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sábado, 20 de setembro de 2025

O café da manhã é mesmo a refeição mais importante do dia? (Parte 2/2)

Um estudo concluiu que pessoas que fazem do café da manhã sua principal refeição costumam ter índice de massa corporal mais baixo (Crédito: Getty Images)

O café da manhã é mesmo a refeição mais importante do dia?

Author: Jessica Brown

De BBC Future

21 julho 2025

Comida saudável

Já se demonstrou que o café da manhã afeta mais do que apenas o peso.

Pular o desjejum foi associado a um aumento de 27% no risco de doenças cardíacas, risco 21% maior de diabetes tipo 2 em homens e 20% maior de diabetes tipo 2 entre as mulheres.

Isso pode ocorrer porque pular o café da manhã afeta o controle de lipídios e glicose, além dos níveis de insulina, segundo os pesquisadores responsáveis por um estudo sobre jejum e diabetes, realizado em 2023.

Eles acompanharam a alimentação de mais de 100 mil pessoas, em média por sete anos, e concluíram que o risco de desenvolvimento da doença era significativamente mais alto entre os participantes que tomavam café da manhã regularmente após as 9h, em comparação com os que comiam antes das 8h.

Como muitos cereais matinais são enriquecidos com vitaminas, quem toma café da manhã absorve mais nutrientes, assim como mais açúcar (Crédito: Getty Images)

Uma razão para alguns dos benefícios à saúde associados ao café da manhã (pelo menos, no mundo ocidental) pode ser o seu valor nutricional — em parte, porque alguns cereais são enriquecidos com vitaminas.

Em um estudo sobre os hábitos de café da manhã de mais de 8 mil pessoas no Reino Unido, os pesquisadores concluíram que a ingestão de micronutrientes era melhor entre aqueles que tomavam café da manhã regularmente.

Isso se deve, em parte, ao enriquecimento dos cereais matinais, pães e cremes com vitaminas no Reino Unido, segundo os pesquisadores. E houve descobertas semelhantes na AustráliaCanadáEstados UnidosIndonésia e no Brasil.

O café da manhã também é associado ao melhor funcionamento cerebral, incluindo a concentração e a linguagem.

Uma revisão de 54 estudos descobriu que tomar café da manhã pode melhorar a memória, embora os efeitos sobre outras funções cerebrais tenham sido inconclusivos.

Uma das pesquisadoras da análise foi a psicóloga clínica Mary Beth Spitznagel, da Universidade Estadual de Kent, no Estado americano de Ohio. Ela afirma que há indícios "razoáveis" de que o café da manhã realmente melhora a concentração, mas é necessário fazer mais pesquisas a respeito.

Tomar café da manhã pode ajudar a melhorar a memória (Crédito: Getty Images)

"Se olharmos os estudos que examinaram a concentração, metade aponta para benefícios e a outra não encontrou nenhum", afirma. "E nenhum estudo indicou que tomar café da manhã seja ruim para a concentração."

O mais importante, alguns argumentam, é o que comemos no café da manhã.

Café da manhã com alto teor de proteína ajuda a reduzir o desejo de comida no final do dia (Crédito: Getty Images)

Os cafés da manhã ricos em proteínas são bastante eficazes na redução da ansiedade e do consumo de alimentos no final do dia, segundo uma pesquisa da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade Australiana.

Embora o cereal continue sendo um item favorito no café da manhã do Reino Unido e dos EUA, uma pesquisa entre 120 cereais matinais realizada em 2020 pela organização britânica Action on Sugar concluiu que um terço deles continha alto teor de açúcar. E apenas três cereais tinham o ingrediente em pouca quantidade.

Mas pesquisas sugerem que, se formos ingerir alimentos açucarados, é melhor fazer isso de manhã cedo.

Um estudo concluiu que a alteração dos níveis do hormônio do apetite leptina no corpo ao longo do dia está relacionada à menor tolerância para alimentos doces pela manhã.

E cientistas da Universidade de Tel Aviv, em Israel, descobriram que a fome é mais bem regulada pela manhã.

Eles recrutaram 200 adultos obesos para participar de uma dieta de 16 semanas, onde metade acrescentou sobremesa ao café da manhã e metade não. Aqueles que adicionaram a sobremesa perderam, em média, 18 kg a mais.

No entanto, o estudo não conseguiu demonstrar os efeitos de longo prazo.

Pesquisa sugere que, se vamos comer alimentos doces, o café da manhã é a melhor hora para fazer isso (Crédito: Getty Images)

Uma revisão de 54 estudos descobriu que ainda não há consenso sobre qual tipo de café da manhã é mais saudável e concluiu que isso não é tão importante quanto simplesmente comer alguma coisa.

Outro fator a ser considerado é o local onde você toma o café da manhã.

Um estudo de 2022 examinou os hábitos de desjejum de quase 4 mil jovens. Os pesquisadores concluíram que aqueles que tomam café da manhã fora de casa foram mais propensos a apresentar problemas psicológicos comportamentais do que os que tomam seu desjejum em casa.

Um motivo, segundo os pesquisadores, é que o contexto social de tomar café da manhã em família pode estar relacionado a uma refeição mais nutritiva.

Conselho final

Embora não haja provas conclusivas sobre exatamente o que devemos comer e quando, o consenso é ouvir nosso próprio corpo e comer quando estivermos com fome.

"O café da manhã é mais importante para as pessoas que sentem fome quando acordam", diz Johnstone.

Pesquisas mostram, por exemplo, que pessoas com diabetes e pré-diabetes podem achar que têm melhor concentração após um café da manhã com baixo índice glicêmico, como mingau, que é decomposto mais lentamente e provoca um aumento mais gradual nos níveis de açúcar no sangue.

Cada pessoa começa o dia de forma diferente — e essas diferenças individuais, particularmente na função da glicose, precisam ser pesquisadas mais de perto, segundo Spitznagel.

Em última análise, o segredo talvez seja não enfatizar demais uma única refeição, mas sim perceber como nós comemos ao longo do dia.

Café da manhã com baixo índice glicêmico, como mingau (ou fufu ganense, feito de banana e mandioca) pode ser melhor para pessoas com diabetes (Crédito: Getty Images)

"Um café da manhã balanceado é realmente útil, mas fazer refeições regulares durante o dia é o mais importante para manter o açúcar no sangue estável, o que ajuda a controlar o peso e os níveis de fome", explica Elder.

"O café da manhã não é a única refeição em que deveríamos estar prestando atenção."

Esta reportagem foi publicada originalmente em 1º de fevereiro de 2019 e atualizada em julho de 2025 com as pesquisas mais recentes sobre o assunto.

Leia a versão original da reportagem atualizada (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cr4w9pwwk1ko

Curiosidades da Bíblia: As muralhas de Jericó

Sagrada Escritura (Vatican News)

As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, hoje localizada a apenas 25 km de Jerusalém.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Comunidades e paróquias de várias partes do mundo costumam realizar hoje em dia o chamado “Cerco de Jericó” que relembra o momento em que os israelitas, depois de sua longa caminhada pelo deserto, cercaram e conquistaram a cidade depois de vários dias de batalha.

A história da queda das muralhas de Jericó, apesar de ser uma das passagens mais conhecidas da Bíblia também não tem uma comprovação histórica, e esta não era a preocupação maior dos escritores sagrados, tendo um significado simbólico para os israelitas, representando a vitória da fé sobre os obstáculos humanos, a fidelidade de Deus às suas promessas e a necessidade de obedecer aos seus mandamentos. Além disso, ela mostra que Deus pode usar de pessoas improváveis, como Raab, para cumprir os seus propósitos.

Além de sua importância histórica e religiosa, as muralhas de Jericó são um marco do desenvolvimento humano. Elas representam uma das primeiras expressões de urbanização e engenharia na história da humanidade. Construídas com recursos locais e técnicas rudimentares, elas são testemunhos do esforço coletivo de uma sociedade que já compreendia a necessidade de proteção, organização e infraestrutura. Mais do que estruturas físicas, as muralhas de Jericó simbolizam a transição de comunidades nômades para sociedades sedentárias e urbanas, marcando o início de uma nova era na civilização humana.

As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, hoje localizada a apenas 25 km de Jerusalém. A cidade é considerada uma das mais antigas do mundo e as evidências arqueológicas da ocupação humana datam mais ou menos do ano 08 mil a.C.

Suas muralhas foram construídas em diferentes períodos da história e a mais famosa delas data do século XV a.C., quando os israelitas, liderados por Josué, invadiram a terra de Canaã, prometida por Deus a Abraão e seus descendentes, atravessaram o Rio Jordao e cercaram a cidade.

As escrituras Sagradas relatam que os israelitas por 06 dias cercaram a cidade de Jericó, seguindo as instruções divinas pronunciadas por Josué que havia sucedido a Moisés na condução do povo. No sétimo dia, eles deram sete voltas ao redor da cidade, tocando trombetas de chifres de carneiros, gritando e conduzindo a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei em procissão.

Depois disso, as muralhas caíram permitindo que os israelitas entrassem e conquistassem a cidade. As Escrituras narram ainda que a única família que foi poupada foi a de Raab, uma prostituta que escondeu os espiões que haviam sido enviados por Josué e que reconheceu o poder do Deus de Israel. Todo o resto foi destruído pelo fogo e pelos saques dos israelitas.

Na sétima vez, quando os sacerdotes deram o toque de trombeta, Josué ordenou ao povo: "Gritem! O Senhor lhes entregou a cidade!

A cidade, com tudo o que nela existe, será consagrada ao Senhor para destruição. Somente a prostituta Raab e todos os que estão com ela em sua casa serão poupados, pois ela escondeu os espiões que enviamos. Mas fiquem longe das coisas consagradas, não se apossem de nenhuma delas, para que não sejam destruídos. Do contrário trarão destruição e desgraça ao acampamento de Israel.

Toda a prata, todo o ouro e todos os utensílios de bronze e de ferro são sagrados e pertencem ao Senhor e deverão ser levados para o seu tesouro.

Quando soaram as trombetas o povo gritou. Ao som das trombetas, e do forte grito, o muro caiu. Cada um atacou do lugar onde estava, e tomaram a cidade. Consagraram a cidade ao Senhor, destruindo ao fio da espada homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e jumentos, todos os seres vivos que nela havia. (Jos 6,16-21).

As muralhas de Jericó continuam sendo uma das construções mais enigmáticas da Antiguidade, associadas tanto à arqueologia quanto a relatos bíblicos. Sua fama procede tanto da narrativa bíblica encontrada no Livro de Josué, que descreve a conquista da cidade pelos israelitas após suas muralhas desabarem ao som de trombetas e gritos, como ao significado histórico da cidade que foi tantas vezes destruída e sempre reconstruída. Por isso, além do relato religioso que é mais simbólico que real, as muralhas e a cidade têm um significado histórico e arqueológico profundo.

Graças às escavações arqueológicas realizadas em vários períodos as muralhas da cidade foram descobertas, a começar das ruínas mais antigas de algumas estruturas fortificadas que datam do período neolítico, por volta de 08 mil anos a.C. Muros e torres feitos de pedra tinham fins defensivos, servindo também para finalidades religiosos ou cerimoniais.

No entanto, a historicidade desse evento é motivo de debate entre estudiosos. Algumas escavações chegaram a sugerir que Jericó não teria muralhas correspondentes às que são descritas na época em que os israelitas teriam conquistado a cidade, por volta do século XIII ou XV a.C.

Assim como outras passagens do Primeiro Testamento o relato bíblico pode ser entendido mais como uma tradição simbólica ou metafórica.  Independentemente de sua conexão com os relatos bíblicos, Jericó e suas muralhas continuam a fascinar arqueólogos, historiadores e religiosos, sendo um exemplo poderoso de como os vestígios do passado podem lançar luz sobre as complexas origens da sociedade e da cultura humanas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Prioridade de todos

Pastoral da Catequese (Paróquia Claret)

PRIORIDADE DE TODOS

18/09/2025

Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

Existe uma prioridade permanente na Igreja: Evangelizar. A Boa Nova anunciada deve desdobrar-se na Catequese. O Sínodo nos alertou para a importância da Catequese de Iniciação à Vida Cristã: “Não é possível compreender plenamente o Batismo senão no âmbito da Iniciação Cristã, isto é, no itinerário pelo qual o Senhor, mediante o ministério da Igreja e o dom do Espírito Santo, nos introduz na fé pascal e nos insere na comunhão trinitária eclesial”(Documento Final n.24).

Catequese é palavra que vem do grego, significa, informar, instruir, ensinar na doutrina cristã, como faziam os jesuítas, a partir das Escrituras sagradas (cf. At. 21,21-14;1Cor 14,19). Após receber o anúncio de Jesus Cristo através da evangelização, seguia-se a catequese. Ou seja, a instrução minuciosa e sistemática sobre os conteúdos da fé cristã. Assim, catequese é a iniciação à vida cristã,  de forma organizada, expondo as verdades da fé, transmitida oralmente.

Mediante a catequese, o cristão é introduzido no conhecimento dos mistérios da salvação, revelados por Jesus Cristo, na vivência da liturgia e no estilo de vida individual e social cristão e o que é muito importante, na vida comunitária. Não existe cristianismo sem comunidade cristã, sem a Igreja.

Para nortear este  processo, existe o “Catecismo da Igreja Católica” que é uma exposição das verdades da fé, de forma mais intelectual. Porém a catequese tem uma dimensão litúrgica, sacramental e mística. Também tem um aspecto testemunhal que conduz à prática do que se crê.

Neste tempo de secularização, a catequese apresenta um forte apelo ao testemunho de Jesus, sua vida e atuação, que devem ser imitadas pelos que o seguem. Existe sede de transcendente, de espiritualidade e vida contemplativa nas pessoas. O tempo passa, a vida se esvai na rotina do dia a dia, a busca por um sentido da vida está mais que nunca presente nas pessoas. Numa sociedade “líquida”, existe busca por algo que não passa e possa preencher o vazio do coração.

Vivemos numa cultura pós-moderna, de inegável progresso científico e tecnológico que orgulha a humanidade. No entanto há desorientação nas pessoas,  sede de sentido para a vida, em meio ao crescimento dos suicídios, baixa natalidade, violência. Este sentido não é encontrado na tecnologia nem nos manuais de auto ajuda. O ser humano percebe que a vida não se esgota no aquém. Existe  vida após esta vida: mistério.

A catequese que também pode-se chamar processo de “iluminação”, trata deste mistério que nos foi revelado por Jesus Cristo o Filho de Deus. Ele é capaz de tocar as fibras mais íntimas e profundas da alma humana e lhe dar paz e alegria!

Na Diocese de Santo André, nas paróquias e comunidades católica, existem centenas de catequistas que ministram catequeses às crianças, jovens e adultos. Muitos deles, oitocentos,  foram investidos pela primeira vez no Ministério de Catequista, neste último domingo de agosto, em  missa realizada no ginásio da FEI em São Bernardo. Eles se prepararam durante três anos para esta investidura, instituída pelo Papa Francisco. Nesta mesma ocasião foi lançado o Diretório Diocesano de Catequese, um subsídio oficial da Diocese para orientar o trabalho catequético. Desta forma, nos unimos a tantas outras dioceses do Brasil que estão priorizando a catequese.

Parabéns a todos os catequistas de nossa Igreja, que celebraram o seu dia no último domingo de agosto. Coragem, vamos em frente: “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Leão XIV: estabelecer uma pastoral solidária, sem julgamentos, que saiba acolher a todos

O Papa na Basílica de São João de Latrão para a abertura do ano pastoral da Diocese de Roma   (@Vatican Media)

O Bispo de Roma abraça seu povo na Assembleia Diocesana em São João de Latrão. Ele exorta a trabalhar por uma Igreja que se torne um laboratório de sinodalidade, fortalecendo a formação dos organismos de participação e dos catequistas, envolvendo os jovens e as famílias, a serviço dos mais pobres e dos mais frágeis.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Leão XIV abriu oficialmente o novo ano pastoral da Diocese de Roma com a Assembleia Diocesana realizada, na tarde desta sexta-feira (19/09), na Basílica de São João de Latrão.

O Pontífice iniciou o seu discurso, agradecendo aos presentes, em sua catedral, sede da Diocese de Roma, por sua presença e "pela alegria de seu discipulado, pelo trabalho pastoral, pelos fardos que carregam e pelos que tiram dos ombros de muitos que batem às portas das suas comunidades".

Leão XIV destacou a palavra "dom", dita por Jesus à Samaritana, "Se você conhecesse o dom de Deus", indicando que "este dom é o Espírito Santo, que sacia a nossa sede e irriga a nossa aridez, iluminando o nosso caminho". Indica também "o Espírito Santo, o Espírito criador capaz de renovar todas as coisas", conforme usada nos Atos dos Apóstolos pelo Evangelista Lucas.

O Papa na Basílica de São João de Latrão para a abertura do ano pastoral da Diocese de Roma   (@Vatican Media)

Caminho sinodal

De acordo com o Papa, "através do processo sinodal, o Espírito suscitou a esperança de uma renovação eclesial, capaz de revitalizar as comunidades, para que cresçam no estilo evangélico, na proximidade a Deus e na presença do serviço e do testemunho no mundo".

“O fruto do caminho sinodal, após um longo período de escuta e debate, foi, antes de tudo, o impulso a valorizar os ministérios e os carismas, inspirando-se na vocação batismal, colocando no centro a relação com Cristo e o acolhimento dos irmãos, começando pelos mais pobres, partilhando suas alegrias e dores, suas esperanças e esforços.”

Segundo Leão XIV, "desta forma, é destacado o caráter sacramental da Igreja que, como sinal do amor de Deus pela humanidade, é chamada a ser canal privilegiado para que a água viva do Espírito possa chegar a todos. Isso requer a exemplaridade do povo santo de Deus. Como sabemos, sacramentalidade e exemplaridade são dois conceitos-chave da eclesiologia do Concílio Vaticano II e da hermenêutica do Papa Francisco". "Vocês se lembrarão o quanto ele apreciava o tema patrístico do mysterium lunae, ou seja, da Igreja vista no reflexo da luz de Cristo, da relação com Ele, sol da justiça e luz das nações", acrescentou.

O Papa na Basílica de São João de Latrão para a abertura do ano pastoral da Diocese de Roma   (@Vatican Media)

Laboratório de sinodalidade

Na nota que acompanha o Documento Final da XVI Assembleia Sinodal, o Papa Francisco escreveu que ele "contém indicações que, à luz de suas orientações básicas, já podem ser acolhidas pelas Igrejas locais e pelos agrupamentos de Igrejas, levando em consideração os diferentes contextos, o que já foi feito e o que ainda precisa ser feito para aprender e desenvolver cada vez mais o estilo específico da Igreja sinodal missionária".

“Pois bem, cabe-nos agora trabalhar para que a Igreja que vive em Roma se torne um laboratório de sinodalidade, capaz — com a graça de Deus — de realizar "obras do Evangelho" num contexto eclesial marcado por desafios, especialmente na transmissão da fé, e numa cidade que precisa de profecia, marcada por numerosas e crescentes situações de pobreza econômica e existencial, com jovens muitas vezes desorientados e famílias frequentemente sobrecarregadas.”

Participação ativa de todos na vida da Igreja

De acordo com o Papa, "uma Igreja sinodal em missão precisa desenvolver um estilo que valorize os dons de cada um e compreenda o papel da liderança como um exercício pacífico e harmonioso, para que, na comunhão inspirada pelo Espírito, o diálogo e as relações nos ajudem a vencer as numerosas pressões de oposição ou de isolamento defensivo".

"O dinamismo sinodal deve ser nutrido nos contextos reais de cada Igreja local", disse ainda o Pontífice, ressaltando que isso significa "trabalhar pela participação ativa de todos na vida da Igreja". De acordo com o Papa, "um instrumento para fortalecer a visão de uma Igreja sinodal e missionária são os organismos de participação", pois "eles ajudam o Povo de Deus a exercer plenamente sua identidade batismal, fortalecem o vínculo entre os ministros ordenados e a comunidade e orientam o processo desde o discernimento comunitário até as decisões pastorais". "Por isso, convido-os a reforçar a formação de organismos de participação e, a nível paroquial, a rever os passos dados até agora ou, onde tais organismos não existam, a compreender quais são os obstáculos para poder superá-los", sublinhou.

O Papa na Basílica de São João de Latrão para a abertura do ano pastoral da Diocese de Roma   (@Vatican Media)

Pensar e projetar juntos

A seguir, o Papa falou sobre "as prefeituras e outros organismos que conectam diferentes áreas da vida pastoral, bem como os próprios setores diocesanos, projetados para conectar melhor as paróquias vizinhas num determinado território com o centro da diocese". De acordo com o Pontífice, existe o risco de que essas "realidades percam sua função de instrumentos de comunhão e se reduzam a algumas reuniões, onde se discute juntos algum tema para depois voltar a pensar e viver a pastoral isoladamente, no próprio recinto paroquial e nos próprios esquemas".

“Hoje, como sabemos, num mundo que se tornou mais complexo e numa cidade que corre a grande velocidade e onde as pessoas vivem em permanente mobilidade, precisamos pensar e projetar juntos, saindo dos limites pré-estabelecidos e experimentando iniciativas pastorais comuns. Por isso, exorto-os a fazer desses organismos verdadeiros espaços de vida comunitária onde se exerça a comunhão, lugares de confronto onde se realize o discernimento comunitário e a corresponsabilidade batismal e pastoral.”

Cuidar de quem expressa o desejo do Batismo

A seguir, o Papa se deteve nos objetivos a serem perseguidos com estilo sinodal. O primeiro é cuidar da relação entre iniciação cristã e evangelização, "tendo em mente que a solicitação dos sacramentos está se tornando uma opção cada vez menos praticada". "Nesta perspectiva, é necessário cuidar com delicadeza e atenção daqueles que expressam o desejo do Batismo na adolescência e na idade adulta. Os escritórios do Vicariato responsáveis por isso devem trabalhar com as paróquias, tendo especial cuidado com a formação contínua dos catequistas", sublinhou.

O Papa na Basílica de São João de Latrão para a abertura do ano pastoral da Diocese de Roma   (@Vatican Media)

Uma pastoral capaz de incidir no tecido social

O segundo objetivo é o envolvimento dos jovens e das famílias. Segundo Leão XIV é "urgente estabelecer uma pastoral solidária, empática, discreta, sem julgamentos, que saiba acolher a todos e propor percursos mais personalizados possíveis, adequados às diferentes situações de vida dos destinatários. Como as famílias têm dificuldade em transmitir a fé e podem ser tentadas a fugir dessa tarefa, devemos procurar acompanhá-las sem nos substituirmos a elas, tornando-nos companheiros de caminho e oferecendo instrumentos para a busca de Deus". "Uma pastoral que se torna como uma escola capaz de introduzir à vida cristã, de acompanhar as fases da vida, de tecer relações humanas significativas e, assim, de incidir também no tecido social, especialmente a serviço dos mais pobres e dos mais frágeis", ressaltou.

Comunidades cristãs generativas

O terceiro e último objetivo é a formação em todos os níveis. "Vivemos uma emergência educativa e não devemos nos iludir que a simples continuação de algumas atividades tradicionais manterá vivas as nossas comunidades cristãs. Elas devem se tornar generativas: ser um ventre que inicia para fé e um coração que procura aqueles que a abandonaram. As paróquias precisam de formação e, onde não existem, seria importante incluir cursos bíblicos e litúrgicos, sem transcurar as questões que ressoam nas gerações mais jovens, mas que nos dizem respeito a todos: a justiça social, a paz, o complexo fenômeno das migrações, o cuidado da criação, o exercício adequado da cidadania, o respeito na vida de casal, o sofrimento mental e as dependências, e muitos outros desafios".

"O trecho evangélico da samaritana conclui-se com um crescendo missionário, pois ela vai contar aos outros o que aconteceu, e eles vão até Jesus e chegam à profissão de fé. Estou certo de que também na nossa diocese, o caminho iniciado e acompanhado nos últimos anos nos levará a amadurecer na sinodalidade, na comunhão, na corresponsabilidade e na missão", concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

O café da manhã é mesmo a refeição mais importante do dia? (Parte 1/2)

Um estudo concluiu que pessoas que fazem do café da manhã sua principal refeição costumam ter índice de massa corporal mais baixo (Crédito: Getty Images)

O café da manhã é mesmo a refeição mais importante do dia?

Author: Jessica Brown

De BBC Future

21 julho 2025

Junto com clássicos como "cenouras melhoram a visão" e "Papai Noel não traz brinquedos para crianças que não se comportam", uma das frases mais usadas no arsenal de pais cansados é que o café da manhã é "a refeição mais importante do dia".

Muitos de nós crescemos acreditando que pular o café da manhã é um pecado alimentar. Mas a quantidade de pessoas que reserva parte da sua manhã para comer pode variar.

Cerca de 75% dos americanos tomam regularmente café da manhã. Já no Reino Unido, são cerca de 94% dos adultos e 77% dos adolescentes.

Um estudo na Suíça demonstrou que apenas dois terços dos adultos do país tomam café da manhã regularmente.

No Brasil várias pesquisas indicam que o percentual de pessoas adeptas ao café da manhã está mais perto dos números observados nos EUA.

Quando o tempo é escasso, o café da manhã, muitas vezes, é o primeiro a ser sacrificado.

Quantos de nós tomamos café da manhã correndo ou trocamos de boa vontade uma tigela de cereal, duas torradas ou um doce por mais alguns minutos na cama?

Mas o motivo por que se acredita na importância do desjejum é exatamente este: é preciso tomar o café da manhã para interromper o jejum da noite.

"O corpo usa muitas reservas de energia para o crescimento e a restauração durante a noite", explica a nutricionista Sarah Elder. "Tomar um café da manhã balanceado ajuda a restaurar a energia, bem como a proteína e o cálcio consumidos à noite."

Alguns nutricionistas ressaltam a importância de se tomar um café da manhã equilibrado para restaurar a energia depois de uma noite de jejum (Crédito: Getty Images)

Mas existem muitas divergências sobre a manutenção ou não do café da manhã em tamanho destaque na hierarquia alimentar.

Assim como a crescente popularidade das dietas do jejum, há preocupação cada vez maior quanto ao teor de açúcar dos cereais e sobre o envolvimento da indústria de alimentos nas pesquisas sobre café da manhã — e até a afirmação de um acadêmico de que o café da manhã é "perigoso".

Então, qual é a realidade? O café da manhã é necessário para começarmos o dia ou uma jogada de marketing dos fabricantes de cereais matinais?

Mito ou realidade?

O aspecto mais estudado neste campo é a relação entre o café da manhã (ou a falta dele) e a obesidade. E os cientistas divergem em suas teorias sobre os motivos desta relação.

Um estudo americano que analisou dados de saúde de 50 mil pessoas ao longo de sete anos indicou menor índice de massa corporal (IMC) entre os participantes que fizeram do café da manhã sua principal refeição.

Segundo os pesquisadores, o café da manhã aumenta a saciedade, reduz a ingestão diária de calorias, melhora a qualidade da dieta — já que os alimentos matinais são mais ricos em fibras e nutrientes — e aumenta a sensibilidade à insulina nas refeições subsequentes, que pode reduzir risco de diabetes.

As pessoas que tomam café da manhã podem ser mais preocupadas com a saúde (Crédito: Getty Images)

Mas, como ocorre com qualquer estudo deste tipo, não ficou claro se esta foi a causa ou se as pessoas que pulam o café da manhã simplesmente eram mais propensas a ficar acima do peso.

Para descobrir, pesquisadores elaboraram um estudo com 52 mulheres obesas que participaram de um programa de perda de peso de 12 semanas. Todas elas ingeriram o mesmo número de calorias ao longo do dia, mas só a metade delas tomou café da manhã.

Eles descobriram que não era o café da manhã que fazia as participantes perderem peso, mas a sua mudança de rotina.

As mulheres que declararam tomar café da manhã regularmente antes do estudo perderam 8,9 kg quando suspenderam a refeição matinal, enquanto o grupo que tomou café da manhã perdeu 6,2 kg.

Já as participantes que pulavam regularmente o café da manhã perderam 7,7 kg quando adotaram a refeição — e 6 kg quando continuaram a pular o desjejum.

Se o café da manhã não é uma garantia de perda de peso, por que há uma ligação entre obesidade e pular o café da manhã?

A professora de Pesquisa do Apetite Alexandra Johnstone, da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, defende que as pessoas que pulam o café da manhã simplesmente podem deter menos conhecimento sobre nutrição e saúde.

"Há muitos estudos sobre a relação entre tomar café da manhã e possíveis impactos à saúde, mas isso pode acontecer porque aqueles que tomam café da manhã optam por ter hábitos mais saudáveis, como não fumar e fazer exercícios regularmente", segundo ela.

Em 2020, uma análise de 45 estudos examinando a relação entre o café da manhã e a obesidade confirmou que pular o desjejum aumenta o risco de obesidade. E este mesmo efeito foi encontrado entre crianças.

Comer ou não comer?

O jejum intermitente, que envolve jejuar da noite até o dia seguinte, vem se popularizando entre aqueles que buscam perder ou manter seu peso, ou ainda melhorar a saúde.

Um estudo pequeno mostrou que é benéfico ignorar o café da manhã e comer apenas entre 9h e 15h (Crédito: Getty Images)

Um estudo-piloto publicado em 2018, por exemplo, descobriu que o jejum intermitente controla o nível de açúcar no sangue e a sensibilidade à insulina, além de reduzir a pressão arterial.

Oito homens com pré-diabetes receberam um dos dois esquemas alimentares: ingerir todas as calorias entre 9h e 15h, ou ingerir o mesmo número de calorias ao longo de 12 horas.

Os resultados para o primeiro grupo foram semelhantes ao efeito de medicamentos para reduzir a pressão arterial, segundo Courtney Peterson, autora do estudo e professora assistente de Ciências da Nutrição da Universidade do Alabama, em Birmingham, nos Estados Unidos.

Ainda assim, o tamanho reduzido do estudo mostra que mais pesquisas são necessárias sobre os possíveis benefícios de longo prazo.

Se pular o café da manhã (e outras refeições fora de um intervalo de tempo restrito) pode ser bom, isso significa que o café da manhã pode fazer mal?

Um acadêmico afirmou que sim, pois comer no início do dia faz com que o nosso nível de cortisol atinja um pico maior do que mais tarde. Isso leva o corpo a desenvolver resistência à insulina a longo prazo e pode provocar diabetes tipo 2.

Mas Fredrik Karpe, professor de Medicina Metabólica do Centro de Diabetes, Endocrinologia e Metabolismo de Oxford, no Reino Unido, discorda. Em vez disso, segundo ele, níveis mais altos de cortisol pela manhã são apenas parte do ritmo natural do corpo.

E não é só isso. Para ele, o café da manhã é fundamental para estimular o metabolismo.

"Para que outros tecidos respondam bem à ingestão de alimentos, você precisa de um gatilho inicial envolvendo carboidratos que respondem à insulina. O café da manhã é fundamental para que isso aconteça", afirma Karpe.

Um 'gatilho' inicial com carboidratos é fundamental para impulsionar o metabolismo (Crédito: Getty Images)

Um estudo com controle randomizado descobriu que pular o café da manhã interrompeu o ritmo circadiano dos participantes e provocou picos de glicose no sangue depois de comer. Tomar café da manhã, concluem os pesquisadores, é essencial para manter nosso relógio biológico funcionando.

Uma análise entre adolescentes japoneses em 2023 associou o costume de pular o café da manhã ao pré-diabetes, particularmente entre pessoas acima do peso.

Peterson afirma que, entre as pessoas que pulam o café da manhã, há aquelas que jantam em horário normal — obtendo os benefícios do jejum intermitente — e as que jantam mais tarde.

"Para aqueles que jantam mais tarde, o risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares aumenta. Embora pareça que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, na verdade pode ser o jantar", afirma Peterson.

"Nosso controle de açúcar no sangue é melhor no início do dia. Quando jantamos tarde, ficamos mais vulneráveis porque o açúcar no sangue é pior. Há mais pesquisas a fazer, mas estou confiante de que não se deve pular o café da manhã e jantar tarde", acrescenta a professora.

Ela explica que devemos pensar em nosso ritmo circadiano como uma orquestra.

"Existem duas partes do nosso relógio circadiano. Existe o relógio mestre no cérebro, que devemos considerar como análogo ao maestro de uma orquestra, e a outra metade em cada órgão, com um relógio separado", segundo a pesquisadora.

Essa "orquestra" é definida por dois fatores externos: a exposição à luz e o horário das refeições.

"Se você está comendo quando não há exposição à luz intensa, os relógios que controlam o metabolismo estão em fusos horários diferentes, criando sinais conflitantes quanto a aumentar ou diminuir a velocidade", explica Peterson.

O corpo controla melhor o açúcar no sangue pela manhã. Por isso, é melhor comer mais no início do dia, não no final da noite (Crédito: Getty Images)

Seria como duas metades de uma orquestra tocando músicas diferentes, explica Peterson, e é por isso que comer tarde prejudica os níveis de açúcar no sangue e a pressão arterial.

Pesquisadores das universidades de Surrey e Aberdeen, no Reino Unido, analisaram os mecanismos responsáveis pela influência do horário em que comemos sobre o nosso peso corporal.

Suas descobertas, publicadas em 2022, sugerem que um café da manhã farto e um pequeno jantar são benéficos para o controle do peso, pois o café da manhã maior gera redução do apetite no restante do dia.

Esta reportagem foi publicada originalmente em 1º de fevereiro de 2019 e atualizada em julho de 2025 com as pesquisas mais recentes sobre o assunto.

Leia a versão original da reportagem atualizada (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cr4w9pwwk1ko

Hoje é celebrada Nossa Senhora de La Salette

Nossa Senhora de La Salette | ACI Digital

Por Redação central*

19 de set de 2025

A Igreja celebra hoje (19) Nossa Senhora de La Salette, título mariano que recorda a aparição da Virgem Maria, chorando, a dois pastorinhos na França, no século XIX. Os motivos das lágrimas foram revelados por Ela às duas crianças: o descuido do domingo, dia do Senhor, e a blasfêmia.

Era 19 de setembro de 1846, Melânia Calvat, com 15 anos, e Maximino Giraud, 11 anos, cuidavam de rebanhos na cidade de La Salette, nos alpes franceses. De repente, Mélanie avistou nos alpes uma luz muito forte como se fosse o sol. As crianças se aproximaram e viram, dentro da luz, uma “bela senhora”, como descreveram mais tarde. Ela estava chorando, sentada sobre uma pedra, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido entre as mãos, em um gesto de profunda tristeza.

A senhora estava vestida como uma camponesa da região, com vestido longo, um avental, lenço cruzado e amarrado às costas, touca. Algumas rosas coroavam sua cabeça, ladeavam seu lenço e rodeavam seu calçado. Uma luz brilhava em sua fronte como um diadema. Carregava uma pesada corrente sobre os ombros e uma corrente mais leve pendia sobre o peito com um crucifixo que tinha de um lado um martelo e do outro uma torquês.

A “bela senhora” disse às duas crianças: “Vinde meus filhos, não temais, aqui estou para vos comunicar uma grande notícia”. “Se meu povo não quiser aceitar, vejo-me forçada a deixar cair o braço de meu Filho. É tão forte e tão pesado que não posso mais segurar. Há tanto tempo que sofro por vós”, acrescentou.

Em seguida, ela falou sobre os motivos de suas lágrimas: “Dei-vos seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo, e não mo querem dar. É isso que torna tão pesado o braço de meu Filho”. “Os que conduzem as charretes não sabem falar sem pôr no meio o nome do meu Filho. São as duas coisas que tornam tão pesado o braço de meu Filho”, disse.

“Se a colheita se estraga, não é senão por vossa causa. Eu vos fiz ver isso no ano passado, relativamente às batatas inglesas; não fizestes caso; pelo contrário, quanto as encontráveis estragadas, blasfemáveis e pronunciáveis o nome de meu Filho. Elas vão continuar a deteriorar-se, e no Natal não haverá mais batatas inglesas”, acrescentou.

A Virgem se dirigia aos pastorinhos em francês e também no dialeto regional de um modo que pudessem entender. Ao perceber que não entendiam o que dizia quando falou das batatas, a senhora disse: “Não compreendeis, meus filhos? Vou dizê-lo de outro modo”.

“Se tiverdes trigo, não se deve semeá-lo. Tudo o que semeardes será devorado pelos insetos, e o que produzir se transformará em pó ao ser malhado. Virá grande fome. Antes que a fome chegue, as crianças menores de sete anos serão acometidas de tremor e morrerão entre as mãos das pessoas que as carregarem. Os outros farão penitência pela fome. As nozes caruncharão, as uvas apodrecerão”.

A senhora falou, depois, a cada uma das crianças, sem que a outra pudesse entender o que estava dizendo. Em seguida, voltou a falar aos dois: “Se se converterem, as pedras e rochedos se transformarão em montões de trigo, e as batatas serão semeadas nos roçados”. Perguntou ainda se as crianças faziam “bem” suas orações. Eles disseram que não e ela respondeu: “Ah! Meus filhos, é preciso fazê-la bem, à noite e de manhã, dizendo ao menos um Pai Nosso e uma Ave Maria quando não puderdes rezar mais. Quando puderdes rezar mais, dizei mais”.

“Durante o verão, só algumas mulheres mais idosas vão à Missa. Os outros trabalham no domingo, durante todo o verão. Durante o inverno, quanto não sabem o que fazer, vão a Missa zombar da religião. Durante a Quaresma vão ao açougue como cães”, disse.

Por fim, pediu que as crianças transmitissem a mensagem a todos. E depois subiu o monte e se elevou e desapareceu.

A aparição de Nossa Senhora de La Salette foi reconhecida pelo bispo de Grenoble, dom Philibert de Bruillard, em 19 de setembro de 1851. Em seu pronunciamento doutrinal, o bispo disse que “a aparição da Virgem Santa a dois pastores, a 19 de setembro de 1846, sobre uma montanha da cadeia dos Alpes, situada na paróquia de La Salette, traz em si mesma todas as características da verdade e que os fiéis têm razão em crê-la indubitável e certa”. Dom Philibert também deu início ao santuário de La Salette.

Depois da aparição, Maximino voltou para casa de seu pai, em Corps. Com ajuda do pároco e do bispo, foi admitido ao Colégio das Irmãs da Providência, onde estudou por quatro anos. Em 1850, ingressou no seminário menor de Rondeau e, em 1856, passou para o seminário maior dos jesuítas, em Landes, mas desistiu depois de um tempo. Em 1859, foi estudar medicina em Paris, mas, desencantados, desistiu dos estudos e voltou para Corps em 1864. No ano seguinte, foi para Roma, onde chegou a ser admitido no Corpo da Guarda Pontifícia, onde serviu por poucos meses.

De volta a Corps em 1866, publicou “Minha profissão de fé a respeito da Aparição de Nossa Senhora de La Salette”. Em 1870, foi convocado para servir no Forte Militar de Barraux, em Grenoble, na Guerra entre França e Prússia.

Ficou doente no começo de 1874 e, em novembro daquele ano, subiu pela última vez ao local da aparição de La Salette. Morreu em 1º de março de 1875, aos 40 anos, depois de receber os sacramentos.

Melânia continuou pastora até que retornou para junto de sua família em Corps em 15 de dezembro de 1846 e também foi admitida no Colégio das Irmãs da Providência, onde permaneceu por quatro anos. Mais tarde, tornou-se religiosa, tendo passado por algumas congregações como Irmãs da Providência, as Irmãs Carmelitas de Darlington, no Reino Unido, as Irmãs da Compaixão, em Marselha, da qual se desligou mais tarde.

Em 1892, mudou-se para a Itália, na diocese de Lecce. Em 1897, se transferiu para Messina, na Sicília, onde ajudou o bispo Annibale di Francia, hoje canonizado, a fundar uma congregação feminina.

 Subiu à montanha da aparição em La Salette pela última vez em 1902. Em junho do ano seguinte, voltou para a Itália, onde morava sozinha em uma casa cedida por benfeitores em Altamura. Embora não pertencesse mais a nenhuma congregação, ainda usava um hábito religioso e levava uma vida de oração e penitência. Morreu em 15 de dezembro de 1904.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64603/hoje-e-celebrada-nossa-senhora-de-la-salette

SANTO AGOSTINHO: As poucas coisas simples da liturgia cristã

Santo Ambrósio celebra a missa em sufrágio de São Martinho, detalhes de uma cena do mosaico da abside, Basílica de Sant'Ambrogio, Milão | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 11/12 - 2002

As poucas coisas simples da liturgia cristã

Por volta da virada do século IV, Agostinho foi confrontado com algumas questões litúrgicas. Além da resolução das questões da época, duas cartas de Agostinho (cartas 54 e 55 de seu epistolário) lançaram luz sobre como o mistério cristão deve ser concebido e amado hoje.

por Lorenzo Cappelletti

A modernidade de Agostinho é sempre marcante, isto é, a correspondência de seu modo de ser cristão com as sensibilidades atuais. Tanto que, às vezes, as palavras de Agostinho bastam para despertar o interesse gratuito de pessoas que, de outra forma, permaneceriam completamente indiferentes a Cristo, apesar do entusiasmo daqueles cuja profissão é se interessar por Cristo e por eles. Isso é demonstrado, por exemplo, pelas recentes declarações surpreendentes de Gérard Dépardieu (ver 30Giorni n.º 9, setembro de 2002, p. 63). Confiando na força das palavras de Agostinho, deixemo-las ecoar mais uma vez.

Por volta da virada do século IV, um homem cujo nome apenas conhecemos, Januário, colocou questões litúrgicas a Agostinho. Muito além de resolver as questões da época, duas cartas de Agostinho (cartas 54 e 55 de seu epistolário) lançam luz sobre como o mistério cristão deve ser concebido e amado hoje.

"O que deve ser feito na quinta-feira da última semana da Quaresma [Quinta-feira Santa]?", pergunta Januário. "O sacrifício deve ser oferecido de manhã e novamente à noite, após a ceia, porque lemos 'Da mesma forma, após a ceia...', ou devemos jejuar e celebrar somente após a ceia? Ou devemos jejuar e, como costumamos fazer, cear após o sacrifício?" (Carta 54, 5, 6).

Agostinho, antes de entrar em detalhes, nega antes de tudo que o que é proposto seja um problema e estabelece o critério para toda prática cristã: «Antes de tudo, quero que tenhais por certo que Nosso Senhor Jesus Cristo, como ele mesmo diz no Evangelho, nos sujeitou ao seu suave jugo e a um leve fardo e por isso quis estabelecer, como vínculos do povo novo, sacramentos em número muito limitado, muito fáceis de praticar e de significado sublime : como o batismo, consagrado em nome da Trindade, a comunhão com seu corpo e sangue e todos os outros meios recomendados nas escrituras canônicas, abandonando aqueles ritos dos quais lemos nos cinco livros de Moisés, que serviam à escravidão do povo antigo e eram adequados às disposições de seus corações e daquele tempo profético» (Carta 54,1,1; grifo nosso). Na Carta seguinte (55,7,13), Agostinho não falará somente novamente do número limitado de sacramentos, mas também das pouquíssimas coisas simples que constituem a sua matéria: «Usamos um número muito limitado de coisas, como a água, o trigo, o vinho e o azeite».

Há, contudo, também disposições não escritas – continua Agostinho na Carta 54 – mas transmitidas pela tradição, que são observadas por toda a Igreja porque são recomendadas e estabelecidas pelos apóstolos ou pelos concílios plenários, "cuja autoridade na Igreja é tão útil" (54,1,1), como a celebração anual dos mistérios da Paixão, da Ressurreição, da Ascensão e da Descida do Espírito Santo. Mesmo nisso não pode haver discrepância.

Mas há práticas que variam de acordo com o lugar, para as quais não se pode recorrer à Escritura ou às prescrições dos apóstolos ou dos concílios plenários. Nestes casos, e este é também o caso proposto por Januário, sua observância é deixada à liberdade de cada indivíduo e, se há uma obrigação, é a de se conformar ao uso da Igreja em que se encontra, "porque tudo o que não se possa provar ser contra a fé e contra os costumes deve ser considerado indiferente e deve ser observado por respeito àqueles entre os quais se vive" (54,2,2). Agostinho recorda quando, apenas para agradar a sua mãe Mônica, escandalizada porque em Milão não se jejuava aos sábados como em Roma, pediu conselho a Ambrósio, que lhe respondeu o que fazia: em Roma jejuava e em Milão não.

Agostinho diz ter pensado nesse conselho várias vezes, considerando-o quase um oráculo. É evidente que o conselho de Ambrósio era para ele algo diferente da solução de um problema, que na época não era seu, dado que talia non curabat (54,2,3). Essa contingência foi para Agostinho um encontro com uma liberdade desconhecida e surpreendente.

O outro exemplo dado por Agostinho diz respeito à prática da comunhão diária. O importante, afirma ele, não é se alguém se aproxima ou não da Eucaristia diariamente, mas a honra que se dá ao sacramento da nossa salvação. Em última análise, tanto Zaqueu, ao acolhê-lo, quanto o centurião, ao declarar-se indigno de recebê-lo, honraram o Salvador: "Zaqueu e o centurião não brigaram entre si, nem se consideraram superiores um ao outro, porque um, cheio de alegria, recebeu o Senhor em sua casa, enquanto o outro disse: 'Não sou digno de que entres em minha casa'. Ambos honraram o Senhor de maneiras diferentes e, por assim dizer, contrárias. Ambos eram pecadores miseráveis, ambos obtiveram misericórdia" (54,3,4). Segundo Agostinho, há apenas uma coisa que deve ser evitada diante desse alimento: o desprezo, isto é – ele continua citando a primeira Carta aos Coríntios – não distingui-lo de outros alimentos pela veneração devida unicamente a ele (veneratione singulariter debita). Por um lado, aqui apreciamos plenamente a magnanimidade pastoral da disposição com a qual Pio X, já em 1910, quis condicionar a recepção da Primeira Comunhão a este único elemento: a capacidade de distinguir o alimento eucarístico do alimento comum. Por outro lado, aqui reconhecemos o chamado apostólico, que mais uma vez se tornou fortemente relevante, a saber, ter cuidado para não comer e beber a própria condenação.

Mas voltemos a Agostinho. Diante de costumes diferentes, portanto, não se trata de importar nem exportar costumes que, como tais, só poderiam ser justificados em termos subjetivos, por pura curiosidade. A consequência seria, de fato é, como ele pôde observar com grande dor, a perturbação dos fracos. Somente em vista da fé ou da moral se deve corrigir um costume contrário ao bem ou instituir outro que antes não existia. De fato, toda mudança de costumes, mesmo que ajude por ser útil, traz confusão, com sua novidade; "Por isso, uma mudança que não é útil, pelo próprio fato de produzir confusão infrutífera, é prejudicial" (54,5,6). Portanto, se um determinado costume não é atestado pela Escritura nem pela Tradição unívoca de toda a Igreja, é-se livre para observá-lo ou não, porque evidentemente não diz respeito à fé ou à vida moral.

No entanto, Agostinho nem sequer absolutiza essa sua posição, que poderíamos chamar de liberal. E parece-nos que aqui reside um aspecto de seu gênio cristão.

De fato, na subsequente Carta 55, ele se arrisca: por um lado, afirma que, em relação aos salmos e hinos cantados, embora haja grande diversidade nessa prática, não há absolutamente nada melhor, nada mais útil, nada mais santo a fazer quando os cristãos se reúnem, porque isso move a alma à devoção e inflama o coração com amor a Deus (sem mencionar que se poderiam encontrar exemplos e preceitos do Senhor e dos apóstolos que o inculcam).

Por outro lado, ele diz que há práticas que, embora não se possa demonstrar de que forma são contrárias à fé, o são pelo simples fato de multiplicarem as obrigações, a ponto de tornar-se mais tolerável a condição dos judeus que, pelo menos, obedecem à Lei Mosaica e não a invenções humanas: "Quanto a outras práticas que são introduzidas fora do costume e que são prescritas para serem observadas como se fossem sacramentos, não posso aprová-las", diz Agostinho, "embora não ouse reprovar abertamente muitas dessas coisas por medo de escandalizar pessoas santas ou turbulentas. Mas o que mais me entristece é que, enquanto muitas coisas saudavelmente prescritas nas Escrituras são negligenciadas, tudo está repleto de uma massa de invenções", que um neófito que anda descalço durante a Oitava Pascal é mais severamente repreendido do que aquele que afogou sua mente na embriaguez. Penso, portanto, que, tendo o poder, todos os costumes que não se baseiam na autoridade da Sagrada Escritura, estabelecidos pelos sínodos episcopais ou confirmados pelo uso de toda a Igreja, devem ser suprimidos sem mais delongas. Esses costumes sofrem infinitas variações de acordo com as diferentes sensibilidades de cada lugar, a ponto de ser difícil ou totalmente impossível encontrar as causas de seu estabelecimento. Pois, embora não se possa demonstrar de que maneira são contrários à fé, eles oprimem, no entanto, com laços servis a própria religião que a misericórdia de Deus quis isenta de qualquer celebração além da de alguns sacramentos muito poucos e bem definidos . Tanto assim que a condição dos judeus parece mais tolerável, os quais, embora não tenham reconhecido o tempo da liberdade, estão, no entanto, sujeitos às imposições da Lei, não às invenções humanas" (55,18,34-19,35; grifo nosso).

Mas, justamente por serem chamados a uma lei de liberdade, a paciência e a caridade têm a última palavra: "Mas a Igreja de Deus, vivendo entre muita palha e joio, tolera muitas coisas" (55,19,35).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: descobrir a presença de Deus na criação para sermos responsáveis em protegê-la

Pela nossa relação com a criação (Vatican News)

Leão XIV dedica o vídeo de intenção de oração de setembro à relação do ser humano com a criação e reza oração inédita em súplica a Deus: "ajuda-nos a descobrir a tua presença em toda criação" para que "nos sintamos e saibamos ser responsáveis por esta casa comum na qual nos convidas a cuidar, respeitar e proteger a vida em todas as formas e possibilidades". O vídeo é divulgado durante Tempo da Criação, os 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis e os 10 anos da Laudato si'.

https://youtu.be/jaDqohaD4Kc

Andressa Collet - Vatican News

“Rezemos para que, inspirados em São Francisco, experimentemos a nossa interdependência com todas as criaturas, amadas por Deus e dignas de amor e respeito.”

Essas são as primeiras palavras de Leão XIV no vídeo para o mês de setembro, produzido pela Rede Mundial de Oração do Papa e divulgado nesta terça-feira (01/09), que está inserido num duplo aniversário: o de 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis e dos 10 anos da Encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, durante o Tempo da Criação - o período ecumênico de 1 de setembro a 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, une cristãos de diversas denominações em oração e ação pelo cuidado da terra. As imagens que acompanham a intenção de oração dedicada à relação do ser humano com a criação foram produzidas graças ao apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

A oração inédita de Leão XIV

O vídeo traz uma oração inédita do Pontífice, que pede a Deus que saibamos reconhecer a presença de Deus na criação. Uma continuidade do magistério do Papa Leão XIV ao de Francisco, autor da encíclica Laudato si' (2015), especialmente evidenciada na referência a São Francisco: 

Senhor, Tu amas tudo o que criaste,
e nada existe fora do mistério da tua ternura.
Cada criatura, por mais pequena que seja,
é fruto do teu amor e tem um lugar neste mundo.

Mesmo a vida mais simples ou mais breve é envolvida pelo teu cuidado.
Como São Francisco de Assis, hoje também queremos dizer:
"Louvado sejas, meu Senhor!".

Através da beleza da criação,
Tu revelas-te como fonte de bondade. Nós te pedimos:
abre os nossos olhos para te reconhecer,
aprendendo com o mistério da tua proximidade a toda a criação
que o mundo é infinitamente mais do que um problema a resolver.
É um mistério a ser contemplado com gratidão e esperança.

Ajuda-nos a descobrir a tua presença em toda a criação,
para que, reconhecendo-a plenamente,
nos sintamos e saibamos responsáveis por esta casa comum
na qual nos convidas a cuidar, respeitar e proteger
a vida em todas as suas formas e possibilidades.

O vídeo de setembro

A interpretação franciscana da intenção de oração do Papa é narrada através de algumas imagens do documentário São Francisco de Assis – Sinal de Contradição, cedidas à Rede Mundial de Oração do Papa pela produtora norte-americana 10th Hour Production. Já o aniversário da Laudato si' está presente através da missa celebrada em 9 de julho, por Leão XIV, na “catedral natural” – como a definiu em homilia – do Borgo Laudato si' em Castel Gandolfo; uma celebração que seguiu o formulário da Missa pro custodia creationis (Missa pelo cuidado da criação), acrescentada pelo Pontífice ao Missal Romano precisamente por ocasião do aniversário de 10 anos da Encíclica do Papa Francisco.

Todos somos responsáveis pela casa comum

Entre os concelebrantes daquela missa esteve o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que apoiou a realização deste Vídeo do Papa. “O Jubileu da Esperança e o aniversário de 10 anos da Encíclica Laudato si’ nos convidam a viver um tempo de gratidão, compromisso e cuidado com a nossa casa comum”, sublinha o cardeal. E acrescenta: “todas as criaturas, mesmo as mais pequenas, são expressão do amor de Deus; na oração reconhecemos o valor e a sacralidade de toda a vida. O Santo Padre nos exorta a descobrir a presença de Deus na criação. Contemplando-a, somos chamados a protegê-la, a reconciliá-la, a viver em harmonia, a defendê-la com espírito profético, a respeitar todos os seres humanos e a promover uma paz duradoura e sustentável”.

Justiça ambiental, uma necessidade urgente

Na mensagem “Sementes de paz e esperança” para a X Jornada Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação (celebrada em 1 de setembro), o Papa Leão XIV afirma que a destruição da natureza, consequência do pecado humano, afeta sobretudo os mais pobres e vulneráveis. A justiça ambiental, escreve o Pontífice, “representa uma necessidade urgente que vai além da simples proteção do meio ambiente. Na realidade, trata-se de uma questão de justiça social, econômica e antropológica”, além de uma exigência teológica. Sendo os mais frágeis aqueles que sofrem com maior intensidade os efeitos das alterações climáticas e da deterioração ambiental: “o cuidado da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade”.

Nas pegadas de São Francisco

O diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, Pe. Cristóbal Fones, sublinha que a intenção deste mês “nos recorda a interligação deste mundo: não se pode separar o bem-estar humano do bem-estar dos outros habitantes da Terra e do “estado de saúde” do nosso planeta”. “Este mês - continua o P. Fones -, o Papa nos convida a refletir sobre como as nossas ações afetam a natureza, obra de Deus, e a procurar modos de vida que promovam a restauração do equilíbrio natural e a harmonia entre o ser humano e o meio ambiente. Num mundo tão competitivo, agitado e dominado pela dinâmica do consumo, grande parte da humanidade anseia profundamente por um modo de viver bom, mais próximo da natureza, mais respeitoso com ela; um estilo que nos permita contemplá-la num silêncio atento que nos leve ao encontro com nós mesmos, com Deus e com os outros”.

Para Pe. Fones, São Francisco pode nos inspirar neste caminho para uma vida “mais simples, menos consumista; uma vida baseada numa relação fraterna com os outros e com a natureza, e numa relação filial, de amor e gratidão a Deus”. Por fim, no contexto do Ano Santo de 2025, O Vídeo do Papa adquire uma relevância especial, pois divulga as intenções de oração que o Pontífice leva no coração. Para receber adequadamente as graças da indulgência jubilar, é necessário, precisamente, rezar pelas intenções do Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Guiame)

SE DEUS É POR NÓS, QUEM SERÁ CONTRA NÓS?

18/09/2025

Dom Leomar Brustolin
Arcebispo Santa Maria (RS)

A frase de Paulo, na Carta aos Romanos, é um desafio e uma declaração de confiança: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31). Ela ecoa as palavras antigas do profeta Isaías, que, falando de alguém perseguido e injustiçado, dizia: “O Senhor Deus é quem me ajuda; quem me condenará?” (Is 50,9). É a voz de quem confia que não está sozinho diante das dificuldades.

Paulo não escreve a partir de uma vida tranquila. Ele conheceu perseguições, ameaças, prisões e rejeição. Ainda assim, não perdeu a convicção de que nenhuma força humana ou espiritual pode anular o amor de Deus. Ele afirma que, em tudo, “somos mais que vencedores” graças àquele que nos amou. A vitória de que fala não é sobre rivais ou inimigos, mas sobre o medo, a injustiça e a desesperança.

O apóstolo lista tudo aquilo que, aparentemente, poderia afastar alguém de Deus: a morte, a vida com seus altos e baixos, as forças invisíveis, o presente, o futuro, o que está nas alturas ou nas profundezas — enfim, “qualquer outra criatura”. Nenhuma dessas realidades, por maior ou mais ameaçadora que pareça, é capaz de romper o laço de amor que Deus tem com cada pessoa.

Uma fé que gera coragem e resistência

Essa é uma mensagem que fala de coragem e resistência. Confiar em Deus não significa viver sem problemas, mas ter um fundamento sólido para enfrentá-los. É o contrário do conformismo: quem confia assim não se paralisa diante das dificuldades, mas se sente motivado a fazer o bem, a defender a justiça e a cuidar dos mais frágeis.

Essa confiança se traduz no cotidiano em atitudes concretas: perdoar em vez de guardar rancor, manter a honestidade mesmo quando seria mais fácil ceder, ajudar quem precisa sem esperar retorno. É um estilo de vida que não depende de vitórias externas, mas da certeza de que a vida tem sentido e valor, mesmo nos momentos mais duros.

Uma união que sustenta a vida

Para Paulo, viver ou morrer é sempre estar unido a Cristo. Essa união não é apenas religiosa; ela significa que a nossa existência inteira — nas alegrias e nas dores — está envolvida por um amor que não se quebra. Essa convicção permite encarar as crises sem desespero e seguir caminhando com esperança.
No fundo, “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” não é só uma frase bonita. É uma maneira de olhar a vida. É acreditar que, apesar das forças contrárias, existe uma presença que acompanha, fortalece e sustenta. E que, por causa disso, vale a pena viver com coragem, esperança e generosidade.

Esperança ativa em tempos difíceis

Vivemos um tempo em que as notícias diárias parecem pesar sobre o coração: guerras prolongadas, catástrofes ambientais, desigualdade crescente, violência urbana e incertezas econômicas. Muitos se sentem desamparados diante de problemas que parecem grandes demais para serem resolvidos.

É justamente nesse contexto que a mensagem “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” se torna ainda mais urgente. Ela nos lembra que a esperança não é ilusão, mas uma força real que nasce da confiança e se traduz em ações concretas. Mais do que esperar passivamente por dias melhores, trata-se de acreditar que, mesmo nas crises, é possível construir pontes, proteger vidas e manter viva a chama do bem.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF