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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Do vício das drogas é possível sair?

fazenda da esperança brasil | Divulgação

Paulo Teixeira - publicado em 15/09/25

O trabalho da Fazenda da Esperança, que há anos aposta na recuperação de dependentes químicos.

Um dos objetivos da Fazenda da Esperança, como o nome já intui, é dar a esperança de um novo amanhecer aos que procuram por ela. A organização é uma comunidade terapêutica que atua desde 1983 no processo de recuperação de dependentes químicos. Com mais de 160 unidades em 25 países e em todo território brasileiro, a Fazenda da Esperança nasceu em Guaratinguetá, com Frei Hans e um jovem paroquiano que, comprometido com o próximo, viu a necessidade de realizar um trabalho de espiritualidade e recuperação com pessoas viciadas em álcool e drogas.

Além do acolhimento a dependentes químicos, a Fazenda também presta serviço de caridade, acolhimento para crianças órfãs, pessoas portadoras de HIV, que estão em fase terminal, dos quais a família não consegue cuidar, e pessoas com problemas psiquiátricos, que são rejeitadas pelos familiares. Padre José Luiz de Menezes, presidente geral da Fazenda da Esperança, conta que a Palavra de Deus é a força que move a organização: “Prestamos esses serviços motivados pelo Evangelho e buscamos motivar todos a viverem a Palavra de Deus, que é força motora que nos faz realizar esse trabalho de fraternidade. O propósito do nosso trabalho é acolher pessoas em situação vulnerável, desde a infância, na fase adulta e na velhice também.”

Caminhos de esperança

Trabalho, espiritualidade e convivência são as três ações que norteiam os trabalhos da Fazenda da Esperança. Diariamente são distribuídas as atividades para os assistidos pela organização. A primeira atividade começa pela manhã com a reflexão da Palavra de Deus, seguida do café, e a partir daí são entregues as demais ações do dia como: cuidados da horta, do jardim e padaria; e pela tarde eles descansam, escrevem cartas para os familiares, e após o jantar acontece o momento de partilha, em que é exposta a experiência que cada um viveu naquele dia, como destaca Padre José: “Se houve conflito na convivência, trabalha-se a reconciliação, o perdão. Tudo isso é realizado no dia a dia e a cada experiência são apresentados os traumas e as dificuldades da convivência familiar. Infelizmente o relacionamento com a família está muito fragilizado e muitas vezes é a raiz que leva a pessoa à dependência química.”

O tempo médio de tratamento é de um ano, mas muitos se identificam com o carisma da Fazenda e decidem tornar-se missionários: “Alguns se sentem gratos por terem recebido atendimento e pedem para servir como missionários por quatro ou cinco anos e só depois disso seguem suas vidas”, reforça o sacerdote.

Mudança de vida

A Fazenda também oferece aos assistidos a integração social e o direcionamento profissional ao invés de profissionalizá-los, pois foi a melhor maneira de se inserirem novamente na sociedade: “Fizemos a experiência de profissionalizar no início do projeto da Fazenda, mas isso tirava o foco do tratamento que era essencial, então por experiência deixamos essa proposta de lado. Entendemos que não deveríamos criar expectativa neles, focando apenas na mudança de vida: ser um homem novo, mudando de dentro para fora. Muitos se permitiram essa mudança e hoje trabalham em grandes empresas”, partilhou Padre José Luiz em entrevista à Rede Imaculada de Comunicação.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/15/do-vicio-das-drogas-e-possivel-sair/

A Palavra de Deus alimenta a minha esperança de peregrino!

A Palavra de Deus alimenta a minha esperança de peregrino! (Diocese de Caxias do Sul -RS)

A PALAVRA DE DEUS ALIMENTA A MINHA ESPERANÇA DE PEREGRINO!

09/09/2025

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Em comunhão com a Igreja no Brasil, queremos valorizar cada vez mais a importância da Palavra de Deus na nossa vida espiritual, de povo de Deus a caminho, como “peregrinos de esperança”, tendo presente que ela é fundamental para a nossa vida de fé. E neste Ano Jubilar, no Mês da Bíblia, somos convidados a fortalecer a nossa proximidade com a Palavra de Deus meditando sobre a Carta aos Romanos, onde o apóstolo São Paulo nos recorda que a verdadeira esperança não decepciona (Rm 5,5).

A Sagrada Escritura nos revela como Deus falou aos homens através de outros homens, por Ele escolhidos para esse fim, mas sobretudo por meio de seu Filho Jesus Cristo (Hb 1,1-2). Desse modo, a Palavra de Deus tornou-se linguagem humana, sem deixar de ser palavra divina, assim como o Filho de Deus se fez homem sem deixar de ser Deus; e a Palavra de Deus sujeitou-se, tal como Ele, às limitações e condicionamentos da palavra humana, exceto no erro formal.

A verdade da Bíblia é consequência imediata da Inspiração. Com efeito, se Deus é o autor da Bíblia, se toda ela é obra do Espírito Santo, não pode conter qualquer afirmação que vá contra a verdade e a santidade do mesmo Deus. No entanto, não podemos buscar na Bíblia qualquer verdade, mas só aquela que interessa à salvação do homem, ou seja, a verdade religiosa, e só aquela que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse registrada nas Escrituras.

Trata-se de uma verdade não puramente especulativa, mas concreta, que não se dirige apenas à inteligência, mas ao homem todo; uma verdade que é preciso descobrir, através dos muitos e variados gêneros literários; uma verdade progressiva, revelada por etapas, obedecendo à pedagogia de Deus em relação aos homens; uma verdade que está em toda a Bíblia e não apenas num livro ou num texto isolado. Por isso, a verdade dos textos sagrados só resulta da totalidade da Bíblia.

Mas devemos ter presente que a Bíblia, mais do que um livro ou uma biblioteca, é uma pessoa – a Pessoa de Deus Pai, que, para entrar em comunhão conosco, pelo Espírito Santo, se revelou em Jesus Cristo, “a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15).

Mesmo na realidade do Terceiro Milênio, Deus continua falando ao nosso coração de filhos e filhas, através da sua Palavra, fazendo parte da nossa vida, da nossa peregrinação terrena. Com a Palavra de Deus podemos alimentar a nossa fé de “Peregrinos de Esperança” na eternidade. Mas precisamos também sentir na vida, muitas vezes sofrida e machucada, o amor misericordioso que emana da ternura e da bondade do Pai, revelado através da sua Palavra.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Os surpreendentes alimentos que ajudam a dormir melhor (Parte 1/2)

Mudar a hora em que nos alimentamos com certos alimentos pode nos ajudar a dormir melhor (Crédito: Serenity Strull/ BBC)

Os surpreendentes alimentos que ajudam a dormir melhor

Author: Jessica Bradley

De BBC Future

26 agosto 2025

Quando acordamos pela manhã, depois de uma grande refeição no final da noite, sempre nos sentimos cansados.

O excesso de energia necessário para digerir grandes porções de ricos nutrientes pode perturbar o nosso sono, gerando uma noite agitada.

Felizmente, existem formas de tentar melhorar o nosso sono pela alimentação, evitando certas comidas e bebidas que sabemos que irão nos manter acordados, como as que contêm cafeína.

Mas será que outros alimentos, particularmente se consumirmos antes de irmos para a cama, podem nos ajudar a melhorar a qualidade do sono?

Alimentos específicos ou a dieta como um todo?

Diversos estudos selecionaram certos alimentos no jantar que podem melhorar o nosso sono.

Estudos pequenos concluíram, por exemplo, que o suco de cereja-amarena pode ajudar as pessoas a dormir melhor. Outros descobriram que comer kiwi antes de deitar também é bom .

Existem também pesquisas que demonstram que leite quente pode nos ajudar a dormir. Acredita-se que os altos níveis de triptofano presentes no leite possam ajudar a induzir o início do sono. Ele é usado pelo corpo para sintetizar melatonina, o "hormônio do sono".

A melatonina regula nosso ciclo de sono e vigília. O nosso corpo produz a substância em maior quantidade no final do dia, quando começa a escurecer.

Mas também podemos conseguir melatonina diretamente da alimentação, comendo ovos, peixes, nozes e sementes.

Suco de cereja amarena melhora a qualidade de sono, segundo pesquisas (Crédito: Getty Images)

Diversos estudos concluíram que comer alimentos ricos em melatonina pode melhorar a qualidade do sono e nos ajudar a dormir por mais tempo.

Mas existem também muitas pesquisas que indicam que nenhuma comida ou bebida específica é suficiente para melhorar o sono. O que importa é a nossa alimentação como um todo.

"Você não pode comer mal o dia inteiro e achar que é suficiente tomar um copo de suco de cereja amarena antes da hora de dormir", alerta a professora de Medicina Nutricional Marie-Pierre St-Onge, do Instituto de Nutrição Humana da Universidade Columbia em Nova York, nos Estados Unidos.

Isso ocorre porque o corpo leva pelo menos duas horas para extrair dos alimentos os nutrientes necessários para produzir as substâncias neuroquímicas que promovem o sono, segundo ela.

Por isso, o que comemos ao longo do dia é que pode melhorar a qualidade do sono.

Que tipo de alimentação melhora o sono?

Pesquisas demonstram que a alimentação mais benéfica para o sono aparentemente é uma dieta baseada em plantas, que inclua muitos grãos integrais, além de laticínios e proteínas magras, incluindo peixe, segundo a professora de Ciências da Nutrição Erica Jansen, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

No seu estudo de 2021 para examinar a relação entre o sono e a alimentação, Jansen concluiu que as pessoas que começarem a comer mais frutas e verduras todos os dias por um período de três meses podem melhorar drasticamente o seu sono.

O estudo solicitou a mais de 1 mil participantes que aumentassem sua ingestão diária de frutas e verduras. O aumento se destinava a destacar a relação de duas vias entre o sono e a alimentação, que domina as pesquisas nesta área.

Estudos populacionais demonstraram que as pessoas com dieta mais saudável têm melhor sono, mas sempre existe a possibilidade de que elas tomem melhores decisões alimentares porque estão mais descansadas.

Jansen concluiu que as mulheres apresentaram mais que o dobro da probabilidade de vivenciar melhoria dos sintomas da insônia depois de comer três ou mais porções adicionais de frutas e verduras por dia.

Um dos motivos é que as frutas e verduras (ao lado da carne, laticínios, nozes, sementes, grãos integrais e legumes) geralmente contêm alto teor do aminoácido essencial triptofano.

Um estudo realizado na Espanha em 2024 perguntou a mais de 11 mil estudantes quais eram seus hábitos de sono e alimentação.

A pesquisa descobriu que o quartil que consumia menos triptofano diariamente apresentou qualidade de sono significativamente inferior.

Os pesquisadores concluíram que a baixa ingestão de triptofano está relacionada ao maior risco de curta duração do sono e insônia. E que comer alimentos com maior teor de triptofano pode melhorar a qualidade do sono.

Jansen explica que o triptofano é importante porque é precursor da serotonina, que é transformada em melatonina.

Legumes e grãos integrais contêm muitos dos nutrientes que podem melhorar a qualidade do sono (Crédito: Getty Images)

"Se não houver triptofano no corpo, nem fontes diretas de melatonina na alimentação, os níveis de melatonina produzidos pelo corpo serão reduzidos", afirma a professora.

Mas não é apenas questão de comer alimentos ricos em triptofano, segundo ela.

A ingestão precisa ser feita com um carboidrato com alto teor de fibras, como grãos integrais ou legumes. Isso permite a digestão adequada e o encaminhamento da substância para o cérebro, de onde ela pode melhorar o sono.

A alimentação rica em vegetais também pode melhorar o sono de muitas outras formas.

Sabe-se, por exemplo, que dietas com alto teor de alimentos vegetais reduzem as inflamações do corpo. E pesquisas indicam que o baixo nível de inflamação é associado à melhor qualidade do sono.

Na sua pesquisa, St-Onge concluiu que a melhoria do sono é associada à alimentação com alto teor de fibras, que desempenha papel fundamental na fermentação bacteriana no intestino.

Estudos demonstram que existem possíveis mecanismos benéficos que podem explicar por que o intestino saudável pode melhorar o sono, por meio do eixo intestino-cérebro.

Existem também estudos com animais que mostram a conexão entre a melhoria do sono e a ingestão dos compostos vegetais benéficos chamados polifenóis.

Mas St-Onge afirma que é difícil avaliar este ponto em estudos com seres humanos, pois os bancos de dados que mostram o teor de polifenóis de diferentes alimentos (que poderiam ser empregados para medir a quantidade de consumo por uma pessoa) podem não ser totalmente precisos.

Isso ocorre porque a quantidade de polifenóis nos alimentos varia de uma safra para outra, ano após ano, dependendo do tipo de solo, das condições do tempo e dos processos agrícolas.

O mesmo ocorre com o teor de melatonina em alimentos de origem vegetal, que também pode ser diferente, dependendo do local e da forma de cultivo.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx29v8pwejjo

Papa recorda mártires e cita a "esperança desarmada" de Ir. Dorothy Stang na Amazônia

Leão XIV na celebração em memória aos novos mártires   (@VATICAN MEDIA)

Em memória dos novos mártires, Leão XIV recorda aqueles que testemunharam “a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força fraca e mansa do Evangelho”. Assim como a Irmã Dorothy Stang, "empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: «Esta é a minha única arma».

Andressa Collet - Vatican News

Neste domingo, 14 de setembro, Festa da Exaltação da Santa Cruz para muitos cristãos do Oriente e do Ocidente, o Papa Leão presidiu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, uma celebração em memória dos novos mártires e testemunhas da fé do século XXI com a participação de representantes das Igrejas Ortodoxas, das Antigas Igrejas Orientais, das Comunhões cristãs e das Organizações ecumênicas que aceitaram o convite feito pelo Pontífice. "Aos pés da cruz de Cristo, nossa salvação, descrita como a 'esperança dos cristãos' e a 'glória dos mártires', o Papa recordou dos "audaciosos servos do Evangelho" justamente com "o olhar voltado para o Crucificado", que 'tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores':

"Muitos irmãos e irmãs, ainda hoje, por causa do seu testemunho de fé em situações difíceis e contextos hostis, carregam a mesma cruz do Senhor: como Ele, são perseguidos, condenados, mortos. [...]. São mulheres e homens, religiosos e religiosas, leigos e sacerdotes, que pagam com a vida a fidelidade ao Evangelho, o compromisso com a justiça, a luta pela liberdade religiosa onde ela ainda é violada, a solidariedade com os mais pobres. Segundo os critérios do mundo, eles foram 'derrotados'. Na realidade, como nos diz o Livro da Sabedoria: «Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade»."

A celebração contou com a presença de representantes de outras Igrejas e denominações cristãs   (@Vatican Media)

A esperança desarmada dos mártires da fé

Durante o Ano Jubilar, continuou o Papa às cerca de 4 mil pessoas presentes na basílica, celebramos "a esperança destes corajosos testemunhos de fé":

"É uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu martírio continua a difundir o Evangelho num mundo marcado pelo ódio, pela violência e pela guerra; é uma esperança cheia de imortalidade, porque, apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a sua voz ou apagar o amor que deram; é uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal. Sim, a deles é uma 'esperança desarmada'. Eles testemunharam a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força frágil e mansa do Evangelho."

Leão XIV na celebração em memória aos novos mártires   (@VATICAN MEDIA)

Leão XIV recorda Irmã Dorothy Stang morta no Pará

O Papa Leão, então, procurou dar alguns exemplos dos mártires, porque seriam muitos, já que, "infelizmente, apesar do fim das grandes ditaduras do século XX, ainda hoje não acabou a perseguição aos cristãos; pelo contrário, em algumas partes do mundo, aumentou". Ele citou o Padre Ragheed Ganni, sacerdote caldeu de Mossul, no Iraque, que renunciou à luta para testemunhar como se comporta um verdadeiro cristão; o Irmão Francis Tofi, anglicano e membro da Melanesian Brotherhood, que deu a vida pela paz nas Ilhas Salomão; e também foi ao Brasil para recordar a religiosa americana que lutou durante décadas na região amazônica contra o desmatamento e pelos direitos dos pequenos agricultores e trabalhadores:

“Penso na força evangélica da Irmã Dorothy Stang, empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: «Esta é a minha única arma».”

Dorothy Stang tinha 73 anos quando foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005. A religiosa em missão no Brasil por quase 40 anos, morreu com a Bíblia na mão. E essas mortes, disse o Papa, "não podemos, não queremos esquecer. Queremos recordar". E Leão XIV acrescentou: e "queremos preservar a memória juntamente com os nossos irmãos e irmãs das outras Igrejas e Comunidades cristãs. Desejo, portanto, reiterar o compromisso da Igreja Católica em guardar a memória dos testemunhos da fé de todas as tradições cristãs".

A Comissão para os Novos Mártires no Vaticano

O Pontífice enalteceu, assim, o trabalho desenvolvido pela Comissão para os Novos Mártires instituído pelo Papa Francisco em 2023, junto ao Dicastério para as Causas dos Santos, que colabora com o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Desde então, mais de 1600 mártires do século XXI foram reconhecidos pelo Vaticano, num testemunho que "é mais eloquente do que quaisquer palavras: a unidade vem da Cruz do Senhor".

Queridos irmãos, um pequeno paquistanês, Abish Masih, morto num atentado contra a Igreja Católica, tinha escrito no seu caderno: «Making the world a better place», «tornar o mundo um lugar melhor». Que o sonho desta criança nos incentive a testemunhar com coragem a nossa fé, para sermos juntos fermento de uma humanidade pacífica e fraterna.

A celebração foi realizada na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma   (@VATICAN MEDIA)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 14 de setembro de 2025

Jean Pouly: “O uso sistemático do ChatGPT pode afetar as capacidades cognitivas dos alunos”

Avec l'autorisation de Jean Pouly. (Jean Pouly) | Aleteia

Mathilde de Robien - publicado em 12/09/25

Consultor em mediação digital e apaixonado por novas tecnologias, Jean Pouly descreve a chegada da inteligência artificial (IA) no ensino como um verdadeiro tsunami. Ele oferece algumas chaves para compreender como lidar com essa nova realidade.

Aleteia: O senhor usa em seu livro a palavra “tsunami” para descrever a chegada das tecnologias digitais na educação. Em que sentido a aprendizagem foi transformada pelo digital e, mais especificamente, pela IA?

Jean Pouly: Eu retomava uma expressão usada há mais de dez anos por Emmanuel Davidenkoff em seu livro O tsunami digital. Na época, esperava-se um tsunami na educação, mas ele ainda não havia realmente acontecido: surgiram os quadros digitais e os computadores nas salas de aula, mas ainda havia professor, livros, cadernos, lápis… Hoje, porém, estamos diante de um verdadeiro “tsunami”, rápido e profundo. Duas coisas estão mudando: o fim do monopólio da escola, já que agora se aprende em todo lugar e o tempo todo, não apenas na escola ou nos livros. Pode-se aprender no ônibus, seja o código de trânsito ou acordes de violão em um tutorial.

E qual é a outra mudança em curso?

O uso constante da IA, que tem resposta para tudo, está revolucionando o acesso ao conhecimento. De repente, é como se houvesse 30 professores a mais em cada sala, diante de um professor que já não detém o monopólio do saber. Isso não significa que a escola vá desaparecer, mas redefine de forma ainda mais profunda o papel dos docentes e formadores. Ganham destaque competências insubstituíveis pela IA, como o apoio moral e afetivo, o acompanhamento personalizado, o nível de experiência e expertise do professor, o direcionamento, a capacidade de animar e motivar um grupo.

“O uso permanente da IA está transformando o acesso ao conhecimento e ao saber.”

Vemos de um lado o desenvolvimento do adaptive learning, ferramentas que se adaptam ao nível e ao progresso dos alunos, mas de outro, países como a Suécia estão reintroduzindo o livro de papel. Pode haver um retorno?

Os suecos recuaram porque perceberam que a escrita manual favorece o aprendizado e a memorização, e tiveram a coragem de voltar atrás. Mas isso não impede o avanço do adaptive learning, que considero interessante. Um sistema de IA coleta dados sobre o aprendizado de um aluno e adapta seu percurso. Isso permite personalizar a aprendizagem. Não é fácil dar aula para uma turma inteira, já que não existem dois alunos que aprendem da mesma forma. O adaptive learning propõe a cada um conteúdo ajustado a suas necessidades, ritmo e modo de aprender. É o sonho da “máquina de ensinar” enfim realizado! Vejo aí uma oportunidade de uso que deve crescer.

A partir do ensino médio, alguns professores pensam em avaliar os prompts de seus alunos. Qual é a lógica disso?

Saber usar bem a IA e redigir prompts é uma nova competência. A arte de fazer a pergunta certa, chamada prompting, é quase mais importante que a resposta da máquina. Surge então a questão: devemos avaliar os prompts dos alunos ou as respostas da IA? Se a pergunta for vaga, não tem valor algum. Perguntar, por exemplo, “Quais são as origens da Primeira Guerra Mundial?” é muito geral. Onde está a contribuição do aluno nessa questão? Nenhuma. O ideal é que os alunos reflitam antes sobre o tema e depois peçam à IA informações que complementem a inteligência humana. Avaliar prompts é uma boa ideia, desde que haja pesquisa prévia do aluno para que sua pergunta seja complexa, bem elaborada, sutil e que leve a uma resposta precisa, com real valor.

E para os deveres de casa? Os pais devem proibir o uso do ChatGPT?

Não acredito muito em proibições, mas sim na descoberta conjunta e no acompanhamento. Porém, é preciso cuidar para que certos hábitos não se instalem. O uso sistemático do ChatGPT pode prejudicar as capacidades cognitivas de um aluno. Se uma criança se acostuma a perguntar tudo à IA em vez de refletir por si mesma, o risco é que seu cérebro atrofiará. Gosto da imagem da órtese e da prótese: a IA produz seu verdadeiro valor apenas quando se conecta bem à inteligência humana. Nesse caso, ocorre um aumento da inteligência, uma “órtese digital”. Caso contrário, corremos o risco da “prótese digital”, em que a IA substitui totalmente a reflexão humana. Dar uma calculadora a um estudante de nível avançado em matemática o ajuda a progredir, mas entregá-la a uma criança que não sabe contar não fará com que ela avance. Os adultos, mesmo sujeitos a essa atrofia no longo prazo, já adquiriram os fundamentos; as crianças não. Por isso, é crucial estar atento ao impacto cognitivo. O antídoto está em fazê-los ler, refletir, elaborar pensamento próprio.

Em 2011, psicólogos americanos descreveram o “efeito Google”: a tendência de memorizar mais o caminho até a informação do que a informação em si. Podemos falar em um “efeito ChatGPT”?

Ainda é cedo para afirmar, falta perspectiva. Mas uma coisa é certa: estamos diante de uma revolução de natureza antropológica. Inventamos sistemas que nos imitam, competem conosco e, às vezes, nos substituem. Ao delegar cada vez mais funções cognitivas às máquinas, corremos o risco de enfraquecer, reduzir, atrofiar e até perder gradualmente capacidades intelectuais como refletir, relacionar ideias, sintetizar, memorizar, deduzir, classificar, hierarquizar, orientar-se. É por isso que precisamos exercitar o espírito crítico e o livre-arbítrio para decidir quando a tecnologia deve nos apoiar — como uma órtese sustenta uma articulação — ou quando passa a nos substituir, como uma prótese que ocupa o lugar de um membro.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/12/jean-pouly-o-uso-sistematico-do-chatgpt-pode-afetar-as-capacidades-cognitivas-dos-alunos/

Feliz aniversário, Papa Leão XIV, com os parabéns do mundo pelos 70 anos

Feliz Aniversário, Papa Leão XIV, com os parabéns do mundo pelos 70 anos (Vatican News)

Vatican News

https://youtu.be/0AJRNWiB17c

Mensagens de felicitações estão chegando de todo o mundo para Leão XIV, que neste domingo, 14 de setembro, completa 70 anos. Em nome do povo italiano, juntamente com "sinceros votos de bem-estar espiritual e pessoal", o presidente da Itália, Sergio Mattarella, envia os parabéns. Em mensagem, o chefe de Estado destaca os “apelos urgentes” do Pontífice “para que cesse o fogo e se retome o caminho do diálogo, para o bem comum dos povos”, em um momento em que “cresceu o temor de que o mundo esteja caminhando por uma encruzilhada perigosa, animada por uma lógica difundida de prevaricação e cada vez mais marcada por conflitos lacerantes”. “A pagar todos os dias um tributo intolerável de sangue e destruição são sobretudo muitos milhares de vítimas civis”, escreve Mattarella, acrescentando que “diante de tais inquietações, as mulheres e os homens de boa vontade sentem com urgência a necessidade de paz e justiça” e que “de todos os continentes se olha com viva esperança” para as palavras do Papa. O presidente da República Italiana, citando Santo Agostinho, que afirmou que “os tempos somos nós”, ressalta que cabe a todos, “e em particular àqueles que ocupam cargos públicos”, empenhar-se “para que as circunstâncias melhorem, reabrindo horizontes de diálogo, justiça e proteção concreta da dignidade de cada pessoa”, e assegura a Leão XIV a colaboração do Estado italiano em sua “alta missão apostólica”.

Feliz Aniversário, Papa Leão XIV, com os parabéns do mundo pelos 70 anos (Vatican News)

Os votos da Conferência Episcopal Italiana

Por parte da Conferência Episcopal Italiana, chegam ao Papa “os mais fervorosos votos das Igrejas na Itália”, com orações “de louvor e agradecimento pelo seu ministério”. Agradecendo ao Pontífice “pelo espírito paterno” com que “acompanha” e “exorta” a Igreja italiana, os bispos unem-se a ele “na invocação por uma ‘paz desarmada e desarmante’ em todas as situações de conflito que ensanguentam vastas áreas do planeta”, enquanto continuam a se aproximar “das populações provadas pelo sofrimento com ações de solidariedade e promoção humana” e desejam “que a unidade de intenções, de vozes e de orações que se elevam de todo o mundo para implorar soluções de paz possam ser ouvidas em breve”.

O carinho da diocese de Roma

“Por ocasião do seu aniversário, toda a sua diocese se une ao senhor na gratidão ao Pai pelo dom da vida”, é a mensagem do cardeal vigário Baldassare Reina em nome da diocese de Roma. “Receba nossas orações e nosso carinho pelo que o senhor faz todos os dias, com dedicação incansável, a serviço da Igreja universal a partir da Igreja de Roma” , continua o cardeal, que, juntamente com a diocese de Roma, compartilhando as preocupações do Papa “especialmente pelos muitos cenários de guerra que ensanguentam o mundo”, deseja “que possa realizar o que seu coração deseja e continuar a semear esperança para os homens e mulheres de nosso tempo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

TESOUROS REDESCOBERTOS: Nos canteiros de obras medievais os nomes não contavam (Parte 2/2)

Madona e o Menino entre São João Batista e São João Evangelista, mestre romano do final do século XIII, Capela de São Pasquale Baylon, Basílica de Santa Maria in Aracoeli, Roma: detalhe de São João Evangelista | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 11 – 2000

Nos canteiros de obras medievais os nomes não contavam

Documentos mostram que vários artistas trabalharam no ciclo de pinturas, sob a orientação de um líder de oficina. Bruno Zanardi nos leva de volta à Roma do final do século XIII. Entrevista

Entrevista com Bruno Zanardi por Stefania Falasca

Por exemplo, quais são elas?

ZANARDI: Como é bem conhecido e reconhecido por todos os estudiosos, por exemplo, existem enormes diferenças entre os afrescos das Histórias de São Francisco e os da Capela Scrovegni em Pádua (atualmente em exposição), sendo este último unanimemente atribuído a Giotto; e existem enormes diferenças, sobretudo, com os afrescos das capelas de Nossa Senhora da Madalena e de São Nicolau na Basílica Inferior de Assis. Os historiadores da arte, insistentemente afirmando que a lenda franciscana é obra de Giotto, tiveram que afirmar que as grandes obras-primas das capelas de Nossa Senhora da Madalena e de São Nicolau não são do artista (no máximo, de sua oficina); até recentemente, foi descoberto um documento de 1309 que atesta inequivocamente que são obra de Giotto. Mas o fato paradoxal dessa narrativa historiográfica é que Giotto é verdadeiramente um gênio, ele é verdadeiramente o gênio da nova linguagem da arte ocidental, o gênio que se manifesta em toda a sua natureza extraordinária na Capela Scrovegni e nas obras-primas das duas capelas da Basílica Inferior de Assis. Mas não é o gênio das Histórias de São Francisco., que, comparadas a essas sublimes obras-primas, permanecem ainda rudimentares. Voltando, portanto, ao que dizíamos sobre Florença naquele período, se a arte toscana daqueles anos ainda era essencialmente bizantina, o mesmo não acontecia em Roma. Em Roma, naqueles anos, havia artistas que pintavam com extraordinária habilidade e eram inovadores em termos de realismo e naturalismo. E é certo que o jovem e extremamente talentoso Giotto, vindo a Roma no final do século, viu essas obras extraordinárias, verdadeiramente diferentes daquelas de sua Florença, de Cimabue, e viu como trabalhavam esses pintores, com os quais não pôde deixar de se comparar.

Quem eram esses artistas romanos?

ZANARDI: Apenas alguns dos muitos são conhecidos: Pietro Cavallini, Filippo Rusuti, Jacopo Torriti. O fato de tão poucos deles serem conhecidos se deve ao motivo que mencionei anteriormente, a saber, que os nomes nos canteiros de obras daquela época não despertavam interesse e, em outra medida, à lamentável escassez de obras e informações documentais sobreviventes, mas certamente também ao já mencionado mito férreo centrado na Toscana. De Pietro Cavallini, por exemplo, sabemos, como escreveu Lorenzo Ghiberti, "que ele foi um mestre muito culto em Roma, entre todos os outros mestres". Vasari nos fornece algumas informações sobre sua vida, dizendo que ele viveu muito tempo e era "dedicado e grande amigo dos pobres". Sabemos que Cavallini criou obras importantes em muitas igrejas importantes de Roma: São Pedro, Santa Maria em Trastevere, Santa Cecília, a igreja de São Francisco a Ripa, São Crisógono, a Basílica de São Paulo Fora dos Muros e os Aracoeli. Isso envolve dezenas e dezenas de metros quadrados de mosaicos e afrescos. E o pouco que infelizmente resta deste grande pintor hoje (como, por exemplo, o afresco do Juízo Final na Basílica de Santa Cecília em Trastevere, datado de 1292-93) é de um realismo impressionante. Suas figuras, de "grandeza extraordinária", não são mais ícones; elas têm a presença plástica das antigas obras romanas. Mas já nos afrescos do Sancta Sanctorum, que datam de mais de dez anos em comparação com esta obra de Cavallini, podemos ver elementos de inovação, elementos realistas, verismo, experimentos com perspectiva e tentativas de caracterização de rostos.

Assim, o realismo nasceu em Roma...

ZANARDI: O fato é que, ao longo de trinta anos em Roma, as decorações de quase todas as igrejas e de todas as quatro basílicas patriarcais — ou seja, as igrejas mais importantes da cristandade — foram refeitas. E foram refeitas dessa maneira.

Mas se é verdade que a nova linguagem artística foi anunciada em Roma, que poderiam ser as razões?

ZANARDI: Acredito que a chave para essa história esteja na presença da arte romana antiga e tardia. É preciso considerar como era Roma naquela virada do século, repleta de estátuas antigas, com túmulos clássicos descobertos contendo pinturas de realismo absoluto, de perspectiva incomparável, executadas com uma perfeição formal que só a civilização clássica havia alcançado. E há também a presença maciça da arte cristã primitiva, os mosaicos e os afrescos nas catacumbas. Uma fonte inesgotável de comparação, uma habilidade e virtuosismo técnico com os quais esses artistas se mediam. No entanto, a introdução desses elementos nas representações está interligada à dos patronos. Em certo momento, começaram a surgir demandas para mudar o repertório de imagens. Os pintores foram solicitados a não mais criar representações simbólicas, como as da cultura bizantina. E é preciso considerar que os patronos gastaram somas enormes. A restauração da abside de São João de Latrão por Jacopo Torriti, por exemplo, custou a impressionante quantia de dois mil florins de ouro. Portanto, se uma obra fosse tão bem paga, tinha que corresponder a esse valor em sua representação formal. Mosaicos custam uma fortuna e, na maioria dos casos, as decorações eram feitas em mosaico. Em suma, Roma tinha o dinheiro, e o mercado, como se costuma dizer, aguça a mente.

Federico Zeri disse que essa grande revolução amadureceu em Roma porque era lógico que tal mudança ocorresse naquela que era então a capital do mundo cristão; e acrescentou que as prováveis ​​razões para esse retorno à tridimensionalidade, aos dados empíricos, físicos, à atenção aos aspectos corpóreos, deviam ser encontradas na terrível ameaça representada por certas heresias gnósticas que ganhavam terreno na Itália naqueles anos...

ZANARDI: Zeri pode ter razão ao sugerir que a transição da pintura medieval para a moderna estava de alguma forma ligada à tentativa da Igreja de se opor às doutrinas gnósticas; é um dos possíveis fatores que poderiam explicar por que os artistas foram chamados a mudar seu repertório de imagens. Também deve ser lembrado que toda a redecoração das igrejas romanas ocorreu na véspera do primeiro Jubileu da história, proclamado por Bonifácio VIII. No entanto, grandes mudanças não ocorreram em oposição. E essas mudanças podem não ter ocorrido em Roma. Não é certo que tudo isso teve que acontecer em Roma. Benedetto Antelami, por exemplo, no início do século XIII, quase um século antes do período em questão, criou esculturas de extraordinário realismo em Parma, copiando obras romanas tardias das províncias. Portanto, vamos simplesmente nos ater aos fatos e, finalmente, considerar, também à luz desta nova descoberta na Basílica de Santa Maria in Aracoeli, o que aconteceu aqui em Roma naqueles anos, naqueles anos finais do século XIII.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Reflexão para a Exaltação da Santa Cruz (C)

Cruz vazia (Vatican News)

O mistério da Cruz: A Liturgia de hoje, neste domingo em que celebramos a Exaltação da Santa Cruz, coloca diante de nós o mistério da cruz de Cristo.

Cardeal Paulo Cezar Costa - Arcebispo Metropolitano de Brasília

A cruz era suplício de ladrões e de inimigos do império. A teologia judaica da época de Jesus, expressa em Dt 21,21-22, afirmava que todo aquele suspenso no madeiro era amaldiçoado, amaldiçoado por Deus. Se esse texto, num primeiro momento, aplicava-se a quem era enforcado, posteriormente, devido ao horror da crucifixão, começou a ser aplicado a quem era crucificado.

O texto do Evangelho (Jo 3,13-17) faz uma releitura do texto de Nm 21,4-9, onde a serpente é levantada numa haste e todos os que eram picados por cobra olhavam-na e ficavam curados. O Evangelho mostra que a verdadeira salvação não vem do olhar para a serpente, mas do Filho do Homem levantado na cruz: "Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que Nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,14-15). Jesus morto e ressuscitado é o coração da nossa fé. É de Jesus crucificado e ressuscitado que vem a salvação. Pela fé, através do batismo, a salvação realizada por Jesus Cristo se torna nossa. Por isso, quem crê em Jesus Cristo morto e ressuscitado tem a vida eterna. A vida eterna é viver eternamente com Jesus Cristo, em comunhão plena com o mistério de Deus, "na contemplação e participação do seu amor infinito. Tudo que agora vivemos em esperança, vê-lo-emos então na realidade. A propósito Santo Agostinho escreveu: 'quando me unir a Vós, com todo o meu ser, não existirá para mim em lado algum dor e tristeza. A minha vida será uma vida verdadeira, totalmente cheia de Vós" (Spes non Confundit, 20).

O envio do Filho manifesta o amor do Pai, manifesta que Deus não é indiferente diante do ser humano, mas é um Deus que ama e se envolve na salvação: "Pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Através da ação amorosa de Deus para conosco, na nossa salvação, percebe-se quem é Deus: "Deus é Amor” (1Jo 4,16). O verbo entregar exprime o envio do Filho, Jesus Cristo, ao mundo, mas principalmente a sua morte de cruz, onde o Pai entregou o seu Filho amado pela nossa salvação.

Por isso, contemplando o mistério da cruz que era símbolo de horror, de maldição, nós contemplamos o amor de Deus por nós. A cruz, a partir do momento em que foi assumida pelo Filho como instrumento de salvação, não perdeu a sua tragicidade, mas se tornou expressão do amor de Deus por nós. Por isso, nós a veneramos como instrumento de salvação. Ela permanece, sempre para o cristianismo, critério de juízo para medir a nossa capacidade de amar e a nossa doação. Que celebrar a exaltação da Santa Cruz nos ajude a perceber que não existe cristianismo sem cruz, que o verdadeiro seguimento de Jesus Cristo implica tomar a nossa cruz e segui-lo pelos caminhos da vida e da história.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 13 de setembro de 2025

Três documentos papais que todo casal católico deveria ler

© Antoine Mekary / ALETEIA

Dário Ramos - publicado em 10/09/25

O magistério papal sobre as famílias é fonte de formação e alimento espiritual para aqueles que desejam fortalecer seus relacionamentos.

Muitas das diversas revoluções políticas e sociais que ocorreram na década de 1960 não foram diretamente contrárias à instituição familiar, mas desafiaram a moral cristã e os ensinamentos da Igreja sobre a sexualidade e os valores da família.

Desde então, os papas têm buscado dar respostas concretas às famílias católicas sobre sua vocação e missão na Igreja e no mundo - só o Papa Francisco convocou dois sínodos sobre esse assunto, um em 2014 e outro no ano seguinte. 

Para além das muitas cartas, catequeses, pronunciamentos e homilias dos últimos pontífices sobre o valor da família, três documentos magisteriais se destacam. 

1 - HUMANAE VITAE

A pílula anticoncepcional acabara de ser lançada, e trouxe com ela várias consequências sociais, principalmente no âmbito da sexualidade. A Igreja, então, estava diante de um dilema: a contracepção artificial deveria ser acolhida como possibilidade ou rejeitada de forma incisiva pela Doutrina Católica?

Estresse | Shutterstock

Em 1963, Papa João XXIII, criou então, uma comissão para o aprofundamento da questão. Mas só em 1968, já sendo pontífice Paulo VI, depois de cinco anos de estudo, e após escutar bispos e especialistas de todo o mundo, o Papa decidiu escrever uma encíclica para responder a questão. 

Paulo VI, em vez de reduzir o tema à sexualidade, faz uma potente reflexão sobre o valor da vida humana e do amor conjugal. Além disso, o Papa denuncia os possíveis problemas decorrentes da contracepção artificial, como a perda da consciência da dignidade da pessoa humana e a degradação moral. 

É nesta encíclica que Paulo VI desenvolve o conceito de ‘paternidade responsável’. 

A Humanae Vitae é considerada a grande base inspiradora de João Paulo II para escrever a Teologia do Corpo, série de catequeses proferidas entre os anos de 1979 e 1984. 

2 - FAMILIARIS CONSORTIO 

Em 1980, o Papa João Paulo II, conhecido pela sua proximidade teológica e pastoral com a realidade familiar, convocou o primeiro Sínodo da Igreja sobre família, com o tema: “A missão da família no mundo contemporâneo”. 

No ano seguinte, como resultado do Sínodo que acabara de ocorrer, o pontífice publicou a exortação apostólica Familiaris Consortio. 

Nela, João Paulo II descreve a família como comunidade de amor e lugar de acolhida, chamada a ser testemunha de que a verdadeira felicidade está no dom de si mesmo aos outros. O papa defende a indissolubilidade do vínculo matrimonial, e aponta para o sacramento como uma grande fonte de graças para todos os membros da família. 

Além disso, trata de temas como divórcio, regulação da natalidade, vida espiritual na família, educação dos filhos e pastoral familiar.

Shutterstock

3 - AMORIS LAETITIA 

Depois de ter convocado dois sínodos sobre a vida da família, o Papa Francisco publica a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre o amor na família. 

Francisco aborda de forma profunda os desafios que as famílias enfrentam hoje, e faz diversas reflexões pastorais sobre as fragilidades e dificuldades presentes nos lares cristãos. 

O papa traça um itinerário da espiritualidade familiar, e exorta as famílias a construírem seus relacionamentos em “um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência”. 

Ele afirma que apesar da instituição familiar passar por diversas crises no mundo de hoje, o “desejo de família” continua vivo, e que o anúncio cristão sobre a família é, verdadeiramente, “uma boa notícia”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/10/tres-documentos-papais-que-todo-casal-catolico-deveria-ler/

Leão XIV: uma teologia que se encarne nos eventos concretos da humanidade de hoje

O Papa acolheu os participantes do seminário internacional na Sala Clementina, no Vaticano   (@Vatican Media)

Leão XIV convidou a cultivar “uma teologia baseada no encontro pessoal e transformador com Cristo e que se esforce para encarnar-se nos eventos concretos da humanidade de hoje”. Palavras do Pontífice no encontro com os participantes no Simpósio da Pontifícia Academia de Teologia na manhã deste sábado (13) no Vaticano.

Vatican News

Na manhã deste sábado (13/09) o Papa Leão recebeu os participantes do Simpósio da Pontifícia Academia de Teologia por ocasião do encerramento do Encontro internacional sobre o tema: Criação, Natureza, Ambiente para um mundo de Paz. Após recordar que a sustentabilidade ambiental e a custódia da criação são compromissos inegociáveis para a sobrevivência do gênero humano, o Papa Leão afirmou que “qualquer esforço para melhorar as condições ambientais e sociais do nosso mundo requer o compromisso de todos”.

O Papa acolheu os participantes do seminário internacional na Sala Clementina, no Vaticano   (@Vatican Media)

Impulso missionário e dialogal da futura ação teológica

Tendo como bússola a Carta Apostólica Ad theologiam promovendam que apresenta os novos estatutos da Pontifícia Academia de Teologia, o Santo Padre disse que iria se deter, em particular, no impulso missionário e dialogal da futura ação teológica. “A teologia”, recordou o Papa Leão, “certamente é uma dimensão constitutiva da ação missionária e evangelizadora da Igreja: ela tem suas raízes no Evangelho e seu fim último na comunhão com Deus, que é o propósito do anúncio cristão”. Continuando no contexto disse ainda, “justamente por ser dirigida a cada pessoa em todos os tempos, a obra de evangelização é constantemente interpelada pelos contextos culturais e exige uma teologia 'em saída', que una o rigor científico à paixão pela história”. Explicando que “a síntese entre esses diferentes aspectos pode ser oferecida por uma teologia sapiencial, à moda daquela elaborada pelos grandes Padres e Mestres da antiguidade que, dóceis ao Espírito, souberam conjugar fé e razão, reflexão, oração e prática”.

Teologia, fruto da experiência

Papa Leão deu exemplos: “Significativo, nesse sentido, é o exemplo sempre atual de Santo Agostinho, cuja teologia nunca foi uma busca puramente abstrata, mas sempre fruto da experiência de Deus e da relação vital com Ele”. “São Tomás de Aquino”, continuou o Santo Padre, “a sistematizou com os instrumentos da razão aristotélica, construindo uma sólida ponte entre a fé cristã e a ciência de todos, entendendo a teologia como uma sapida scientia, ou seja, sabedoria”. Também recordou o beato Antonio Rosmini que considerava a teologia “uma expressão sublime de caridade intelectual, enquanto pedia que a razão crítica de todos os saberes se orientasse para a Ideia de Sabedoria”.

Teologia: sabedoria que abre horizontes existenciais

Em seguida o Papa afirmou: “A teologia é, portanto, essa sabedoria que abre horizontes existenciais maiores, dialogando com as ciências, a filosofia, a arte e a totalidade da experiência humana. O teólogo ou a teóloga é uma pessoa que vive, em seu próprio ato de fazer teologia, a ansiedade missionária de comunicar a todos o 'saber' e o 'sabor' da fé, para que ela possa iluminar a existência, resgatar os fracos e os excluídos, tocar e curar a carne sofredora dos pobres, nos ajudar a construir um mundo fraterno e solidário e nos conduzir ao encontro com Deus”.

Visão antropológica que fundamente a ação ética

Após recordar que a Doutrina Social da Igreja é um testemunho significativo do saber da fé a serviço do ser humano, em todas as suas dimensões, o Papa afirmou: “A teologia é diretamente interpelada por isso, pois não basta uma abordagem exclusivamente ética ao complexo mundo da inteligência artificial; é necessário, ao invés disso, referir-se a uma visão antropológica que fundamente a ação ética e, portanto, retornar à pergunta de sempre: quem é o ser humano, qual é a sua dignidade infinita, que é irredutível a qualquer androide digital?".

Cerca de 130 pessoas participaram da audiência com Leão XIV   (@VATICAN MEDIA)

O rosto de Deus só pode ser buscado caminhando juntos

Concluindo seu discurso o Papa Leão convidou todos “a cultivar uma teologia baseada no encontro pessoal e transformador com Cristo e que se esforce para encarnar-se nos eventos concretos da humanidade de hoje”. Encorajando todos ao diálogo multidisciplinar para se enriquecerem e enriquecer, levando o bom fermento do Evangelho às diferentes culturas, no encontro com crentes de outras religiões e com os não crentes. “Para que esse diálogo ad extra aconteça - disse por fim o Papa - é preciso do diálogo ad intra, ou seja, entre os teólogos, cientes de que o rosto de Deus só pode ser buscado caminhando juntos. Por isso, espero que a Academia se torne um lugar de encontro e de amizade entre os teólogos, um lugar de comunhão e partilha no qual seja possível caminhar juntos em direção a Cristo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF