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domingo, 3 de agosto de 2025

Papa aos jovens: Jesus é o amigo que sempre nos acompanha

Vigólia Jubileu dos Jovens, 02/08/2025 (Vatican News)

Vinte e cinco anos após o evento histórico com João Paulo II, no alvorecer do novo milênio, a esplanada de Tor Vergata, Roma, se enche de cores e bandeiras levadas pelos jovens de várias partes do mundo que vieram à Cidade Eterna para o seu Jubileu. Junto com Leão XIV, eles cantaram, rezaram e falaram em idiomas diferentes, mas numa única língua: a da fé.

Vatican News

A Vigília de Oração com o Papa Leão XIV, na noite deste sábado (02/08), em Tor Vergata, em Roma, conta com participação de mais de 800 mil jovens que realizam o seu Jubileu.

Amizade

Intercalado com cantos, orações e testemunhos, durante a vigília houve um momento de partilha entre o Papa e os jovens que fizeram ao Pontífice algumas perguntas. Maria, de 23 anos, do México, fez uma pergunta ao Papa sobre a amizade.

Santo Padre, somos filhos deste tempo: vivemos numa cultura que nos pertence e que, sem nos darmos conta, nos molda; ela está marcada pela tecnologia, especialmente no âmbito das redes sociais. Frequentemente, iludimo-nos com a ideia de ter muitos amigos e criar relações próximas, enquanto cada vez mais experimentamos diversas formas de solidão. Estamos próximos e conectados com tantas pessoas e, no entanto, não são relações verdadeiras e duradouras, mas passageiras e muitas vezes ilusórias. Santo Padre, a minha pergunta é: como podemos encontrar uma amizade sincera e um amor genuíno que nos levem à verdadeira esperança? Como pode a fé ajudar-nos a construir o nosso futuro?

Papa Leão XIV: Queridos jovens, as relações com outras pessoas são indispensáveis para cada um de nós, a começar pela razão de que todos os homens e mulheres do mundo nascem filhos de alguém. A nossa vida começa com um vínculo e é através de vínculos que crescemos. Neste processo, a cultura desempenha um papel fundamental: é o código com o qual nos compreendemos a nós mesmos e interpretamos o mundo. Como um dicionário, cada cultura contém tanto palavras nobres quanto palavras vulgares, valores e erros que devemos aprender a reconhecer. Buscando apaixonadamente a verdade, não apenas recebemos uma cultura, mas transformamo-la através das escolhas de vida. A verdade, com efeito, é um vínculo que une as palavras às coisas, os nomes aos rostos. A mentira, pelo contrário, separa estes aspectos, gerando confusão e mal-entendidos.

Entre as muitas conexões culturais que caracterizam a nossa vida, a Internet e as redes sociais tornaram-se «uma oportunidade extraordinária de diálogo, encontro e intercâmbio entre as pessoas, bem como de acesso à informação e ao saber» (Papa Francisco, Christus vivit, 87). No entanto, estes instrumentos tornam-se ambíguos quando dominados por lógicas comerciais e interesses que destroem as nossas relações em milhares de fragmentos. A este respeito, o Papa Francisco recordava que, por vezes, «os mecanismos da comunicação, da publicidade e das redes sociais podem ser utilizados para nos tornar sujeitos adormecidos, dependentes do consumo» (Christus vivit, 105). Então, as nossas relações tornam-se confusas, ansiosas ou instáveis. Quando o instrumento domina o homem, o homem torna-se um instrumento: sim, um instrumento do mercado e, por sua vez, uma mercadoria. Só relações sinceras e laços estáveis fazem crescer histórias de vida boa.

Queridos jovens, qualquer pessoa deseja naturalmente esta vida boa, como os pulmões buscam o ar, mas como é difícil encontrá-la! Há uns séculos, Santo Agostinho, mesmo sem conhecer o desenvolvimento tecnológico de hoje, compreendeu o desejo profundo do nosso coração. Também ele passou por uma juventude tempestuosa, porém não se conformou, não silenciou o clamor do seu coração. Ele procurava a verdade que não decepciona, a beleza que não passa. Como a encontrou? Como encontrou uma amizade sincera, um amor capaz de dar esperança? Encontrando Aquele que já o procurava: Jesus Cristo. Como construiu o seu futuro? Seguindo a Ele, seu amigo desde sempre. Com palavras suas: «Nenhuma amizade é fiel senão em Cristo. E só n’Ele pode ser feliz e eterna» (Contra duas cartas dos pelagianos, I, I, 1); «ama verdadeiramente o seu amigo aquele que no seu amigo ama a Deus» (Sermão 336, 2). A amizade com Cristo, que está na base da fé, não é apenas uma ajuda entre muitas outras para construir o futuro, é a nossa estrela polar. Como escreveu o beato Pier Giorgio Frassati, «viver sem fé, sem um património a defender, sem lutar pela Verdade, não é viver, é apenas ir vivendo» (cf. Cartas, 27 de fevereiro de 1925). Quando as nossas relações refletem este intenso vínculo com Jesus, tornam-se certamente sinceras, generosas e verdadeiras.

O Papa Leão XIV durante a Vigília de Oração com os jovens   (@Vatican Media)

Coragem para escolher

Gaia, uma italiana de 19 anos, falou e perguntou ao Papa sobre a coragem para escolher.

Santo Padre, o nosso tempo é marcado por decisões importantes que somos chamados a tomar para orientar a nossa vida futura. No entanto, devido ao clima de incerteza que nos rodeia, somos tentados a adiar, e o medo de um futuro desconhecido paralisa-nos. Sabemos que escolher significa renunciar a algo e isso bloqueia-nos, mas, apesar de tudo, percebemos que a esperança aponta para objetivos alcançáveis, mesmo que marcados pela precariedade do momento presente. Santo Padre, perguntamos-lhe: onde encontrar a coragem para escolher? Como podemos ser corajosos e viver a aventura da verdadeira liberdade, fazendo escolhas radicais e cheias de sentido?

Papa Leão XIV: A escolha é um ato humano fundamental. Observando-o com atenção, compreendemos que não se trata apenas de escolher algo, mas de escolher alguém. Quando escolhemos, em sentido forte, decidimos quem queremos ser. Na verdade, a escolha por excelência é a decisão sobre a nossa vida: que homem queres ser? Que mulher queres ser? Queridos jovens, aprende-se a escolher através das provações da vida e, antes de tudo, lembrando que fomos escolhidos. Tal memória deve ser explorada e educada. Recebemos a vida gratuitamente, sem a escolher! Na origem de nós mesmos não houve uma decisão nossa, mas um amor que nos quis. Ao longo da existência, quem nos ajuda a reconhecer e renovar esta graça nas escolhas que somos chamados a fazer mostra-se verdadeiramente amigo.

Queridos jovens, vós dissestes bem: “escolher significa também renunciar a outras coisas, e isso às vezes bloqueia-nos”. Para sermos livres, é preciso partir de um fundamento estável, da rocha que sustenta os nossos passos. Essa rocha é um amor que nos precede, surpreende e supera infinitamente: o amor de Deus. Por isso, diante d’Ele, a escolha torna-se um juízo que não tira nenhum bem, mas leva sempre ao melhor.

A coragem para escolher vem do amor que Deus nos manifesta em Cristo. Foi Ele que nos amou com todo o seu ser, salvando o mundo e mostrando-nos assim que o dom da vida é o caminho para realizar a nossa pessoa. Por isso, o encontro com Jesus corresponde às expectativas mais profundas do nosso coração, porque Ele é o Amor de Deus feito homem.

A este respeito, há vinte e cinco anos, aqui mesmo onde estamos, São João Paulo II disse: «é Jesus quem buscais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera, quando nada do que encontrais vos satisfaz; Ele é a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com aquela sede de radicalidade que não vos deixa ceder a compromissos; é Ele quem vos impele a depor as máscaras que tornam a vida falsa; é Ele quem vos lê no coração as decisões mais verdadeiras que outros quereriam sufocar» (Vigília de oração na XV Jornada Mundial da Juventude, 19 de agosto de 2000). O medo dá então lugar à esperança, porque temos a certeza de que Deus leva a cabo tudo o que começa. Reconhecemos a sua fidelidade nas palavras de quem ama verdadeiramente, porque foi verdadeiramente amado. “Tu és a minha vida, Senhor”: é o que um sacerdote e uma consagrada pronunciam cheios de alegria e liberdade. “Aceito-te como minha esposa e como meu esposo”: é a frase que transforma o amor do homem e da mulher em sinal eficaz do amor de Deus. Eis escolhas radicais e cheias de significado: o matrimónio, a ordem sagrada e a consagração religiosa expressam a doação de si mesmo, livre e libertadora, que nos torna verdadeiramente felizes. Estas escolhas dão sentido à nossa vida, transformando-a à imagem do Amor perfeito, que a criou e redimiu de todo o mal, inclusive da morte. Digo isso pensando em duas jovens: María, uma espanhola de 20 anos, e Pascale, uma egípcia de 18. Ambas escolheram vir a Roma para o Jubileu dos Jovens e faleceram nos últimos dias. Rezemos juntos por elas, peregrinas da esperança; rezemos por suas famílias, seus amigos e suas comunidades. Que Jesus Ressuscitado as acolha na paz e na alegria do seu Reino. Rezemos também por um jovem espanhol, Ignacio Gonzálvez, internado no hospital Menino Jesus. Rezemos por ele e por sua saúde.

Vigília de Oração com os jovens em Tor Vergata   (@Vatican Media)

Apelo ao bem

A terceira e última pergunta foi feita por um jovem em inglês relativa ao apelo ao bem.

Santo Padre, somos atraídos pela vida interior, mesmo se, à primeira vista, somos julgados como uma geração superficial e irrefletida.  No íntimo de nós mesmos, sentimo-nos atraídos pelo belo e pelo bem como fontes de verdade. O valor do silêncio, como nesta Vigília, fascina-nos, ainda que às vezes gere medo por causa de uma sensação de vazio. Santo Padre, gostaria de lhe perguntar: como podemos encontrar verdadeiramente o Senhor Ressuscitado nas nossas vidas e ter a certeza da sua presença mesmo no meio de provações e incertezas?

Papa Leão XIV: Para convocar este Ano Jubilar, o Papa Francisco publicou um documento intitulado Spes non confundit, que significa “a esperança não engana”.  Neste documento, ele escreveu: «No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã» (Spes non confundit, 1). Na Bíblia, a palavra “coração” geralmente refere-se ao mais íntimo de uma pessoa, o que inclui a nossa consciência. A nossa compreensão do que é bom reflete, então, como a nossa consciência foi moldada pelas pessoas que fazem parte da nossa vida, aqueles que foram bondosos conosco, que nos ouviram com amor e que nos ajudaram. Essas pessoas ajudaram-te a crescer na bondade e, portanto, a formar a tua consciência para buscar o bem nas tuas escolhas diárias.

Queridos jovens, Jesus é o amigo que sempre nos acompanha durante a formação da nossa consciência. Se quereis realmente encontrar o Senhor Ressuscitado, escutai a sua palavra, que é o Evangelho da salvação. Refleti sobre o vosso modo de viver e procurai a justiça para construir um mundo mais humano. Servi os pobres e dai assim testemunho do bem que sempre gostamos de receber do nosso próximo. Adorai Cristo no Santíssimo Sacramento, fonte da vida eterna. Estudai, trabalhai e amai segundo o exemplo de Jesus, o bom Mestre que caminha sempre ao nosso lado.

A cada passo, enquanto buscamos o que é bom, peçamos-lhe: fica conosco, Senhor (cf. Lc 24, 29). Fica conosco, porque sem ti não podemos fazer o bem que desejamos. Tu queres o nosso bem; na verdade, Tu és o nosso bem. Quem te encontra também quer que os outros te encontrem, porque a tua palavra é uma luz mais brilhante do que qualquer estrela, que ilumina até a noite mais escura. O Papa Bento XVI gostava de dizer que quem acredita nunca está sozinho. Dito em outras palavras, encontramos Cristo na Igreja, isto é, na comunhão daqueles que O buscam sinceramente. O próprio Senhor nos reúne para formar uma comunidade de fiéis que se apoiam mutuamente. Quanto precisa o mundo de missionários do Evangelho, que sejam testemunhas de justiça e paz! Quanto precisa o futuro de homens e mulheres que sejam testemunhas de esperança! Queridos jovens, esta é a tarefa que o Senhor Ressuscitado confia a cada um de nós!

Santo Agostinho escreveu: « Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti. […] Que eu te busque, Senhor, invocando-te; e que eu te invoque, crendo em ti» (Confissões, I, 1). Seguindo estas palavras de Agostinho, e em resposta às vossas perguntas, gostaria de convidar cada um de vós, queridos jovens, a dizer ao Senhor: “Obrigado, Jesus, por me terdes chamado. O meu desejo é permanecer como um dos vossos amigos, para que, abraçando-vos, eu possa também ser um companheiro de viagem para todos aqueles que encontro. Concedei, Senhor, que aqueles que me encontram possam encontrar-vos, mesmo através das minhas limitações e fraquezas”. Ao rezar estas palavras, o nosso diálogo continuará cada vez que olharmos para o Senhor crucificado, pois os nossos corações estarão unidos n’Ele. Por fim, a minha oração por vós é que possais perseverar na fé, com alegria e coragem! Obrigado.

Leão XIV durante a vigília em Tor Vergata   (@Vatican Media)

No final da Vigília de Oração, o Papa proferiu as seguintes palavras:

Gostaria de agradecer ao coro e aos músicos: obrigado por nos acompanharem! Obrigado a todos! Por favor, descansem um pouco. Nos encontraremos aqui amanhã de manhã para a Santa Missa. Desejo o bem a todos vocês. Boa noite!

Destaques em vídeo da Vigília de Oração em Tor Vergata:

https://youtu.be/5c3rF7LWISw

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

LEITURAS: O martírio dos cristãos em Roma

Primeiros mártires de Roma (conshalom)

LEITURAS

Arquivo 30Dias nº 02 - 1999

O martírio dos cristãos em Roma

Um trecho da Mensagem de Rádio do Papa Pio XII ao Mundo na Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, 29 de junho de 1941.

Um trecho da Mensagem de Rádio do Papa Pio XII ao Mundo na Festa dos Santos Pedro e Paulo

Nesta solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, vossos pensamentos e afeição devotos, amados filhos da Igreja Católica universal, voltam-se para Roma com o verso triunfal: O Roma felix quae duorum Principum es consecrata glorioso sanguine! "Ó Roma feliz, que fostes consagrada pelo sangue glorioso destes dois Príncipes!" Mas a felicidade de Roma, que é uma felicidade de sangue e de fé, é também vossa; pois a fé de Roma, selada aqui nas margens direita e esquerda do Tibre com o sangue dos príncipes dos apóstolos, é a fé que vos foi proclamada, que é proclamada e será proclamada por todo o mundo. Alegrai-vos com o pensamento e a saudação de Roma, porque sentis em vós o salto da romanidade universal da vossa fé.
Durante dezenove séculos, no sangue glorioso do primeiro Vigário de Cristo e Doutor dos Gentios, a Roma dos Césares foi batizada de Roma de Cristo, como sinal eterno do principado indefectível da autoridade sagrada e do Magistério infalível da fé da Igreja; e nesse sangue foram escritas as primeiras páginas de uma nova e magnífica história das lutas e vitórias sagradas de Roma.

Já alguma vez se perguntou quais devem ter sido os sentimentos e os medos do pequeno grupo de cristãos espalhados pela grande cidade pagã quando, depois de enterrarem às pressas os corpos dos dois grandes mártires, um aos pés do Vaticano e o outro na Via Ostiense, a maioria deles se reuniu nos pequenos quartos de escravos ou artesãos pobres, alguns em suas casas ricas, e se sentiu sozinha e quase órfã com o desaparecimento dos dois grandes apóstolos? Foi a fúria da tempestade recentemente desencadeada sobre a Igreja nascente pela crueldade de Nero; Diante de seus olhos ainda pairava a horrível visão de tochas humanas fumegando à noite nos jardins de Cesareia e de corpos mutilados pulsando nos circos e nas ruas. Parecia então que a crueldade implacável havia triunfado, golpeando e derrubando as duas colunas, cuja mera presença sustentava a fé e a coragem do pequeno grupo de cristãos. Naquele pôr do sol sangrento, como seus corações devem ter sentido a pontada de dor ao se verem sem o conforto e a companhia daquelas duas vozes poderosas, abandonados à ferocidade de um Nero e ao braço formidável da grandeza imperial romana!

Mas contra a força férrea e material do tirano e seus ministros, eles receberam o espírito de força e amor, mais poderoso que o tormento e a morte. E parece-nos ver, no encontro subsequente, no meio da comunidade desolada, o velho Lino, o primeiro a ser chamado para substituir o falecido Pedro, tomar nas mãos, trêmulo de emoção, as páginas que preservavam preciosamente o texto da carta já enviada pelo Apóstolo aos fiéis da Ásia Menor e reler lentamente as frases de bênção, confiança e conforto: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo [...] Então, vós vos alegrareis, se por um pouco de tempo vos convier ser afligidos por várias tentações... Humilhai-vos, pois, sob a poderosa mão de Deus... lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós... O Deus de toda a graça, que nos chamou à sua eterna glória em Cristo Jesus, vos aperfeiçoará, fortificará e estabelecerá por um pouco de sofrimento. A ele seja a glória e o poder pelos séculos dos séculos!" (1 Pd 1, 3. 6; 5, 6-7. 10).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Reflexão para o XVIII Domingo do Tempo Comum (C)

Evangelho do domingo (Vatican News)

O Homem busca a face do Outro, de Deus, que é Trindade, a Comunhão. O Homem busca a face de Deus, a comunhão eterna com o Outro. Só isso o sacia, só isso lhe dará a perenidade que é desejada na profundidade de seu ser.

Vatican News

"Um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é ilusão e grande desgraça" – nos diz Coélet, autor do Eclesiastes. E a solução proposta por ele é comer, divertir-se, enfim um moderado aproveitamento de tudo o que a vida oferece.

A resposta que satisfará plenamente nossa inquietação virá de Jesus, no Evangelho.

Em Lucas, um homem rico ao ver que sua fazenda produz bastante, fica muito feliz e planeja não uma redistribuição de sua produção com os seus empregados, mas encontrar lugar para armazenar mais. O fazendeiro é louco, pois construiu sua riqueza sobre o suor de seus empregados e, agora, deseja descansar sobre o trabalho e o sofrimento de outros, sem nada partilhar. Jesus termina o relato desse caso, dizendo que tudo o que ele armazenou ficará para outros, já que sua vida será pedida naquela noite.

Os bens tomaram conta da vida daquele homem e ocuparam o lugar de Deus, da família e dele mesmo.

Por outro lado, o que acumulou não pode ser chamado de vida, pois a vida se destina a todos e ele acumulou só pensando em si mesmo.

O pecado do homem rico não está em ser rico, mas no fato que trabalhou exclusivamente para si e não se enriqueceu aos olhos de Deus.

Jesus faz o alerta não apenas aos ricos, mas a todos aqueles que só trabalham para si mesmos. Mesmo um estudante de um curso supletivo, que estuda à noite com muito sacrifício e só pensa em desfrutar a vida no futuro, é destinatário dessa parábola porque, apesar de ser pobre, tem um coração de rico: deixou-se levar pelo egoísmo.

A segunda leitura nos dá a indicação de como deve ser a vida daqueles que desejam trabalhar com sentido e quais deverão ser seus valores. "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrestres." Mais adiante Paulo nos incentiva a fazer morrer em nós aquilo que é terrestre: "imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria".

O emprego de nossa vida, com seus dons e suas potencialidades deverá ser realizado com um objetivo maior do que a simples satisfação mundana e a simples saciação de nossas necessidades básicas. Tudo isso acabará; será dissolvido pelo tempo, a doença, as traças e a morte. Nada ficará de lembrança. Até nosso nome, com o tempo, desaparecerá. De fato, tudo ilusão!

Apenas o uso de nossas potencialidades, de nossa vida em favor do outro, em favor da realização do Reino de Deus dará sentido ao nosso esforço e transformará tudo de material em imaterial, de imanente em transcendente, de meramente humano em divino. A eternidade está na dimensão da partilha, do nós, do outro.

O Homem busca a face do Outro, de Deus, que é Trindade, a Comunhão. O Homem busca a face de Deus, a comunhão eterna com o Outro. Só isso o sacia, só isso lhe dará a perenidade que é desejada na profundidade de seu ser. Abrir-se ao outro é abrir-se a Deus, é abrir-se à felicidade eterna. (CAS)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 2 de agosto de 2025

Jovens precisam encontrar Jesus e não apenas conhecê-lo

fizkes | Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 01/08/25

Muitos jovens foram ensinados sobre Jesus desde o nascimento, mas esse conhecimento precisa levar a um encontro que torne a fé duradoura.

É comum ouvir católicos mais velhos lamentarem o fato de tantos jovens perderem a fé após se formarem no ensino médio. Muitos desses jovens aprenderam a fé católica desde pequenos e até frequentaram escolas católicas.

No entanto, todo esse conhecimento sobre Jesus e a Igreja não sustentou sua fé diante das tempestades da vida.

O que faltou em suas vidas? O que poderia aproximá-los verdadeiramente de Cristo?

Um encontro com Jesus

São João Paulo II abordou diretamente esse tema em uma carta aos jovens de Roma, em 1997:

“Vocês certamente já ouviram falar d’Ele desde pequenos. Mas deixem-me fazer uma pergunta: vocês realmente O encontraram? Pela fé, já tiveram uma experiência viva d’Ele como um amigo leal e fiel, ou sua imagem ainda parece distante demais dos seus problemas reais para despertar qualquer interesse?”

É possível frequentar escolas católicas a vida toda e ainda assim nunca ter “encontrado” Jesus de maneira íntima.

Isso significa mudar nossa visão de Jesus: de uma figura histórica para alguém vivo e ao nosso lado, como explica São João Paulo II:

“Jesus não é apenas uma grande figura do passado, um mestre de vida e moral. Ele é o Senhor ressuscitado, o Deus próximo de cada pessoa, com quem podemos falar e com quem podemos experimentar a alegria da amizade, a esperança nas dificuldades e a certeza de um futuro melhor.”

Muitas vezes, os jovens não são apresentados a essa realidade simples: Deus não está “nas nuvens”, mas ao lado deles. Ele está à porta, batendo nos corações.

Jesus é alguém que quer fazer parte da vida de cada pessoa. Ele quer estar conosco nas alegrias e nas tristezas e, acima de tudo, quer nos amar.

O que os jovens precisam fazer é se abrir a esse amor, como proclama São João Paulo II:

“Queridos jovens, quem não quer amar e ser amado? Mas, para experimentar um amor sincero, é preciso abrir a porta do coração a Jesus e seguir o caminho que Ele traçou com a própria vida: o caminho da doação de si. Esse é o segredo do sucesso de qualquer verdadeiro chamado ao amor — especialmente daquele que nasce de forma surpreendente no coração de um adolescente e que conduz ao matrimônio, ao sacerdócio ou à vida consagrada.”

Se queremos que os jovens permaneçam firmes na fé ao crescerem, eles precisam “encontrar” Jesus no caminho de suas vidas.

O conhecimento é bom — mas precisa conduzir a algo mais profundo: um encontro com o Senhor Ressuscitado.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/01/jovens-precisam-encontrar-jesus-e-nao-apenas-conhece-lo/

Peregrinos porque chamados

Peregrinos porque chamados (Diocese de São Carlos)

PEREGRINOS PORQUE CHAMADOS

01/08/2025

Dom João Santos Cardoso 
Arcebispo de Natal (RN)

Neste mês de agosto de 2025, em que a Igreja celebra a 44ª edição do Mês Vocacional, em sintonia com o Ano Jubilar, temos uma oportunidade privilegiada de escutar o Senhor, discernir e renovar o chamado que Ele dirige a cada um de nós. 

O tema deste Mês Vocacional – “Peregrinos porque chamados” – remete à condição existencial do cristão, alguém que está sempre a caminho, em busca, em resposta a uma Voz que chama, convoca e envia. O lema, inspirado na Carta de São Paulo aos Romanos – “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações” (Rm 5,5) –, recorda que toda vocação nasce do amor gratuito de Deus e se sustenta na esperança ativa de quem crê, ama e serve. 

Em sua Mensagem para o 62º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco afirma que “toda vocação é animada pela esperança, que se traduz em confiança na Providência. Com efeito, para o cristão, ter esperança é mais do que um simples otimismo humano: é antes uma certeza enraizada na fé em Deus, que age na história de cada pessoa. E, deste modo, a vocação amadurece através do compromisso quotidiano de fidelidade ao Evangelho, na oração, no discernimento e no serviço.” 

O tema deste Mês Vocacional está em plena sintonia com a referida Mensagem do Papa Francisco, na qual ele recorda que “toda vocação na Igreja – seja laical, seja ao ministério ordenado, seja à vida consagrada – é sinal da esperança que Deus nutre pelo mundo e por cada um dos seus filhos”. Neste contexto, é oportuno contemplar a riqueza das diversas vocações presentes na vida da Igreja: a vocação laical, a vocação matrimonial, a vida consagrada e o ministério ordenado. 

A vocação é, antes de tudo, um dom. Não nasce do mérito pessoal, mas é fruto da iniciativa amorosa de Deus, que chama a quem quer, independentemente de suas virtudes, e o envia em missão. Como afirma o Papa Francisco: “A vocação é um dom precioso que Deus semeia nos corações, uma chamada a sair de si mesmo para trilhar um caminho de amor e serviço.” 

Todas as vocações na Igreja são essenciais, pois manifestam a multiforme graça do Espírito Santo e contribuem para a edificação do Corpo de Cristo. Contudo, nesta reflexão, desejo enfatizar particularmente a vocação sacerdotal, não apenas por sua centralidade na vida e missão da Igreja, mas também por seu papel insubstituível no anúncio da Palavra, na presidência da Eucaristia, no perdão dos pecados e no pastoreio do povo de Deus. O sacerdote é chamado a ser alter Christus, homem de Deus no meio do povo, servidor da comunhão e missionário da esperança. Ao presidir os sacramentos, formar comunidades e consolar os aflitos, torna-se presença sacramental de Cristo, o Bom Pastor. 

A vocação sacerdotal é belíssima, embora marcada por uma entrega total e exigente. Requer fidelidade cotidiana, proximidade com Deus e com o povo, além de disponibilidade para servir com alegria, mesmo em meio a desafios e renúncias. 

A juventude é terreno fértil para o despertar vocacional. Contudo, muitos jovens vivem imersos na incerteza, na desorientação e na crise de sentido, realidades agravadas pela cultura digital, pela precariedade social e pelas feridas interiores. Por isso, a Igreja é chamada a oferecer uma pastoral vocacional ousada, acolhedora e perseverante. Todo o processo vocacional deve ser vivido como um itinerário de escuta, discernimento e acompanhamento, no qual os jovens possam descobrir sua vocação como resposta ao amor de Deus e fonte de esperança para o mundo.  

A Igreja será sempre viva e fecunda na medida em que souber gerar, acompanhar e sustentar vocações. A oração, a escuta da Palavra, o testemunho coerente e o discernimento comunitário são os pilares de uma verdadeira cultura vocacional. “Descobrir o amor de Deus e ser homens e mulheres de esperança” é tarefa de cada batizado e de toda a comunidade cristã. Portanto, neste mês de agosto, elevemos ao Senhor da Messe nossa súplica: que Ele continue a chamar e que suscite em nossos corações a coragem de responder com fé e generosidade. Que cada pessoa, peregrina neste mundo, saiba reconhecer o chamado de Deus e, com amor, doe sua vida como sinal de esperança. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Os jovens nos confessionários do Circo Máximo: "Juntos para mudar o mundo"

(@Vatican Media)

No coração do seu Jubileu, neste 1º de agosto, os jovens vivem a Jornada Penitencial: mil sacerdotes atendem confissões em dez línguas, em duzentos gazebos dispostos em fileiras. "Em meio a todas essas pessoas e em um lugar que não é exatamente silencioso", conta Miriam, uma peregrina da região de Marche, "nunca pensamos que sentiríamos o abraço de Deus com tanta força."

Lorena Leonardi - Roma

"Cada bênção é o primeiro dia de uma nova vida, e agora eu me sinto exatamente assim." Martina tem 29 anos e vem de Foggia, no sul da Itália, junto com uma dúzia de fiéis, todos com menos de 30 anos, da Paróquia de São Guilherme e Pellegrino. Ela acaba de se confessar e é uma entre os milhares de peregrinos que vieram a Roma para o Jubileu da Jovens e que se reúnem no Circo Máximo nesta sexta-feira, para a Jornada Penitencial. 

Em preparação para a Vigília com Leão XIV na noite de sábado, e com o objetivo de oferecer o acesso ao Sacramento da Reconciliação ao maior número possível de jovens, 200 confessionários foram montados em várias fileiras e mais de 1.000 sacerdotes estão disponíveis para ouvir confissões em dez idiomas diferentes.

A Jornada Penitencial no Circo Máximo:

https://youtu.be/mJGTSwXHTeA

Um dia para se reconciliar

Os portões foram abertos às 10 horas, permitindo aos jovens o acesso à antiga arena romana de 85.000 metros quadrados, aninhada no vale entre as colinas do Palatino e do Aventino.

Sob a primeira e ampla tenda, garrafas de água são distribuídas para que os jovens possam recarregar as energias após a espera e os longos deslocamentos realizados no início da manhã, a pé e ou com transporte público, partindo dos locais onde passaram a noite — além da "Fiera Roma", albergues, paróquias e escolas. Os duzentos confessionários ficam literalmente lotados: cartazes com bandeiras indicam os idiomas falados pelos sacerdotes que aguardam os jovens lá dentro — alguns com a ajuda de um ventilador portátil.

Cartazes indicam as línguas com as quais os sacerdotes atendem as confissões.   (@Vatican Media)

Jovens corações "ardentes"

Assim como estes últimos, os confessores também são provenientes de várias partes do mundo. Padre Mark Destura, de 40 anos, de origem filipina, atua na pastoral juvenil e vocacional em uma paróquia de Los Angeles, Califórnia, e atualmente estuda na Pontifícia Universidade Gregoriana. As idas e vindas são constantes, mas entre as confissões, o sacerdote consegue transmitir "o fogo que arde nestes corações jovens e igualmente sensíveis": o que o impressiona é a "grande necessidade de Deus" e a "busca de esperança neste mundo dominado pela incerteza e pela confusão".

Após as absolvições, os padres apertam as mãos dos jovens, que se levantam com um sorriso e se juntam aos seus companheiros de viagem. Maria José agora se sente "plena, feliz". Ele vem de Cartagena, na Espanha, e participa do Jubileu como membro de uma organização educacional ligada às Irmãs Carmelitas da Caridade de Vedruna: "Nunca vi tantos católicos juntos, quase me dá vontade de pular de emoção. Quando eu voltar - conclui - me esforçarei para transmitir melhor a fé aos meus alunos adolescentes".

Os confessionários montados no Circo Máximo (@Vatican Media)

Sinais de esperança e paz

De Houston, Texas, vêm Matthew e Gonzalo, de 17 anos, que partiram com o movimento Regnum Christi: "Tudo isso — Matthew aponta com os braços para a extensão dos gazebos — é um presente que vem da misericórdia de Deus, que nos concede a cada dia a oportunidade de viver melhor do que no dia anterior". "Não nos conhecemos todos, mas estamos aqui pelo mesmo motivo: Deus, que é a esperança que adquirimos aqui, mas que levamos para onde quer que vamos, com nossas famílias, com a escola -  ecoa Gonzalo - superemocionado com a ideia de conhecer o 'novo Papa': se viemos de tantos países diferentes e estamos aqui juntos como uma grande família, talvez possamos realmente ser um sinal de esperança de paz para o mundo inteiro", reflete com uma lógica desarmante.

As confissões no Circo Máximo   (@Vatican Media)

Barulho fora, silêncio dentro

Miriam, que veio da região das Marcas (Itália), com a Renovação no Espírito Santo, também acabou de se confessar. A italiana de 26 anos descreve o momento como "um momento muito profundo. No meio de todas essas pessoas e em um lugar que não é exatamente silencioso, não pensei que sentiria o abraço de Deus com tanta força e o conforto nas palavras do padre. Sinto-me muito mais leve; há muito tempo não vivenciava uma confissão espiritual tão profunda. Valeu a pena."

Ser credível todos os dias

Um grupo de jovens da Apúlia, membros da Ação Católica, relembra com entusiasmo o encontro no entardecer de quinta-feira na Praça de São Pedro, para o encontro jubilar dos jovens italianos, organizado pela Conferência Episcopal Italiana (CEI). A promessa "é levar um pouco do Jubileu aos que ficaram para trás", brinca Alessandro, de 30 anos, descrevendo seu compromisso diário de "não ser preconceituoso nem crítico, mas credível, vivendo o Evangelho de forma concreta". "Às vezes conseguimos e sempre tentamos", ecoa Claudia, de 17 anos.

Fiéis participam da Jornada Penitencial pelo Jubileu da Juventude, no Circo Máximo, em Roma, Itália, em 1º de agosto de 2025. ANSA/ANGELO CARCONI   (ANSA)

Nunca sozinhos

Elias, Verônica e Carlos, paraguaios de 25 anos de Assunção, sentem-se "privilegiados": "Estamos impressionados ao ver tantos jovens com a mesma fé, que falam tantas línguas diferentes, mas acreditam nas mesmas coisas. É claro que não estamos sozinhos e, se somos tantos, significa que realmente podemos mudar o mundo."

Manual Youcat sobre Confissão

Vinte voluntários da Fundação Youcat estão atualmente distribuindo dez mil exemplares do livro Youcat sobre confissão. Publicado pela primeira vez em 2014, o volume foi atualizado para o Jubileu da Juventude e está disponível em italiano, inglês, francês e alemão. A nova edição inclui um exame de consciência, explicações sobre o significado da confissão e orações.

Youcat ajuda jovens a prepararem a confissão (@Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Não somos turistas espirituais, diz manifesto de jovens em Roma por uma Europa com alma

Jovens levantam suas vozes hoje (1) na basílica de Santa Maria em Trastevere, em Roma. | Daniel Ibáñez/EWTN News

Por Almudena Martínez-Bordiú*

1 de ago. de 2025

“Não somos turistas espirituais. Somos peregrinos de significado. Viemos com mochilas cheias de dúvidas, feridas, canções e esperança. E com uma certeza no coração: Cristo está vivo. E Ele nos chama”.

Assim começa o "Manifesto dos Jovens Cristãos da Europa", cerne do projeto Roma 25, Santiago 27, Jerusalém 33, que visa "restaurar a alma" do Velho Continente e convida os cristãos a encontrar o Senhor por meio da peregrinação, da cura e da evangelização.

Essa iniciativa, que começou há dois anos com o apoio da subcomissão episcopal para a Juventude e a Infância da Conferência Episcopal Espanhola, da arquidiocese de Santiago de Compostela e da Igreja em Jerusalém, convida jovens cristãos de todo o continente a trilhar um caminho de fé e esperança em vista do Jubileu da Redenção, que será celebrado em 2033, ao se completar o segundo milênio da Paixão e Ressurreição de Jesus.

A iniciativa também tem apoio da Santa Sé e do papa Leão XIV, a quem a iniciativa foi apresentada depois de uma audiência geral no Vaticano em 25 de junho.

O momento-chave do projeto ocorreu hoje (1º) de manhã, no âmbito do Jubileu da Juventude. Muitos jovens se reuniram hoje de manhã na basílica de Santa Maria em Trastevere para assinar o manifesto, que dá voz a uma geração que deseja criar uma nova Europa com Cristo no centro.

"Esse manifesto é um ato de fé e um chamado à esperança”, disse Fernando Moscardó, um dos jovens porta-vozes do projeto, na apresentação da iniciativa em Roma no mês passado.

“É a voz de uma juventude que não quer ficar de fora, que não precisa dizer com veemência: Queremos mais, queremos Cristo no centro (...) A revolução começou; o Espírito está soprando".

Na ocasião, monsenhor Marco Gnavi, pároco de Santa Maria em Trastevere e anfitrião do evento de hoje, disse estar “surpreso com o entusiasmo dos jovens”, especialmente num momento de “mudanças dolorosas”.

O documento foi publicado no site (em inglês, espanhol e italiano) oficial do projeto, e todos os "que se sentem parte dele" são incentivados a assiná-lo.

*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/63903/nao-somos-turistas-espirituais-diz-manifesto-de-jovens-em-roma-por-uma-europa-com-alma

Curiosidades da Bíblia: a desconhecida civilização dos arameus

Sagrada Escritura (Vatican News)

Apesar de terem perdido a independência política, o legado dos arameus perdurou através dos séculos, principalmente através da língua e da cultura que continuaram a influenciar o desenvolvimento do Oriente Médio até os dias atuais.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

“Então vocês declararão perante o Senhor, o seu Deus: 'O meu pai era um arameu errante. Ele desceu ao Egito com pouca gente e ali viveu e se tornou uma grande nação, poderosa e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram e nos oprimiram, sujeitando-nos a trabalhos forçados. Então clamamos ao Senhor, o Deus dos nossos antepassados, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu o nosso sofrimento, a nossa fadiga e a opressão que sofríamos. Por isso o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço forte, com feitos temíveis e com sinais e maravilhas. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra onde há leite e mel com fartura”. (Dt 26,5)

Para conhecermos melhor as Sagradas Escrituras, inclusive a ligação de Jesus com a história de seu povo, precisamos conhecer um pouco sobre a Civilização Aramaica.

Os arameus foram um antigo povo semítico que habitou as terras do chamado Crescente Fértil, na região que abrange partes do atual Oriente Médio, incluindo partes da Síria, Turquia, Iraque e Irã, durante grande parte da história antiga. O povo arameu deixou profundas marcas na história da região, contribuindo significativamente para a cultura, língua e política do mundo antigo.

Origem da civilização aramaica

Além do texto do Livro do Deuteronômio com o qual iniciamos este episódio várias passagens da Bíblia mencionam os Arameus, povo oriundo da Mesopotâmia, do lugar chamado de Aram-Naharaim, ou Aram dos dois rios, além das regiões circunvizinhas, como a Síria, a Pérsia, o vale do Jordão ou as montanhas do Líbano.

Os arameus formavam tribos de pastores que habitavam a região de Arã-Naharaim, fazendo fronteira com Assur (até 323 a.C.), quando foi absorvida pelos gregos que renomearam a região como Selêucida (323-64 a.C.). Conquistada pelos romanos a região recebeu o nome de Síria (64 a.C.-636 d.C.) que mantem até nos dias de hoje.

Os arameus desempenharam um importante papel na história política do Oriente Médio. Por volta do século II a.C., conseguiram estabelecer vários estados independentes conhecidos como "reinos arameus". Um deles, o Reino de Arã, com sua capital em Damasco se destacou, exercendo influência sobre a região por vários séculos chegando a desafiar a hegemonia dos reinos vizinhos, incluindo Israel e Judá.

Conforme narra o Segundo Livro de Samuel, no processo de ocupação da região pelos Hebreus, o Rei Davi enfrentou e venceu o reino arameu de Damasco, capital da Síria moderna.

Davi se apossou de mil dos seus carros de guerra, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados de infantaria. Ainda levou cem cavalos de carros de guerra, e aleijou todos os outros. Quando os arameus de Damasco vieram ajudar Hadadezer, rei de Zobá, Davi matou vinte e dois mil deles. Em seguida estabeleceu guarnições militares no reino dos arameus de Damasco, sujeitando-os a lhe pagarem impostos. E o Senhor dava vitórias a Davi aonde quer que ele fosse. (II Sam 8, 4-6)

A língua falada por Jesus

A língua aramaica se consolidou como uma das línguas semíticas mais importantes da antiguidade, sendo adotada como a língua administrativa do Império Persa, usada em documentos oficiais e diplomáticos.

O aramaico era uma das línguas faladas por Jesus Cristo e pelos seus discípulos, tornando-se importante no contexto do Cristianismo primitivo. Jesus falava o aramaico porque era a língua do dia a dia do Oriente Médio. Se o grego era a linga comercial, o aramaico era falado pelas pessoas mais simples em seu quotidiano, tanto que partes do Novo Testamento foram escritas nesta linga e o evangelho preserva várias expressões em aramaico.

O povo que vivia em cidades e pequenas povoações da Galileia, na região norte e em cidades como Cafarnaum, Nazaré, Caná, Tiberíades, Corazim falava o aramaico. Ali Jesus foi educado, cresceu e passou a maior parte de sua vida.

Fora das fronteiras da Galiléia o aramaico também era falado e entendido porque somente se usava a língua hebraica no ambiente religioso.

Herança dos arameus

Além das realizações políticas e linguísticas, os arameus deram diversas contribuições para a cultura e sociedade do Oriente Médio antigo. Sua arte e artesanato refletiam a rica tradição cultural, evidenciada nas esculturas, cerâmicas e artefatos como os que foram descobertos em sítios arqueológicos dos arameus. Eles também eram conhecidos pelas habilidades comerciais e pelas técnicas agrícolas avançadas que contribuíram para a prosperidade de suas cidades e de seus reinos.

Seu apogeu e queda estão ligados às mudanças políticas e militares da região. A partir do século VIII a.C., o domínio assírio levou à gradual assimilação dos arameus em seus vastos domínios. Depois veio a dominação do Império Neobabilônico e do Império Persa Aquemênida que governaram sobre as terras arameias, consolidando a influência persa na região e marcando o declínio de sua civilização.

Apesar de terem perdido a independência política, o legado dos arameus perdurou através dos séculos, principalmente através da língua e da cultura que continuaram a influenciar o desenvolvimento do Oriente Médio até os dias atuais.

Atualmente, pouco mais de dois mil arameus considerados puritanos vivem na Síria, na Turquia e numa pequena região do Iraque, mas estão ameaçados de extinção por conviverem em um ambiente próximo do domínio islâmico, enfrentando exércitos turcos e guerrilheiros curdos.

O povo arameu continua, entretanto, representando uma peça importante no quebra-cabeça da história de ontem e de hoje do Oriente Médio, como testemunho de uma civilização que deixou sua marca duradoura na região.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Jovens brasileiros presentes no Jubileu em Roma

Jovens brasileiros presentes no Jubileu em Roma (Vatican Media)

Roma nestes dias acolhe jovens de todas as partes do mundo - peregrinos de 146 países - para o Jubileu dos Jovens. Entre eles, grupos de brasileiros que participam de uma programação, que teve início na segunda-feira (28), e segue até este domingo, 03 de agosto, no coração da fé católica. A presença dos jovens brasileiros.

Silvonei José – Vatican News

A iniciativa do Jubileu dos Jovens havia sido anunciada pelo Papa Francisco no fim da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em Portugal, em 2023. “Marco encontro com os jovens de todo o mundo no ano 2025, em Roma, para celebrarmos juntos o Jubileu dos jovens”, disse o pontífice na ocasião.

Mas quem acolheu os jovens foi o Papa Leão XIV, que no início da noite de terça-feira, a surpresa saudou os jovens na conclusão da Santa Missa na Praça São Pedro. Aproximadamente 120 mil jovens participaram da celebração eucarística presidida por dom Rino Fisichella. 

Ao final da missa, o Papa Leão XIV fez questão de comparecer à Praça São Pedro para saudar a juventude. A bordo do papamóvel, o Santo Padre percorreu os corredores da praça vaticana e toda a Via da Conciliação, acenando e recebendo o afeto dos presentes, que acolheram com grande alegria a surpresa do Pontífice. Ele dirigiu aos fiéis palavras de acolhimento e fez um convite à oração pela paz no mundo em inglês, italiano e espanhol:

Jovens na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

"Esperamos que todos vocês sejam sempre sinais de esperança! Hoje estamos começando. Nos próximos dias, vocês terão a oportunidade de ser uma força que pode levar a graça de Deus, uma mensagem de esperança, uma luz para a cidade de Roma, para a Itália e para todo o mundo. Caminhemos juntos com a nossa fé em Jesus Cristo. E o nosso grito deve ser também pela paz no mundo", e fez um pedido aos jovens:

“Digamos todos: Queremos a paz no mundo!”

"Rezemos pela paz e sejamos testemunhas da paz de Jesus Cristo, da reconciliação, essa luz do mundo que todos estamos buscando. Nos vemos. Nos encontraremos em Tor Vergata. Boa semana!", concluiu o Papa. 

Jovens na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

Jovens brasileiros

Ítalo Andreatto da paróquia de São Judas Tadeu, Mogi Guaçu acompanha jovens brasileiros junto com o padre Lucas dos Santos Janucci, presbítero da Diocese de São João da Boa Vista, que exerce seu ministério na paróquia São José de Estiva Gerbi-SP. Ele diz que “acompanho nestes dias com muita alegria um grupo de peregrinos de nossa Diocese, composto pelos jovens do Caminho Neocatecumenal, que ao todo compõe-se de 150 jovens, ao Jubileu da Esperança”.

“Partilho a beleza de ver como eles tem tocado com a vida o que até então já viviam pela fé e colher deles o testemunho rico de suas experiências”, afirmou.

O padre Lucas destaca que “neste tempo temos rezado muito e com a esperança viva em nós, cantado pelas ruas das cidades que temos passado. Nelas o próprio povo reconhece o anúncio da Boa Nova de que Cristo Ressuscitou e de que a Igreja é jovem e anseia encontra-se com o Santo Padre nos próximos dias e ali ser confirmados na fé e abraçar a vocação e a missão”.

Jovens em Assis (Vatican Media)

O jovem Paulo Augusto de Aguiar Antunes da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Mogi Guaçu do Caminho Neocatecumenal, disse que “essa Peregrinação tem sido um presente de Deus na minha vida, graças a ajuda de muitos irmãos eu e mais dois jovens de nossa paróquia temos a chance de viver essa experiência extraordinária”.

“O Senhor – afirmou ele -, vem se mostrando em cada detalhe por onde passamos, poder sair da nossa zona de conforto para peregrinar é algo difícil, mas com a providência de Deus vem me animando e ajudando na minha caminhada dentro da igreja”.

“Até o momento passamos por diversas Igrejas e santuários, mas em todos os lugares o Senhor me mostra uma palavra de conversão que me convida a mudar, a voltar para casa como um novo jovem cristão”.

Jovens brasileiros (Vatican Media)

Também a jovem Ana Karolina Macedo, da 5ª comunidade da Paróquia do Rosário, localizada em São João da Boa Vista, SP que atualmente está no pré-catecumenato deu seu testemunho: “essa é a minha primeira peregrinação, e ela foi um verdadeiro presente de Deus, uma experiência marcada pela providência divina. Ele me concedeu essa graça por meio de uma pessoa muito especial e também através de muito trabalho”.

“Minha experiência está sendo viva, única e profunda, na qual Deus nos demonstra o seu amor e carinho! É difícil descrever tudo o que estou sentindo. Visitar os lugares onde viveram os santos pelos quais tenho grande devoção foi uma emoção imensa, foi como caminhar com eles”.

Ela confessa: “nunca havia dormido fora de casa ou ficado tantos dias longe da minha família. Até brinquei dizendo que achava que iria chorar querendo voltar, mas, na verdade, estou chorando porque não quero ir embora. Está sendo uma vivência transformadora”.

Jovens em Monte Cassino (Vatican Media)

“O momento que mais me marcou foi a visita ao túmulo de São Francisco de Assis. Naquele instante, não consegui conter as lágrimas. Admiro profundamente a humildade e a coragem que ele teve para abandonar tudo e seguir a vontade de Deus”.

“Senti, nesse momento, que Deus também nos chama. A mim, a você, a todos. Ele nos chama à santidade. Mas mais do que isso: Ele quer nos revelar algo maior. Para isso, é preciso estar atento, abrir o coração e decidir caminhar com Ele”, concluiu ela.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Chegando à fé pelo Caminho de Santigo

Os caminhos de Santiago (Shutterstock)

Chegando à fé pelo Caminho de Santigo

Reproduzimos o testemunho de conversão ao catolicismo de Cuiwen, uma mulher de Cingapura cujo caminho de fé atravessou várias religiões, uma viagem para fazer o Caminho de Santiago e o livro “Caminho”, do fundador do Opus Dei.

23/07/2025

Sou Cuiwen, moro em Cingapura e estou casada há sete anos. Junto com meu marido, formamos uma família com nossos dois filhos. No entanto, o caminho até aqui não foi fácil: em minha vida, enfrentei momentos de desentendimentos e dificuldades que nem sempre foram fáceis de superar.

Na minha juventude, eu frequentava uma igreja batista. Minha fé era motivada principalmente pelo desejo de agradar meus pais e ser uma boa filha. Eu acreditava que, se obedecesse a Deus, eu O encontraria. Fui batizada no 4º ano do ensino médio, mas, no fundo, não tinha certeza se havia aceitado Deus plenamente em meu coração. Pouco tempo depois, deixei a igreja.

Cuiwen com seu marido, Gerard e Joan (Opus Dei)

Um novo horizonte inesperado

As coisas mudaram no colégio, quando conheci Wei Lian. Tornamo-nos muito amigas porque morávamos perto e partilhávamos o mesmo programa de arte. Foi ela que me apresentou pela primeira vez a fé católica. Quando começou a fazer parte do Opus Dei, convidou-me várias vezes para aulas de doutrina e meditações.

Foi a primeira vez que conheci católicos, que eram calorosos, acolhedores e ficavam felizes de responder às minhas perguntas. Antes disso, achava os rituais e devoções do catolicismo difíceis de compreender. Mas, com o tempo, passei a apreciar a riqueza da fé e a beleza da missa.

Servir aos outros, descobrir Deus

Em dezembro de 2013, participei de uma viagem missionária ao Vietnã organizada por Hillcrest, um centro da Opus Dei para jovens em Cingapura. Foi minha primeira experiência missionária no exterior e uma oportunidade de servir em um país em desenvolvimento. A viagem coincidiu com uma transição profissional e senti que podia oferecer meu tempo e energia aos outros. Lá conheci Carmen, que organizava a viagem e sempre me pareceu simpática e aberta a compartilhar sua fé.

Embora na época eu não sentisse um chamado espiritual nem imaginasse minha futura conversão, fiquei impressionado com o testemunho da fé católica vivida com generosidade. O padre da aldeia conhecia todos os habitantes e se preocupava com ações concretas para melhorar a vida dos mais necessitados.

Também me impressionaram os tradutores vietnamitas, que acolhiam os idosos e os pobres com grande cordialidade, e as voluntárias de Hillcrest, sempre alegres e entusiasmadas. Tudo isso me fez sentir de maneira especial a presença real de Deus na vida cotidiana desses católicos que rezavam e assistiam à missa todos os dias.

Depois dessa viagem, comecei a trabalhar na área de saúde mental dentro do setor de serviços sociais. Uma colega me convidou para uma igreja metodista, e lá comecei a sentir o desejo de me aproximar mais de Deus. Eu me sentia acolhida e em comunidade, muito diferente da minha experiência anterior. Também me inscrevi em um curso de estudo bíblico de um ano para aprofundar minha fé.

Eu achava que talvez não tivesse lido a Bíblia o suficiente para entender a vontade de Deus para mim. Através da convivência e das atividades de serviço, como visitas a lares de idosos, descobri um crescimento espiritual que superava o que eu havia vivido anteriormente.

No Vietnam (Opus Dei)

Quando os percalços do caminho são uma ajuda

No entanto, foi somente no final de maio de 2015, quando estava na metade do curso bíblico e já estava há um ano no meu novo trabalho, que comecei a me sentir exausta por ter me dedicado tanto ao meu trabalho. Minha amiga Wei Lian me contou que iria fazer o Caminho de Santiago pela segunda vez com Carmen e me convidou para participar. Eu aceitei. Desta vez, o grupo era pequeno e eu era a única pessoa não católica.

No início, fiquei entusiasmada com a experiência de ser peregrina, passar tempo na natureza, desfrutar do silêncio com Deus e do bom ambiente entre os caminhantes. Mas, com o passar dos dias, comecei a me sentir desconfortável por ser a única que não rezava o terço nem conhecia as histórias “à maneira católica”. Para evitar me sentir deslocada, comecei a caminhar rápido e sozinha.

No entanto, as coisas não saíram como eu esperava. No terceiro dia, fiquei doente. Tinha febre e me sentia muito fraca. Minhas companheiras viram que eu não podia continuar e me ajudaram muito: chamaram um carro e Joanna me acompanhou até a próxima cidade. Enquanto ardia em febre no albergue, me sentia fraca e zangada com Deus. Me perguntava por que Ele me levara a essa viagem para sofrer, se tudo o que eu queria era estar com Ele.

Só pude chegar a uma conclusão: Deus queria me dizer algo. Não conseguia imaginar um Deus malvado que se alegrasse com meu sofrimento. Ao repassar os dias anteriores, compreendi que, embora minhas companheiras tivessem sido gentis, eu mantivera uma atitude cortês, mas distante.

A partir daquele momento, decidi mudar: aprendi a rezar o terço e começamos a ler, revezando-nos, trechos de Caminho, de São Josemaria.

Refleti sobre minha atitude habitual diante da vida e diante de Deus, e comecei a ver semelhanças com o modo como havia começado o Caminho de Santiago. Rezei a Deus para que me mostrasse a verdade: como eu deveria viver minha fé?

No dia da profissão de fé como católica (Opus Dei)

Amar a Deus como Ele quer ser amado

Foi em uma pequena capela, perto do final do Caminho, que vi uma imagem de Jesus. Pela primeira vez, rezei diante de uma imagem dEle e perguntei se esse era o caminho para o qual ele me chamava e, se fosse, que me explicasse do que se tratava tudo isso.

Naquele momento, uma amiga se aproximou de mim e me disse que aquela imagem era do Sagrado Coração de Jesus e que lembrava uma oração escrita por uma religiosa francesa. Só quando voltei para Cingapura é que compreendi a resposta de Jesus.

Depois de assistir à missa diariamente na Espanha, decidi ir à missa também em Cingapura. Foi numa sexta-feira, na Igreja de São José, onde ouvi a oração ao Sagrado Coração de Jesus. Fiquei profundamente comovida com as palavras: “Jesus, ajude-me a amá-lo mais”. Naquele momento, compreendi que sempre me aproximara de Deus com os meus problemas e necessidades, mas nunca lhe pedira que me ensinasse a amá-lo mais.


São Josemaria diante de São Tiago apóstolo - Opus Dei.

O meu caminho para a plenitude da fé

Naquela época, Wei Lian estava acompanhando outra amiga, Janelle, que morava em Jurong, no seu caminho de iniciação cristã (RCIA). O seu processo de confirmação correu bem.

O maior obstáculo que tive que superar foi a irritação da minha mãe, mas graças à graça de Deus, que me deu firmeza e doçura, pude ser plenamente recebida na Igreja Católica na Páscoa de 2016.

Hoje dou graças a Deus por como Ele continuou me abençoando todos esses anos. Conheci meu marido, um ex-protestante que também se converteu ao catolicismo em 2020, e dois anos depois descobri minha vocação como supernumerária do Opus Dei, enquanto meu marido se tornou cooperador pouco depois e atualmente participa das atividades de formação.

Antes de nos casarmos, participei em duas viagens missionárias a Cebu e atualmente dou aulas de formação a um grupo de amigas e cooperadoras.

Em 2023, fomos abençoados com o nascimento de nosso primeiro filho, Gerard, e em 2025, com nossa filha, Joan, justamente na solenidade da Assunção. Naquele dia, senti como se a Virgem me lembrasse de sua proximidade. A experiência da maternidade tem sido linda, embora não isenta de desafios, especialmente pela ausência de minha mãe.

Nestes anos de caminho rumo à fé, aprendi a reconhecer Deus através do silêncio, da reflexão e do serviço aos outros, e sua presença no dia a dia com maior profundidade. Sou especialmente grata pelo apoio e pela formação do Opus Dei, que nos ajuda a educar nossos filhos na fé e me inspirou a ser uma esposa, mãe, filha e amiga melhor.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/chegando-a-fe-pelo-caminho-de-santigo/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF