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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Arcebispo Jacques Mourad: Jesus quer que Sua Igreja permaneça na Síria

Ícone de Jesus danificado no ataque contra Igreja Mar Elias em Damasco, em 22 de junho  (AFP or licensors)

"E nós, os discípulos de Cristo, e aqueles que exercem responsabilidades em seu nome, temos o dever de proteger os nossos fiéis e fazer todo o possível para garantir o futuro da Igreja na Síria."

Por Gianni Valente*

O arcebispo Jacques Mourad retornou há poucos dias após participar do Sínodo dos Bispos da Igreja Católica Siríaca em Roma. Ele imediatamente se envolveu nas muitas coisas que o aguardavam em Homs. "Nestes dias, estou celebrando as Primeiras Comunhões de meninos e meninas nas paróquias das aldeias. É uma alegria que toca o coração. Agradecemos ao Senhor por todos esses sinais de esperança que Ele nos oferece, em nossa pobreza."

Jacques Mourad pondera cada palavra ao falar dos tempos que sua Pátria e seu povo estão vivendo.

O monge da comunidade Deir Mar Musa, que se tornou arcebispo católico siríaco de Homs, Hama e Nabek, também carrega no coração a comoção causada pelo massacre de cristãos em Damasco em 22 de junho, enquanto estavam reunidos com seus irmãos e irmãs para participar da celebração dominical na Igreja de Santo Elias.

As palavras do bispo Jacques, nascido em Aleppo e membro da comunidade monástica fundada pelo jesuíta italiano Paolo Dall'Oglio, são por vezes cortantes ao descrever a situação atual da Síria.

Ele repete que "hoje, a Síria acabou como país". Mas também vê que, em meio a este naufrágio, a Igreja na Síria continua o seu caminho e seu trabalho, para o bem de todos. E isso acontece apenas "porque esta é a vontade de Jesus. Jesus quer que Sua Igreja permaneça na Síria. E essa ideia de esvaziar a Síria dos cristãos, certamente não é a vontade de Deus".

Padre Jacques Mourad no lançamento de seu livro em janeiro de 2023 (Vatican News)

A tragédia dos cristãos

O novo poder que governa de Damasco busca palavras reconfortantes. Mesmo após o massacre na Igreja de Santo Elias, autoridades governamentais repetem que os cristãos são um componente inalienável do povo sírio. "E eu quero dizer - enfatiza o Arcebispo Mourad - que o governo tem responsabilidade direta por tudo o que aconteceu. Porque todo governo é responsável pela segurança do povo. E não estou falando apenas dos cristãos. Também muitos sunitas, muitos alauítas foram mortos, muitos desapareceram. Se uma equipe enviada por alguma organização internacional inspecionasse as prisões, encontraria muitas pessoas que não têm nada a ver com os crimes do regime anterior. Acho justo dizer que este governo está perseguindo o povo. Todo o povo."

O arcebispo católico-siríaco de Homs também percebe hostilidade nas fórmulas tranquilizadoras usadas pelo novo regime sírio em relação aos batizados: "Toda vez que ouço falar em 'proteção' dos cristãos, sinto que estamos sendo acusados. E ameaçados. São fórmulas usadas não para demonstrar benevolência, mas para incriminar. O que tenho a dizer é que este governo está fazendo as mesmas coisas que o regime de Assad fez contra o povo. Ambos os regimes, o de Assad e o atual, não têm respeito pelo povo sírio e por sua história."

A Síria acabou

A Síria, reconhece o arcebispo Jacques, tem um grande legado e tem o presente de sua população jovem. "Mas os governos mais recentes parecem querer aniquilar, destruir esta civilização, a civilização deste povo. É um crime mundial, não diz respeito somente a nós."

"A UNESCO declara muitos lugares na Síria Patrimônios da Humanidade. Depois, ninguém os protege. E agora devemos proteger nosso patrimônio vivo, não apenas os monumentos."

Primeiro os megafones, depois o terror

As narrativas do terror mudam frequentemente a sua "griffe". Fontes do governo sírio culparam militantes não especificados do Daesh, o "Estado Islâmico", pelo ataque à igreja em Damasco. Mas o massacre de cristãos foi reivindicado por um grupo jihadista recém-formado, Saraya Ansar al-Sunna, talvez criado por desertores de Tahrir al-Sham. Estratégias de marketing, gestão "profissional" de comunicações e propaganda.

Os cristãos ortodoxos da Igreja de Santo Elias em Damasco — como reiterado por diversas fontes e testemunhas — foram massacrados "como punição", após alguns deles se desentenderem com militantes islâmicos que passavam continuamente pela igreja com alto-falantes instalados em seus carros, entoando versículos do Alcorão e convocando os batizados à conversão e à adoção do islamismo. A mesma coisa — confirma o arcebispo Jacques — está acontecendo em Homs e em toda a Síria: "Eles circulam em veículos de segurança do governo e, por alto-falantes, convocam os cristãos à conversão. Se perguntarmos às forças de segurança por que estão agindo dessa maneira, eles nos dizem que se trata de iniciativas individuais. No entanto, continuam a usar veículos de segurança... as pessoas não acreditam mais neste governo."

Patrocinadores ocidentais

Enquanto isso, aqueles que atualmente detêm o poder na Síria continuam buscando a aprovação de círculos e potências externas. Representantes do governo disseram estar prontos para renovar o armistício de 1974 com Israel.

"Eu - reconhece o arcebispo Mourad - não sou um político. E vejo que quase todo o povo sírio deseja a paz. Deseja também chegar a um acordo de paz com Israel, para todos os países do Oriente Médio. Depois de todos esses anos, todos estão realmente cansados desta guerra e de considerar os judeus como inimigos. Mas se chegássemos a um acordo com Israel agora, seria apenas porque agora a Síria está enfraquecida. E tal acordo, em um momento como este, seria simplesmente mais um ato de humilhação para o povo.

Portanto, antes que o presidente chegue a assinar tal acordo, seria necessário pelo menos falar claramente ao povo, explicar o que este acordo significa e o que está incluído nele. Quais são as condições para Israel e para os sírios."

O exército israelense, prossegue o arcebispo católico-siríaco de Homs, "ocupou muitos territórios sírios após o fim do regime de Assad. Isso significa que talvez devamos esquecer as Colinas de Golã para sempre. E isso significa que o povo sírio, especialmente em Damasco, poderá ser sempre ameaçado pelo instrumento da sede, porque a água em Damasco vem das Colinas de Golã. E se permanecermos sob o poder israelense pela água, imaginem o que acontece com outras coisas..."

Hoje, constata, "a Síria está acabada como país. Continuamos a repetir que é o primeiro país do mundo, que Damasco e Aleppo são as cidades mais antigas do mundo, mas isso não significa mais nada no presente. Acabou, grande parte da população vive abaixo da linha da pobreza, somos massacrados, humilhados, estamos cansados. Não temos forças para recuperar nossa dignidade por conta própria. Se não houver apoio político sincero em favor do povo, e não do governo, estamos perdidos." E "ninguém pode condenar o povo sírio por emigrar e buscar salvação fora da Síria. Ninguém tem o direito de julgar." Em uma situação em que toda a economia, o sistema educacional e até mesmo o sistema de saúde estão em colapso.

Por onde recomeçar?

É possível encontrar caminhos para seguir em frente, quando o horizonte é assim tão escuro e parece impossível respirar?

O arcebispo escolhe palavras fortes e desafiadoras para delinear a condição e a missão das Igrejas e dos cristãos sírios hoje.

"A meu ver - diz ele - a Igreja é a única referência de esperança para todo o povo sírio. Para todos, não apenas para os cristãos. Porque nós fazemos tudo para apoiar o nosso povo, de todas as maneiras que podemos."

"Após a queda de Assad, muitos em nossas comunidades e paróquias entraram em uma crise de medo. Um desespero terrível. Eu também visitei todas as paróquias, em cada povoado, para encorajar os cristãos, para falar sobre o futuro. Graças a Deus, sempre me sinto acompanhado pelo Senhor, nas palavras, no discurso que faço ao povo. E assim, nesta situação, estamos ocupados organizando encontros regulares para jovens, crianças e grupos envolvidos na Igreja de várias maneiras."

Mesmo em uma situação para muitos trágica em muitos aspectos, a vida cotidiana das comunidades eclesiais prossegue em seu caminho.

E precisamente as comunidades eclesiais buscam promover o diálogo pela coexistência entre todos os grupos e componentes, em um contexto dilacerado, impregnado de dor e ressentimento.

"Em Aleppo e também em Damasco, eles são realmente muito bons. Os bispos também deram espaço aos leigos para refletir e tomar a iniciativa.

Em Homs, procuramos nos encontrar com todas as outras comunidades: alauítas, ismaelitas, sunitas, cristãos. As pessoas que encontramos estão todas preocupadas com as políticas do governo, até mesmo os muçulmanos. Estamos unidos, porque estamos todos no mesmo barco, como reiterou o Papa Francisco".

O Encontro com o Papa Leão

Foi o Papa Leão quem pediu aos bispos católico-siríacos que fossem a Roma para realizar seu Sínodo Ordinário na Cidade Eterna, realizado de 3 a 6 de julho. "Foi uma oportunidade maravilhosa para encontrá-lo, conhecê-lo e receber sua bênção. Acompanhei atentamente seus discursos, falando sobre as Igrejas Orientais e o Oriente Cristão. Aproveitei este encontro para agradecê-lo e pedir-lhe que encorajasse toda a Igreja Católica a tomar a iniciativa, especialmente para apoiar o povo sírio em suas necessidades primárias."

A esperança transparece em ações concretas

"Para mim - enfatiza Jacques Mourad - é importante que a Igreja se envolva intensamente na reconstrução das escolas e de todo o tecido educacional na Síria. E também na construção de hospitais decentes para o nosso povo. Já temos escolas em funcionamento em Aleppo e Damasco, mas não são suficientes. Em Homs, não há nada. Precisamos trabalhar nisso, porque também pode ajudar a conter a emigração cristã. Todos os pais pensam no futuro dos seus filhos. E se não lhes podem garantir escolas para estudar e hospitais em funcionamento, a única opção que lhes resta é partir."

Temos necessidade de tudo. Precisamos também revitalizar centros pastorais e culturais que possam apoiar o crescimento humano e cultural dos nossos jovens. E também casas para jovens que desejam se casar. Dessa forma, podemos encorajar todos os jovens a permanecer no país, e não a sair.

Assim, o presente e o futuro do arcebispo Jacques estão repletos de coisas boas para fazer. Faltam recursos, mas o horizonte é claro: "Desta forma - diz ele - podemos avançar no caminho da nossa Igreja na Síria. Porque esta é certamente a vontade de Jesus. Jesus quer que a Sua Igreja permaneça na Síria. Essa ideia de esvaziar a Síria de cristãos certamente não é a vontade de Deus."

"E nós, os discípulos de Cristo, e aqueles que exercem responsabilidades em seu nome, temos o dever de proteger os nossos fiéis e fazer todo o possível para garantir o futuro da Igreja na Síria." 

*Gianni Valente é diretor da Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 16 de julho de 2025

O Papa Leão nos implora a fazer uma coisa para realmente ouvir Deus

strelka | Shutterstock

Cerith Gardiner - publicado em 15/07/25

Em uma mensagem impactante aos jovens peregrinos em Roma, o Papa Leão XIV destacou algo simples, mas profundo: a fé cresce no silêncio — e ouvir Deus começa ao desligar as distrações.

Em nosso mundo acelerado, cheio de ruído e notificações, é fácil esquecer que Deus ainda fala — e geralmente, o faz na voz suave e silenciosa dentro de nossos corações. O Papa recordou que cada um de nós foi criado “com um propósito e uma missão nesta vida”, e que Deus nos chama de dentro para fora.

“Tantas vezes perdemos a capacidade de ouvir, de ouvir de verdade.”

Vivemos de alarme em alarme, de reunião virtual a redes sociais, com os fones nos ouvidos e a mente saturada de estímulos digitais. No meio dessa confusão, perdemos a voz de Deus — e até o som do nosso próprio coração.


O caminho da escuta

“Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus” (Salmo 46,10)

O Papa não pede que todos entrem num mosteiro, mas que aprendamos a pausar, a encontrar momentos de silêncio real.

Como explicou a jornalista Francesca Pollio Fenton: “No silêncio, reconhecemos a presença de Deus e damos a Ele a chance de responder às nossas orações.” Quando cessam os ruídos externos, percebemos os sussurros do Espírito Santo.

Até o Catecismo da Igreja Católica observa que as distrações na oração revelam a que estamos apegados — um lembrete útil de que, se a tela do celular brilha mais do que o Coração de Jesus, algo precisa mudar.


Silêncio como raiz da fé

Inspirado pela carta de São Paulo aos Colossenses (2,7), o Papa Leão comparou a fé a uma árvore: sem raízes profundas, ela não se sustenta. E o silêncio é a água e a luz que alimentam essas raízes.

“Ao escutarmos em oração, permitimos que a graça de Deus fortaleça nossa fé em Jesus, para que possamos partilhar esse dom com os outros.”

Isso pode se traduzir em pequenas escolhas diárias:

– Uma manhã sem celular

– Uma caminhada de oração sem fones

– Um “agora não” para a Alexa ou o Google Assistente

– Um tempo para simplesmente estar com Deus

Até Jesus disse a seus discípulos:

“Vinde comigo para um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6,31)


O silêncio que acende

“Desligar não é se desconectar da vida, mas se conectar com a presença de Deus.”

O Papa lembrou aos peregrinos que a viagem até Roma não termina no aeroporto — ela deve continuar como uma “peregrinação diária de discipulado”.

Ou seja, a rotina também pode ser sagrada, se nela soubermos escutar o Senhor no silêncio. Quando a vida parecer um canteiro de obras barulhento, lembre-se: Deus ainda fala — e fala ao seu coração. Basta a coragem de desligar, silenciar e escutar.


Do discurso do Papa Leão XIV

“Lembrem-se de que Deus criou cada um de vocês com um propósito e uma missão nesta vida.

Aproveitem esta oportunidade para escutar, para rezar, para que possam ouvir mais claramente a voz de Deus que os chama, lá no fundo do coração.

Às vezes esquecemos de escutar o nosso próprio coração — e é nele que Deus fala, que Ele nos chama e nos convida a conhecê-Lo melhor e a viver em Seu amor.

E através dessa escuta, vocês poderão se abrir para que a graça de Deus fortaleça sua fé em Jesus, para então partilharem esse dom com os outros.”

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/15/o-papa-leao-nos-implora-a-fazer-uma-coisa-para-realmente-ouvir-deus/

Santa Sé pede regulamentação mais ampla da inteligência artificial

A secretária-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, irmã Raffaella Petrini, lidera a delegação da Santa Sé no Evento de Alto Nível WSIS+20 2025. | Evento de Alto Nível WSIS+20 2025

Por Victoria Cardiel

16 de julho de 2025

A secretária-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, irmã Raffaella Petrini, que lidera a delegação da Santa Sé no Evento de Alto Nível WSIS+20 2025, pediu uma “regulamentação mais ampla” da inteligência artificial (IA).

"Essa delegação está convencida de que iniciativas como essa podem ajudar a enfrentar alguns dos desafios inevitáveis impostos pela IA e pede uma regulamentação mais ampla e compartilhada que possa ajudar a proteger os aspectos éticos do uso da inteligência artificial internacionalmente", disse ontem a freira.

Seu apelo coincide com a mensagem enviada por Leão XIV por meio do secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, para pedir uma regulamentação ética global da Inteligência Artificial nesse mesmo fórum.

O encontro na Suíça, organizado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) em Genebra, Suíça, que terminou na última sexta-feira (11), analisou tendências emergentes, como inteligência artificial e governança de dados, além de abordar as persistentes desigualdades no acesso à tecnologia.

O evento marcou o 20º aniversário da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI), plataforma patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Em seu discurso, irmã Petrini falou sobre os riscos do uso indevido das tecnologias digitais e defendeu a necessidade de usá-las para o bem comum.

"O extraordinário potencial das tecnologias digitais pode trazer valor significativo em muitas áreas e se tornar uma ferramenta poderosa para promover a igualdade e a justiça", disse a freira.

No entanto, se mal utilizadas, "elas também podem fomentar conflitos e aumentar a desigualdade, especialmente em detrimento dos mais vulneráveis", disse a freira.

Assim, ela falou sobre a necessidade de avaliar os benefícios e riscos da IA conforme "elevados padrões éticos" que levem em conta "não só o bem-estar material, mas também as dimensões intelectual e espiritual da pessoa", salvaguardando sua dignidade.

Em seu discurso, a freira detalhou algumas das iniciativas empreendidas pela Santa Sé para orientar o uso dessa tecnologia em seu território, com cursos de educação continuada e a promulgação das Diretrizes sobre Inteligência Artificial da Santa Sé, em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025.

Essas diretrizes, diz a freira, "promovem medidas concretas para garantir o desenvolvimento ético e o uso da inteligência artificial dentro do Estado da Cidade do Vaticano" e "fornecem uma estrutura que garante uma distribuição justa e sustentável dos frutos da IA, orientada para o bem comum".

A delegação da Santa Sé também tem o engenheiro Antonino Intersimone, diretor da diretoria de Telecomunicações e Sistemas de Informação do Governatorato; e Davide Giordano, membro da mesma diretoria e representante na Comissão da Santa Sé sobre Inteligência Artificial.

As conclusões dessa cúpula serão apresentadas à assembleia geral da ONU em Nova York em dezembro, com o objetivo de renovar o compromisso internacional com uma transformação digital a serviço do bem comum.

Desde sua primeira edição em Genebra, Suíça, em 2003, com foco no acesso à informação, e sua continuação em Túnis, Tunísia, em 2005, sobre governança da Internet e redução da exclusão digital, a CMSI tem refletido sobre a direção da era digital.

Um dos temas centrais do evento foi a iniciativa IA para o Bem, que destaca o papel da inteligência artificial como ferramenta fundamental para alcançar os objetivos da CMSI. A iniciativa promove padrões globais de IA e fomenta o diálogo entre as principais partes interessadas nos setores de tecnologia e política, com vistas a uma transformação digital ética e sustentável.

*Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de noticias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/63649/santa-se-pede-regulamentacao-mais-ampla-da-inteligencia-artificial

DENTRO DO VATICANO: Dicastério para a Cultura e a Educação

Dicastério para a Cultura e a Educação: a missão é permear o mundo educativo e escolar com espírito evangélico (Vatican News)

O objetivo é evangelizar por meio do desenvolvimento de valores humanos e cristãos. Sua estrutura é dividida nas Seções "Cultura" e "Educação". Esses dois departamentos trabalham, dentro de suas respectivas competências, de forma integrada e coordenada.

Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano

Que o mundo educativo e escolar seja permeado pelo espírito do Evangelho. Esta é a missão do Dicastério para a Cultura e a Educação que, como afirma a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, contribui "para a plena realização do seguimento de Jesus Cristo, opera em prol do desenvolvimento dos valores humanos nas pessoas no horizonte da antropologia cristã". As suas competências, portanto, giram em torno de duas áreas, um binômio crucial: cultura e educação.

O Dicastério é composto pela Seção para a Cultura, dedicada, entre outras coisas, “à animação pastoral e à valorização do patrimônio cultural”, e pela Seção para a Educação, “que desenvolve os princípios fundamentais da educação em relação às escolas, aos Institutos de estudos superiores e investigação católicos e eclesiásticos e é competente para tratar os recursos hierárquicos em tais matérias”. O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação é o cardeal José Tolentino de Mendonça. Os secretários são monsenhor Paul Desmond Tighe e monsenhor Carlo Maria Polvani.

Notas históricas

O Dicastério para a Cultura e a Educação incorpora a anterior Congregação para a Educação Católica e o Pontifício Conselho para a Cultura.

Os primórdios da Congregação para a Educação Católica estão ligados à Idade Média. Com a Constituição Immensa Sixtus V, instituiu-se, em 1588, a Congregatio pro universitate studii romani para presidir os estudos da Universidade de Roma e de outras universidades de destaque. Leão XII, com a Constituição Quod divina sapientia de 1824, criou a Congregatio studiorum para as escolas do Estado Pontifício.

A origem do Pontifício Conselho para a Cultura remonta ao Concílio Vaticano II, que, entre tantas ênfases, indicou uma relevância sempre presente: a importância fundamental da cultura para o pleno desenvolvimento do homem.

Cultura

A Seção de Cultura promove e apoia as relações entre a Santa Sé e o mundo da cultura, atendendo às múltiplas demandas emergentes e incentivando o diálogo intercultural como ferramenta essencial para o encontro, a interação e o enriquecimento, para que aqueles que trabalham nas artes, na literatura, na ciência, na tecnologia e no esporte possam se reconhecer e, ao mesmo tempo, sentir-se reconhecidos pela Igreja como servidores da busca sincera da verdade, do bem e da beleza.

A Seção Cultura apoia, além disso, os processos de proteção, conservação e uso público do patrimônio histórico, artístico e cultural das realidades eclesiais, bem como a valorização e a proteção das culturas locais. Coordena a atividade das Academias Pontifícias, que incluem algumas das principais personalidades internacionais das ciências teológicas e humanísticas, escolhidas entre fiéis e não fiéis.

Educação

A Seção Educação promove a implementação dos princípios fundamentais da Educação Católica, a identidade católica das escolas e dos institutos de estudos superiores e o ensino da religião católica em escolas de todos os níveis e graus, e salvaguarda a integridade da fé católica no ensino doutrinal. Além disso, apoia e regula a criação e a colaboração de escolas e institutos de ensino superior católicos e eclesiásticos e suas associações, para o aprofundamento, segundo a verdade cristã, das disciplinas sagradas, dos estudos humanísticos e científicos.

A Seção de Educação também é responsável pela formação acadêmica de clérigos, membros de Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, leigos que se preparam para o serviço na Igreja, e é igualmente responsável pelos procedimentos necessários para o reconhecimento pelos Estados dos graus acadêmicos concedidos em nome da Santa Sé e pela emissão da nulla osta, exigida aos professores para o acesso ao ensino das disciplinas teológicas.

Uma Mostra promovida pelo Dicastério para a Cultura e a Educação (Vatican Media)

Entre espaços e projetos

Quer no campo da cultura como no da educação, o Dicastério acompanha os programas de ação das instituições nacionais e supranacionais competentes, por meio da participação em organizações e eventos internacionais e da organização de conferências especializadas. A missão do Dicastério também se traduz em garantir, por meio de pavilhões e espaços especiais, a presença da Santa Sé em exposições internacionais, como a Bienal de Veneza.

O Dicastério também é responsável pela promoção de diversos projetos. O "Global Compact on Education", em particular, é o convite lançado pelo Papa Francisco para uma aliança entre todos aqueles que trabalham no campo da educação e da cultura, a fim de mudar o mundo por meio da educação, da arte, do entretenimento, do esporte, etc., com um único horizonte: formar todos, especialmente as novas gerações, na fraternidade universal. Cultura e educação são, portanto, "os dois olhos" deste Dicastério. E são também duas lupas fundamentais com as quais a Igreja vê o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

DANTE NOS ESTADOS UNIDOS: E então saímos para ver as estrelas e as listas (Parte 3/4)

Às portas da cidade de Dite | 30Giorni

DANTE NOS ESTADOS UNIDOS

Arquivo 30Dias nº 05 - 2006

E então saímos para ver as estrelas e as listas

O interesse por Dante nos Estados Unidos, explicado por uma docente da James Madison University da Virgínia.

de Giuliana Fazzion

Houve outras traduções melhores, como as de Cary e de Wright, mas eram traduções britânicas. A tradução de Longfellow era um tributo da América à genialidade do imortal florentino.

James Russell Lowell (1819-1891) herdou o lugar de Longfellow em 1855. Não ficou famoso por ter traduzido a Divina Comédia, mas é lembrado por ter escrito um ensaio muito importante sobre Dante. Em Harvard, era popular por seu curso sobre o poeta florentino. Em 1877, tornou-se ministro das Relações Exteriores e foi enviado à Espanha. Deixou o cargo de professor a outro colega e amigo, Charles Norton.

Norton (1827-1908), editor, professor de história da arte e grande amigo e admirador de Longfellow, tornou-se o novo professor de Dante em Harvard.

Sua paixão por Alighieri levou-o a entender intimamente o grande poeta e seu mundo. Sua grande sensibilidade à beleza artística, seu entusiasmo, que conseguia comunicar aos outros, lhe conquistaram muitos amigos e admiradores, não apenas nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra e na Itália, e seu nome se tornou familiar aos estudiosos de Dante europeus.

Norton trabalhou muito na fundação da “Dante Society” em Cambridge. No mês de fevereiro de 1881, houve uma reunião na casa de Longfellow, onde já se formara, em 1865, o círculo para a tradução de Dante. Lá se decidiu formar a sociedade da qual Longfellow foi eleito presidente. Mas, dois meses depois, em maio de 1882, Longfellow morreu e a presidência passou a Lowell. Em 1891, com a morte de Lowell, a presidência da sociedade passou a Norton, que a manteve até sua morte, em 1908.

Em 1887 a “Dante Society” de Cambridge instituiu o prêmio que seria entregue todos os anos “a estudantes ou recém-formados de Harvard para o me­lhor ensaio sobre temas dantescos”. Essa tradição existe até hoje.

As aspirações americanas a aprender tudo o que dizia respeito à Itália, à sua arte, à sua literatura, como dissemos, derivavam da Inglaterra. Mas, a partir de 1830, os americanos começaram a viajar e a descobrir a Itália. Nos consulados americanos das maiores cidades italianas não havia muito o que fazer, e por isso os cônsules passavam o tempo aprendendo a língua, a literatura, a arte, a história, e todas essas experiências eram reunidas em livros, diários, que depois o público americano lia com grande interesse.

Na Europa ocorria outro fenômeno, que contribuiu para o enriquecimento do conhecimento da literatura italiana nos Estados Unidos. Na época pós-napoleônica, o fracasso de diversos movimentos revolucionários impeliu muitos italianos de uma certa cultura a buscarem asilo nos Estados Unidos, onde sobreviviam ensinando a língua e a literatura italianas. Foi por meio desses canais que o povo americano conheceu a Itália, apreciou suas belezas naturais e artísticas e aprendeu sua grande história.

Florença e Roma eram cidades irresistíveis para os americanos. Jovens artistas americanos chegavam a Florença e alguns passavam lá o resto de suas vidas. O nome de Florença era inevitavelmente associado a Dante, e aqueles que estudavam seriamente a Divina Comédia estavam convencidos de que não poderiam entendê-la se não visitassem Florença.

Em todo o século XIX aparecem constantemente ensaios sobre Dante em revistas literárias americanas. Não fazem, porém, nenhuma referência à alegoria ou ao simbolismo, mas à história de sua cidade, ao itinerário romântico de seu amor, a suas aventuras políticas, ao seu exílio.

O interesse por Dante recebeu um grande impulso no período entre 1880 e 1890, que corresponde a um momento de grande avanço na cultura geral dos Estados Unidos. Isso se nota pelo grande número de publicações sobre Dante produzidas nesses dez anos. Mas duas coisas em particular são muito importantes: uma é que essas publicações vêm de centros como Chicago, St. Louis, St. Paul e Denver, e também do Sul e do Far West; a outra é a contribuição das escritoras americanas, que sempre tiveram um lugar importante na história cultural local, mas dessa vez colaboraram de modo bastante relevante para a fortuna do poeta florentino. E isso porque, antes de todos os outros estudiosos, elas encararam a filosofia de Dante. Merece ser lembrada a escritora Susan E. Blow, cujos artigos foram reunidos e publicados num livro intitulado A Study on Dante. Esse livro representa a primeira tentativa feita por um estudioso de Dante americano de analisar a estrutura da Divina Comédia com o propósito de descobrir detalhadamente o significado filosófico e espiritual da sua alegoria.

Com a aproximação do final do século XIX e do Romantismo, e com a vida americana influenciada pelas descobertas científicas, mudanças ocorreram também na literatura e nas artes. A nova tendência era o Realismo, e Dante, o herói do Romantismo, parecia fadado a perder inevitavelmente sua grande força de atração entre o grande público. Em vez disso, o estudo de Dante ganhou em intensidade e profundidade nos círculos intelectuais e nos institutos universitários de todo o país. Novos livros, escritos não mais por diletantes, mas por estudiosos de grande reputação, encontraram um público entusiasmado entre as classes intelectuais. Portanto, apesar das mudanças nas idéias e no gosto, Dante permaneceu em seu alto pedestal americano, no qual havia sido posto pelos três grandes de Cambridge e por seus sucessores.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O exemplo de Santo Agostinho em relação à hospitalidade

Foto/Crédito: Vatican News.

"O bispo de Hipona dizia que seria um verdadeiro cristão quem reconhece o fato de ser estrangeiro também na sua casa e na sua pátria. A nossa pátria é lá no alto, porque lá não mais seremos hóspedes. O fato é que cada um de nós é hospede nesta terra também em sua própria casa. Sendo hóspede a pessoa irá embora algum dia deste mundo, de modo que vive a condição de hóspede. Se o deseja ou não, o fato é que a pessoa é um hóspede "

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

Santo Agostinho viveu no Norte da África e atuou como Bispo de Hipona de 396 a 430. Foram mais de trinta anos na direção da Igreja de sua Diocese e também em toda a região, juntamente com outros bispos, sacerdotes e povo de Deus. Foi um dos grandes bispos na vida eclesial e social deixando para a Tradição uma série de obras muitos importantes, de muito valor seja para a Filosofia, seja para a Teologia. Vejamos a seguir o exemplo dele em relação à hospitalidade na qual acolheu com amor muitas pessoas em sua Diocese e casas de formação.

As pessoas que pedem alguma coisa

Santo Agostinho fez uma descrição das pessoas que pedem aos outros, coisas para melhor viver a sua vida. Quem são as pessoas que pedem? São seres humanos, pessoas frágeis, são pobres, iguais a nós. Eles são pessoas iguais daquelas que tem mais condições de vida que eles. Neles está presente o Senhor Jesus que se fez igual a nós em tudo, menos o pecado (cfr. Hb 4,15). As pessoas não levarão nada consigo de riquezas de modo que só a superação do orgulho contra o pobre e a caridade como dons, permanecem para sempre[1].

Estrangeiros neste mundo

Santo Agostinho afirmou que todas as pessoas neste mundo são estrangeiras as quais passam de uma forma rápida. É preciso reconhecer o valor da hospitalidade, graças a este caminho que leva as pessoas a alcançar a Deus. É fundamental acolher um hóspede do qual a pessoa é também companheiro de viagem ao longo do caminho pelo fato de que neste mundo todos são estrangeiros (cfr. 1 Pd 2,11)[2].

Verdadeiro cristão

 O bispo de Hipona dizia que seria um verdadeiro cristão quem reconhece o fato de ser estrangeiro também na sua casa e na sua pátria. A nossa pátria é lá no alto, porque lá não mais seremos hóspedes. O fato é que cada um de nós é hospede nesta terra também em sua própria casa. Sendo hóspede a pessoa irá embora algum dia deste mundo, de modo que vive a condição de hóspede. Se o deseja ou não, o fato é que a pessoa é um hóspede[3].

 A esperança de ver Cristo nas pessoas

 Santo Agostinho afirmou a importância de ver Cristo Jesus nas pessoas. Ele teve presente os dois discípulos de Emaús que tinham perdido a esperança em Cristo porque o tinham visto morto(cfr. Lc 24,13-24). Desta forma Ele teve que abrir para eles na suas mentes, o sentido das Escrituras para que Ele fosse reconhecido como o eterno vivente mas Ele deveria passar pela morte. Assim Ele teve que explicar desde Moisés, os profetas a afirmação que era necessário que Ele passasse na morte para Ele entrar na sua glória (cfr. Lc 24,26)[4].

Ao partir do pão

Jesus ressuscitado falou para os dois discípulos a respeito das Escrituras mas Ele ainda não tinha sido reconhecido no caminho, senão, no partir do pão. Desta forma é importante acolher os hóspedes, pois nestes acolhe-se Cristo Jesus. Será que não se acolhe Jesus nestas pessoas? É o próprio Senhor que diz: “Eu era estrangeiro e me acolheste” (Mt 25,35). Os justos dirão ao Senhor naquele momento quando é que eles o acolheram, o hospedaram? Ele, o Filho do Homem dirá: “Todas as vezes que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,38-40). O bispo de Hipona afirmou também que quando um cristão acolhe outro cristão, uma outra pessoa, acolhe-se a Cristo Jesus[5].

Nesta terra alimenta-se Jesus

Para Santo Agostinho o fato de alimentar alguma pessoa mais necessitada que a pessoa que tem mais condições, diz respeito a Jesus mesmo. A pessoa alimenta nesta terra Jesus. É também quando a pessoa dá de beber a Ele, o veste, quando está nu, o acolhe quando está estrangeiro, Ele é visitado quando está doente[6]. Desta forma percebemos nesta viagem Cristo Jesus na necessidade. Enquanto nós estivermos neste mundo, haverá os necessitados, e nestes, Ele chama a si todos os necessitados. Na outra vida não terá mais fome, sede, nudez, nem doença, nem migração, nem sofrimento[7].

O valor da misericórdia

Santo Agostinho falou do valor da misericórdia na vida do seguidor e da seguidora de Jesus Cristo e de sua Igreja. O que é a misericórdia? O bispo de Hipona disse que não é outra virtude senão que diz respeito à parte do coração tocada pela miséria. Ela é dita misericórdia por motivo do sofrimento provado diante de uma pessoa em estado de dificuldade, de miséria: ambos gritam a miséria e o coração. O fato é que quando a miséria dos outros toca o nosso coração, se fala de misericórdia[8].

 As boas obras

Santo Agostinho afirmava que todas as boas obras feitas neste mundo diziam respeito com a misericórdia. Quando por exemplo a pessoa ajuda com um pão ao faminto; ela ofereceu com amor aquele gesto, porque era um ser humano semelhante a pessoa. Quando a pessoa faz este gesto de oferecer o pão, a pessoa sofre com quem tem fome; se a pessoa der água, sofre com quem tem sede; se a pessoa ajuda com a roupa, vestido, sofre com quem é nu; se a pessoa acolhe um hóspede, sofre com o estrangeiro; se a pessoa visita o doente, sofre com ele; se a pessoa sepulta um morto, a pessoa chora sobre ele; se a pessoa reconduz à paz quem ama os conflitos, a pessoa sofre com quem é conflituoso. Estas obras se realizam pelo fato de que nós somos chamados a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo. Estas boas obras tornam-nos bons cristãos, cristãs e um dia participantes do Reino dos céus[9].

Nós percebemos Santo Agostinho, bispo dos séculos IV e V, uma pessoa que seguiu a Jesus com fé, esperança e com caridade. Ele atuou em favor de todas as pessoas mas sobretudo com as pessoas mais necessitadas na família, na comunidade e na sociedade. Ele aludiu ao valor da hospitalidade, dom de Deus e responsabilidade humana para que a pessoa fosse acolhida neste mundo e um dia na eternidade.
____________

[1] Cfr. Discorsi 61,5-8 di Agostinho di Ippona. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 2022, pgs. 181-183
[2] Cfr. Discorsi 111,4. In: Idem, pg. 184.
[3] Cfr. Idem, pg. 184.
[4] Cfr. Ibidem, pg. 184.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 185.
[6] Cfr. Ibidem, pg. 185.
[7] Cfr. Ibidem, pg. 185.
[8] Cfr. Il bene della misericordia di Santo Agostino. In: Ibidem, pg. 188.
[9] Cfr. Idem, pg. 188.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 15 de julho de 2025

Convento da Penha: Santuário mariano e ecológico

Fabiano Gobbi | Shutterstock
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Paulo Teixeira - publicado em 14/07/25

A padroeira do Estado do Espírito Santo é Nossa Senhora da Penha que tem uma linda coroa já demonstrando que é rainha.

A sua roupa da cor rosa representa sua humanidade e o véu azul represente sua maternidade divina. 

As mesmas cores da bandeira do estado do Espírito Santo. O menino Jesus em seu colo é para dizer que é mãe da humanidade e senhora. Jesus é seu Filho e também o salvador do mundo. O Menino Jesus carrega um cetro na mão direita afirmando que Ele é o rei e também usa uma coroa. O globo na mão esquerda do Menino Jesus significa que ele sustenta o mundo. A cruz sobre o globo terrestre nos fala que foi através dela que Jesus salvou toda a humanidade. 

Nossa Senhora da Penha tem como casa, há 460 anos, uma capela conhecida como Convento da Penha, que está localizado na ponta de um morro, a 500 metros de altura, onde é possível contemplar toda a cidade e a ilha onde está localizada a capital, Vitória - ES. 

O convento foi construído pelos escravos. A história mais conhecida é que o Frei Pedro Palacios decidiu construí-lo no alto do morro, pois, o quadro de Nossa Senhora das Alegrias que existia na gruta onde ele morava teria sumido e subido três vezes ao morro, e sempre encontrado entre duas palmeiras. Dessa forma ele entendeu que ali devia ser construído o convento. Ele pediu que fosse enviada de Portugal uma imagem e quando a mesma chego à cidade o povo colocou o nome de Nossa Senhora da Penha. 

Todos os anos após a Páscoa tem início o oitavário de Nossa Senhora da Penha. Todos os dias são de festa e com Missas e romarias. Romaria dos motoqueiros, dos deficientes, das mulheres e dos homens. 

Santuário ecológico

O Convento da Penha é mais do que a construção no alto do morro. Todo o morro faz parte do complexo cuidado pelos frades franciscanos. São 50 hectares de Mata Atlântica preservada que abriga animais e aves. No lugar crescem as espécies nativas da região e as árvores e plantas tem seu espaço assegurado.  

Nem sempre foi assim, o desmatamento havia chegado também ao Santuário, mas na década de 1970 começou um intenso processo de preservação que consiste em zelar pelo espaço e protegê-lo, e reflorestar para que as espécies nativas mantenham o terreno.  Um exemplo para nossos tempos de crise climática e em que somos chamados a cuidar da casa comum.  

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/14/convento-da-penha-santuario-mariano-e-ecologico/

Relíquia de São Sebastião trazida de Roma é exposta para fiéis no litoral norte de SP

Relíquia de São Sebastião está na Diocese de Caraguatatuba
Foto: Reprodução/Instagram/@diocesecaraguatatuba / Estadão

Relíquia de São Sebastião trazida de Roma é exposta para fiéis no litoral norte de SP

Fragmento do osso ficará na diocese da cidade; santo é considerado o padroeiro da agricultura e da pecuária e conhecido como protetor das epidemias, pestes, guerras e tempestades.

14 julho 2025

Um fragmento de osso de São Sebastião, mártir e padroeiro de Caraguatatuba, foi trazido diretamente da Basílica de São Sebastião, em Roma, e será exposto na diocese da cidade, no litoral norte paulista.

A chegada da relíquia de primeiro grau foi celebrada com uma missa, no último domingo, 13, que também foi uma homenagem aos 1721 anos do martírio de São Sebastião.

Na ocasião, os fiéis realizaram uma carreata a partir da divisa de Caraguá e São Sebastião até a Igreja Matriz, onde foi celebrada uma missa presidida por dom José Carlos Chacorowski, bispo diocesano de Caraguatatuba.

Além da cidade de mesmo nome, São Sebastião é padroeiro de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, do Rio de Janeiro, José Boiteux, em Santa Catarina, e Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais.

São Sebastião é considerado o padroeiro da agricultura e da pecuária e é conhecido como santo protetor das epidemias, pestes, guerras e tempestades.

De acordo com o Vaticano, o santo foi um oficial do exército do império romano. Ele era natural de Milão, na Itália. Foi condenado pelo então imperador Diocleciano (244-313), que "o estimava pelas suas qualidades, mas não suspeitava que fosse cristão", e sobreviveu a flechadas.

Preso, ajudou cristãos em cárcere e converteu militares e nobres para o cristianismo. Depois, foi açoitado até a morte a mando do imperador.

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/reliquia-de-sao-sebastiao-trazida-de-roma-e-exposta-para-fieis-no-litoral-norte-de-sp,2a5e5f12ae0912433bbdb43baabd61ebj06pj6ig.html?utm_source=clipboard

DANTE NOS ESTADOS UNIDOS: E então saímos para ver as estrelas e as listas (Parte 2/4)

Paolo e Francesca | 30Giorni

DANTE NOS ESTADOS UNIDOS

Arquivo 30Dias nº 05 - 2006

E então saímos para ver as estrelas e as listas

O interesse por Dante nos Estados Unidos, explicado por uma docente da James Madison University da Virgínia.

de Giuliana Fazzion

Em 1843, Thomas W. Parsons publicou em Boston a primeira tradução americana de uma boa parte da Divina Comédia (os primeiros 10 cantos do Inferno). Devemos dizer que naquele tempo, quando escreviam sobre Dante, os críticos e os escritores se baseavam no modelo inglês. Mas nos círculos intelectuais americanos havia um desejo de independência da influência inglesa tão grande, que deu uma nova vitalidade à cultura nacional. Esses intelectuais americanos puseram sua rebelião em prática importando novas correntes de arte e de pensamento das literaturas do continente europeu. E entre essas correntes, despontando sobre todas as outras, estava a representada por Dante, ao qual todos os intelectuais se dirigiram para encontrar a beleza de novos mundos e novos horizontes de pensamento e de arte. Ergueram para o poeta um monumento próximo aos de Shakespeare e Milton, e Dante se tornou para eles quase o símbolo de uma cultura cosmopolita a ser seguida como ideal de um futuro iminente. Esse movimento levou muitos estudantes e estudiosos americanos a viajarem para a Europa, sobretudo para Florença, Roma, Veneza e Paris. Graças a um contato crescente, chegou-se a considerar a literatura italiana superior à francesa. Num artigo publicado em 1817 na revista literária North American Review, dizia-se que a língua italiana, muito mais que a francesa, se adaptava amplamente a todo tipo de composição; tinha mais dignidade e força, uma ampla facilidade de expressão, uma imensa doçura e harmonia. As revistas literárias North American Review, entre 1815 e 1850, ano de seu encerramento, e American Quarterly Review, em seus dez anos de vida, publicaram mais ensaios, artigos e notas sobre a literatura, a arte e a história italianas do que os que dedicaram à cultura de outros países europeus, como a França e a Alemanha. Já em 1822, traduções inglesas britânicas de Dante, Petrarca, Ariosto e Tasso haviam sido reimpressas na América. E, em 1850, 103 textos italianos (algumas reimpressões de traduções já publicadas na Inglaterra e novas versões feitas nos Estados Unidos) chegaram às tipografias americanas. Esse período corresponde ao Romantismo, quando a América encontrou pela primeira vez a Idade Média. E o melhor guia para conhecer o verdadeiro mundo medieval foi a Divina Comédia, que deu aos americanos o quadro completo desse período histórico, a chave para entrar na poesia e na arte, na filosofia e na teologia, no pensamento religioso e político medievais. Mas Dante e seu mundo não se oferecem facilmente às mentes despreparadas. No canto I do Inferno, Dante diz que “longo estudo” e “grande amor” são o preço a pagar se se quer “penetrar” o segredo de sua arte e a essência do espírito medieval, do qual a Divina Comédia é a mais alta expressão. Deveriam se passar muitos anos de duro trabalho e perseverança antes que Dante e a Idade Média conquistassem o lugar que ocupam hoje na cultura americana.

Como mencionado anteriormente, a primeira tradução americana de um trecho de Dante (o episódio do conde Ugolino) foi publicada em 1791.

Uma das primeiras traduções que chegaram aos EUA foi a do autor inglês Henry Cary, que traduziu o Inferno em 1805 e toda a Divina Comédia em 1814.

Mas mesmo boas traduções como a de Cary não são capazes de oferecer um conhecimento profundo da arte do grande poeta, quando não se é capaz de compreender a língua em que sua Comédia foi escrita.

O primeiro professor oficial de italiano nos Estados Unidos de que temos conhecimento foi Carlo Bellini, a quem, em 1779, graças à ajuda de seu amigo Filippo Mazzei e com a recomendação do presidente Thomas Jefferson, foi conferida a cátedra da faculdade de Línguas da Universidade “William & Mary”. Bellini aproveitou essa oportunidade para iniciar cursos sobre Dante. Deixou a cátedra em 1803.

Numa ainda pequena Nova York viria a estabelecer-se, em 1805, Lorenzo Da Ponte (1749-1838), o aventuroso literato vêneto que, banido de Veneza, mudou-se primeiramente para Dresdem e depois para Viena, a corte do imperador José II, onde preparou, para Mozart, os libretos das Bodas de Fígaro, de Assim fazem todas e do Don Giovanni. Entre amores e intrigas, deixou Viena e foi para Londres. Desposou uma inglesa e depois se estabeleceu nos Estados Unidos. Lá foi o primeiro a abrir uma escola particular, na qual o italiano finalmente era ensinado por um professor competente. Da Ponte, em 1807, fundou a Academia de Manhattan, onde ele e sua esposa ensinavam latim, francês e italiano aos jovens. Naquele mesmo ano publicou em Nova York uma pequena autobiografia em italiano à qual acrescentou em apêndice as traduções do episódio do conde Ugolino e de algumas partes do Inferno. Esse livro, que Da Ponte montara para suas aulas, é importante porque foi o primeiro texto em italiano a ser impresso na América. Da Ponte adorava Dante, e assim que seus alunos começavam a saber usar os verbos, os adjetivos e os substantivos, ele os fazia ler a Divina Comédia e os estimulava a aprenderem versos de cor. Foi chamado a lecionar italiano no Columbia College, e também ali encontrou uma maneira de introduzir temas dantescos. Enquanto Da Ponte lecionava em Nova York, em Boston se estabelecia um jovem siciliano, Pietro D’Alessandro, poeta romântico em exílio político, que ganhava a vida dando aulas de italiano; mais tarde uniu-se a ele outro siciliano, Pietro Bachi, com uma preparação cultural excelente, que o levaria a lecionar italiano em Harvard, onde seria o primeiro professor dessa língua, tornando-se depois assistente de George Ticknor. Este último, professor de Línguas e Literaturas Estrangeiras, em 1831 dedicou a Dante um primeiro curso específico. Ticknor deixaria Harvard em 1835 e seu sucessor na cátedra de Línguas e Literaturas Estrangeiras seria Henry Wadsworth Longfellow. Longfellow, a partir de então, começaria a ensinar Dante intensamente e continuaria a ensiná-lo durante vinte anos, ou seja, durante todo o período em que lecionou em Harvard. No inverno de 1838, Longfellow leu o Purgatório a sua classe de Harvard e o comentou. Foi para esse curso, justamente, que começou a traduzir versos do Purgatório para o inglês. Longfellow iniciou a tradução sistemática do Purgatório em 1843, mas esse foi um lento processo, mesmo porque, nos dez anos que se seguiram, dedicou-se a trabalhos originais. Terminou-a em 1853. Depois de uma outra longa pausa, devida à trágica morte da esposa, voltou à tradução da Divina Comédia em 1861. Desta vez trabalhou com tenacidade e em 1863 completou o Inferno. A Divina Comédia estaria completamente traduzida em 1867.

Fonte: https://www.30giorni.it/

As férias: um período essencial para a saúde psicológica dos padres

Sacerdote em oração (Vatican News)

Eles raramente demonstram, mas os padres também acumulam fadiga. Seu ministério os leva a estar frequentemente em viagem, a responder inúmeras solicitações, a uma disponibilidade total que acaba por pesar, por vezes, sobre sua saúde. Eles precisam ser ouvidos, escutados e não renunciar a um tempo de descanso necessário.

Jean Charles Putzolu – Vatican News

Esses meses de verão na Europa são propícios ao descanso para a maioria das pessoas que podem tirar férias. Isso é verdade para todos e também para os padres, cuja vocação é frequentemente, e erroneamente, associada a uma disponibilidade 24 horas por dia, 365 dias por ano. O descanso, o distanciamento, o relaxamento são momentos necessários para recarregar as energias, para quebrar também um ritmo às vezes pesado para muitos padres, especialmente aqueles que são responsáveis por várias paróquias, às vezes muito distantes umas das outras. Eles não estão imunes a episódios de fadiga ou depressão. Embora a esmagadora maioria viva bem o seu ministério sacerdotal, cerca de 2% dos 6300 padres ativos na França não estão imunes ao esgotamento, e 67% consideram que enfrentam uma sobrecarga de atividades, de acordo com um estudo realizado em 2020 pela Igreja da França.

Então, como ajudar aqueles que normalmente apoiam seus fiéis, neste período de férias? Esse é o tema da nossa entrevista com dom Benoit Bertrand, bispo de Pontoise, da região de Île-de-France, na França, que conduziu um estudo sobre a saúde dos padres.

Dom Benoît Bertrand, infelizmente, esse é um assunto que vem surgindo com frequência nos últimos anos. Os padres são seres frágeis e podem ser vítimas de depressão, solidão e isolamento. Felizmente, o verão também é para eles um período de férias para recarregar as energias. Podemos falar de uma certa forma de sofrimento dos padres?

É verdade que alguns deles apresentam cansaço, fragilidades, expressões de lassidão e também sofrimento, em um contexto que pode ser angustiante. Passamos por uma grave crise sanitária que gerou muita preocupação. Há também todo o contexto internacional, as provações que afetam a vida da Igreja e, às vezes, os escândalos que deixam evidentes a tristeza e o desconforto. Há toda uma série de causas que podem levar a uma forma de mal-estar no corpo dos padres. Na Itália, recentemente, um jovem padre decidiu pôr fim à sua vida. Quero expressar aqui minha proximidade com os padres e bispos, com o povo de Deus, com a diocese italiana de Novara, de onde era originário esse jovem jesuíta.

São João Paulo II enfatizava o caráter exigente do ministério sacerdotal; Francisco pediu aos padres que fossem felizes; Leão XIV recentemente evocou as alegrias e as fadigas dos padres. Em suma, um padre em sofrimento psicológico pode transmitir a alegria do Evangelho?

Sabemos bem que se um padre não está bem em sua vida pessoal, espiritual, física ou psicológica, ele provavelmente não será muito feliz em seu ministério e isso terá consequências para as comunidades cristãs. É por isso que os bispos da França, em 2020, solicitaram uma pesquisa objetiva sobre a saúde física, moral e psicológica dos padres. Precisávamos fazer um balanço dos 6.300 padres diocesanos em atividade na França para destacar os principais fatores determinantes desse estado de saúde. O objetivo era propor ações preventivas e fornecer alguns meios nas dioceses para que os bispos e todo o povo de Deus prestassem mais atenção à saúde física e psicológica dos padres.

Cinco anos após esse estudo, é possível medir a eficácia das medidas recomendadas?

Antes de analisar as medidas, avaliamos os fatores determinantes: excesso de peso, obesidade, riscos de dependência de álcool ou tabaco. Em seguida, traçamos linhas de prevenção e detecção. Globalmente, a grande maioria dos padres em atividade, mais de 90%, reconheceu estar em boa saúde física. O que nos alertou foi que quase dois em cada dez padres apresentam sintomas depressivos e que 2% dos padres diocesanos estão em situação de esgotamento. Em seguida, o estudo revelou que 40% dos padres apresentam um índice bastante baixo de realização pessoal. Tudo isso alertou os bispos. A primeira linha de ação proposta foi comunicar essa pesquisa, apresentá-la aos padres, aos bispos e a todo o povo de Deus. Em seguida, por meio de um trabalho com os conselhos presbiteral e episcopal, enfatizamos a importância do tempo de descanso e do acompanhamento médico regular por um médico assistente, que nem todos os padres têm hoje. Organizamos momentos de sensibilização e informação sobre estresse, depressão, esgotamento, sua detecção e diagnóstico. Mas o que é muito importante é simplesmente estar à escuta dos padres. Que o bispo, o vigário geral, a autoridade local reserve tempo para ir ao encontro deles, em suas casas, em seus presbitérios, e passar tempo com eles. Reiteramos a importância do acompanhamento espiritual, das fraternidades entre padres. Também destacamos a necessidade de sensibilizar o povo de Deus para os padres que lhes são confiados.

“O acompanhamento dos padres é, na minha opinião, uma tarefa prioritária para os bispos.”

Os leigos também têm uma responsabilidade para com os padres? Os sacerdotes cuidam das almas do rebanho de Deus. Mas, em troca, esse rebanho de Deus cuida deles?

Os padres são extremamente disponíveis, dedicados, admiráveis na escuta de muitas pessoas, jovens e adultos, e quem os escuta? Eles têm muito pudor, muitas vezes. São homens discretos, que às vezes têm dificuldade em expressar fragilidades, sofrimentos ou dificuldades. Nas paróquias, nas capelanias, os leigos podem, evidentemente, ser atenciosos, vigilantes, fraternos com seus padres, convidando-os de vez em quando para um jantar frugal, permitindo-lhes relaxar, colocando-se também à disposição para ouvi-los. Muitos cristãos, católicos e famílias prestam atenção à sua paróquia, mas ainda é necessário que o padre se deixe acolher e aceite compartilhar quando encontra dificuldades. 

Os bispos também enfrentam essas situações, com risco de depressão, por exemplo?

Claro! Não somos heróis. Pode haver fenômenos de fadiga entre os bispos, em qualquer idade. Pode haver desgaste após muitos anos de ministério, às vezes até mesmo de ministério muito difícil ou muito intenso. Também pode haver momentos na vida de uma diocese em que é preciso enfrentar uma grande dificuldade, uma grande tensão, um drama a ser gerenciado, uma provação a ser superada. O bispo pode precisar de acompanhamento. A conferência episcopal propôs visitas de bispos feitas por outro bispo e leigos que vêm por algum tempo para ouvir, encontrar o bispo, visitá-lo, encontrar seus colaboradores para ajudá-lo em sua missão episcopal.

Muitas vezes pensamos que o padre tem total disponibilidade, todos os dias do ano, devido à sua vocação. Isso é uma pressão sentida?

Sim, é verdade. Nossa vida é dedicada a Deus, é dedicada ao povo de Deus. Mas a patologia da dedicação é a fadiga, o esgotamento ou a depressão. Precisamos aprender a dizer não. E dizer não é difícil. Isso transmite uma imagem negativa de nós mesmos. Ora, queremos transmitir uma imagem agradável e positiva. No entanto, às vezes, é preciso ter a coragem de dizer: “Ouça, sinto muito, mas agora não é possível. Veremos isso daqui a quinze dias, um mês, dois meses”. É preciso também que as pessoas aceitem essa resposta negativa. Na maioria das vezes, os padres e bispos querem responder favoravelmente aos pedidos e, às vezes, de forma muito rápida, sem discernimento. Quando nos fazem um pedido importante, é preciso ter a simplicidade de celebrar uma missa e não responder muito rapidamente à pergunta feita.

As férias geralmente fazem muito bem. Francisco não costumava tirar muitas. João Paulo II e Bento XVI recarregavam as energias nas montanhas do norte da Itália, e Leão XIV está se retirando por duas semanas em Castel Gandolfo. É importante para um padre, um bispo, ter precisamente esses momentos de férias, de distanciamento?

Não saberia responder por todos. De qualquer forma, para mim, é muito importante. 

“Quando eu era superior do seminário, dizia aos seminaristas, com um toque de humor, que quem não descansa cansa os outros. Portanto, acho que descanso, relaxamento e recarga de energias são absolutamente essenciais para qualquer pessoa que tenha a possibilidade de tirar férias. Um padre que sabe descansar e relaxar é um padre que se dedicará melhor à sua comunidade e ao povo de Deus.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF