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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Os novos católicos: quem são e porque estão retornando a Igreja

Shutterstock | Aleteia

Cibele Battistini - publicado em 09/07/25

Nos últimos anos, um fenômeno notável tem chamado a atenção no cenário religioso do Brasil: o retorno de muitos fiéis à Igreja Católica. Este movimento, que marca uma nova fase na vida da comunidade católica, revela não apenas um desejo de reconexão espiritual, mas também uma busca por valores e significados em tempos de incertezas.

Os "novos católicos" incluem uma gama diversa de pessoas que, por diferentes razões, decidiram retornar à Igreja. Entre eles, encontramos jovens adultos que cresceram em um contexto de fé, mas que se distanciaram nos últimos anos. Agora, muitos estão buscando respostas para perguntas profundas sobre suas vidas, como propósito e pertencimento.

Além dos jovens, este retorno também abrange aqueles que, após vivenciar perdas ou crises pessoais, sentiram uma necessidade premente de reconexão com sua espiritualidade.

Sara Almeida, 30 anos, é uma dessas pessoas. Após a perda de um ente querido, ela encontrou conforto nas práticas religiosas e na comunidade da Igreja. “A fé me proporcionou um espaço de acolhimento e compreensão que eu não encontrava em nenhum outro lugar”, compartilha.

As motivações deste retorno

Vários fatores contribuem para essa nova onda de católicos. Um deles é a busca por comunidade e pertencimento. Em tempos de isolamento e distanciamento social, especialmente após a pandemia, muitos buscaram redes de apoio que a Igreja oferece. As celebrações e encontros comunitários se tornaram locais de conforto e reconexão, onde as pessoas encontram não apenas fé, mas também amizades e suporte emocional.

Outro aspecto importante é o desejo de aprofundar a espiritualidade. Muitos novos católicos relatam que a religiosidade traz um senso de propósito e clareza em um mundo repleto de incertezas. A prática da oração, a participação em missas e as atividades pastorais têm servido como ferramentas para lidar com as ansiedades e os desafios cotidianos.

Além disso, a Igreja Católica está se adaptando para acolher esses novos fiéis. Com práticas mais inclusivas e eventos voltados para jovens e famílias, a Igreja está buscando se modernizar, proporcionando um espaço onde todos se sintam bem-vindos. Essa abertura tem sido um atrativo para aqueles que decidiram retornar e se reconectar com a fé.

O impacto da Espiritualidade

Um elemento central na vida dos novos católicos é a espiritualidade. Muitos relatam que, ao voltar para a Igreja, começaram a explorar uma relação mais pessoal e direta com Deus. “O retorno à fé não é apenas uma volta à tradição, mas um reencontro com minha essência”, afirma Roberto, 25 anos, que encontrou na espiritualidade católica um novo sentido para sua jornada.

Esse retorno também tem sido impulsionado por redes sociais e plataformas digitais que promovem uma discussão mais ampla sobre espiritualidade. Grupos de oração online, podcasts sobre temas católicos e comunidades virtuais têm atraído jovens e adultos, proporcionando um espaço de diálogo e aprendizado que transcende as barreiras físicas da Igreja.

Os novos católicos representam uma reconfiguração importante dentro da Igreja Católica no Brasil. Suas histórias de retorno são marcadas pela busca de comunidade, espiritualidade e um propósito renovado. À medida que a Igreja se adapta a essas mudanças, ela se torna um espaço mais inclusivo e acolhedor, oferecendo não apenas rituais e tradições, mas também um local de apoio e compreensão em tempos desafiadores.

Esse fenômeno não é apenas uma resposta a uma crise religiosa, mas uma busca autêntica por fé e significado em um mundo em constante transformação. A reconexão dos novos católicos é um testemunho da resiliência da fé e do poder da comunidade na vida das pessoas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/09/os-novos-catolicos-quem-sao-e-porque-estao-retornando-a-igreja/

O túmulo dos apóstolos: São João

São João | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 12 - 2008

O túmulo dos apóstolos

São João

O Cordeiro, que parece frágil, é Ele o vencedor.

de Lorenzo Bianchi

Segundo o que fontes antigas nos dizem, João, o predileto de Jesus e irmão de Tiago Maior, foi o único dos apóstolos que não morreu pelo martírio, mas de morte natural, em idade avançada. Depois da ressurreição de Jesus, foi o primeiro, ao lado de Pedro, a receber de Maria Madalena o anúncio do sepulcro vazio, e foi o primeiro a chegar até ele, entrando, porém, depois de Pedro. Após a ascensão de Jesus ao céu, os Atos dos Apóstolos o mostram ao lado de Pedro por ocasião da cura do aleijado no Templo de Jerusalém e, depois, no discurso no Sinédrio, em seguida do qual foi capturado e, também com Pedro, encarcerado. Com o mesmo Pedro, dirige-se à Samaria. Em 53, João ainda se encontra em Jerusalém: Paulo o nomeia (Gl 2, 9), ao lado de Pedro e Tiago, como uma das “colunas” da Igreja. Mas, por volta de 57, Paulo só fala de Tiago Menor em Jerusalém: João, portanto, já não está lá, tendo-se transferido para Éfeso, como testemunham unanimemente as fontes antigas, entre as quais basta-nos citar Irineu (Contra as heresias, III, 3, 4): “A Igreja de Éfeso, que Paulo fundou e em que João permaneceu até a época de Trajano, é testemunha verídica da tradição dos apóstolos”.

A permanência de João em Éfeso, onde escreve o Evangelho (segundo o mesmo Irineu afirma), é interrompida, como as fontes antigas nos dizem, pela perseguição sofrida sob Domiciano (imperador de 81 a 96), provavelmente por volta do ano de 95. É nesse ponto que se insere a tradição, registrada por muitos autores antigos, de sua viagem a Roma e de sua condenação à morte numa caldeira de argila cheia de óleo fervente, da qual saiu ileso por milagre.

A fonte mais antiga a falar do martírio é Tertuliano, por volta do ano 200: “Se fores à Itália, encontrarás Roma, de onde podemos beber nós também a autoridade dos apóstolos. Como é feliz essa Igreja, à qual os apóstolos ofereceram a doutrina por completo, acrescentando-lhe seu sangue, onde Pedro se identifica com o Senhor na paixão, onde Paulo é coroado com a mesma morte de João Batista, onde o apóstolo João, mergulhado sem se ferir em óleo fervente, é condenado ao exílio numa ilha” (A prescrição contra os hereges, 36). Outro testemunho é o de Jerônimo, que escreve no final do século IV: “João terminou sua vida com uma morte natural. Mas, se lermos as histórias eclesiásticas, aprenderemos que ele também foi posto, em razão de seu testemunho, numa caldeira de óleo fervente, da qual saiu, como atleta, para receber a coroa de Cristo, e que logo depois foi relegado à ilha de Patmos. Veremos ainda que não lhe faltou a coragem do martírio e que ele bebeu o cálice do testemunho, idêntico ao que beberam os três jovens na fornalha de fogo, embora o perseguidor não tenha derramado seu sangue” (Comentário ao Evangelho segundo Mateus, 20, 22). Às antigas fontes cristãs sobre o martírio de João em Roma, podemos hoje acrescentar com boa dose de credibilidade (graças a um estudo de Ilaria Ramelli) a alusão do pagão Juvenal (inícios do século II), que, na Sátira IV, critica Domiciano contando o episódio da convocação do Senado para decidir o que fazer com um enorme peixe, vindo de longe e trazido ao imperador, que é destinado a ser cozido numa panela muito funda. Em Roma, no lugar que a tradição aponta como do martírio, perto da Porta Latina, no interior do cinturão dos Muros Aurelianos, encontra-se o templo octogonal de São João em Óleo, cujas estruturas atuais remontam a 1509, mas que seguramente deve ter estado ali presente (não sabemos se na forma atual, nem se originariamente dedicado ao culto pagão de Diana) desde época anterior à construção da vizinha igreja de São João em Porta Latina, que vem da época do papa Gelásio I (492-496).

Ruínas da Basílica de São João, Éfeso | 30Giorni

Eusébio nos diz que, por Domiciano, João “foi condenado ao confinamento na ilha de Patmos em razão do testemunho que deu do Verbo divino” (História eclesiástica, III, 18, 1), e toma essa notícia das palavras do próprio João no Apocalipse, em que o apóstolo diz de si mesmo que foi deportado “em razão da palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (Ap 1, 9). Lá, nessa ilha das Espórades a cerca de setenta quilômetros de Éfeso, João escreve o Apocalipse. Depois da morte de Domiciano, em 96, o apóstolo volta a Éfeso, como o mesmo Eusébio testemunha: “Naquela época, João, o predileto de Jesus, ao mesmo tempo apóstolo e evangelista, ainda vivia na Ásia, onde, tendo voltado do exílio na ilha pela morte de Domiciano, dirigia as Igrejas daquela região” (História eclesiástica, III, 23, 1). João morre em Éfeso, talvez em 104, e lá é sepultado. Por volta de 190, Polícrates, bispo de Éfeso, numa carta endereçada ao papa Vítor, diz: “Também João, aquele que se abandonou no peito do Senhor, que foi sacerdote e trouxe a insígnia de mártir [aqui, talvez, no sentido de testemunha] e mestre, jaz em Éfeso” (o trecho é citado em Eusébio, História eclesiástica, V, 24, 2). Seu túmulo, visível até hoje, encontra-se numa câmara funerária subterrânea na colina de Ayasuluk, a um quilômetro e meio da antiga Éfeso. No princípio do século IV, foi ali construído um martyrion quadrangular de cerca de 20 x 19 metros, citado no Itinerário de Egéria; em torno dele foi construída, cerca de um século depois, uma igreja cruciforme, demolida no século VI pelo imperador Justiniano, que mandou erigir em seu lugar uma grandiosa basílica para os numerosos peregrinos, intitulada ao apóstolo, com três naves, 110 metros de comprimento e mais ou menos a metade dessa medida de largura. O túmulo de João fica na cripta sob o altar. Toda a colina foi cercada por um muro para proteger o santuário e as dependências. Destruída a basílica, por um terremoto e vários saques, suas ruínas imponentes, objeto de diversas pesquisas arqueológicas e restaurações, foram parcialmente reerguidas recentemente.

Fonte: https://www.30giorni.it/

A acolhida no tempo atual e na vida da Igreja no século IV

"São Gregório de Nazianzo, bispo do século IV falou da acolhida do estrangeiro seja necessário pelo fato de que o Senhor se faz presente nele"  (AFP or licensors)

"A acolhida foi uma das práticas fortes na Igreja do século IV do cristianismo. Ela estava ligada a Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6). Jesus deseja de todos nós discípulos, discípulas práticas de acolhida para todas as pessoas que mais precisam de nossa ajuda, compreensão, amor, para um dia participarmos da eterna acolhida, feita por Deus, no Reino dos céus."

Por Dom Vital Corbellini, bispo de Marabá (PA).

A acolhida é uma atitude da vida humana e cristã. Ela coloca a importância de vivê-la na realidade das pessoas, com o intuito de ajudá-las, pois ela faz-nos entrar em contato com o Senhor Jesus. Ele espera de nós pessoas acolhedoras nos irmãos e nas irmãs necessitados de acolhida. A Palavra de Jesus fala no juízo final na qual Ele era forasteiro, estrangeiro e as pessoas o acolheram em casa (cfr. Mt 25, 35). A palavra acolhida em unidade com a hospitalidade vem do latim hospitalitas-atis, cujo significado é ser hóspede, cordial generoso em acolher e tratar as pessoas hóspedes, necessitadas[1].

A missão da Igreja da acolhida na atualidade e na Igreja antiga

A Igreja segue os passos do Senhor na acolhida de muitas pessoas. Em nossas comunidades, paróquias, dioceses temos nós a pastoral da acolhida. É um serviço bonito prestado na grande maioria, por leigos e leigas. A acolhida é a assunção da palavra de salvação de Jesus, porque o julgamento será dado pelo amor ao próximo na palavra do Mestre, o Rei que é Jesus: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40). A seguir nós veremos como esta palavra se concretizou na vida eclesial e comunitária a partir do século IV do cristianismo na vida dos santos padres e de lideranças das comunidades.

O Concílio de Nicéia

O Concílio de Nicéia, realizado em 325 teve um papel essencial na vida eclesial e doutrinária ao afirmar a divindade do Verbo de Deus, ponto proveniente desde a concepção do Filho de Deus na carne (cfr. Jo 1,14), mas também na questão da acolhida das pessoas cristãs em relação àquelas que vinham de longe. Ele afirmava que em toda a cidade sejam instituídos, construídos edifícios em relação aos estrangeiros, pobres, doentes. Estes edifícios receberiam o nome de casa de acolhida para os hóspedes[2].

Um monge assumisse esta missão

 O Concílio colocava também que fosse o Bispo a nomear um monge escolhido entre os monges que habitavam no deserto. Ele fosse um estrangeiro, longe de seus parentes, que desse um bom testemunho de vida e de ser uma pessoa honesta, de modo que ele fosse o chefe da casa de acolhida das pessoas necessitadas e que provinham de longe de suas cidades[3].

  A missão

Esta pessoa que vivia nos mosteiros sendo a coordenadora da casa de acolhida dos hóspedes tinha como missão preparar as camas, as cobertas e tudo aquilo que é necessário para os doentes e para os pobres. O Concílio disse também caso a Igreja não tivesse bens suficientes para a assunção das despesas diversas, haveria uma maneira de pedir ajuda aos fiéis e os cristãos dariam conforme as suas possibilidades para que assim provesse a sustentação dos irmãos e das irmãs, dos estrangeiros, dos pobres e dos doentes segundo as necessidades de cada pessoa. O monge responsável, desta casa era chamado a zelar pelas coisas necessárias a serem adquiridas em vista de um bom serviço para com todas as pessoas pobres em seus meios [4].

O perdão dos pecados

O Concílio de Nicéia dizia que todas ações caritativas em favor dos pobres, dos estrangeiros seguiam a Palavra de Deus em vista do perdão dos pecados (cfr. 1 Pd 4,8). As culpas seriam expiadas e sobretudo as pessoas se aproximassem a Deus pela realização da caridade para com os estrangeiros, os doentes, os pobres mais necessitados de ajuda[5].

O que fazer de bom?

São Basílio de Cesareia foi bispo do século IV, grande pessoa defensora das pessoas simples, e dos pobres. Ele foi conhecido como o bispo social. Ele interpretou a parábola do rico insensato no evangelista São Lucas (cfr. Lc 12,16-18) onde ele teve uma boa colheita de bens de modo que se perguntou o que fazer? Ele podia ter dito o que fazer de bom para as pessoas necessitadas? No entanto, ele pensou somente no seu bem estar. O bispo distinguiu os bens provenientes de Deus como a terra fértil, um clima temperado, a abundância das sementes, e todas as coisas que agilizaram a cultivação da terra e torná-la fecunda. E quais seriam os dons para o ser humano conceder ao Criador e as pessoas mais necessitadas? Em primeiro lugar aquela pessoa teve dureza de caráter, atitude fechada em relação às outras pessoas, incapacidade de compartilhar os bens. Tudo isso foi perceptível naquele homem, rico de bens que não se abriu ao Benfeitor, o Senhor Deus e às pessoas[6].

O esquecimento das coisas boas

São Basílio dizia que o rico foi insensato no sentido de que ele esqueceu a comum natureza dos seres humanos, não pensou do dever de distribuir o supérfluo aos necessitados, não levava em consideração a palavra de Deus para não recusar de fazer o bem ao necessitado (cfr., Pv 3,27); a procura em dividir o seu pão com a pessoa faminta (cfr. Is 58,7)[7].

 O grito dos profetas

Aquela pessoa não ouviu o grito dos profetas e dos mestres que clamavam pela partilha das coisas. Os celeiros estavam cheios de trigo, mas tinha um coração ávido, pois nunca estava contente com os bens recolhidos, pelo acúmulo de coisas previstas de ano em ano, os celeiros não comportavam mais a quantidade de bens acumulados de modo que ele disse: O que fazer? Ele pensou em si e não mais nos outros, sobretudo as pessoas mais necessitadas e na abertura para com o Senhor[8].

A acolhida do estrangeiro

São Gregório de Nazianzo, bispo do século IV falou da acolhida do estrangeiro seja necessário pelo fato de que o Senhor se faz presente nele (cfr. Mt 25, 35). Ele também tinha presente a palavra de São Paulo que diz que o Senhor de rico se fez pobre para nos tornar ricos por sua pobreza(cfr.2 Cor 8,9). Ele citava também o pobre Lázaro que tinha necessidade de pão para comer e água para beber (cfr. Lc 16,19-31), talvez um outro pobre estaria deitado diante de sua moradia[9].

 A mesa eucarística

Ele dizia era necessário ter respeito à mesa eucarística na qual a pessoa se aproximava, do pão na qual a pessoa tomou parte, do cálice no qual tomou a bebida estando iniciado aos sofrimentos de Cristo Jesus. A pessoa era chamada a acolher um estrangeiro, sem casa, vindo de longe. São Gregório afirmou o ponto para acolher através dele, Aquele que viveu por estrangeiro entre os seus, porque não o receberam (cfr. Jo 1,11) que por meio da graça colocou na pessoa a sua permanência e elevou a pessoa à morada do alto[10].

A acolhida foi uma das práticas fortes na Igreja do século IV do cristianismo. Ela estava ligada a Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6). Jesus deseja de todos nós discípulos, discípulas práticas de acolhida para todas as pessoas que mais precisam de nossa ajuda, compreensão, amor, para um dia participarmos da eterna acolhida, feita por Deus, no Reino dos céus.
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[1] Cfr. Ospitalità. In: Il Vocabolario Treccani, Il Conciso. Milano-Trento. Stampa, pg. 1083.
[2] Cfr. Concílio de Nicea, Canone 75. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 2022, pg. 66.
[3] Cfr. Idem, pgs. 66-67.
[4] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[6][6] Cfr. Omelia su: Demolirò i miei magazzini di Basilio di Cesarea. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 78.
[7] Cfr. Ibidem, pgs 78-79.
[8] Cfr. Ibidem, pg. 79./
[9] Cfr. Discorsi, 40,31 di Gregorio di Nazianzo. In: “Non dimenticate l´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 98.
[10] Cfr. Idem, pg. 98.
[11] Cfr. Ospitalità. In: Il Vocabolario Treccani, Il Conciso. Milano-Trento. Stampa, pg. 1083.
[12] Cfr. Concílio de Nicea, Canone 75. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 2022, pg. 66.
[13] Cfr. Idem, pgs. 66-67.
[14] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[15] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[16][16] Cfr. Omelia su: Demolirò i miei magazzini di Basilio di Cesarea. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 78.
[17] Cfr. Ibidem, pgs 78-79.
[18] Cfr. Ibidem, pg. 79./
[19] Cfr. Discorsi, 40,31 di Gregorio di Nazianzo. In: “Non dimenticate l´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 98.
[20] Cfr. Idem, pg. 98.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 8 de julho de 2025

O Papa Leão e um mundo à altura das crianças

Leão XIV com uma menina da Colônia de Férias do Vaticano (Vatican Media)

Dois meses se passaram desde a eleição de Robert Francis Prevost para a Cátedra de Pedro e já existem várias imagens símbolo desse pontificado que está apenas começando. Dentre elas, embora menos conhecida, está a do novo Papa que se abaixa para ficar na altura de uma menina que quer lhe dar um desenho. Um gesto simples que, no entanto, tem uma mensagem de grande valor: para construir um mundo melhor, é necessário se colocar no mesmo nível das crianças.

Alessandro Gisotti

São muitas e ricas de significado as imagens que nos proporcionaram esses dois primeiros meses do Pontificado de Leão XIV. Algumas permanecerão na memória coletiva por um longo tempo, como as lágrimas que ele conteve no Balcão central da Basílica Petrina enquanto observava as pessoas alegres na Praça São Pedro na tarde de 8 de maio em sua primeira Urbi et Orbi após sua eleição. Mas há uma, muito menos conhecida, que naturalmente traz uma mensagem e uma visão para o futuro. É aquela em que o Papa Leão se abaixa ao lado de uma menina da Colônia de Férias de Verão do Vaticano que lhe mostra um desenho.

Os sorrisos dos dois são impressionantes: o Papa está evidentemente olhando para a lente do fotógrafo. A menina está "encantada" com esse gesto e, portanto, não olha para o fotógrafo, mas mantém seu olhar sorridente fixo em Leão XIV. Por que essa imagem é tão importante? Porque com esse simples abaixamento, o Pontífice nos mostrou uma direção que deve ser seguida por todos e, em particular, por aqueles que hoje têm o destino do mundo em suas mãos: colocar-se à altura das crianças, olhar o mundo através dos olhos delas. Como o destino da humanidade mudaria se cada um de nós tivesse a coragem de se abaixar como Jesus fez quando - repreendendo os discípulos que queriam mandar embora as crianças "incômodas" - pronunciou aquela frase imortal: "Deixem vir a mim as crianças".

Hoje, quando deixamos as crianças virem até nós? E, acima de tudo, quanto vamos em direção a elas? Em direção às crianças oprimidas pela guerra, às famintas pelo egoísmo alheio, às crianças abusadas por mil formas de violência. A lógica, antes mesmo do sentimento, exigiria que os adultos protegessem os pequenos. Em vez disso, acontece exatamente o oposto: nas guerras decididas pelos adultos, os primeiros a sofrer são justamente eles: os pequenos. O que veríamos se nos abaixássemos à altura das crianças de Gaza, Kharkiv, Goma e dos muitos, muitos lugares devastados por conflitos armados? Talvez, se o fizéssemos, algo mudaria.

"Se quisermos ensinar a verdadeira paz neste mundo", disse Gandhi, "e se quisermos travar uma verdadeira guerra contra a guerra, devemos começar com as crianças". Imagine por um momento se crianças das nacionalidades das Grandes Potências participassem do Conselho de Segurança da ONU. Quem sabe como as relações internacionais mudariam! Infelizmente, devemos reconhecer com amargura que a realidade da guerra nos é incutida, como veneno, desde os primeiros anos de nossas vidas. Bertolt Brecht explica isso de forma dramática e eficaz num poema escrito quando o início sombrio da Segunda Guerra Mundial se aproximava: “As crianças brincam de guerra. Raramente brincam de paz porque os adultos sempre fazem a guerra.”

É por isso que talvez a única maneira de mudar o curso da história seja realmente a mais improvável: abaixar-nos, descer das nossas convicções e interesses de adultos e colocar os nossos olhos (e ainda mais os nossos corações) no olhar "baixo" das crianças. O Papa Leão, como missionário e bispo no Peru, abaixou-se muitas vezes para estar à altura das crianças. Existem várias imagens que mostram ele nessa situação. Agora que é Bispo de Roma, o seu estilo não mudou, como nos "confirmou" aquela foto tirada na Colônia de Férias de Verão do Vaticano, na Sala Paulo VI. Tornar-nos pequenos, portanto, para tornar a nossa humanidade maior. Uma lição de que precisamos imensamente hoje.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Diante da escassez de padres, a diocese concede dispensa da missa dominical: onde e em que circunstâncias?

Arcebispo Jozef Nuzik De Olomouc Foto: Catolin

Diante da escassez de padres, a diocese concede dispensa da missa dominical: onde e em que circunstâncias?

O anúncio, feito em uma carta pastoral lida nas paróquias no último domingo, 22 de junho, reconhece a crescente realidade de que muitos católicos não conseguem comparecer à missa dominical por motivos alheios à sua vontade. Nuzik, que lidera a Arquidiocese de Olomouc desde fevereiro de 2024 e foi eleito presidente da Conferência Episcopal Tcheca no início deste ano, descreveu a medida como um "auxílio pastoral".

06 DE JULHO DE 2025

Por JOACHIN MEISNER HERTZ

(ZENIT News / Praga, 06.07.2025).- Em uma resposta pastoral ousada à crescente escassez de padres na República Tcheca, o Arcebispo Jozef Nuzik de Olomouc emitiu uma rara dispensa da obrigação da missa dominical, oferecendo alívio temporário aos fiéis em áreas remotas e marginalizadas da região da Morávia.

O anúncio, feito em uma carta pastoral lida nas paróquias no último domingo, 22 de junho, reconhece a crescente realidade de que muitos católicos não conseguem comparecer à missa dominical por motivos alheios à sua vontade. Nuzik, que lidera a Arquidiocese de Olomouc desde fevereiro de 2024 e foi eleito presidente da Conferência Episcopal Tcheca no início deste ano, descreveu a medida como "assistência pastoral àqueles que, devido à escassez de padres, encontram sérios obstáculos para cumprir sua obrigação dominical".

A dispensa se aplica em circunstâncias específicas em que as paróquias não podem celebrar a missa dominical regularmente devido à falta de clero. Nesses casos, o arcebispo incentiva os paroquianos a procurar igrejas próximas que ofereçam missa, participem da liturgia dominical vespertina ou de uma Liturgia da Palavra conduzida por um diácono, quando possível. Quando as viagens ou a logística impossibilitarem até mesmo essas alternativas, especialmente em áreas rurais com transporte público limitado, os fiéis podem cumprir sua obrigação dominical por meio de devoção particular, oração em família ou participação na missa via rádio, televisão ou internet.

A medida permanecerá em vigor até 31 de dezembro de 2025.

Embora o direito canônico mantenha claramente a importância do domingo — o "dia da Ressurreição" e um pilar central da vida católica — o cânone 1248 do Código de Direito Canônico também permite expressões alternativas de participação quando surgem impedimentos genuínos. A carta do Arcebispo Nuzik deixa claro que essa dispensa não é uma licença para a indiferença, mas uma acomodação pastoral nascida da necessidade.

A escassez de padres não é um problema novo na Europa Central, mas em regiões como a Morávia, seus efeitos são sentidos de forma mais aguda. Muitas paróquias rurais, antes servidas por padres residentes, foram forçadas a se consolidar ou a recorrer a clérigos rotativos que cobrem múltiplas comunidades em longas distâncias. Embora as vocações sacerdotais na República Tcheca permaneçam modestas, a população católica, embora pequena, ainda está profundamente enraizada nas tradições locais, e muitos paroquianos mais velhos estão encontrando cada vez mais dificuldades para se deslocar.

O Arcebispo Nuzik, que passou quase duas décadas servindo em pequenas paróquias rurais, conhece profundamente os ritmos da vida católica rural e sua dependência da presença sacramental. Sua experiência pessoal provavelmente influenciou a decisão de conceder essa acomodação pastoral.

Sua nomeação no início deste ano como presidente da Conferência Episcopal Tcheca marcou uma mudança geracional na liderança da Igreja no país. Nuzik é conhecido por ser uma figura discreta, porém pragmática, focada no fortalecimento das práticas religiosas locais em uma sociedade secularizada. Sua iniciativa mais recente reflete uma preocupação mais ampla entre os bispos da Europa Central: como manter a vida sacramental em comunidades onde o clero é cada vez mais escasso.

A carta da arquidiocese enfatiza que a dispensa é temporária e será reavaliada até o final de 2025. Enquanto isso, Nuzik pediu aos fiéis que rezem pelas vocações e promovam uma cultura renovada de oração, hospitalidade e resiliência espiritual em nível paroquial.

Observadores afirmam que a dispensa pode abrir um precedente para outras dioceses na Europa que enfrentam desafios demográficos e vocacionais semelhantes. Com o envelhecimento das comunidades católicas e o declínio do número de seminários, bispos de todo o continente se esforçam para preservar a vida litúrgica em áreas onde há escassez de padres.

Por enquanto, pede-se aos morávios que não renunciem ao domingo, mas que encontrem novas maneiras de honrá-lo em tempos de escassez. Como resumiu um boletim paroquial: "Quando falta a Missa, a Igreja não desaparece. Onde dois ou três se reúnem, Cristo permanece presente."

Fonte: https://es.zenit.org/2025/07/06/ante-escasez-de-sacerdotes-diocesis-concede-dispensa-de-la-misa-dominical-donde-y-bajo-que-circunstancias/

DENTRO DO VATICANO: Dicastério para a Evangelização

O pró-prefeito da primeira Seção do Dicastério para a Evangelização, o arcebispo Rino Fisichella (centro) com o cardeal secretário de Estado Parolin (esquerda), na inauguração do Ponto de Informação para o Jubileu 2025 (Vatican Media)

É o Dicastério competente para as questões fundamentais da evangelização no mundo e para a instituição, acompanhamento e apoio de novas Igrejas particulares, para que Cristo, luz dos povos, seja conhecido e testemunhado em todo o mundo e a Igreja seja edificada. Uma estrutura dedicada ao anúncio e à missão, dividida em duas Seções.

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

A serviço da obra de evangelização, para que Cristo, luz dos povos, seja conhecido e testemunhado em palavras e ações, e a Igreja, seu corpo místico, seja edificada. Esta é a missão do Dicastério para a Evangelização, definida na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium de 2022.

É composto por duas Seções: uma para as questões fundamentais da evangelização no mundo e outra para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares, que se ocupa da evangelização dos povos e da criação de Igrejas dentro dos novos povos evangelizados. É presidido diretamente pelo Papa, com dois pró-prefeitos, um para cada seção. Para a primeira, o arcebispo Rino Fisichella, enquanto para a segunda, a seção para a primeira evangelização, o cardeal Luis Antonio G. Tagle.

Notas históricas

A primeira seção herdou as competências do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, instituído em 21 de setembro de 2010 pelo Papa Bento XVI, com o motu proprio Ubicumque et semper. Com o subsequente motu proprio de janeiro de 2013, Fides per Doctrinam, Bento XVI transferiu a competência em matéria de Catequese da Congregação para o Clero para o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.

O Pontifício Conselho foi responsável, em 2012-2013, pela organização do Ano da Fé, desejado por Bento XIV, e do Jubileu da Misericórdia em 2016, proclamado pelo Papa Francisco, assim como em 2025 a primeira seção está realizando o Jubileu ordinário dedicado ao tema da Esperança.

Por fim, com o motu proprio de fevereiro de 2017, Sanctuarium in Ecclesia, Francisco transferiu para o mesmo Pontifício Conselho as competências sobre o desenvolvimento, o fortalecimento da pastoral e a proteção dos Santuários, da Congregação para o Clero.

A segunda seção assumiu as competências da Congregação para a Evangelização dos Povos, cujo nascimento remonta a mais de 400 anos. Em 6 de janeiro de 1622, de fato, o Papa Gregório XV erigiu a Congregação de Propaganda Fide como o órgão central e supremo para a propagação da fé, com uma dupla tarefa: visar a união das Igrejas Ortodoxa e Protestante e promover e organizar a missão entre os não cristãos. C

Com a Constituição Apostólica Regimini Ecclesiae universae, de 1967, de Paulo VI, o dicastério mudou seu nome para Congregação para a Evangelização dos Povos ou "De Propaganda Fide" e, com a Constituição Apostólica Pastor Bonus, de João Paulo II, de 1988, passou a se chamar simplesmente Congregação para a Evangelização dos Povos.

Com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, do Papa Francisco, de 2022, o novo Dicastério para a Evangelização herdou as competências da Congregação para a Evangelização dos Povos e do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.

Competências

De acordo com as disposições da Praedicate Evangelium, o Dicastério é competente para as questões da evangelização no mundo e para a instituição, acompanhamento e apoio às novas Igrejas particulares, sem prejuízo da competência do Dicastério para as Igrejas Orientais.

É missão da Seção para Questões Fundamentais da Evangelização no Mundo estudar as questões fundamentais da evangelização e do desenvolvimento de um anúncio eficaz do Evangelho, identificando antes de tudo o contexto cultural para encontrar depois as formas, os instrumentos e a linguagem adequados.

Apoia as Igrejas particulares no processo de inculturação do Evangelho nas diferentes culturas e etnias, dedicando especial atenção à piedade popular. No cuidado dos Santuários internacionais, a Seção é responsável pela sua ereção e pela aprovação dos estatutos e, em colaboração com as Igrejas locais, cuida da promoção de uma pastoral orgânica dos Santuários, impulsionando centros de evangelização permanente. Como a evangelização implica uma opção fundamental pelos pobres, ocupa-se do Dia Mundial dos Pobres. Também se ocupa de iniciativas para toda a Igreja universal, como as "24 Horas para o Senhor" e o Domingo da Palavra de Deus, com especialização no estudo e na difusão da Sagrada Escritura.

A Seção é responsável pela catequese, aos batizados com vida cristã cotidiana, àqueles que precisam aprofundar o ensinamento recebido e àqueles que abandonaram a fé ou não a professam. Ela zela pela correção do ensinamento da catequese e promove a formação catequética; também concede a confirmação da Sé Apostólica para os catecismos redigidos pelas Igrejas locais. Promove a formação e a ação pastoral dos Missionários da Misericórdia e o trabalho missionário de cada batizado, por meio da oração, do testemunho e das obras. Como forma de evangelização, a Seção incentiva e apoia oportunidades de encontro e diálogo com membros de outras religiões e com aqueles que não professam nenhuma religião.

A Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares apoia o anúncio do Evangelho e o aprofundamento da vida de fé nos territórios de primeira evangelização e trata de tudo o que diz respeito tanto à ereção de Circunscrições eclesiásticas ou suas modificações, como também à sua provisão, e realiza outras tarefas, à semelhança do que o Dicastério para os Bispos faz dentro de sua competência.

A Seção apoia as novas Igrejas particulares na obra da primeira evangelização e em seu crescimento. Colabora com os Bispos, as Conferências Episcopais, os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no despertar de vocações missionárias e na formação do clero e dos catequistas nos territórios sob sua jurisdição. Promove o intercâmbio de experiências dentro das novas Igrejas particulares e entre estas e as Igrejas erigidas há mais tempo.

Para aumentar a cooperação missionária, a Seção acompanha as novas Igrejas particulares rumo à autonomia econômica e as ajuda a estabelecer os Fundos necessários para sustentá-las. A Seção é responsável pelos relatórios quinquenais e pelas visitas "ad limina Apostolorum" das Igrejas locais confiadas aos seus cuidados.

À Seção são confiadas as Pontifícias Obras Missionárias: a Pontifícia Obra da Propagação da Fé, a Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo, a Pontifícia Obra da Infância Missionária e a Pontifícia União Missionária, como instrumentos para promover a responsabilidade missionária de cada batizado e para apoiar as novas Igrejas particulares. O

s bens destinados às missões são administrados por um departamento próprio, dirigido pelo Secretário Adjunto da Seção, sem prejuízo da obrigação de prestar contas à Secretaria para a Economia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O túmulo dos apóstolos: São Mateus

São Mateus | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 08 - 2009

O túmulo dos apóstolos

São Mateus

Jesus acolhe no grupo dos seus íntimos um homem que era considerado um público pecador.

de Lorenzo Bianchi

Mateus, ou Levi, como também foi chamado nos Evangelhos, era um publicano, um empregado (portitor) coletor de impostos em Cafarnaum. Ao chamado de Jesus, levanta de um salto, deixa tudo e o segue.

De sua vida sabemos pouquíssimo. É citado nos Atos dos Apóstolos logo depois da Ascensão de Jesus ao céu, e no momento da eleição de Matias para o lugar de Judas Iscariotes. É um dos quatro evangelistas: a tradição da Igreja, a partir de Papias, bispo de Hierápolis, na Frígia, por volta do ano 130, é unânime em atribuir a Mateus a paternidade do primeiro Evangelho, considerado o mais antigo, e datado pelos estudiosos (de acordo com a interpretação do que afirma Irineu relativamente a esse texto) entre 42 e 44 ou entre 61 e 67 (neste último caso, seria posterior ao Evangelho de Marcos, que teria sido escrito antes do ano 50, se a este realmente pertence o famoso fragmento 7Q5 de Qumran).

O testemunho de Papias nos é trazido por Eusébio de Cesareia: “Mateus recolheu então os ditos (do Senhor) na língua dos judeus, traduzindo-os como podia” (História eclesiástica, III, 39, 16). O relato de Irineu também nos é transmitido por Eusébio: “Mateus publicou também entre os judeus um Evangelho escrito, em sua língua, enquanto Pedro e Paulo pregavam em Roma e lá fundavam a Igreja” (História eclesiástica, V, 8, 2). E escreve ainda o mesmo Eusébio: “De todos eles (os apóstolos e os discípulos que conviveram com o Senhor), porém, somente Mateus e João nos deixaram notas, e também estes dizem que as redigiram por necessidade.

De fato, Mateus, que pregou num primeiro momento aos judeus, pôs por escrito em sua língua materna o Evangelho para os fiéis que deixava, quando teve de partir para pregar a outros povos, substituindo assim sua presença pela escritura” (História eclesiástica, III, 24, 5-6). Logo, enquanto os outros três Evangelhos foram escritos em grego, o de Mateus é escrito em sua língua materna, quase seguramente o aramaico, língua então falada na Palestina.

Aos judeus, assim, dirige-se sua primeira pregação. Não possuímos mais a versão original do Evangelho de Mateus, apenas sua tradução para o grego; uma tradição conta que no tempo do imperador bizantino Zenão (474-491), quando o túmulo de Barnabé foi encontrado em Chipre pelo arcebispo Antêmios, foi achado sobre seu peito o Evangelho de Mateus, copiado de próprio punho, em seguida doado ao imperador. Vários são os lugares de pregação atribuídos a Mateus: Síria, Macedônia, Irlanda; mas a tradição antiga mais consistente traz a notícia da pregação de Mateus na Etiópia (ou seja, na Cólquida, no Ponto Eusino), notícia acolhida também no Martirológio Romano, que indica essa localidade como a de seu martírio, recordado no dia 21 de setembro. No mesmo dia, o Martirológio Geronimiano indica o martírio de Mateus na Pérsia, em Tarrium, cidade que, porém, em outros documentos é posicionada na Etiópia; sendo assim, não haveria contradição entre as fontes. Segundo as paixões apócrifas e a Legenda áurea, o martírio de Mateus teria acontecido pela espada, enquanto celebrava a missa.

Existe, ainda, uma outra tradição menor, relatada por Clemente Alexandrino, que fala de morte natural para Mateus. De qualquer forma, se é desconhecida a data de sua morte, é desconhecida também a ocasião em que o corpo de Mateus foi trasladado para o Ocidente: uma tradição legendária insere esse acontecimento no ano de 370, por obra de marinheiros que o teriam levado das costas etíopes para Vélia. Daí, depois que a cidadezinha foi conquistada pelos sarracenos, em 412, teria sido transferido e escondido em Lucânia, numa localidade dita ad duo flumina, perto de Casalvelino.

O Martirológio Romano lembra no dia 6 de maio a chegada do corpo de Mateus a Salerno, vindo de Lucânia: teria sido levado para lá, no ano de 954, o rei longobardo Gisulfo I (946-977). Essa tradição remonta ao Chronicon Salernitanum, redigido por um cronista anônimo no mosteiro de São Bento, em Salerno, em 978, e a outros dois textos medievais que concordam com esse. Em Salerno, as relíquias, cujas notícias se perderam por mais de um século, foram reencontradas em 1080 e postas na cripta da catedral consagrada pelo papa Gregório VII, onde ainda hoje repousam. A data de 1080 é historicamente confirmada pela carta que o Papa escreveu em 18 de setembro daquele ano ao arcebispo de Salerno, Alfano, em que é mencionado o achado. Relíquias menores de Mateus são conhecidas também em Roma. Uma, levada a Roma pelo futuro papa Vítor III em 1050 como presente a Cêncio Frangipane, estava num relicário de prata (hoje vazio), encontrado durante um reconhecimento em maio de 1924 no escoadouro sob o altar da cripta da igreja dos santos Cosme e Damião. Especialistas consideraram mais tarde que uma parte de um braço de Mateus se encontra em Santa Maria Maior, levada para lá provavelmente como presente pelo papa Paulo V (1605-1621).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Concluída mediação da Santa Sé entre os siro-malabares

Sacerdotes e fiéis da Igreja siro-malabar em audiência no Vaticano (arquivo)   (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

A Igreja Católica Siro-Malabar é uma Igreja Católica Oriental sui iuris em comunhão com as Igrejas Católicas, sendo a segunda maior Igreja Católica Oriental no mundo, com uma população total de cerca de 3,8 milhões de católicos (dos quais 2,9 milhões vivem na Índia). Por isso, é atualmente a maior comunidade cristã dos seguidores de São Tomé na Índia. A sua sede é a Arquidiocese Maior de Ernakulam-Angamaly, situada em Kerala, na Costa do Malabar.

Vatican News

O Papa Francisco lhe confiou a missão de restaurar a paz em uma comunidade dividida e em conflito por questões litúrgicas há dois anos. . E hoje, segundo o que foi relatado pelo Dicastério para as Igrejas Orientais, Leão XIV expressou “sincera gratidão pelo trabalho realizado” ao arcebispo-bispo de Košice dos Bizantinos Kyr Cyril Vasil’, na conclusão do mandato desempenhado como delegado pontifício in re liturgica pela Arquieparquia de Ernakulam-Angamaly dos Siro-Malabares.

A disputa

O prelado jesuíta foi pela primeira vez em agosto de 2023, em nome do Papa Bergoglio, à Arquieparquia de Ernakulam-Angamaly, na tentativa de encontrar uma solução para uma longa discussão sobre a forma única a ser adotada para a celebração da Santa Qurbana, a Missa da tradição local.

O acordo alcançado na época – que levou o Sínodo Siro-Malabar a estabelecer a implementação da Santa Qurbana no final de 2021 – havia sido aceito por 34 arquieparquias, exceto a de Ernakulam-Angamaly, determinando a situação de divisão sobre a qual o Papa Francisco interveio com uma primeira carta em março de 2022.

A segunda missão de dom Vasil’

Após sua primeira missão, em dezembro de 2023, dom Vasil’ retornou pela segunda vez à arquidiocese Siro-Malabar para dar continuidade ao trabalho de mediação, apesar de um clima muito tenso que já havia visto o delegado papal ser alvo de alguns fiéis, que chegaram a atirar objetos contra ele, além de queimar fotos do então cardeal Prefeito das Igrejas Orientais, Leonardo Sandri.

Pouco antes de sua segunda partida para a Índia, em 7 de dezembro de 2023, o próprio Papa Francisco decidiu intervir novamente para acalmar os ânimos, desta vez com uma mensagem em vídeo, convidando as pessoas a tratarem da questão, preservando a comunhão.

Preservar a unidade

Depois, em janeiro de 2024, Francisco havia confirmado a eleição do novo arcebispo de Ernakulam-Angamaly, Raphael Thattil — que havia assumido o lugar do cardeal Alencherry — e posteriormente, em maio, recebeu em audiência os representantes da antiga Igreja indiana, mais uma vez convidados a "preservar a unidade".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 7 de julho de 2025

3 Dicas de como viver bem o período do Tempo Comum

Mazur/catholicnews.org.uk | Catholic Church England and Wales | Flickr CC BY-NC-SA 2.0

Dário Ramos - publicado em 07/07/25

Tempo Comum pode ser confundido com tempo "irrelevante" ou demasiadamente normal. Neste artigo damos 3 dicas para poder viver de forma diferente esse tempo da liturgia.

O ano litúrgico é formado por tempos litúrgicos, que são períodos nos quais a Igreja nos convida a olhar de forma mais intensa para algum mistério da vida de Jesus.

Quando escutamos a expressão “Tempo Comum” corremos o risco de achar que nos referimos simplesmente a um tempo sem importância, ou mesmo sem o sabor e o sentido de outros tempos litúrgicos como o do Advento ou o da Quaresma. Mas isso não corresponde à realidade. O Tempo Comum é um chamado a reconhecer a Deus no ordinário da vida, olhando para o dia a dia de Jesus, narrado pelos Evangelhos.

Ao abranger boa parte do ano litúrgico, o Tempo Comum é formado por 34 semanas. Nele não há celebrações específicas, como o Natal ou a Páscoa. Mas, isso não quer dizer que este tempo não tenha a sua riqueza e a sua espiritualidade próprias.

Com o Tempo Comum a Igreja nos ensina que a fé deve ser vivida no dia a dia, na busca por colocar em prática os ensinamentos e gestos de Jesus que aprendemos em cada domingo. 

Como, então, podemos aproveitar todas as graças desse tempo e buscar vivê-lo bem? Aqui estão três práticas que farão de um tempo ordinário um período extraordinário. 

1 - LECTIO DIVINA DO EVANGELHO DE CADA DOMINGO 

A Leitura Orante das Sagradas Escrituras é uma ótima forma de buscar a comunhão com Jesus por meio da oração. Além disso, é uma oportunidade de permitir que o trecho do Evangelho proposto em cada semana guie a sua vida de maneira prática e concreta.

2 - FAÇA UM PROPÓSITO SEMANAL

A partir da leitura orante, você pode definir uma ação concreta para realizar durante a sua semana. Essa ação pode ser tanto um propósito de oração quanto de caridade, com o compromisso de colocar em prática o Evangelho dominical. 

3 - BUSQUE O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO

Sabemos que a Igreja nos orienta que busquemos o Sacramento da Reconciliação pelo menos uma vez ao ano, preferencialmente em preparação para a Páscoa. Mas isso não quer dizer que esse seja o único momento que devemos fazê-lo. É importante que estejamos constantemente olhando para o nosso interior, reconhecendo os nossos pecados e buscando a misericórdia de Deus com arrependimento sincero. 

O tempo Comum é o período para buscarmos a santidade no dia a dia e encontrarmos com Deus nas mais diversas situações do cotidiano. Que o aproveitemos bem! 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/07/3-dicas-de-como-viver-bem-o-periodo-do-tempo-comum/

Curiosidades da Bíblia: Conhecendo o povo Filisteu

Bíblia (Vatican News)

Ao chegar à Terra de Canaã, se deparou com alguns povos que passaram a concorrer pela posse da nova terra. Alguns deles, como os filisteus, se tornaram inimigos mortais dos judeus.

Padre José Inácio Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Vivendo no sul da Mesopotâmia, na região da Caldéia, o povo judeu vagava em meio a outras civilizações, algumas bem mais desenvolvidas do que ele. Ao chegar à Terra de Canaã, se deparou com alguns povos que passaram a concorrer pela posse da nova terra. Alguns deles, como os filisteus, se tornaram inimigos mortais dos judeus, mas sua existência somente é conhecida por causa das narrativas bíblicas.

Uma inimizade duradoura

Assim contam as sagradas Escrituras, no Primeiro Livro de Samuel:

Davi, contudo, pensou: Algum dia serei morto por Saul. É melhor fugir para a terra dos filisteus. Então Saul desistirá de procurar-me por todo o Israel, e escaparei dele. Assim, Davi e os seiscentos homens que estavam com ele foram até Aquis, filho de Maoque, rei de Gate. Davi e seus soldados se estabeleceram em Gate, acolhidos por Aquis. Cada homem levou sua família, e Davi, suas duas mulheres: Ainoã, de Jezreel, e Abigail, que fora mulher de Nabal, de Carmelo. Quando contaram a Saul que Davi havia fugido para Gate, ele parou de persegui-lo. Então Davi disse a Aquis: Se eu conto com a tua simpatia, dá-me um lugar numa das cidades desta terra onde eu possa viver. Por que este teu servo viveria contigo na cidade real?  Naquele dia Aquis deu-lhe Ziclague. Por isso, Ziclague pertence aos reis de Judá até hoje. Primeiro Livro de Samuel, capítulo 27, versículos de 1 a 6.

De Josué até Jeremias, o Antigo Testamento descreve os filisteus como inimigos mortais dos hebreus. Eles são apresentados como guerreiros que combatem e humilham cruelmente os israelitas, oferecendo ao deus Dagan todos os bens que são saqueados.

Numa das muitas lutas travadas entre os dois povos, os cadáveres degolados do rei Saul e de seus filhos foram expostos diante das muralhas da cidade de Beth Shean. Porém, foi grande a vingança dos israelitas. Segundo a narrativa bíblica, o povo inimigo sofreu moléstias, ulcerações e chagas atribuídas como castigo do Deus Javé, dos judeus.

Nos tempos em que pastoreava as ovelhas de seu pai, Jessé, Davi foi o protagonista de um célebre embate, em que demonstrou ao amedrontado exército israelita que bastava uma funda para dobrar a força filisteia, encarnada no gigante Golias.

Outro personagem conhecido desta luta foi Sansão que, escolhido de Deus, viveu a amarga experiência de que nem sempre é vantajoso desposar uma mulher da tribo inimiga.

Origem e organização dos filisteus

O termo “filisteu” tem origem no vocábulo hebraico “plishtim”. Na verdade, não se tratava de um povo, mas sim de um confederação de pelo menos cinco cidades-estado diferentes cujos originários vieram do Mar Egeu, se estabelecendo ao leste do Mar Mediterrâneo, no século XIII a.C.

As primeiras referências aos filisteus são encontradas em alguns escritos egípcios dos reinados dos faraós Mineptah e Ramsés III. Ao que tudo indica, este povo estava integrado aos chamados “povos do mar” também designados como “povos habitantes das ilhas” ou também “povos do norte”. Num vasto ciclo de invasões, devastaram a ilha de Chipre e a cidade de Ugarit, no norte da atual Síria, levando à queda dos Hititas. Segundo alguns historiadores esse ciclo de invasões sinaliza o fim da Idade do Bronze.

As filisteus constituíram várias cidades-estado que, localizadas na costa sul do mar são também conhecidas como pentápole filistina.

Eles dominaram os Cananitas ao se estabelecerem vindos da cidade de Kefitiu, localizada na atual Turquia, então conhecida como Ásia Menor. A pentápole daria origem ao núcleo da atual Palestina.

Depois de muito lutar, no século X a.C., a unificação das tribos israelitas sob o comando do rei Davi, levou ao enfraquecimento dos filisteus que também sofreram a dominação de povos mais fortes e organizados como os assírios e os babilônios.

Suas cidades desapareceram após os ataques realizados pelo rei Nabucodonosor, no século VI a.C. Estas cidades, cada uma delas governada por um “senhor”, não voltaram a ser edificadas nem habitadas pelos filisteus, que a partir de então deixam de ser mencionados em documentos da época ou posteriores. Por volta do século VII a.C. os relatos sobre o povo se tornam escassos, até que não se encontra mais nenhuma notícia.

O conflito continua

Não fossem as narrativas bíblicas os filisteus seriam muito menos conhecidos como acontece com inúmeros povos desta e de outras épocas. Mas os escritores sagrados falam deles sempre em referência à rivalidade com os judeus. Tanto assim que gozam da inglória fama de incultos e bárbaros e a palavra filisteu tem sempre uma conotação pejorativa.  Os achados arqueológicos mais recentes ajudaram a trazer mais luz sobre a cultura filistina ou filistéia, comprovando um avançado grau de organização que comprova que a tribo sabia se portar como povo civilizado.

Inimigos jurados do povo judeu no passado, os filisteus controlaram um território que hoje em dia corresponde ao centro e sul de Israel e à Faixa de Gaza, razão pela qual a rivalidade continua como atestam o continuado conflito entre Israel e os Palestinos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF