das 15h às 17h30 do horário local, serão realizados encontros de reflexão divididos por formas de Vida Consagrada: na Sala Paulo VI, os Institutos religiosos; na Universidade Urbaniana, os Institutos contemplativos; na Universidade Santa Croce, os Institutos seculares; na Aula Nova do Sínodo, as consagradas do Ordo Virginum; na Sala da Cúria Geral dos Jesuítas, as “Novas Formas” de Vida Consagrada; na Sede da UISG, as Sociedades de Vida Apostólica.

O evento jubilar vai continuar na sexta-feira, 10 de outubro, com uma manhã de escuta e reflexão sobre o tema da “Esperança”, das 8h às 12h na Sala Paulo VI, com a celebração eucarística, a intervenção do Pe. Giacomo Costa, consultor da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, e o encontro com o Papa. Das 15h30 às 18h30, será possível participar de uma “Conversa espiritual”, sempre dividida por formas de vida, nos mesmos locais dos eventos de quinta-feira, 6 de outubro. À noite, das 20h às 21h, haverá um momento de oração na cidade aberto a todos, em diferentes idiomas, animado por consagrados e consagradas: em italiano na Igreja de Santa Maria in Via, em inglês na Igreja de San Silvestro, em francês na Igreja de San Luigi dei Francesi, em português na Igreja de Sant’Andrea della Valle, em espanhol na Basílica de Santa Maria Sopra Minerva. No sábado, 11 de outubro, prossegue-se com um encontro às 8h na Sala Paulo VI sobre o tema da “Paz”, para os participantes credenciados.

Após a missa, haverá a intervenção da Irmã Teresa Maya, ex-presidente da Conferência das Superioras Maiores LCWR. Em seguida, após o almoço oferecido pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, das 14h30 às 17h, serão realizados, sempre na Sala Paulo VI, workshops sobre técnicas de mediação e gestão de conflitos, a cargo da equipe do Pe. David McCallum, diretor do Discerning Leadership Program e membro da Comissão Metodológica da Secretaria do Sínodo dos Bispos.

O Jubileu será encerrado com um momento de oração na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, aberto a todos, das 19h às 21h, com a passagem pela Porta Santa. No domingo, 12 de outubro, os peregrinos participarão da Santa Missa na Praça de São Pedro pelo Jubileu da Espiritualidade Mariana.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Orgulho, vanglória e amor-próprio nas confissões de Santo Agostinho

As confissões de Santo Agostinho (Kinea)

ORGULHO, VANGLÓRIA E AMOR-PRÓPRIO NAS CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO

09/10/2025

Dom João Santos Cardoso 
Arcebispo de Natal (RN)

No Livro X das Confissões, Santo Agostinho dedica quatro capítulos (XXXVI–XXXIX) a uma acurada análise de três tentações que ameaçam o caminho espiritual: o orgulho, a vanglória e o amor-próprio desordenado. Depois de examinar as concupiscências ligadas aos sentidos — o prazer e a curiosidade —, o bispo de Hipona volta-se para o mais sutil dos perigos: aqueles que se escondem no interior da alma, mesmo quando esta já busca a Deus. 

Para Agostinho, o orgulho é a tentação de querer ser senhor de si mesmo, esquecendo-se de que tudo é dom. Ele reconhece que apenas a misericórdia de Deus pode curar essa inclinação: “Sabes o quanto já me transformaste; […] derrubaste meu orgulho pelo temor, dobrando minha cerviz a teu jugo” (X, XXXVI). Também descreve orgulho como um afastamento silencioso da graça. Mesmo as boas obras, quando realizadas para obter reconhecimento humano ou como fruto de autossuficiência, tornam-se armadilhas. Contra isso, Agostinho propõe a humildade, lembrando que só Deus governa sem soberba: “Tu és o único Senhor verdadeiro, que não tens senhor” (X, XXXVI). 

A vanglória, filha do orgulho, consiste em mendigar aplausos pelos dons recebidos. Santo Agostinho observa que ela pode infiltrar-se até no desprezo da própria vanglória, quando alguém se orgulha de parecer humilde: “A vanglória me tenta até quando a reprovo, e é por isso mesmo que a desaprovo” (X, XXXVIII). Aqui reside um perigo profundamente insidioso: transformar a prática do bem em ocasião de exaltação pessoal. O antídoto é recordar que todo dom procede de Deus e deve ser usado para edificar os outros, não para alimentar a vaidade. 

No capítulo XXXIX, Agostinho trata do amor-próprio, que pode tornar-se enfermidade quando leva o ser humano a apropriar-se dos bens divinos como se fossem conquistas pessoais: “Quanto mais enfatuados consigo mesmos, mais desagradam a ti, não só quando se gloriam de seus males como se fossem bens, mas sobretudo quando se gloriam de teus bens como se fossem deles” (X, XXXIX). O amor a si mesmo, quando orientado pela caridade, é legítimo; mas, quando perde a referência ao Criador, converte-se em fechamento egoísta, gerando inveja e ciúme diante dos dons alheios. 

Nesses quatro capítulos, Agostinho insiste que a vitória sobre orgulho, vanglória e amor-próprio não vem apenas de esforços morais, mas da graça divina. Ele pede a Deus o dom de conhecer-se verdadeiramente e de ordenar os afetos segundo o amor maior: “Suplico-te, meu Deus, que me dês a conhecer a mim mesmo, para que eu possa confessar as chagas que achar em mim” (X, XXXVII). A humildade, sustentada pela graça, liberta o coração para reconhecer tudo como presente de Deus, devolvendo-Lhe a glória que Lhe é devida. 

As observações de Agostinho permanecem surpreendentemente atuais. Em tempos marcados pela busca de aprovação e pelo culto à imagem, suas palavras convidam a examinar as nossas motivações mais profundas: por que fazemos o bem? Buscamos agradar a Deus ou apenas conquistar aplausos? 

As Confissões mostram que o verdadeiro caminho é ordenar o amor: reconhecer-se criatura, celebrar os dons sem apegar-se a eles e viver para a Verdade que liberta. Orgulho, vanglória e amor-próprio desordenado não desaparecem facilmente, mas podem ser vencidos quando colocados à luz do amor de Deus. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

MONASTÉRIOS: Santo Agostinho nossa água de nascente

Algumas imagens do mosteiro de Lecceto | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 12 - 2004

Santo Agostinho nossa água de nascente

Durante vários anos, uma vida nova, jovial e entusiasmada animou os antigos muros do eremitério de Lecceto, antiga Selva del Lago, restaurando a voz e o canto, revivendo o antigo eremitério agostiniano: um milagre da Providência, a imprevisibilidade da Sabedoria que ama a Deus.

Um Concílio nos trouxe de volta à fonte, ao espírito original do fundador Agostinho, e redescobrimos a clareza, a força e o frescor de um carisma absolutamente capaz de inovação porque profundamente sintonizado com os tempos e com as pessoas de hoje.

Não é de se admirar, afinal: Agostinho, como todos os Padres da Igreja, é ao mesmo tempo água de nascente e um homem que conheceu todo o espectro da experiência humana, alegria e tristeza, pecado e graça. Ele era completamente dedicado à busca da Verdade e do Amor, os pilares de sua existência.

Da plenitude de sua conversão e experiência cristã, nasceu seu monaquismo, uma proposta de retorno à pureza original do homem, no seio de uma Igreja mãe e mestra. Ele definiu o homem de seus seguidores como "perfectus fidelis in Ecclesia" (cf. Contra as Cartas de Petiliano II, 104, 239). E estava convencido de que somente quando o homem é reconduzido às suas raízes, pode retornar a uma vida verdadeira, plena de esperança.

Algumas imagens do mosteiro de Lecceto | 30Giorni.

Não fizemos nada além de ouvir e traduzir em ação, em vida, a inspiração monástica genuinamente eclesial do convertido Agostinho, que aqui em Lecceto, por meio de seus filhos, homens de grande santidade e doutrina, preencheu mil anos de história. Deles se dizia: "Os servos de Deus são céus portáteis que aprendem a conhecer cada lugar que pisam" (Sacra Leccetana Selva , século XVII).

O segredo? Uma fé, uma esperança, um amor. Uma paixão pela comunhão.
Um desejo, uma nostalgia: ver Deus, ajudar o homem.

Santo Tomás de Vilanova, ilustre e santo filho de Agostinho, que viveu na época de Santa Teresa de Ávila, escreveu: "E o único fim da vida monástica é a pureza do coração" ( In die circumcisionis , c. 3, t. 6, p. 313).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Conhecer Roma: um projeto multimídia para redescobrir os monumentos cristãos

Imparare Roma | You Tube | Opus Dei

90 vídeos com 12 itinerários que explicam 70 lugares do patrimônio religioso e cultural da Cidade Eterna. Profissionais, professores e alunos da Pontifícia Universidade da Santa Cruz elaboraram este projeto para divulgar monumentos cristãos e locais ligados à fé de Roma.

https://www.youtube.com/embed/UzwvFFU9WU8?autoplay=1&rel=0&cc_load_policy=1

29/09/2025

Recentemente, foi apresentado em Romaromacristiana.info, uma iniciativa multimídia promovida pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz para mostrar o patrimônio religioso e cultural da Cidade Eterna. O site reúne materiais audiovisuais com explicações sobre mais de 100 monumentos cristãos e lugares ligados à fé.

O projeto inclui três temporadas de vídeos, com nove episódios cada uma, disponíveis no site. A conclusão da terceira e última temporada está prevista no final de 2026.

site, adaptado a dispositivos móveis, permite acessar os conteúdos organizados cronologicamente (por exemplo, “Roma medieval”), por zonas da cidade (como “Trastevere”) ou por temas (como “os lugares dos primeiros cristãos”), o que facilita a sua utilização como guia para diferentes tipos de percursos culturais e espirituais.

site “Roma Cristiana” foi desenvolvido com a participação ativa de estudantes, professores e pessoal técnico-administrativo da universidade e com o apoio financeiro de benfeitores. Os vídeos estão disponíveis em inglês, italiano e espanhol. O projeto foi inspirado numa iniciativa anterior: “Aprender Roma”.

Las casas de los primeiros cristianos | YouTube | Opus Dei

https://youtu.be/smEP9mTmjSE

Roma: uma história viva ao serviço do presente

A apresentação teve lugar na Sala do Conselho do Palazzo Valentini, sede administrativa da província e da prefeitura de Roma.

O Dr. Mariano Angelucci, vereador da Comissão de Turismo, Moda e Relações Internacionais de Roma Capitale, deu as boas-vindas aos participantes e congratulou-se com o fato de que “Roma contará agora com um novo recurso para aprofundar a sua história milenar”.

O padre e professor Fernando Puig, reitor da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, sublinhou a importância desta iniciativa “que leva Roma ao mundo inteiro”.

“Para nós – afirmou – o serviço à cidade de Roma faz parte da identidade da universidade”, que está situada em edifícios históricos do centro da cidade ligados a figuras como Santo Apolinário, São Jerônimo, São Filipe Néri, Mozart ou Cesare Baronio. Recordou também que o inspirador da universidade, São Josemaria, fundador do Opus Dei, “sentia uma profunda paixão por Roma: rica em história, arte e cultura, mas cuja maior joia — dizia ele — era ter o Vigário de Cristo”. A universidade procura ser eco desse amor por Roma e por tudo o que a cidade representa.

Crédito: Opus Dei

Redescobrir as raízes da fé

A Irmã Rebecca Nazzaro, diretora da “Obra Romana de Peregrinações”, destacou a necessidade de “ajudar os romanos a redescobrir a beleza da sua cidade e, acima de tudo, as suas raízes históricas”.

“Por isso – explicou – estamos organizando não só as tradicionais peregrinações a Lourdes, Fátima ou Compostela (enquanto, por razões óbvias, as da Terra Santa continuam suspensas), mas também relançamos a redescoberta da Roma cristã, que tinha ficado um pouco esquecida”.

Por ocasião do atual Jubileu, que está atraindo milhões de peregrinos, foram propostos itinerários específicos que vão além de São Pedro.

“Graças ao cristianismo, Roma passou decaput mundi a mater gentium, um destino já anunciado nos Atos dos Apóstolos. Hoje iniciamos uma colaboração com a Universidade da Santa Cruz que acolhemos com entusiasmo: foi-nos dada esta beleza e temos a responsabilidade de transmitir”.

Las cadenas  de San Pietro | YouTube | Opus Dei

https://youtu.be/PUdmdymmVj8

Uma pedagogia do assombro

O professor Luis Cano, docente de História da Igreja, explicou a origem e o significado do projeto, nascido com o objetivo de promover a cidade através da sua profunda ligação à fé cristã.

Referiu que a filosofia do projeto é regressar ao assombro perante tudo o que Roma ensina. “Quando, em 1946, o futuro São João Paulo II veio aqui para completar os seus estudos, o seu bispo aconselhou-o: Aprende Roma. Esse é o convite que quisemos aceitar. É também uma viagem para nós, que moramos aqui”.

Destacou, além disso, o interesse institucional que o projeto despertou: “Roma guarda os testemunhos mais significativos do cristianismo. Não se trata apenas dos lugares ligados a Pedro e a Paulo ou às grandes basílicas, mas também os marcados pelo ‘primado da caridade’ da Igreja romana”.

site abrange assim vinte séculos de história cristã, através dos grandes santos e da marca que deixaram em Roma e na cristandade, graças à sua abertura universal.

Um dos itinerários temáticos que pode encontrar no portal é “A via da beleza”, um percurso onde pode admirar as obras da arte cristã.

La Vía de la Belleza | Opus Dei

Uma ferramenta para todos

O professor Javier Domingo, docente de Arqueologia Cristã, apresentou a estrutura do projeto “Estudar Roma” e do site “Roma Cristiana”, destacando-os como ferramentas úteis tanto para turistas como para cidadãos romanos.

“O que nos interessa – salientou – não são apenas os monumentos, mas levar as pessoas a conhecer melhor a história da Igreja em Roma, nos lugares onde realmente aconteceu”.

Enfatizou que o projeto tem carácter divulgativo, mas com nível científico, graças ao trabalho conjunto de estudantes e professores. “Os vídeos – concluiu – são apresentados por estudantes de diferentes países, em várias línguas, por homens e mulheres, leigos e religiosos. Refletem a imagem de uma Igreja viva, jovem e universal, porque a história da Igreja de Roma é também uma história universal”.

O ícone mariano mais antigo de Roma: a Virgem da Consolação

La devozione alla Madre di Dio | YouTube | Opus Dei

https://youtu.be/WoYcjSntKeY

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/conhecer-roma-um-projeto-multimidia-para-redescobrir-os-monumentos-cristaos/

RATZINGER : Fé, verdade, tolerância (Parte 2/2)

Capa do livro do Cardeal Joseph Ratzinger, Fé, Verdade, Tolerância , publicado pela Cantagalli, cuja tradução italiana foi contribuída pelos nossos editores Silvia Kritzenberger e Lorenzo Cappelletti | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 11 - 2003

Fé, verdade, tolerância

O Presidente Emérito da República, Francesco Cossiga, apresentou o último livro do Cardeal Joseph Ratzinger no Encontro de Rimini. Publicamos seu discurso.

por Francesco Cossiga

8. O livro de Joseph Ratzinger é quase uma soma de doutrina sólida e moderna para abordar esses problemas que a Igreja terá que enfrentar hoje, mas ainda mais amanhã: a Igreja que somos todos nós! Na minha opinião – embora em grande parte irrepreensível! – imodéstia , claramente revelada também por uma certa linguagem normal minha, ousei recomendar a Joseph Ratzinger e seu amigo Cantagalli uma nova edição do livro: o resultado de uma reorganização das diversas contribuições nele contidas, para torná-lo mais sistemático e mais homogêneo.

9.
 Certamente não é minha intenção resumir aqui o rico conteúdo do livro — já que, entre outras coisas, eu não teria espaço nem, acima de tudo, capacidade — dada sua vastidão e profundidade. Em vez disso, indicarei o índice como introdução e, em seguida, concentrar-me-ei no que mais me impressionou e até me consolou no livro .

10.
Em primeiro lugar, diante da "paixão" de pensadores fortes, pensemos no culto e piedoso Padre Dupuis, SJ, pelo espiritualismo oriental, e em particular na versão elevada deste dada por Radhakrishnan, um grande pensador religioso e político. A afirmação incondicional de que Jesus Cristo é a única salvação real e definitiva para a humanidade é forte e necessária.

É claro que isso não significa negar que em outras religiões se possa discernir um vislumbre, mesmo brilhante, de luz e verdade — e isso, é claro, é imensurável e inteiramente específico do judaísmo; mas, embora distinto, também em outras comunidades, em outras "religiões": pois a primeira aliança de Deus com Noé certamente não foi ainda uma aliança com um povo escolhido, mas com todos os homens, e, portanto, todos os homens se beneficiam dela em Jesus Cristo, como Paulo de Tarso ensina de forma admirável e abrangente.

Deixando a Deus todo-poderoso os caminhos extraordinários da graça, é, portanto, única e exclusivamente na Igreja que há salvação; Embora o Espírito Santo possa certamente dispensar graça e salvação além de seus limites visíveis, a posição de Joseph Ratzinger, como exposta acima, combina a liberdade do Espírito com o mandato e a vocação da Igreja na realidade da Revelação. 

11. As palavras escritas por Joseph Ratzinger sobre o "caminho da fé" são muito importantes. As religiões históricas indicaram dois caminhos para esse "caminho": o "místico" e o da "revolução monoteísta". Segundo esta última, o caminho da salvação é o caminho do dom da graça de Deus à humanidade; segundo a primeira, é o caminho da humanidade em direção a Deus, mas dentro da própria humanidade... Um problema semelhante é o da relação entre fé e razão. A razão leva a um Deus que é naturalmente o Deus verdadeiro, mas é a Revelação que nos permite conhecer o Deus absoluto e completamente verdadeiro . A fé não nasce nem de um simples raciocínio secundum naturam , nem de uma intuição mística, mas de eventos concretos, históricos e específicos: Deus e Noé, Deus e Abraão, Deus e Moisés; e, exaustivamente, o Pai, o Filho (Cristo) e o Espírito Santo, cumprimento da Revelação na Redenção misericordiosa e gratuita! O homem investiga racionalmente o Mistério porque sua natureza contém o desejo por esse Mistério como penhor de felicidade: mas o pleno conhecimento do Mistério é apenas um dom de Deus! E eu sempre me perguntei se " credo ut intelligam " prevalece sobre " intelligo ut credam "!

Na foto acima, São Pedro; abaixo, a conversão de São Paulo | 30Giorni.

12. E Jesus, o Cristo, é o Logos encarnado ; ele não apenas teve, mas tem carne! Para sempre! E "carne" é o nosso ser e o nosso intelecto, para sempre.

Daí, certamente, a legitimidade e o dever da mais alta pesquisa racional, a filosofia. E aqui, as corajosas intuições e deduções de Joseph Ratzinger têm grande valor: a insuficiência da chamada "neoescolástica" em demonstrar os chamados preâmbulos da fé e a pertença à verdadeira filosofia não apenas de Agostinho e Tomás, mas também de Pascal e Kierkegaard, de Gilson e Rosmini; e também de outros grandes pensadores judeus como Buber e Levinas. À lista de Fides et ratio , Joseph Ratzinger gostaria de acrescentar dois outros grandes pensadores, Max Scheler e Bergson, homens de fé, este último no limiar da Igreja.

E se Cristo tem um corpo, Ele o tem antes de tudo no tempo e na história: e a História "plena" é, portanto, também e sobretudo a história da Redenção.

E se Cristo tem um corpo, em relação a Cristo e à fé (o acontecimento e a adesão a ela), a parte mais espiritual do corpo natural da humanidade é a cultura , entendida como um conjunto de valores e conhecimentos, que amadurecem sob os valores e com os valores na história temporal dos povos.

O cristianismo certamente não pode ser monocultural: mas não pode encarnar-se em todas as culturas, mas apenas naquelas culturas que permitem: ... "trigo, joio e urtigas!"

Não Joseph Ratzinger, é claro, mas sou antes "ocidentalista" e não tanto num sentido "eurocêntrico" como num sentido "euro-indo-asiático"!

Assim, creio que, assim como as "religiões" fazem parte das culturas, a cultura na qual, a meu ver, o Evento se expressou melhor e mais plenamente, em termos históricos e intelectuais, é certamente a cultura judaico-cristã enxertada no tronco helênico, isto é, a cultura europeia!

E é por isso que, com o protestante Novalis, consigo pensar numa Igreja sem Europa (mas ele, luterano, não pensava assim!), mas certamente não consigo pensar numa Europa sem o fundamento da cultura cristã!

O mundo como criação, o homem como pessoa e a experiência humana como uma história não cíclica, mas uma história única que tende à Salvação — de quem é essa herança em nosso Ocidente?

São ou não conceitos absolutamente fundamentais sobre os quais séculos da história do pensamento, da cultura e até das instituições foram construídos?
E não foram as raízes cristãs que os produziram?

13.Um último tópico, entre os muitos abordados por Joseph Ratzinger, que gostaria de mencionar, me impressionou. Fé na verdade: uma verdade exclusiva é compatível com a "tolerância"? Aqui me vem à mente a declaração conciliar sobre a liberdade religiosa, Dignitatis humanae.

Talvez nós, católicos, tenhamos descoberto tarde demais que a liberdade religiosa do cidadão se baseia não apenas nos princípios da igualdade jurídica e da laicidade do Estado, mas também e sobretudo no conceito cristão de fé e da própria salvação , que é a livre aceitação de Deus que vem a nós pelo caminho da graça para a Salvação — Salvação que não salva sem liberdade!

Sem liberdade não pode haver verdadeira Fé e, portanto, Salvação, nem para o cristão nem para qualquer outra pessoa. Porque o Amor é dado e não imposto; é correspondido e não suportado.

Aqui terminam meus pensamentos e escritos, muito incompletos. Certamente, Joseph Ratzinger exposto por Francesco Cossiga é algo muito modesto!

Mas espero que, com a minha escrita, eu tenha pelo menos encorajado você a sentar em uma cadeira com um lápis na mão e algumas folhas em branco ao lado para fazer anotações (eu realmente recomendo... mesmo à luz de velas!) e ler: Fé, Verdade, Tolerância . Cristianismo e as Religiões do Mundo.

E não tenha vergonha de sublinhar o livro a lápis! Não sublinhar o livro a lápis é como não abraçar e beijar uma pessoa querida!

Uma confissão: lendo este livro (facilitado pela atmosfera silenciosa e amorosa de um quarto de hospital), senti como se estivesse respirando um ar que pensei já ter respirado e cheirado, como um perfume que eu já tivesse sentido! E lembrei-me de algumas páginas magníficas de Blaise Pascal, um cristão, que li para vocês:
"Ano da Graça de 1654, segunda-feira, 23 de novembro, dia do Papa São Clemente e outros no martirológio, vigília do Mártir São Crisógono e outros, das 22h30 até 12h30. Fogo, do Deus de Abraão, do Deus de Isaac, de Jacó, não de filósofos e estudiosos, força, alegria, paz, Deus de Jesus Cristo, meu Deus e seu Deus . Seu será meu Deus, esquecimento de tudo, exceto Deus, encontrado apenas pelos caminhos ensinados pelo Evangelho, 'grandeza da alma humana, Pai justo. O mundo não te conheceu, nem eu te conheci, para que eu não fosse separado dele para sempre, com lágrimas de alegria eu me separei dele: dereliquerunt me fontem aquae vivae, não me abandonarás; esta é a vida eterna: que te reconheçam como Deus somente a ti e a Jesus Cristo, a quem enviaste”: “Eu me separei dele, fugi dele, neguei-o, crucifiquei-o: para que não se separe dele, ele é preservado somente pelos caminhos ensinados pelo Evangelho, na alegria pela eternidade, por um dia de exercício na terra...”».

Fonte: https://www.30giorni.it/

“Dilexi te”, Leão XIV: não se pode separar a fé do amor pelos pobres (Parte 2/2)

“Dilexi te”, Leão XIV: não se pode separar a fé do amor pelos pobres (Vatican Media)

Publicada a primeira exortação apostólica de Robert Prevost, um trabalho iniciado por Francisco sobre o tema do serviço aos pobres, em cujo rosto encontramos “o sofrimento dos inocentes”. O Papa denuncia a economia que mata, a falta de equidade, a violência contra as mulheres, a desnutrição, a emergência educacional. Ele faz seu o apelo de Bergoglio pelos migrantes e pede aos fiéis que façam ouvir “uma voz que denuncie”, porque “as estruturas da injustiça devem ser destruídas com a força do bem"

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Dilexi te, “Eu te amei”. O amor de Cristo que se encarna no amor aos pobres, entendido como cuidado dos doentes; luta contra a escravidão; defesa das mulheres que sofrem exclusão e violência; direito à educação; acompanhamento aos migrantes; esmola que “é justiça restabelecida, não um gesto de paternalismo”; equidade, cuja falta é “a raiz de todos os males sociais”. Leão XIV assina sua primeira exortação apostólica, Dilexi te, texto em 121 pontos que brota do Evangelho do Filho de Deus que se tornou pobre desde sua entrada no mundo e que relança o Magistério da Igreja sobre os pobres nos últimos cento e cinquenta anos. “Uma verdadeira mina de ensinamentos”.

LEIA AQUI O TEXTO INTEGRAL DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA LEÃO XIV

“Os pobres não existem por acaso...”

O Papa Leão XIV traça uma reflexão profunda sobre as causas da pobreza: “Os pobres não existem por acaso ou por um cego e amargo destino. Muito menos a pobreza é uma escolha, para a maioria deles. No entanto, ainda há quem ouse afirmá-lo, demonstrando cegueira e crueldade”, sublinha (14). “Obviamente, entre os pobres há também aqueles que não querem trabalhar”, mas há também muitos homens e mulheres que, por exemplo, recolhem papelão de manhã à noite apenas para “sobreviver” e nunca para “melhorar” a vida. Em suma, lê-se em um dos pontos centrais da Dilexi te, não se pode dizer “que a maioria dos pobres estão nessa situação porque não obtiveram méritos, de acordo com a falsa visão da meritocracia, segundo a qual parece que só têm méritos aqueles que tiveram sucesso na vida” (14).

Ideologias e orientações políticas

Em muitas ocasiões, observa o Papa Leão, são os próprios cristãos que se deixam “contagiar por atitudes marcadas por ideologias mundanas ou por orientações políticas e econômicas que levam a injustas generalizações e conclusões enganosas” (15).

Há quem continue a dizer: “O nosso dever é rezar e ensinar a verdadeira doutrina”. Mas, desvinculando este aspecto religioso da promoção integral, acrescentam que só o Governo deveria cuidar deles, ou que seria melhor deixá-los na miséria, ensinando-lhes antes a trabalhar (114)

A esmola frequentemente desprezada

Sintoma dessa mentalidade é o fato de que o exercício da caridade às vezes é “desprezado ou ridicularizado, como se fosse uma fixação somente de alguns e não o núcleo incandescente da missão eclesial” (15). O Papa detém-se longamente na esmola, raramente praticada e frequentemente desprezada (115).

Como cristãos, não renunciemos à esmola. Um gesto que pode ser feito de várias maneiras, e podemos tentar fazer da forma mais eficaz, mas que deve ser feito. E será sempre melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada. Em todo o caso, tocar-nos-á o coração. Não será a solução para a pobreza no mundo, que deve ser procurada com inteligência, tenacidade e compromisso social. Mas precisamos praticar a esmola para tocar a carne sofredora dos pobres (119)

Indiferença por parte dos cristãos

Na mesma linha, o Papa destaca “a falta ou mesmo a ausência de compromisso” com a defesa e a promoção dos mais desfavorecidos em alguns grupos cristãos (112). Se uma comunidade da Igreja não coopera para a inclusão de todos, adverte ele, “correrá também o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os Governos. Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulado em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (113).

Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres (36)

O testemunho dos santos, beatos e ordens religiosas

Para contrabalançar essa atitude de indiferença, há um mundo de santos, beatos e missionários que, ao longo dos séculos, encarnaram a imagem de “uma Igreja pobre e para os pobres” (35). De Francisco de Assis e seu gesto de abraçar um leproso (7) a Madre Teresa, ícone universal da caridade dedicada aos moribundos da Índia “com uma ternura que era oração” (77). E ainda São Lourenço, São Justino, Santo Ambrósio, São João Crisóstomo, seu Santo Agostinho, que afirmava:

“Aquele que diz amar a Deus e não se compadece dos necessitados, mente” (45).

Leão ainda lembra o trabalho dos Camilianos pelos doentes (49), das congregações femininas em hospitais e casas de repouso (51). Ele lembra o acolhimento nos mosteiros beneditinos a viúvas, crianças abandonadas, peregrinos e mendigos (55). E lembra também os franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos que iniciaram “uma revolução evangélica” através de um “estilo de vida simples e pobre” (63), juntamente com os trinitários e mercedários que, lutando pela libertação dos prisioneiros, expressaram o amor de “um Deus que liberta não só da escravidão espiritual, mas também da opressão concreta” (60).

A tradição destas Ordens não cessou. Pelo contrário, inspirou novas formas de ação diante das escravidões modernas: o tráfico de pessoas, o trabalho forçado, a exploração sexual, as diversas formas de dependência. A caridade cristã, quando encarnada, torna-se libertadora (61)

O direito à educação

O Pontífice recorda também o exemplo de São José de Calasanz, que fundou a primeira escola popular gratuita da Europa (69), para salientar a importância da educação dos pobres: “Não é um favor, mas um dever”.

Os pequenos têm direito à sabedoria, como exigência básica do reconhecimento da dignidade humana (72)

A luta dos movimentos populares

Na exortação, o Papa também menciona a luta contra os “efeitos destrutivos do império do dinheiro” por parte dos movimentos populares, conduzidos por líderes “colocados muitas vezes sob suspeita e até perseguidos” (80). Eles, escreve, “convidam a superar aquela ideia das políticas sociais concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres” (81).

Uma voz que desperte e denuncie

Nas últimas páginas do documento, Leão XIV apela a todo o Povo de Deus para “fazer ouvir, ainda que de maneiras diferentes, uma voz que desperte, denuncie e se exponha mesmo correndo o risco de parecer estúpidos”.

As estruturas de injustiça devem ser reconhecidas e destruídas com a força do bem, através da mudança de mentalidades e também, com a ajuda da ciência e da técnica, através do desenvolvimento de políticas eficazes na transformação da sociedade (97)

Os pobres, não um problema social, mas o centro da Igreja

É necessário que “todos nos deixemos evangelizar pelos pobres”, exorta o Papa (102). “O cristão não pode considerar os pobres apenas como um problema social: eles são uma questão familiar. Pertencem aos nossos”. Portanto, “a relação com eles não pode ser reduzida a uma atividade ou departamento da Igreja” (104).

Os pobres ocupam um lugar central na Igreja (111)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Tristeza nos tempos difíceis e a esperança de dias melhores

Shutterstock I fizkes

Talita Rodrigues - publicado em 07/10/25

A vida é marcada por ciclos. Há momentos em que tudo parece florescer: as portas se abrem, os relacionamentos caminham em harmonia e o coração pulsa em paz. Mas também existem períodos em que a dor, a perda e a incerteza parecem tomar conta de tudo. É nesses tempos difíceis que a tristeza se apresenta como uma presença inevitável.

Na psicologia, a tristeza não é vista apenas como algo negativo, mas como uma emoção essencial. Ela nos ajuda a elaborar perdas, a processar decepções e a reconhecer nossos limites. Sentir tristeza não é fraqueza; é humanidade. Permitir-se chorar, silenciar e olhar para dentro pode ser o primeiro passo para encontrar sentido e força, mesmo em meio à escuridão.

No entanto, o que sustenta o coração diante da dor é a esperança. Ela não é uma negação da realidade, mas uma escolha de acreditar que a vida não se resume ao que estamos vivendo agora. A esperança aponta para o futuro, mas também nos ajuda a suportar o presente. Ela nos lembra que as feridas podem cicatrizar, que os invernos dão espaço à primavera e que sempre existe a possibilidade de um recomeço.

Do ponto de vista espiritual, a esperança se torna ainda mais profunda. Ela é a confiança de que não caminhamos sozinhos, de que existe uma luz maior que nos guia mesmo quando tudo parece escuro. Essa fé nos lembra que a dor não é o fim da história, mas um capítulo que pode nos fortalecer e nos tornar mais sensíveis à vida e ao outro.

Por isso, em tempos de tristeza, o convite é duplo: cuidar de si com compaixão, acolhendo o que dói, e ao mesmo tempo alimentar a chama da esperança. Dias melhores podem não chegar no tempo que desejamos, mas eles chegam. A alma humana é resiliente, e a vida sempre encontra um jeito de renascer.

E se o peso for grande demais, é importante lembrar: buscar ajuda psicológica pode fazer toda a diferença. A psicoterapia oferece um espaço de acolhimento, reflexão e fortalecimento, ajudando a compreender a própria dor e a encontrar caminhos possíveis de superação. Ninguém precisa enfrentar sozinho os dias difíceis — estender a mão para receber apoio é também um gesto de coragem e de cuidado com a própria vida.

Assim, mesmo quando as lágrimas ainda caem, é possível guardar no coração a certeza de que o amanhã pode trazer um novo sol — e que, com apoio, fé e esperança, cada pessoa tem em si a força necessária para atravessar qualquer tempestade.

Gostou do artigo? Então clique aqui e siga a psicóloga católica Talita rodrigues no instagram

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/10/07/tristeza-nos-tempos-dificeis-e-a-esperanca-de-dias-melhores/

Opção não basta: os pobres e o Reino

Felizes os pobres...o reino lhes pertence (Comunidade Católica Shalom)

OPÇÃO NÃO BASTA: OS POBRES E O REINO

08/10/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Chamar o cuidado com os pobres de “opção” soa civilizado, mas trai a realidade. Uma opção oferece alternativas, admite que possamos escolher outra coisa. O Evangelho não nos deixa essa saída. Os pobres e os últimos não têm quem os ajude, e por isso não pedem apenas simpatia, mas reclamam responsabilidade.  

A tradição bíblica encontrou uma palavra para esse vínculo que não depende do gosto. Chama-segoel, o resgatador, o parente que, por direito e por amor, se interpõe entre a miséria e a pessoa ferida. 

Quando a terra era perdida, ogoela recomprava ou redimia (Lv 25,23-28.47-55; Rt 2–4). Quando a honra era pisada, ele se punha diante (Nm 35). Era dever, não cortesia! 

Havia ainda um último recurso, reservado a quem não tinha parente nem voz – o de poder recorrer diretamente autoridade máxima, como fez a sunamita que pediu ao rei a devolução de sua casa e seus campos (2Rs 8,3-6). O trono, em Israel, existia para julgar a causa do pobre e do aflito, não para ornamentar banquetes (Sl 72,1-4.12-14; Pr 31,8-9). Nesse horizonte, dizer que “preferimos” o pobre é pouco. 

No pacto de Deus com o seu povo, o pobre não entra como preferência, mas como prioridade. 

Os profetas repetiram que o Senhor se apresenta comogoeldo órfão, da viúva, do estrangeiro (Dt 10,18-19; Is 41,14; 43,1; 54,5). Não o faz porque eles são moralmente superiores, mas porque não têm defesa. Quando todos os vínculos falham, Deus se declara parente deles. É por isso que a Escritura atrela a justiça à forma como tratamos quem não tem com quem contar: “Não maltratarás a viúva nem o órfão” (Ex 22,21).  

O critério é fidelidade à aliança, não filantropia. Jesus assume essa herança e a leva mais alto. Em Nazaré, ao proclamar o cumprimento de Isaías — “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a boa-nova aos pobres” (Lc 4,18; cf. Is 61,1), — Ele se apresenta como o grandegoel. Devolve a vista, levanta quem está caído, perdoa dívidas que acorrentavam. No Calvário, paga com a própria vida o preço que estava além de nossas posses. A Igreja recebeu essa herança jurídica e afetiva ao se propor de ser, na história, o corpo do Ressuscitado que continua a obra dogoel

A literatura compreendeu isso antes de muitos tratados teológicos. Dostoiévski, emCrime e Castigo(1866), apresenta em Sônia Marmieládova essa mesma gravidade do amor. Uma jovem que escolhe os últimos para permanecer junto deles quando todos recuam, e essa permanência revela o que o Evangelho chama de misericórdia. 

Shakespeare, noRei Lear(1606), pôs nos lábios do rei, já moribundo, a intuição tardia de que não cuidara dos “pobres desprovidos” e que o poder, sem essa justiça, é vento (Ato III, Cena 4). Dickens repete, em romances comoOliver Twist (1838) eBleak House(1853), que a caridade anônima e distante é uma ficção benigna. 

Muda o destino dos pequenos quem entra na casa, aprende o nome e interrompe o inevitável curso da ruína. Em todos esses mundos, o pobre não é causa para adeptos, é vínculo que interpela, como parente de sangue. 

Ogoelage por direito; e o rei, quando é digno da coroa, torna-se o últimogoeldo seu povo (Sl 72,12-14). A Bíblia ama retratar Deus como esse rei acessível. Jesus acolhe esse critério e o inscreve no coração de sua autoridade: “Tudo o que fizestes a um destes pequeninos, meus irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). 

Não é só opção. Há a construção de uma identidade, onde tocar o pobre é tocar o próprio Cristo. A Igreja herdou esse ministério dogoel para que a terra, a liberdade e a honra dos últimos não permaneçam entregues à sorte. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

RATZINGER: Fé, verdade, tolerância (Parte 1/2)

Capa do livro do Cardeal Joseph Ratzinger, Fé, Verdade, Tolerância , publicado pela Cantagalli, cuja tradução italiana foi contribuída pelos nossos editores Silvia Kritzenberger e Lorenzo Cappelletti | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 11 - 2003

Fé, verdade, tolerância

O Presidente Emérito da República, Francesco Cossiga, apresentou o último livro do Cardeal Joseph Ratzinger no Encontro de Rimini. Publicamos seu discurso.

por Francesco Cossiga

1,A honra de ser convidado para falar sobre o livro de Joseph Ratzinger , Fé, Verdade, Tolerância : Cristianismo e as Religiões do Mundo, me impôs a tremenda responsabilidade de dialogar com os participantes do Encontro para a Amizade entre os Povos em uma coletânea excepcionalmente rica e oportuna de escritos, antigos e novos, alguns muito novos, mas todos igualmente oportunos, do grande teólogo. Esses escritos abordam temas clássicos e modernos da teologia cristã, que se cruzam e são interseccionados por problemas antigos e novos na filosofia e na história da religião, na antropologia cultural e até mesmo na política — todos eles de grande, e eu diria até trágica, modernidade!

Este livro nos remete ao clima fervoroso dos estudos teológicos que caracterizou o século XX. É o exemplo de uma teologia que oferece uma visão abrangente da realidade: por isso, Joseph Ratzinger, como o igualmente grande pensador Romano Guardini, certamente poderia também ocupar uma cátedra em Katholische Weltanschauung , cátedra que, na época em que foi instituída, certamente parecia bastante estranha e naturalmente contestada pela "academia", talvez também porque poucos teriam podido vê-la concedida a eles. Hoje, há de fato uma grande necessidade de visões desse tipo, que nos permitam compreender o fenômeno da existência cristã em termos contemporâneos e modernos, mas fiéis à tradição e, portanto, à verdade, e, ao mesmo tempo, restaurar a essa existência uma unidade que foi amplamente privada dela pela chamada cultura moderna.

Frequentemente nos deparamos com elaborações teológicas que, embora talvez valiosas de um ponto de vista puramente e, em parte, exclusivamente especializado, não têm valor sintético. Aqui também vem à tona o antigo adágio filosófico alemão: muitos veem as árvores, mas poucos veem a floresta!

2. Por que fui chamado a participar do encontro e, além disso, incumbido desta difícil tarefa no âmbito do fervoroso Encontro da Amizade entre os Povos, fruto precioso da inteligência e do coração de Comunhão e Libertação?

Por duas razões fortes e uma fraca . A razão fraca : uma certa reputação de leitor, apenas leitor e, além disso, amador de teologia, e, além disso, uma reputação para a qual, verdade seja dita, o próprio Joseph Ratzinger contribuiu sem culpa! Mas também por duas razões fortes : a sua amizade e a amizade recente, mas já muito forte, porque é alimentada pela minha grande admiração e por esperanças intelectuais partilhadas, com o muito corajoso e ao digno editor Cantagalli, a quem devemos a publicação deste livro.

3. Este livro, que discutirei, é um livro difícil, mas claro; fiel à verdadeira e firme tradição e, ao mesmo tempo, extremamente moderno, como o pensamento de Joseph Ratzinger sempre foi, e sempre foi, um livro. É um livro para ser lido não em uma poltrona, mas em uma mesa, com um lápis e um bloco de notas à mão.

Hoje, há a necessidade de ajudar a todos, mas especialmente aos mais jovens, com o que Hegel exemplarmente chamou de "trabalho do conceito": isto é, o trabalho de pensar, de construir com a mente, isto é, de construir o raciocínio.

Com muita frequência, um certo sentimentalismo — às vezes disfarçado de espiritualidade ou mesmo de misticismo — vem substituir o que é inescapável do horizonte do cristão crente: o uso da razão. Quase parece que, ao passar pela razão, a mensagem é quase fria, isto é, incapaz de atingir o coração. Como se o coração residisse num corpo desprovido de intelecto e dele estivesse separado! Assim como o intelecto, num corpo dotado de coração, não pode ser separado dele. Não deve ser assim, porque não é! Não seria má ideia, de vez em quando, reler um pouco de Tomás de Aquino, Agostinho e Pascal!

Francesco Cossiga durante a apresentação do livro de Joseph Ratzinger, Fé, Verdade, Tolerância: Cristianismo e as Religiões do Mundo, no Meeting de Rimini | 30Giorni.

4. Este é também um livro de extrema e dramaticamente atual relevância, e que considero mais do que necessário, providencial, especialmente diante de certos "modernismos pós-conciliares" que — por simplificação excessiva ou talvez até por excessiva "caridade" não nutrida por doutrina suficiente ou não "medida" pela virtude cardeal da prudência — deram origem a caminhos teóricos e práticos confusos que confundiram... E certos caminhos podem levar à confusão, por exemplo em questões de "ecumenismo", "diálogo entre religiões", relação entre filosofia e fé, entre fé e religião, entre religião e conhecimento humano, entre monoculturalismo, interculturalismo e pluriculturalismo, se não nos sentirmos ancorados na tradição, no ensinamento da Igreja, no pensamento cristão dos Padres da Igreja, nos contemporâneos John Henry Newman e Antonio Rosmini. 

5. Esses problemas, na verdade, surgiram também de algumas "assembleias de oração comum" mal compreendidas, embora generosas e entusiasmadas, e de algumas reações sentimentais despercebidas a documentos como Fides et Ratio , Dominus Iesus, o documento sobre os deveres morais dos católicos na política e, por fim, o documento sobre a Eucaristia. 

6. O livro de Joseph Ratzinger também lança luz sobre um problema que uma leitura superficial e, talvez, míope e linguisticamente desatenta dos documentos conciliares sobre ecumenismo, tolerância e salvação universal criou, quase em contradição com o mandato missionário apostólico dado à Igreja por Cristo, corretamente baseado na exclusividade e exaustividade da Revelação e de sua figura redentora: Jesus de Nazaré.


Alguns vitrais da Catedral de Regensburg (século XII) na Baviera, Alemanha; acima, a Adoração dos Magos, abaixo, a Fuga para o Egito | 30Giorni.

7. Católico, como costumavam chamar de "progressista" na minha juventude, "conciliarista raivoso", perguntei-me então, talvez temerariamente, admito!, se — certamente sem prejuízo do seu valor "providencial" — a cultura filosófica e teológica, não só dos leigos, mas especialmente do clero, estava pronta para acolher as mensagens, mesmo proféticas, do Concílio Vaticano II, sem perigosos mal-entendidos e aventureiros "saltos à frente". Pensemos na "teologia da libertação" e, nos campos litúrgico e ecumênico, em certas interpretações errôneas, distorções, descuidos e superficialidades.

Há, de fato, um erro compartilhado pela teologia da libertação e por uma certa teologia litúrgica, que tende a dar precedência à assembleia dos fiéis, clero e leigos, sobre a função pessoal e vicária de Cristo. Esta função, sendo precisamente pessoal e vicária, não pode ser substituída por nenhum sujeito, mesmo no caso de uma assembleia, mesmo que seja um cantor com bateria e violão!

O mesmo ocorre na teologia da libertação, onde o projeto histórico e, por vezes, político prevalece ou se identifica – o que é pior! – com a figura e a realidade do Reino de Deus.

Todas essas abordagens quase repetem o erro do pelagianismo: o de considerar o homem capaz de realizar sua própria salvação sozinho, por meio de suas próprias forças. Esses medos devem ser superados de duas maneiras: uma sólida teologia da graça gratuita e uma aceitação igualmente sólida, por parte do fiel católico, de sua própria responsabilidade mundana , como exige do "cristão adulto" a lição de um grande mártir protestante, o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF