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terça-feira, 9 de setembro de 2025

7 frutas que contêm mais vitamina C que laranjas (Parte 2/2)

Por motivos históricos, a laranja talvez seja a fruta que sempre vem à mente quando pensamos em vitamina C, uma das mais vitais para a saúde humana (Crédito: Getty Images)

7 frutas que contêm mais vitamina C que laranjas

Autor: Dalia Ventura

De BBC News Mundo

6 setembro 2025

De 1 a 7

Duas frutas disputam o título de maior teor de vitamina C conhecido em qualquer alimento. Uma delas é nativa da Austrália e a outra, da Amazônia.

A ameixa kakadu é um tesouro ancestral dos povos aborígenes australianos e a fruta com maior teor de vitamina C do mundo (Crédito: Getty Images)

1 - A ameixa kakadu (Terminalia ferdinandiana) contém teores extraordinários de vitamina C. Seus números variam entre 2.300 e 3.150 mg por 100 g, muito acima dos cerca de 53 mg da laranja.

Os povos aborígenes conhecem há milênios as virtudes desta fruta pequena, de coloração verde-oliva claro, que cresce espontaneamente nos bosques abertos do norte da Austrália.

Eles a comiam in natura, usavam para fazer uma bebida refrescante e também para fazer gelatina.

A ameixa kakadu era empregada na alimentação, mas também, como outras partes da árvore, tinha usos medicinais, para tratar de dores de cabeça, resfriados e gripes, além do seu uso como antisséptico.

Atualmente, a ameixa kakadu é utilizada na elaboração de pós empregados em suplementos, alimentos funcionais, cosméticos e produtos farmacêuticos.

Graças a pesquisas da Universidade de Queensland, na Austrália, a fruta também é usada como conservante natural, especialmente eficaz para manter o frescor, a aparência e a durabilidade de mariscos, camarões e crustáceos congelados.

Ácido, mas eficaz: o camu-camu é utilizado por comunidades indígenas como medicina natural, muito antes de ser reconhecido fora da Amazônia (Crédito: Getty Images)

2 - o camu-camu. Com concentração de vitamina C que varia normalmente entre 1.600 e 3.000mg por 100g de polpa e que, em exemplares ou tratamentos específicos, pode exceder 4.000 a 5.000 mg/100 g, o camu-camu (Myrciaria dubia) não tem muito por que invejar a ameixa kakadu.

Nativa da Amazônia, a planta cresce em zonas inundadas e ribeirinhas do Brasil, Peru, Colômbia, Equador e Venezuela. Ele é usado tradicionalmente como remédio, até para a malária.

Seu fruto é de uma acidez tão intensa que não costuma ser consumido in natura. Seu suco tem um chamativo tom de rosa, graças ao pigmento da sua casca.

Com ele, são preparados sorvetes, geleias, batidas, coquetéis, iogurtes e pratos como o ceviche de camu-camu peruano.

A fruta também é empregada no setor cosmético, na forma de extrato antioxidante em máscaras e tônicos.

A acerola é uma joia tropical, empregada na medicina popular há gerações (Crédito,Getty Images)

3 - A acerola. Quando se trata de vitamina C, outra fruta campeã é a acerola (Malpighia glabra ou Malpighia emarginata). Ela contém cerca de 1.700 mg da substância por 100 g de fruta.

Nativa das regiões tropicais do continente americano, especialmente do Caribe, América Central e do Sul, seu sabor é doce com um toque ácido, muito refrescante, similar a uma cereja azeda.

A acerola é consumida in natura, em sucos, geleias ou como suplemento em pó. Ela é popular na indústria alimentícia, devido ao seu teor nutricional.

A fruta é valorizada desde os tempos pré-colombianos, devido às suas propriedades medicinais. Seu uso se estendeu aos suplementos vitamínicos em todo o mundo.

O fruto da roseira silvestre faz parte do saber antigo da floresta há séculos (Crédito: Getty Images)

4 - O fruto da rosa silvestre, comum na Europa, Ásia e em partes da América do Norte, é tradicionalmente conhecido pelas suas propriedades de alívio de resfriados e para melhorar o sistema imunológico.

O fruto da Rosa canina L. contém 100 a 1.300 mg/100 g de fruto, conforme a espécie, origem, altitude e grau de maturação, segundo diversos estudos.

Seu sabor é agridoce, floral e ligeiramente terroso. Ele costuma ser consumido em infusões, geleias, xaropes ou suplementos.

O fruto da rosa silvestre tem longa história na medicina popular europeia. Ele foi usado durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) como fonte alternativa de vitamina C, quando os cítricos eram escassos.

Ele é popular até hoje na fitoterapia e na alimentação natural.

O sabor da groselha indiana é, digamos, intenso. Sua conservação em água salgada ajuda a suavizá-lo, tornando a fruta mais agradável ao paladar (Crédito: Getty Images)

5 - A groselha indiana ou sarandi. Phyllanthus emblica L. — a groselha indiana ou sarandi — é uma árvore sagrada para o hinduísmo, símbolo de longevidade e sabedoria.

Sua baga é uma das frutas mais valorizadas na medicina tradicional ayurvédica.

Seu sabor é complexo e muito singular: extremamente ácido (ao mesmo tempo, azedo e adstringente), ligeiramente amargo no início e adocicado no final. Quando ingerida fresca, produz uma sensação seca na boca.

Curiosamente, depois de mastigá-la e cuspi-la, muitas pessoas relatam que sua saliva fica doce por alguns segundos. Algumas tradições consideram esta experiência "higienizadora" ou "refrescante".

Devido à sua intensidade, é costume consumi-la seca, curtida, em pó ou cozida em vez de fresca, especialmente em misturas ayurvédicas ou chutneys (condimentos de origem indiana).

A groselha indiana é uma das fontes naturais mais ricas em vitamina C, com concentrações de até 720mg por 100g de fruta. E tem ainda outra vantagem: a substância não se degrada com facilidade durante a secagem ou armazenamento da fruta.

A presença de taninos e polifenóis protege a vitamina C contra a oxidação. É um fenômeno incomum em outras frutas.

Esta estabilidade permitiu o uso da groselha indiana por séculos em forma seca ou em conserva, sem perder sua eficácia medicinal.

O fruto do baobá, uma árvore considerada ponte entre a terra e o céu por algumas culturas (Crédito: Getty Images)

6 - O fruto do baobá. O baobá (Adansonia digitata) é conhecido em muitas culturas africanas como a "árvore da vida".

Na tradição oral, ele é mencionado como uma árvore que sustenta o céu ou que foi plantada de cabeça para baixo. Ele representa a sabedoria ancestral.

Seu fruto contém cerca de 494,94 mg/100 g de vitamina C na forma de polpa desidratada e foi usado por séculos como fonte de nutrição e medicina natural.

Diferentemente da maioria das frutas, ele é seco por dentro e não contém suco. Sua polpa farinhosa se desmancha facilmente, transformando-se em pó. Por isso, ele é ideal para uso em bebidas, molhos ou como suplemento nutricional.

Seu sabor é ácido, refrescante e ligeiramente cítrico, frequentemente descrito como uma mistura de toranja, pera e baunilha.

A fragrância da goiaba traz muitas recordações entre as pessoas na América Latina (Crédito: Getty Images)

7 - A goiaba. Voltemos ao continente americano, agora com a goiaba. Seu aroma transportava o escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014) para sua casa sempre que ele o percebia.

O fruto da Psidium guajava sempre tem sua fragrância característica, frequentemente doce, mas, às vezes, deliciosamente azedo. Afinal, existem inúmeras variedades com tamanhos e cores diferentes: branca, rosa, vermelha, amarela...

A goiaba contém mais vitamina C do que muitas frutas cítricas. Algumas variedades chegam a ter até cinco vezes mais que a laranja, o que faz com que ela seja um potente antioxidante natural.

Um estudo com goiabas frescas no Equador concluiu, por exemplo, que o teor de vitamina C nas frutas chega a cerca de 500 mg.

Dotada de diversas propriedades benéficas para a saúde, a goiaba também é uma fruta climatérica, ou seja, ela continua amadurecendo depois da colheita. Esta característica facilita seu consumo, transporte e exportação.

Ainda assim e apesar da sua popularidade na Ásia e na América Latina, a goiaba continua sendo uma fruta "exótica" e pouco conhecida em muitas partes do mundo. O mesmo ocorre com muitas das frutas indicadas nesta reportagem.

Mas não há problema, pois existem diversas outras fontes importantes de vitamina C:

  • a groselha-preta ou cassis, com cerca de 181 mg/100 g, muito rica em antioxidantes;
  • o kiwi, cuja variedade mais rica em vitamina C, chamada SunGold, contém cerca de 161 mg/100 g;
  • o mamão, com cerca de 60 mg/100 g, além de enzimas digestivas;
  • o morango, com cerca de 59 mg/100 g, uma boa fonte de vitamina C, especialmente cru...

Até chegarmos à tradicional laranja, que contém um pouquinho mais de vitamina C que o refrescante e digestivo abacaxi.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cp8z87egz61o

ÁFRICA: Wangechi Mutu - A ancestralidade africana na Galleria Borghese em Roma

 
Wangechi Mutu - "Older Sisters" - Galleria Borghese

Visitável na Galleria Borghese, até 14/9/2025, a exposição “Poemas da Terra Negra” da renomada artista Wangechi Mutu. Natural do Quénia, ela tem neste museu de Roma um conjunto de obras em que fica clara a sua forma de encarar questões de poder, de ecologia, de violência de género, de relações humanas, através da arte, indo beber à ancestralidade africana. Uma artista que une, diz a curadora, Cloé Perrone, enquanto que o ensaísta e editor, Filinto Elísio, releva a figura da Wangechi Mutu.

Dulce Araújo - Vatican News

Quem passa em frente da residência, no século XVII, do Cardeal Scipione, hoje Galleria Borghese, não pode não notar duas esculturas peculiares e sentir-se convidado a visitar compreender melhor o que representam e donde vêm. Outros querem simplesmente visitar este célebre Museu de Roma, e por entre antigas obras famosas de Bernini, Canova e outros, como Apolo e Dafne, descobrem as obras da artista queniana-estadunidense, Wangechi Mutu, cujo estilo, visão, temas, materiais nos foram dados a conhecer na emissão semanal "África em Clave Cultural: personagens e eventos" pela curadora da mostra, Cloé Perrone, e pelo editor Filinto Elísio (Rosa de Porcelana Editora) na sua crónica. 

Crônica

Uma exposição atípica, intitulada "Poemas da Terra Negra" e patente na Galleria Borghese até o próximo dia 14 de setembro de 2025, chama a atenção para Wangechi Mutu. É uma exposição instigante e desafiante fora dos habituais cânones museológicos explorando poemas, suspensões, fragmentos e mitologias, assim como esculturas inspiradas em contextos sociais e materiais contemporâneos.

Quem é Wangechi Mutu? Para já uma artista que extravasa as molduras, conhecida pelo trabalho que mistura género, raça, história da arte e identidade pessoal. Criando colagens complexas, vídeos, esculturas e performances, a arte de Mutu apresenta razões misteriosas e recorrentes, como as das mulheres mascaradas e representadas de forma híbrida.

Wangechi Mutu nasceu em 1972 em Nairobi, no Quénia. Ela estudou no Convento de Loreto Msongari (1978-1989). Deixou Nairobi aos 16 anos para cursar o ensino médio, estudando no United World College of the Atlantic, no País de Gales (até 1991). Mutu mudou-se para Nova Iorque no final da década de noventa, com foco em Belas Artes e Antropologia na New School for Social Research e na Parsons School of Art and Design. Ela obteve uma licenciatura em Belas Artes pela Cooper Union para o Avanço das Artes e Ciências, em 1996, e um mestrado em escultura pela Yale School of Art em 2000.

Na sua vida artística, tornou-se num dos expoentes em esculturas e instalações do afrofuturismo que, assim como o afropunk, o afro-surrealismo e o neo-hoodooísmo, são componentes dos imaginários culturais e artísticos dos africanos e da diáspora africana neste momento histórico.

Mutu utiliza o afrofuturismo para explorar temas de alienação, que se relacionam com feminismo, colonialismo, materialidade e deficiência. Essa estética também permite liberdade criativa na representação de corpos e identidades e experiências, como pode ser observado na presença de ciborgues e figuras alienígenas das suas obras.

A presença de mulheres negras num cenário futurista também atua como um retrocesso às ideias de evolucionismo e hierarquias culturais e sociais. Ao contextualizar essas mulheres negras em espaços hipermodernos, Mutu afirma que estas se posicionam no topo do ideário evolucionista, recusando preconceitos coloniais, neocoloniais e racistas em relação às pessoas negras.

As suas obras são baseadas numa ampla variedade de modos de expressão: pinturas, colagens, vídeos, instalações, etc. e patentes nas coleções de vários dos principais museus e galerias do mundo, tanto em exposições individuais como coletivas. 

Em 23 de fevereiro de 2010, Wangechi Mutu foi homenageada pelo Deutsche Bank como sua primeira "Artista do Ano”. O prémio incluiu uma exposição individual no Deutsche Guggenheim, em Berlim. Intitulada "My Dirty Little Heaven", a mostra viajou em junho de 2010 para o Wiels Center for Contemporary Art, em Forest, na Bélgica.

Em 2013, recebeu o Prémio do Público do BlackStar Film Festival de Filme Experimental Favorito, na Filadélfia, Pensilvânia, pelo seu filme "The End of Eating Everything", bem como o prémio de Artista do Ano do Brooklyn Museum, em Nova York.

Em 2014, ganhou o United States Artist Grant e, em 2017, foi homenageada com o Prémio Internacional de Artista, concedido pelo Anderson Ranch Arts Center.

Mutu é uma artista multidisciplinar e de enorme reputação, cujo trabalho tem recebido elogios da crítica a nível global.

Wangechi Mutu no seu estúdio - foto: Kadidja Farah

As duas esculturas na entrada da Galleria representam duas belas divindades em bronze, sentadas, vestidas de trajes ondulantes, uma com um disco sobre a boca e a outra com um espelho dourado sobre os olhos, a refletir a luz. Pertencem a um grupo de quatro, que foram encomendadas à Wangechi Mutu, em 2018, pelo Metropolitan Museum of Art para colocar em nichos da fachada do edifício que estavam vazios havia mais de cem anos. “Criei quatro divindades sentadas.” - explicou Wangechi, frisando que  representam a tranquilidade, a dignidade, a africanidade e o divino feminino.

Seated I - Uma das duas esculturas expostas na entrada da Galleria Borghese

Mas entremos na Galleria Borghese para compreender um pouco mais através do olhar da curadora, Cloé Perrone, que foi entrevistada por Maria Milvia Morciano da Vatican News:

A arte de Wangechi na Galleria Borghese expressa-se principalmente através da escultura que, no entanto, interage com este espaço de uma forma bastante diferente.  Ela optou por se inserir neste espaço, carregado de mármore e decorações, de uma forma bastante invulgar, utilizando aquilo a que poderíamos chamar de vazio, flutuando no espaço, ancorando-se ao teto e apresentando estas esculturas como se fossem espíritos, fantasmas, obras que giram à nossa volta...

A exposição intitula-se “Poemas da Terra Negra”, e a mensagem não é de forma alguma de divisão ou arquivamento de várias práticas ou géneros artísticos. É uma exposição que pretende trazer todos — todas as obras, mas também todas as pessoas, todas as mensagens — de volta para esta mesma terra, esta mesma terra negra de onde todos nós, de alguma forma, viemos.”

É certamente uma artista que não divide, mas reúne, e estas mensagens que traz — esta pesquisa sobre este terreno comum, sobre estas origens partilhadas, sobre esta forma de nos unir — são certamente algo poderoso e muito específico da sua prática.”

Suspended Playtime - uma das obras da Wangechi na Galleria Borghese

Ao entrar na galeria - observa Maria Milvia Morciano - as obras da Wangechi não se destacam imediatamente, poderiam parecer como que engolidas pelas grandes obras do passado. Mas, em vez disso, vão surgindo poderosas, como, por exemplo, a enorme folha de papel de seda com a inscrição feita de chá e café e que fala de paz sobre símbolos de poder, símbolos masculinos, símbolos do grande imperialismo do passado, gladiadores. Esta folha com inscrições está, de facto, disposta no chão sobre mosaicos romanos do século I e que retratam batalhas entre gladiadores humanos. Estas injustiças humanas, repetidas ao longo dos séculos e aparentemente intermináveis, são o resultado.

Sim, a obra a que se refere, que é uma peça muito importante para Wangechi, mas também para a exposição, intitula-se "Os Grãos das Palavras". É uma nova obra que o artista criou especificamente para a Galleria Borghese, e é a letra de uma canção de Bob Marley, chamada "War", pelo que também é bastante conhecida, letra que, por sua vez, provém de um texto de Hailé Selassie, o último imperador da Etiópia, que discursou nas Nações Unidas, em 1963, para exigir a igualdade e o fim da injustiça racial. Portanto é um texto fundamental que também é cantado de alguma forma por Bob Marley, mas se o público, o visitante, vê e lê, de alguma forma, uma parte sonora da exposição também é ativada, um som silencioso, e este é um trabalho muito importante; também remete para a poesia concreta e é também a ideia de que as palavras são plantadas e, ao plantá-las neste solo, formando-as neste solo, germinam então em algo maior.”

A obra "The Grains of Words" na Galleria Borghese

Mas como surgiu a ideia desta exposição na Galleria Borghese? - perguntou Maria Milvi Morciano à curadora.

Faz parte de um programa da Diretora, que queria convidar Wangechi Mutu a conceber uma exposição para a Galleria Borghese. Foi também uma forma de repensar e reler os mitos dentro da Galleria Borghese. Wangechi analisa estes mitos, repensa-os, relê-os e reescreve-os numa perspectiva diferente da europeia. Mas, ao procurarmos sempre as origens que nos unem, verificamos que existem, de facto, mitos e rituais que se repetem em todas as culturas. Portanto, embora à primeira vista não sejam europeus, de alguma forma conseguimos interpretá-los, pô-los em diálogo, e formam relações novas e inesperadas, e penso que essa foi uma das razões.”

Wangechi e a curadora, trabalham então juntas na colocação das obras por forma a criar uma interação entre o antigo e o moderno na Galleria.

Trabalhámos juntos na instalação e no arranjo das obras. Como deve imaginar, a Galleria Borghese não é um local fácil para instalar arte contemporânea, porque é muito importante, e a prioridade do museu é conservar e preservar todas as obras antigas. Depois de falarmos com todas as equipas da galeria e de descobrirmos todas as limitações, trabalhamos sempre com o museu para perceber o que é possível e o que não é, e depois pensamos nas combinações. Penso que foi um processo longo, mas também muito interessante, tendo constantemente ideias e tendo de as repensar e reformular para se adaptarem ao espaço expositivo, que tem limitações diferentes das de um museu de arte contemporânea.

"Undergroud Hornship" - Galleria Borghese

Mas nem todas as obras de Wangechi estão dentro do Museu. Fora, nos jardins estão várias outras entre as quais, a lindíssima serena em bronze...

Temos um vídeo que se chama "O Fim do Comer Tudo" e é um vídeo que fala, de alguma forma, sobre a crise ecológica. Temos esta mulher monstro que engole tudo o que encontra no seu caminho até que, finalmente, implode e esta é uma crítica a este mundo de consumo que não pensa em proteger o ecossistema. Na fachada existem as duas grandes obras de bronze. São referências às cariátides, mas não apenas às cariátides greco-romanas, mas também às africanas ou também à estatuária egípcia. Mais uma vez Wangechi consegue misturar todas estas referências para criar as suas próprias "Cariatides", estas mulheres que parecem vir de outra época, muito fortes, que convidam o visitante a entrar no museu, mas de alguma forma também protegem a instituição. E nos jardins secretos, temos outras quatro obras de bronze. Wangechi Mutu é uma artista que trabalha muito o bronze, com cestos que contêm animais e outras criaturas que, mais uma vez, parecem vir de outros mundos, e uma mulher sereia que, neste caso, é uma mulher sereia que quase poderia ser um auto-retrato.”

A mulher sereia nos jardins da Galleria - Galleria Borghese

Essa mulher aquática, lisa e brilhante, é uma versão da mítica Nguva da tradição da África Oriental, uma criatura com o poder de encantar, de instruir ou destruir, que fala diretamente com as criaturas marinhas e com a própria água, conforma explicou Wangechi numa videoconferência.  Wangechi Mutu, artista multifacetada, que atravessa mundos e linguagens, amalgamando-os, criando um novo mundo para todos. É o que se pode apreciar na mostra “Poemas da Terra Negra” patente na Galleria Borghese de Roma até ao próximo dia 14 deste mês e que foi aberta a 10 de junho. Da coleção ali apresentada faz parte também a obra “Shavanah I” que está na Academia Americana de Roma e que é evocativa da violência contra a mulher. A mulher é  figura central na conceção artística da Wangechi, representando a ancestralidade, a modernidade, o futuro.

Desde que me lembro que faço arte, sempre fiz arte sobre mulheres. Criei figuras com corpos femininos que, por vezes, parecem criaturas grávidas ou mulheres feridas e depois recuperadas. Criei humanos híbridos e até máquinas femininas ferozes. Tudo para mostrar como o corpo feminino é uma visão poderosa sobre a qual a cultura expressa os seus sentimentos de valor, de desejo ou desgosto, de divindade ou decrepitude, de pertença ou de perda. As imagens que crio, como as que vi esculpidas nas antigas rochas do deserto, são essencialmente a representação da presença do feminino em todos nós.”

"Prayers and Older Sisters - Galleria Borghese
"First Weeping Head and Second Weeping Head " - Galleria Borghese
Uma outra obra da Wangechi nos jardins da Galleria Borghese

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pedro Claver

São Pedro Claver (A12)
09 de setembro
São Pedro Claver

Pedro Claver nasceu em Barcelona, na Espanha, em 1580. Filho de um casal de gente do campo, o jovem espanhol manifestou desde cedo sua vocação religiosa. Tornou-se jesuíta, logo viajando para uma missão em Cartagena, atual país da Colômbia.

Começou então o apostolado que iria marcar sua vida: o trabalho como os negros que vinham escravizados da África. Apesar das dificuldades da língua, a linguagem do amor e da caridade falava ao coração dos escravos e aproximava-os de Pedro Claver.

O missionário além de lhes dar alimento, vinho e tabaco, oferecia palavras de fé para aquecer seus corações e lhes dar esperança. Por esse motivo os escravos negros o veneravam e respeitavam como um justo e bondoso pai.

Em sua missão, lutava ao lado dos negros e sofria com eles. O que podia fazer por eles era mitigar seus sofrimentos e oferecer-lhes a salvação eterna. Com essa proposta, Pedro Claver batizou cerca de quatrocentos mil negros durante os quarenta anos de missão apostólica.

 Durante a peste não abandonou os escravos, mas acabou contaminado. Depois de quatro anos de sofrimento, Pedro Claver morreu aos setenta e três anos de idade, em 08 de setembro de 1654, no dia na festa da Natividade da Virgem Maria.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Novamente constatamos, com São Pedro Claver, que a devoção à Sagrada Eucaristia e à Nossa Senhora são um denominador comum aos grandes santos de Deus. É só destas fontes que a alma recebe a condição de caridade superior que lhe permite ser “escravo dos escravos”, ou, como é próprio dos Papas, “servo dos servos de Deus”, no seguimento autêntico do ensinamento maior do Cristo: “Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque realmente Eu o sou. Se Eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Eu vos dei o exemplo, para que vós também façais como eu fiz. Eu vos afirmo e esta é a verdade: não é o servidor maior do que o seu mestre, nem o enviado maior do que aquele que o envia” (Jo 13,13-16). É preciso termos sede de almas para Cristo, conquistando para Ele muitos outros filhos, irmãos nossos que se salvem, particularmente os mais necessitados – não apenas ou principalmente os pobres materiais, mas sobretudo os que, independentemente da situação financeira e social, vivem no pecado, longe de Deus, correndo objetivo risco de condenação infinita; como o Cristo, Deus mesmo, nos serviu nas nossas misérias, igualmente nos devemos fazer escravos dos irmãos, começando pela oração e santificação pessoal, de modo a bem servir às almas, por amor ao Pai. São Pedro Claver não obteve a melhoria de vida social dos escravos, mas os libertou do paganismo e do pecado, e muitos deles, segundo os relatos históricos, consideravam-se mais felizes depois da conversão, mesmo como cativos na América, do que como idólatras na sua terra natal. Talvez não vivamos sequer os 70 anos que São Pedro Claver atingiu; aproveitemos o tempo para rezar e trabalhar na caridade para com o próximo, inciando pelos mais próximos, família, o Clero, os fiéis, sem esquecer dos mais precisados espiritualmente, como os dirigentes das nações e outras autoridades, enormemente responsáveis pelas decisões que afetam espiritual e materialmente todas as pessoas. Faz parte deste carinho e caridade o zelo pelas coisas de Deus, como a Liturgia, à qual São Pedro Claver dedicava tanto cuidado, na preparação e no tempo íntimo com Jesus, depois da Comunhão. Não podemos reclamar se, não tendo estas atenções para com Jesus, que dizemos amar, viermos a sofrer sem grandes méritos, ao contrário deste santo que tanto padeceu no assemelhar-se a Cristo – não é o servidor maior do que o seu mestre – e que ainda assim era ciente de que “Mais merecem minhas culpas”; por isso, por esse amor, é que mereceu falecer na Natividade… estava preso, pelas contas do Rosário, às mãos de Maria, que o levou para o Céu.

Oração:

Senhor Deus, que nos libertais da escravidão do pecado, concedei-nos pela intercessão de São Pedro Claver a cura da paralisia espiritual, com ao menos um pouco da sua ardente caridade em livremente obedecermos primeiro a Vós e assim ao cuidado dos irmãos, e com o auxílio e compromisso da Eucaristia e do Rosário diário, podermos servir como devemos já nesta Terra e mais ainda do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Como distinguir ansiedade de um transtorno de ansiedade

Shutterstock

Javier Fiz Pérez - publicado em 09/08/18 - atualizado em 08/09/25

A ansiedade razoável é uma coisa. A ansiedade não razoável ou patológica é outra.

A maioria das pessoas se sente ansiosa em um momento ou outro. A ansiedade situacional é bastante desagradável (embora tenha um propósito) em doses limitadas, mas quando se torna incessante e incapacitante, precisamos de ajuda.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma resposta de alarme fisiológico que nos prepara para lutar ou fugir diante de uma ameaça. No entanto, precisamos distinguir entre ansiedade razoável e ansiedade não razoável ou patológica (transtornos de ansiedade).

A intensidade da ansiedade razoável é proporcional à situação (um perigo objetivo), e termina quando a ameaça acaba; neste caso, a ansiedade é útil, ajudando a proteger a nós mesmos contra uma ameaça objetiva. Por exemplo: um leão é um estímulo objetivamente perigoso, e nossa ansiedade nos ajuda a reagir para fugir.

O contrário acontece no caso de uma ansiedade não razoável ou patológica, onde interpretamos situações, sintomas ou pensamentos como perigosos quando de fato não são, e a intensidade de nossa ansiedade não é proporcional à situação objetiva. Normalmente, uma reação de ansiedade patológica é muito intensa e duradoura, continuando mesmo após a situação ter passado. Por exemplo: somos encarregados de uma nova tarefa, e pensamos – sem uma boa razão – que não estamos à altura do desafio, então nossa resposta de alarme fisiológico se apaga e experimentamos ansiedade muito mais do que devemos.

No caso do estresse simples (em oposição à ansiedade patológica), a intensidade de nossa reação é proporcional à importância do desafio que nos enfrenta e é sempre menor do que a ansiedade não razoável. Por exemplo: fui encarregado da tarefa de preparar um projeto, e concluo que não tenho tempo suficiente para finalizá-lo. Diante dessa situação, minha reação ao estresse é ativada, e graças a isso, entro em ação para tentar terminar a tempo; assim que terminar o projeto, meu estresse desaparece.

O estresse normal ou saudável termina quando o desafio externo é passado e retornamos ao nosso estado emocional habitual; a ativação fisiológica volta ao normal.

No entanto, quando a ameaça percebida é muito grande e acreditamos que a nossa vida está em perigo, a intensidade da nossa ansiedade atinge um nível ainda maior, possivelmente causando um ataque de pânico.

O que é um transtorno de ansiedade?

Em resumo, os transtornos de ansiedade são os transtornos psiquiátricos mais comuns (Kessler, McGanable, Zhao, Nelson, Hughes, Eshelman, Wittchen e Kendler, 1994); no entanto, sua prevalência pode variar entre diferentes países e culturas (Krisanaprakornkit, Krisanaprakornkit, Piyavhatkul e Laopaiboon, 2007). As classificações internacionais de diagnóstico reconhecem vários tipos de distúrbios dentro do grupo denominado transtornos de ansiedade. Especificamente, no DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (American Psychiatric Association), encontramos o seguinte:

- Transtorno de pânico com e sem agorafobia (medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão)

- Transtorno de ansiedade social (também conhecido como fobia social)

- Fobia específica

- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

- Transtorno de estresse agudo (TEA)

- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

- Ansiedade secundária à condição médica

- Transtorno de ansiedade induzido por substâncias

- Transtorno de ansiedade não específico

As melhores medidas que devemos tomar

Quando constante – sensações intensas de ansiedade são experimentadas várias vezes por semana durante vários meses –, a solução mais recomendável é ir a um especialista para receber ajuda efetiva para o gerenciamento desse tipo de transtorno. O Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica recomenda dois tipos de tratamento para transtornos de ansiedade: farmacêuticos e psicoterapia.

O importante é não cair no erro de pensar que momentos normais de estresse ou ansiedade são sintomas de uma doença grave ou de um transtorno. A maioria dessas situações emocionais pode ser superada se atuarmos com previsão e responsabilidade, aprendendo a gerenciar nossas próprias emoções e nos concedendo mais espaço para analisar as situações que enfrentamos como indivíduos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2018/08/09/como-distinguir-ansiedade-de-um-transtorno-de-ansiedade/

Natividade da Virgem Maria

Natividade da Virgem Maria ((vida e Fé Católica)

Festa da Natividade da Virgem Maria

08/09/2023

"Feliz aniversário, Maria abençoada."
- Santa Maria, Mãe do Salvador, Cheia de graça desde a sua concepção. Mãe de Deus e nossa Mãe.

O Senhor revelou o pecado original a Israel desde o princípio, desde a queda de Adão e Eva (Gn 3). E os judeus conheciam sua própria condição pecaminosa, congênita para todos os homens: "Na culpa nasci, minha mãe me concebeu pecador" (Sl 50:7). Mas o Senhor, depois da queda, amaldiçoou o diabo no Éden: "Coloco inimizade perpétua entre ti e a mulher" (3:15). E quando fundou o povo escolhido, prometeu a Abraão que «todas as famílias da terra serão abençoadas em vós» (Gn 12, 3). Israel, ao longo dos séculos, alternando fidelidades e pecados, persevera na esperança de um Salvador, de uma nova Eva, que vencerá o diabo.

Por padre José María Iraburu

Israel espera o Salvador, sim; mas também à sua origem misteriosa no mundo, porque sabe que «o próprio Senhor vos dará o sinal: Eis que a virgem grávida dá à luz um filho, e o nomeia Emanuel», Deus conosco (Is 7, 14).

O Nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria

No nascimento de Maria, uma luz maravilhosa é finalmente acesa nas trevas do mundo. A Aurora da Luz, predestinada por Deus, pelo poder do Espírito Santo, leva-nos ao Salvador que vem «iluminar os que estão nas trevas e nas sombras da morte, para endireitar os nossos passos no caminho da paz» (Lc 1, 29). A primeira Eva nos trouxe pecado, trevas e morte. A nova Eva nos traz graça, luz e vida.

É lógico que no Ano Litúrgico da Igreja a memória dos santos é celebrada no dia de sua morte. É então que o seu crescimento na vida da graça parou; E quando passam definitivamente da morte para a vida: é o dies natalis. Somente a Igreja celebra o nascimento de Jesus, Maria e São João Batista. Celebramos o nascimento de Maria porque desde antes de nascer ela já está cheia de graça, livre de todo pecado, preservada em santidade total para se tornar a Mãe de Jesus. E celebramos o nascimento de São João Batista porque ele foi santificado antes de nascer: "Então Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino tremeu de alegria em seu ventre" (Lc 1,41), e foi purificado pela presença de Jesus no ventre de Maria, que foi feita Ostensório Eucarístico.

O nascimento de Maria é a glória da natureza humana

Nascida Maria segundo as leis da natureza humana, e escolhida para a Maternidade divina, Ela nos mostra que nossa natureza não é uma natureza corrupta, incapaz de receber a salvação, e muito menos a filiação divina. É por isso que ele canta a liturgia Tota pulchra es, Maria, et macula originalis non est in te... Tu, glória Jerusalém, Tua laetitia Israel, Tua honorificentia populi nostri... Nascida sem pecado, cheia de graça, nela, filha de Abraão, da linhagem de Davi, "todas as nações da terra serão abençoadas", porque ela nos traz o Salvador do mundo. Com toda a humildade e verdade, ela declara de si mesma: «Todas as gerações me chamarão bem-aventurada» (Lc 1, 48). Isso mesmo, e assim será para todo o sempre. Amém.

Enquanto o ancião Simeão toma em seus braços o menino Jesus, apresentado no templo, hoje na Igreja tomamos nos braços de nossa fé e caridade a recém-nascida Maria. E abençoando a Deus dizemos: "Agora, Senhor, podes deixar o teu servo ir em paz, porque os meus olhos viram a origem da nossa salvação" (cf. Lc 2,29).

Sabemos que esta menina será Mãe do Salvador do mundo, a Mãe de Deus, a "mulher envolta no sol, com a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas" (Ap 12,1). Texto misteriosamente relacionado ao do Gênesis: "Esmagará-lhe a cabeça quando a ferir no calcanhar" (Gn 3,15).

Infinito em humildade e majestade

No maravilhoso plano do Deus providente, Maria nasce como uma humilde filha de Davi, de uma raça davídica sem glória mundana. Ele vive na desprezada Galileia, ao norte de Israel: "Investigai e vereis que nenhum profeta saiu da Galileia" (Jo 7,52). Maria é casada com um carpinteiro e vive numa aldeia pouco conhecida: «De Nazaré pode sair alguma coisa boa» (Jo 1, 46).

Pouco falam os evangelistas sobre isso, embora muito importante. Acomodaram-se aos modos usuais de seu ambiente, que tanto mantinham a esposa para o marido. São Mateus não registra a genealogia materna de Jesus, mas apenas a de São José, seu pai legal. São Paulo, nas suas numerosas cartas, não menciona as aparições do Ressuscitado às santas mulheres e não menciona Maria, embora aluda ao seu mistério, dizendo de Jesus, «nascido de mulher» (Gl 4, 4). Para além dos constrangimentos culturais, parece claro que esta sobriedade silenciosa deve ser vista como um desígnio muito elevado do Deus providente: é providência do Senhor que a vida de Maria seja «escondida com Cristo em Deus» (Cl 3, 3).

Santo Inácio de Antioquia (+107) já advertia que Deus havia guardado em silêncio o mistério de Maria: assim, "a virgindade de Maria e seu nascimento foram escondidos do príncipe deste mundo, da mesma forma que a morte do Senhor: três mistérios sólidos que se cumpriram no silêncio de Deus" (Efésios XIX, 1).
São Bernardo (+ 1153): "Virtude louvável é a virgindade, mas ainda mais necessária é a humildade. Você pode se salvar sem virgindade, mas não sem humildade". A própria Maria diz: "'O Senhor olhou para a humildade do seu servo' muito mais do que para a virgindade. E embora pela virgindade ela agradasse a Deus, ainda assim ela concebeu pela humildade. É claro que a humildade era o que também tornava agradável a sua virgindade" (Hom. sobre a Virgem Mãe I, 5).

Mas Maria é "a Gloriosa", como lhe chama Gonzalo de Berceo (+1264), e também o é por desígnio do Deus providente: "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada". Ela é a Filha do Pai, a Esposa do Espírito Santo, a Mãe de Cristo. Ela é a Aurora materna d'Aquele que é a Luz do mundo, a única Salvador da humanidade. Ela é o ponto de passagem entre o Antigo e o Novo Testamento. Depois de seu Filho, ela é a mais santa e santificante das Antigas e Novas Alianças. Ela é aNova Eva, a verdadeira «mãe de todos os viventes» (Gn 3, 20).

Dignare me laudare te, Virgem sacrata.

Pouco se sabe das circunstâncias e dos dados concretos sobre o nascimento de Maria, a Virgem. O Protoevangelium de Tiago, apócrifo do final do século II, dá alguns detalhes. Mas, como é lógico, a Igreja antiga manteve de um fato tão extraordinário uma tradição constante, que logo após os Concílios de Éfeso (431) e Calcedônia (451), passou a ser celebrada no curso anual da liturgia. A pregação dos Santos Padres sobre o nascimento de Maria é numerosa, especialmente entre os orientais.

Destaca-se o formidável sermão do arcebispo Santo André de Creta, que a Liturgia das Horas recolhe no Ofício de Leitura (8 de setembro). Nascido em Damasco por volta de 660, professou vida monástica, foi notável por seus sermões e hinos litúrgicos. Nomeado arcebispo de Gortyn, em Creta, dedicou ali um Santuário à Virgem, com o título de "Fonte Viva". Morreu em 740.

Em meados do século VII, a Natividade da Virgem começou a ser celebrada em Roma, com a Purificação, Anunciação e Assunção de Maria, numa época em que a violência do Islã causava emigrações nas regiões sujeitas ao seu jugo. No tempo do Papa Inocêncio IV (1243-1254) tinha sua própria Oitava. Atualmente é uma festa não obrigatória.

"Ave Maria, puríssima.
– Sem pecado concebido.

(Fonte InfoCatolica)

7 frutas que contêm mais vitamina C que laranjas (Parte 1/2)

Por motivos históricos, a laranja talvez seja a fruta que sempre vem à mente quando pensamos em vitamina C, uma das mais vitais para a saúde humana (Crédito: Getty Images)

7 frutas que contêm mais vitamina C que laranjas

Autor: Dalia Ventura

De BBC News Mundo

6 setembro 2025

Também conhecida como ácido ascórbico, a vitamina C tem muitos benefícios e é indispensável para a saúde. E também colaborou para o desenvolvimento da ciência.

Em 1747, ela foi empregada em um dos primeiros testes clínicos controlados da história da medicina.

Quem o conduziu foi o médico James Lind (1716-1794), de Edimburgo, na Escócia. Ele havia entrado para a Marinha Real britânica como assistente do médico principal e observou os efeitos do escorbuto, uma doença que podia ser mais perigosa do que qualquer inimigo, durante as longas viagens de navio.

Ele selecionou 12 homens que sofriam de sintomas parecidos e os dividiu em seis duplas, para colocar em prova os remédios que eram usados na época — desde cidra e vinagre até água do mar.

Em questão de uma semana, os homens que receberam duas laranjas e um limão por dia estavam suficientemente recuperados para poderem cuidar dos demais.

Por algum motivo ainda desconhecido, os cítricos, sem dúvida, eram a chave para combater aquele flagelo. É claro que a razão era a vitamina C, mas sua descoberta só ocorreu em 1912. Ela foi isolada 16 anos depois e, em 1933, passou a ser a primeira vitamina quimicamente produzida.

Com o passar do tempo, o ser humano aprendeu que a vitamina C serve para muito mais do que apenas para prevenir e curar o escorbuto.

Nosso corpo precisa da substância para cicatrizar feridas, já que ela ajuda a formar tecidos conectivos novos, fortalecendo os órgãos. E também é importante para os ossos, vasos sanguíneos, cartilagens, para a pele e para absorção do ferro pelo corpo.

A vitamina C também fortalece o sistema imunológico, ajuda a combater infecções e suas propriedades antioxidantes contribuem para proteger o corpo contra o câncer e doenças cardiovasculares.

A recomendação de Lind de incluir frutas cítricas frescas e suco de limão na alimentação dos marinheiros resultou na erradicação do escorbuto na marinha britânica (Crédito: Getty Images)

Estas e outras virtudes fazem da vitamina C um nutriente essencial. Precisamos garantir sua ingestão, pois, diferentemente da maioria dos animais, os seres humanos não possuem a capacidade de sintetizá-la.

E devemos consumi-la diariamente. Por ser hidrossolúvel, o nosso corpo não armazena vitamina C. Por isso, precisamos obter quantidades adequadas através da alimentação todos os dias.

A quantidade recomendada varia, segundo a Clínica Mayo. Mas, de forma geral, os especialistas recomendam que as mulheres que não estejam grávidas nem amamentando tomem 75 miligramas (mg) e os homens, 90 mg de vitamina C todos os dias.

Da mesma forma que precisamos cuidar para consumir quantidade suficiente, também é preciso evitar o excesso. Por isso, se você for adulto, limite a ingestão a não mais de 2.000 mg.

Existem diversos vegetais ricos em vitamina C, como o brócolis, a couve-de-bruxelas e o pimentão (que, biologicamente falando, é uma fruta). Mas é preciso ter em conta que, por ser solúvel em água e sensível a altas temperaturas, parte da vitamina C é perdida durante o cozimento.

Esses vegetais podem ser comidos crus, para obter a maior quantidade possível de vitamina. Mas, se for preciso cozinhar, o vapor aparentemente é o melhor método para conservar seu valor nutricional.

Por outro lado, as frutas são uma grande e deliciosa opção. Você pode ingerir a quantidade mínima diária de vitamina C com apenas 3/4 de copo de suco de laranja por dia.

Mencionamos esta fruta porque, por motivos históricos, as laranjas e os limões são as que costumam vir à mente com mais facilidade como fontes desse nutriente vital.

Afinal, 100 gramas de polpa de qualquer uma das duas frutas contêm cerca de 53 mg de vitamina C, segundo diversas fontes, incluindo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).

Mas existem pelo menos nove frutas com teor ainda mais alto da substância. E aqui estão elas, para que você se lembre de consumi-las.

Continua...

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cp8z87egz61o

Jesus Cristo, a esperança da Igreja

(© AFP)  (AFP or licensors)

"A esperança é a luz que ilumina o futuro, mas não num sentido ingenuamente otimista ou ilusório. Nós sabemos: a esperança é Jesus Cristo, morto e ressuscitado. A esperança cristã, portanto, tem um nome concreto: JESUS CRISTO VITORIOSO".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Ao olhar para Cristo, a Igreja encontra sentido em sua missão de ser sinal do Reino de Deus no mundo. Ele é o Bom Pastor que guia, o Caminho que conduz ao Pai e a Verdade que ilumina a existência humana. Ele é o fundamento e a razão de existir da comunidade cristã. Sua ressurreição confirma que a fé não se apoia em ideias passageiras, mas em um acontecimento que transformou a história e abriu ao ser humano a possibilidade de uma vida nova em comunhão com Deus. A Igreja, ao anunciar o Evangelho, mantém viva essa esperança e se torna força para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana, peregrinando rumo à plenitude da vida eterna.

No contexto deste Ano Jubilar, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão "Jesus Cristo, a esperança da Igreja": 

"Os profetas esperaram a realização das promessas de Deus, o povo de Deus pelo Messias, Israel pelo cumprimento do Reino material e espiritual no escolhido, ungido do Pai. São Paulo decreta o cumprimento das promessas em Jesus Cristo (2Cor 1,20), razão de nossa esperança. É no Senhor que estão nossas esperanças, conforme a Carta de São Paulo aos Coríntios, que afirma: “De fato, já tínhamos sobre nós a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos. Ele nos livrou e continuará nos livrando de tal perigo de morte. Nele temos depositado a nossa esperança de que continuará a livrar-nos” (2Cor 1,9-11).

Pe. Humberto Robson de Carvalho, no livro “Presbíteros: testemunhas da Esperança”, comenta trechos da Gaudium et SpesEscreve assim o autor: “Sim, a esperança, como dom e virtude, atenta aos dramas da humanidade e seus clamores, acolhe no amor a vida presente e lança um olhar para o amanhã, àquele que pode salvar, ao Senhor Jesus, uma porta sempre aberta para o futuro, para a eternidade.  Sabemos que o Senhor é o fundamento da esperança (cf. Rm 15,13). A esperança cristã não brota das possibilidades humanas, mas da Ressurreição de Jesus (cf. 1Ts 1,9-10), de onde vem a prontidão e a sobriedade para percorrer um longo caminho (cf. Lc 12,35)” [1]. E no caminho, somos todos peregrinos, em direção à meta que é Cristo, o Salvador de todo o homem. E somos “peregrinos, porque chamados”, como professou o lema vocacional de agosto desse ano na Igreja do Brasil.

“Em Cristo somos revestidos da couraça da fé e do amor, com o capacete da esperança da salvação, conforme a primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses (cf. 1Ts 5,4-8). Em uma perspectiva comunitária, a esperança é como uma âncora segura e sólida que impulsiona a caminhada da comunidade cristã”[2]. O autor Humberto Robson apresentava, nesse livro “Presbíteros: testemunhas da Esperança”, um subsídio para o 19º Encontro Nacional dos Presbíteros no Brasil, em vista desse Jubileu 2025, e fundamentou sua proposta no texto Paulino da Carta aos Romanos: “Alegres na esperança, perseverantes na tribulação, constantes na oração” (Rm 12,12).

Cristo é a razão da nossa Esperança! Somos todos peregrinos de esperança. A esperança não decepciona porque a esperança é Jesus Cristo. E Cristo não decepciona. Todo o ser humano pode decepcionar e o profeta Jeremias diz: Assim diz o Senhor: "Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor” (Jr 17,5). Cristo não decepciona e é nele que colocamos nossa confiança e esperança.

Nosso destino é a plenitude de Deus, para o qual Cristo se encarnou e veio restaurar entre nós. Cristo não veio sem um propósito, somente como turista na terra ou uma visitinha qualquer no planeta para ver a obra de sua criação. Sua meta foi nossa salvação. Por isso, somos peregrinos dessa grande esperança cristã que grandioso nome e baluarte: Jesus Cristo. A esperança é a luz que ilumina o futuro, mas não num sentido ingenuamente otimista ou ilusório. Nós sabemos: a esperança é Jesus Cristo, morto e ressuscitado. A esperança cristã, portanto, tem um nome concreto: JESUS CRISTO VITORIOSO. Porque Ele venceu, nós também venceremos! Sua vitória é vitória para nós, porque é o cumprimento irrevogável da promessa de Deus e inauguração do futuro não só da humanidade, mas também do mundo, do cosmos e de toda a história (Cl 1,15-20; Ef 1,10.20-23).

A Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja nos aponta que “a prometida restauração que esperamos, já começou, pois, em Cristo, progride com a missão do Espírito Santo e, por Ele, continua na Igreja; nesta, a fé nos ensina o sentido da nossa vida temporal, enquanto, na esperança dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos na nossa salvação (cf. Fil 2,12). Já chegou, pois, a nós, a plenitude dos tempos (cf.1Cor 10,11), a restauração do mundo foi já realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste mundo: com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira, embora imperfeita, santidade” (LG,48). Portanto, a esperança não é fantasiosa, não é ingênua, não se ilude e não é ilusória. A obra da restauração já começou em Cristo Ressuscitado dos mortos! É irrevogável! Ele já entrou na glória, como cabeça do seu corpo, que é sua Igreja. A esperança da Igreja é alegre (Rm 12,12) mesmo no sofrimento e na dor (1Pdr 4,13; Mt 5,11), pois a glória esperada é certa e é tão grande (2Cor 4,17)".

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
_________________

[1] CARVALHO, Humberto Robson de. “Presbíteros: testemunhas da Esperança”, Edições CNBB,2023, subsídio para o 19º Encontro Nacional dos Presbíteros – Jubileu 2025, p. 10-11, apresentação.
[2] idem

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Adriano

Santo Adriano (A12)
Santo Adriano
08 de setembro

Adriano nasceu no ano 635 no norte da África e foi batizado com o nome de Hadrian. Tinha apenas cinco anos de idade quando sua família imigrou para a cidade italiana de Nápolis, pouco antes da invasão dos árabes. Lá estudou no convento dos beneditinos de Nerida, onde se consagrou sacerdote.

Adriano se tornou um estudioso da Sagrada Escritura, profundo conhecedor de grego e latim, professor de ciências humanas e teologia. A fama de sua capacidade e conhecimento chegou ao imperador Constantino II, que em 663 o fez seu embaixador junto ao papa Vitalino, função que exerceu duas vezes. Depois, este papa o nomeou como um dos seus conselheiros.

Quando morreu o bispo da Cantuária, Inglaterra, o papa Vitalino convidou Adriano para assumir aquele cargo, mas ele recusou a indicação duas vezes, alegando não ter suficiente competência para ocupar esse posto. O papa lhe pediu para que indicasse alguém mais competente, pois ele mesmo não conhecia.

Nesta ocasião Adriano havia se encontrado com seu grande amigo, o teólogo grego e monge beneditino Teodoro de Tarso que estava em Roma. Adriano o indicou ao papa Vitalino. Consultado, Teodoro disse que estava disposto a aceitar, mas somente se Adriano concordasse em ir para a Inglaterra ajudá-lo na missão evangelizadora. Adriano aceitou de imediato. O papa consagrou Teodoro, bispo da Cantuária e nomeou Adriano seu assistente e conselheiro, em 668.

Adriano e Teodoro foram evangelizadores altamente bem-sucedidos, junto ao povo inglês cuja maioria era pagã. O bispo Teodoro, logo colocou Adriano como abade do convento beneditino de São Pedro, depois chamado de Santo Agostinho, na Cantuária. Sob sua liderança, esta escola se tornou um centro de aprendizagem e formação de clérigos para a Igreja dos povos anglicanos.

Os ingleses encontraram um pastor cheio de sabedoria e piedoso, um verdadeiro missionário e instrumento de Deus. Muitos se iluminaram com os seus exemplos de vida profundamente evangélica.

Morreu em 9 de janeiro de 710, foi enterrado no cemitério daquele convento, na Inglaterra. A sua sepultura se tornou um lugar de graças, prodígios e peregrinação. Em 1091, o seu corpo foi encontrado incorrupto e trasladado para a cripta da igreja do mesmo convento. Adriano foi proclamado Santo pela Igreja, que o festeja no dia em que morreu.

Reflexão:

A vida missionária é a vocação da Igreja. Sejamos nós apóstolos da paz e da justiça, levando a todos a mensagem do Evangelho de Jesus. Que cada gesto e palavra pronunciada sejam de profundo respeito pelo próximo.

Oração:

Deus de bondade faça de nós apóstolos da paz e dai-nos seguir sempre os caminhos do vosso filho Jesus Cristo, que vive e reina para sempre. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 7 de setembro de 2025

Mãe de Acutis: Carlo é uma ponte que leva a Jesus

Família de Carlo Acutis na Procissão das Oferendas  (@Vatican Media)

No dia da canonização do filho, Antonia Salzano fala da emoções de um evento que mudou a vida dela e de sua família: muitos se converteram ao ver seu exemplo, e sua lembrança mais querida é a generosidade que ele sempre demonstrou em amar a Deus e ao próximo.

Daniele Piccini – Cidade do Vaticano

Não é fácil imaginar os sentimentos de uma mãe ao ver seu filho ser proclamado Santo diante de dezenas de milhares de pessoas, tendo a consciência que são milhares os devotos em todo o mundo, que a ele dirigem orações e o guardam em seus corações.

Antonia Salzano, mãe de Carlo Acutis, estava presente neste domingo, 7 de setembro, juntamente com o marido e os filhos, na Missa de canonização presidida pelo Papa Leão XIV. Ela compartilha com a Rádio Vaticano o caminho que percorreu ao longo desses anos, e que culminou na cerimônia na Praça de São Pedro.

Antonia Salzano Acutis, mãe de Carlo Vatican Media)

Sra. Acutis, como a senhora vivenciou as horas que antecederam a Missa de canonização?

Estou feliz porque é certamente o ápice de um caminho que durou muitos anos, durante a qual recebemos tantas surpresas maravilhosas do Carlo. Todos os dias recebemos notícias de milagres e conversões. Portanto, os fiéis certamente ficarão contentes. Estou emocionada, mas também calma, serena, porque esta canonização terá os efeitos que todos os fiéis esperavam. O Carlo tem fiéis em todo o mundo — da China, do Japão, dos Estados Unidos, da América Latina. Estou especialmente feliz por eles. Acredito que o Carlo está tocando tantos corações, tantas vidas, com seu exemplo, com sua fé contagiante, e isso me deixa muito feliz.

Há alguma lembrança específica do seu filho que lhe vem à mente com mais insistência neste momento?

O Carlo deixou tantas lembranças bonitas, sua grande fé, sua grande devoção. Lembro-me de que, quando ele estava organizando a exposição sobre os Milagres Eucarísticos, ele estava preocupado. "Há filas que se estendem por quilômetros em um show, em um jogo de futebol - disse ele - mas eu não vejo essas filas em frente ao Sacrário onde está a vida e a presença real de Cristo."

E eu me lembro dele trabalhando, quando eu estava de férias, até às duas ou três da manhã, e minha mãe, que dormia com ele, dizia: "Mas, Carlo, deixe a Igreja fazer essas coisas!". Mas ele passava todos os verões organizando as coisas. Ele fazia questão de que as pessoas entendessem a importância da Eucaristia. Certamente, a lembrança mais querida que tenho de Carlo é essa generosidade, esse amor pelos outros e, acima de tudo, por Deus.

A imagem de Carlo Acutis na fachada da Basílica de São Pedro   (@Vatican Media)

Como você imagina sua vida a partir de amanhã?

Minha vida de fé será sempre a mesma. A vida é uma caminhada rumo à santidade. Espero que nós também possamos progredir, porque todos somos limitados, estamos em uma jornada, nosso destino é o céu. Mas a vida apresenta obstáculos, fragilidades, temos tantas. Gostaria de ter essas graças suficientes para ajudar a mim e à minha família. Gostaria também de poder seguir esse caminho de santificação. Mas gostaria que todos os devotos de Carlo também recebessem essa graça. Ele serve como uma ponte, uma ponte para chegar a Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O que a Igreja diz sobre a ecologia?

O que diz a Igreja sobre a Ecologia? (Opus Dei)

O que a Igreja diz sobre a ecologia?

A preocupação com a preservação da natureza é um dos sinais dos nossos tempos. Este artigo reúne alguns recursos para conhecer melhor a contribuição da Igreja para a visão do cuidado com a criação.

04/09/2025

1. O que diz a Igreja sobre a ecologia?

A preocupação com a preservação da natureza é um dos sinais do nosso tempo, e a reflexão da Igreja sobre o tema aparece de forma significativa na doutrina social da Igreja posterior ao Concílio Vaticano II.

A visão católica, baseada na Bíblia, apresenta a criação do homem como um ser intrinsecamente superior à natureza, sendo esta confiada ao seu domínio com o objetivo de promover o desenvolvimento humano integral. Mas o homem domina em nome de Deus, como guardião da criação divina e, portanto, esse domínio do homem não é absoluto. Deus confiou o mundo à pessoa humana para que o administrasse de maneira responsável, a fim de garantir uma prosperidade integral e sustentável. Assim, as escolhas e ações relacionadas à ecologia (ou seja, o uso do mundo criado por Deus) estão subordinadas à lei moral, assim como todas as outras escolhas humanas.

É importante ter claro que a relação do homem com o mundo é um elemento constitutivo da identidade humana. Trata-se de uma relação que nasce como fruto da união, ainda mais profunda, do homem com Deus (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 452). Ao criar o homem, Deus lhe deu a responsabilidade de cuidar da natureza e confiou-lhe a tarefa de contribuir para levar a criação à plenitude por meio de seu trabalho (cf. Gn 1, 26-29).

De fato, a antropologia cristã nos leva a compreender a origem da degradação ecológica: em consequência do pecado original, a relação do homem com a natureza foi prejudicada, pois a experiência demonstra que o desenvolvimento do progresso técnico pode ter consequências negativas para a natureza. Por isso, a Igreja vê na crise ecológica, além de um desafio técnico-científico, um problema moral: o homem esquece o respeito devido à criação e ao Criador. Os cristãos são chamados a trabalhar pelo Reino dos Céus a partir das realidades temporais, convencidos de que quanto mais cresce o nosso poder, maior é a nossa responsabilidade individual e coletiva. Cfr. Gaudium et Spes, 34.

Meditar com São Josemaria

Os ensinamentos de São Josemaria oferecem ideias muito inovadoras para expressar a mensagem cristã com a linguagem da ecologia.

São Josemaria convidava a um amor apaixonado pela criação e pelo mundo, pregando uma espiritualidade orientada para santificar desde dentro todas as estruturas temporais, a fim de levá-las à sua plenitude em Cristo, ponto-chave que ilumina o problema ambiental.

Fala constantemente de devolver à matéria o seu mais nobre e original sentido, considerando “que nuestra fe nos enseña que la creación entera, el movimiento de la tierra y el de los astros, las acciones rectas de las criaturas y cuanto hay de positivo en el sucederse de la historia, todo, en una palabra, ha venido de Dios y a Dios se ordena”. Es Cristo que pasa, El Gran Desconocido, 130.

Tem presente, além disso, o compromisso do homem de continuar entre as criaturas a missão de Jesus: Cristo “trae la salvación, y no la destrucción de la naturaleza; y aprendemos de Él que no es cristiano comportarse mal con el hombre, criatura de Dios, hecho a su imagen y semejanza”. Amigos de Dios, Virtudes humanas, 73.

“Ha querido el Señor que sus hijos, los que hemos recibido el don de la fe, manifestemos la original visión optimista de la creación, el "amor al mundo" que late en el cristianismo. Por tanto, no debe faltar nunca ilusión en tu trabajo profesional, ni en tu empeño por construir la ciudad temporal”. Forja, 703

2. A Ecologia nas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja

Já no Gênesis encontramos o ponto central das considerações da Igreja sobre a ecologia: o homem, criado à imagem de Deus, “recebeu o mandamento de dominar a terra na justiça e na santidade” (Gaudium et Spes, 34). Deus confiou assim o cuidado dos animais, das plantas e dos outros elementos naturais ao ser humano. É lícito servir-se deles para fins legítimos, como alimentação, vestuário, trabalho ou pesquisa, sempre dentro de limites razoáveis e com o objetivo de cuidar e salvar vidas humanas (cf. Catecismo da Igreja Católica, 2417). O uso da natureza deve ser sempre acompanhado de respeito, pois o mundo foi criado por Deus, seu único dono, que além disso considerou que tudo era bom.

No Novo Testamento, Jesus vem ao mundo para restabelecer a ordem e a harmonia que o pecado havia destruído. Ao curar a relação do homem com Deus, Jesus Cristo também reconcilia o homem com o mundo. Embora o fim último do homem seja o Reino dos céus, os primeiros frutos desse novo céu e dessa nova terra já se encontram misteriosamente aqui neste mundo. Os cristãos, continuando a obra da salvação, têm a preocupação de aperfeiçoar esta terra, especialmente no que pode contribuir para o progresso da sociedade humana.

Essa postura também foi defendida por grandes santos da Igreja, entre os quais se destacam, por exemplo, São Felipe Neri e São Francisco de Assis (a quem São João Paulo II nomeou padroeiro da ecologia), cuja delicadeza para com a natureza é um exemplo para todos os homens.

A partir do Concílio Vaticano II, todos os Papas exortaram os cristãos a cuidar da criação: Paulo VI celebrou a iniciativa das Nações Unidas de proclamar um Dia Mundial do Meio Ambiente, convidando a uma tomada de consciência sobre este tema. São João Paulo II advertiu tanto sobre a tentação de ver a natureza como um objeto de conquista quanto sobre o perigo de eliminar a “responsabilidade superior do homem”, equiparando a dignidade de todos os seres vivos. Além disso, o Catecismo da Igreja Católica inclui vários pontos sobre o respeito à integridade da criação (2415-2418).

Bento XVI também desenvolveu o tema em sua encíclica Caritas in veritate (n. 48-52), na qual lembra que “a proteção do ambiente, dos recursos e do clima requer que todos os responsáveis internacionais atuem conjuntamente e se demonstrem prontos a agir de boa fé, no respeito da lei e da solidariedade para com as regiões mais débeis da terra”.

Recentemente, o Papa Francisco dedicou um grande esforço à promoção da consciência ecológica, tanto através da sua encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum, como de numerosas intervenções e audiências.

Em resumo, a relação do homem com a natureza interessa à Igreja, assim como lhe interessam todos os aspectos da vida do homem e a sua relação com Deus: A natureza é expressão de um desígnio de amor e de verdade. Precede-nos, tendo-nos sido dada por Deus como ambiente de vida. Fala-nos do Criador (cf. Rm 1, 20) e do seu amor pela humanidade. Está destinada, no fim dos tempos, a ser ‘instaurada’ em Cristo (cf. Ef 1, 9-10; Col 1, 19-20). Por conseguinte, também ela é uma ‘vocação’” (Caritas in veritate, 48). A natureza não é mais importante do que a pessoa humana, mas faz parte do projeto de Deus e, como tal, deve ser protegida e respeitada.

3. A necessidade de um compromisso ecológico

O comportamento dos seres humanos em relação à natureza, de acordo com o exposto anteriormente, deve ser guiado pela convicção de que ela é um dom que Deus colocou em suas mãos.

Por isso, a Igreja convida a ter presente que o uso dos bens da terra constitui um desafio comum para toda a humanidade.

Como a questão ecológica diz respeito a todos, todos devemos nos sentir responsáveis por um desenvolvimento planetário sustentável: trata-se do dever, comum e universal, de respeitar um bem coletivo (cf. Compêndio, n. 466; Caritas in veritate, nn. 49-50).

Essa responsabilidade se estende não apenas às exigências do presente, mas também às do futuro (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja Católica, n. 467). No final, não se pode falar de desenvolvimento sustentável sem solidariedade intergeracional (cf. Laudato si’, n. 159).

4. Laudato si’ e a ecologia integral

Na Laudato si’, o Papa Francisco aborda temas como as mudanças climáticas, a questão da água, a perda da biodiversidade, a degradação social, a tecnologia, o destino comum dos bens, a globalização, a justiça entre as gerações e o diálogo entre religião e ciência.

Além disso, o Papa nos propõe refletir sobre os diferentes aspectos de uma ecologia integral, que incorpore claramente as dimensões humanas e sociais (cf. Laudato si’, n. 137-162).

Preocupado com a complexa relação entre crise ambiental e pobreza, uma vez que a degradação ambiental afeta principalmente os mais desfavorecidos, o Papa sublinha a necessidade de nos guiarmos por critérios de justiça e caridade nos âmbitos ambiental, social, cultural e econômico.

O Papa Francisco nos convida, enfim, a uma conversão ecológica “que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa” (Laudato si’, n. 217).

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-que-a-igreja-diz-sobre-a-ecologia/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF